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REDES ANTI-SOCIAIS

Desde o princípio, as sociedades são caracterizadas pela transformação constante dos seus elementos
constituintes. Na verdade, a mudança pode ser considerada como a principal característica das
sociedades. A forma como evoluem e respondem aos desafios dos tempos é o que de facto identifica
cada uma das sociedades.

Entretanto, de um tempo a esta parte, entramos numa etapa em que as transformações tomaram uma
grande velocidade e os principais valores da sociedade são descartados, com a mesma velocidade. Sou
completamente a favor do desenvolvimento social, tecnológico e económico e, claro está que temos
que seguir a evolução dos novos tempos, mas, sem tirar a essência do real, do verdadeiro, que são as
coisas simples para se viver.

Em nome de uma tal de "Globalização", as crianças estão cada vez mais precoces. Nos do lares, vem
diminuindo o respeito pelos pais e outros legítimos superiores. Na escola, somos mais treinados para
competir, para vencer, do que para uma competição saudável para colaborar, para construir.

Os avanços tecnológicos atingiram um ritmo alucinante, basta ver como os novos smartphones são
lançados e em poucos dias são ultrapassados ou a quantidade de novos aplicativos e atualizações diárias
com melhorias a todos os níveis, para melhor nos entreter, nos prender. O mesmo ocorre com os tablets
e os pc's de última geração.

Se ontem eram os programas de televisão e as novelas que influenciavam o comportamento das


pessoas. Hoje, a internet, Facebook, Instagram, WhatsApp, vêm alterando o comportamento social,
numa velocidade que nem o cérebro humano consegue acompanhar.

Hoje já não se conversa. A tecnologia calou a boca das pessoas: nos aeroportos, nas repartições
públicas, nos hospitais, em casa. As pessoas estão "ligadas" em celulares, tablets, pc's, e os olhos estão
nas telas. As famílias estão aglomeradas em grupos de redes sociais e aí mesmo tratam os seus
assuntos, raramente se sentam para conversar, raramente se ajoelham para orar. Para ler um livro, já
nem se fala.

Os dedos que digitam cada vez mais rápido, e substituem o "olhar" para as pessoas que estão ao lado, e
o calor humano de um simples cumprimento deixa de existir. Um não conhece mais o outro, e as
pessoas transformaram-se em ilhas de isolamento. O YouTube e os jogos dos smartphones tornaram-se
babás eficientes para as crianças.

Me pergunto por onde andará a essência do ser humano que faz tão bem para o espírito e para a alma?

Todos os dias observo estas transformações. Nas refeições, comemos com o celular ao lado, a ler e
escrever mensagens, ou colocando um like neste ou naquele post.

Não há dúvidas sobre a importância e os benefícios das redes sociais mas, não as estamos valorizando
demais? Que sentido de vida tem tudo isso? Que lugar ocupam os sentimentos humanos?

Onde estão os valores humanos mais básicos como, um olhar, o ouvir, o tocar, o sorrir, e o gosto pelas
coisas mais simples?

VC in Reflexões de Segunda publicadas na Terça (VII)

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