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Lírica camoniana

Medida Velha:

 Redondilha Maior (7 silabas métricas);


 Redondilha Menor (5 silabas métricas).

Cantigas, Vilancetes, Esparsas e Endechas.

Medida Nova:

 Sonetos;
 Versos decassilábicos.

A Fermosura desta fresca serra

Temática da representação da natureza;

O soneto apresenta uma natureza amena e idealizada que, devido à ausência da mulher
amada, não é capaz de satisfazer o sujeito poético que se sente impossibilitado de usufruir do
cenário bucólico envolvente.

Aquela triste e leda madrugada e alma minha gentil que te partiste

A experiência amorosa e representação sobre o amor;

Os 2 sonetos retratam a saudade, embora de forma diferente: no primeiro, a saudade é


consequência de um afastamento entre os 2 amantes; no segundo, a separação dá-se devido à
morte prematura da amada.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Tema da mudança;

Mudança: “os tempos”, “ as vontades”, “o ser”, “a confiança”

 1ª Quadra: todo o mundo é composto de mudança;


 2ª Quadra: efeitos de mudança;
 1º Terceto: indícios de mudança;
 2º Terceto: a mudança da mudança.

Neste soneto, o sujeito poético reflete acerca da mudança, mostrando que a natureza ela é
irreversível, além disso, no final efetua-se a mudança da própria mudança, ou seja, à medida
que envelhece o pessimismo do sujeito poético aumenta e a esperança diminui.

Lindo e subtil trançado, que ficaste

Representação da mulher;

O sujeito poético dialoga com o trançado, objeto que representa a amada e que satisfaz na sua
ausência. Aliás, este objeto é a única coisa que lhe restou desta relação e é também ele o
causador de o sujeito poético se ter apaixonado pela amada, no momento em que soltou os
cabelos (atar/desatar).
Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros do “eu -----------Destino/Má fortuna -----------Amor/Amor Ardente----------Desilusão e


Frustração--------- Desejo de vingança, Oh quem tanto pudesse, que fartasse/este meu duro
génio de vinganças.

Barroco

 Nasceu em Itália e difundiu-se gradualmente pelos países católicos;


 Estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na europa no séc.
XVII (17);
 É considerado como um estilo correspondente ao Absolutismo e à Contrarreforma,
distinguindo-se pelo seu carácter exuberante;
 Manifestou-se sobretudo em Portugal, através da ostentação e extravagância entre os
grupos beneficiados pelas riquezas da colonização.

Objetivos da Eloquência

Docere (educar/ensinar):

 Citações e exemplos do foro sagrado (Bíblia, Santo António, Santo Agostinho, Adão e
Eva, Tobias, Job…);
 Citações de autores e obras clássicas (Aristóteles…).
 …

Delectare (agradar):

 Discurso figurativo (alegoria, metáfora, comparação);


 Outros recursos (trocadilho, jogo de palavras, antítese, enumeração, gradação,
interjeição…)
 …

Movere (persuadir):

 Discurso apelativo (apóstrofe, interrogação retórica, frase exclamativa, frase


imperativa)
 Argumentos de autoridade (citações e exemplos do toro sagrado)
 …

Padre António Vieira

 Principais atividades: sacerdote, missionário, orador, escritor


 Reinado: D. João IV
 Local de Nascimento: Lisboa
 Pais, Região onde estudou: Brasil, Baía
 Ordem a que pertenceu: Companhia de Jesus, Jesuítas
 Idade a que se tornou noviço: 15 anos
 Data de ordenação: 1635
 Data do seu regresso a Portugal: 1641
 Cargo por que ficou conhecido: “ministro da propaganda do rei”
 Consequências pessoais dos seus sermões: popularidade e inimigos
 Ações da Inquisição sobre ele: Encarceramento e castigo
 Ano da morte: 1697 (89 anos)
 Corrente artística da sua época: Barroco
 Áreas em que se destacou: Religião e Leitura

Sermão de Santo António aos peixes (de Padre António Vieira)

 Local: Pregado em São Luís do Maranhão, Brasil


 Data: 13 de junho de 1654
 Tema: Padre António Vieira vai chamar à atenção para a corrupção na terra, vai criticar
o comportamento dos colonos, vai censurar a exploração dos mais desfavorecidos, vai
criticar a vaidade, a ambição, a hipocrisia e a traição.
 Conceito predicável: “ Vós sois o sal da terra” (citação da Bíblia que concentra o tema a
desenvolver).
Vós: Os pregadores, os sacerdotes
Sal: A doutrina (efeito: evitar a corrupção)
Terra: Os ouvintes, Os habitantes de São Luís do Maranhão

Constatação: São Luís do Maranhão (Brasil, Portugal) está corrupto.

Ou é porque o sal não salga:

 Os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;


 Os pregadores dizem uma coisa e fazem outra;
 Os pregadores pregam-se a si e não a cristo.

Ou porque a terra não se deixa salgar:

 Os ouvintes não querem receber a verdadeira doutrina;


 Os ouvintes querem imitar o que os pregadores fazem e não o que eles dizem;
 Os ouvintes querem servir os seus apetites em vez e servir cristo.

Nota bem: as situações em latim ditas por cristo (retiradas da Bíblia) conferem verdade e
autoridade ao discurso tornando-o persuasivo.

O que fazer ao sal que não salga? – Solução apresentada por cristo

Devem ser lançados fora como inúteis e calcados pelos homens.

O que se há de fazer à terra que não se deixa salgar? – Solução encontrada em Santo
António

Mudou o púlpito; Mudou o auditório, mas não desistiu da doutrina.

Capitulo I (Exórdio)

 Introdução; Contextualização do sermão, apresentação de um tema partindo de um


conceito predicável.

Capítulo II (Exposição/Confirmação) – Louvores aos peixes em geral


 Elogio ao Auditório (peixes): ouvem e não falam (critica os homens que falam muito e
ouvem pouco)
 Lamento do orador: os peixes não se convertem ao cristianismo (defeito). Porém, já
está habituado a que os homens não se convertam (sarcasmo)

Propriedades do sal:

 Conservar o são (aquilo que está saudável)


 Evitar a corrupção (aquilo que está são se corrompa)

Propriedades dos sermões de Santo António (como deve ter qualquer sermão)

 Louvar o Bem para o conservar


 Repreender o mal para o evitar (preservar dele)

Divisão do sermão em 2 partes:

 1ª Parte: louvores das virtudes dos peixes para as conservar (Capitulo II – louvores aos
peixes em geral; Capitulo III – louvores aos peixes em particular)
 2ª Parte: reprensões dos vícios dos peixes para os evitar (Capitulo IV – reprensões aos
peixes em geral; Capitulo V – reprensões aos peixes em particular)

Do elogio à acusação, do geral ao particular.

Verificaremos que as virtudes apontadas aos peixes, igualmente encontradas em Santo


António, serão, por contraste, metáfora dos defeitos dos homens. Já os vícios dos peixes,
opostas às virtudes de Santo António serão diretamente metáfora dos defeitos dos homens.

Virtudes aos peixes em geral:

 Foram as primeiras criaturas que Deus criou e os primeiros a serem nomeados;


 “Os peixes são os mais, e os peixes são os maiores”
 Obediência, ordem, quietude, atenção e devoção (durante a pregação de Santo
António)
 Prudência: não se domam nem se deixam domesticar (peixes Aristóteles), ao contrário
de outros animais que, ao fazê-lo, ganham benefícios mas perdem a liberdade;
 Bom senso, afastamento dos homens (daí terem sobrevivido ao Dilúvio bíblico)
 Embora irracionais, tiveram um comportamento racional durante a pregação de Santo
António.

Defeitos apontados aos homens:

 Insolência: atitude de perseguição a Santo António;


 Vaidade;
 Irracionalidade comparada à de feras;
 Corrompem quem vive perto deles;
 Falta de devoção á palavra de Deus.

Capitulo III (Exposição/Confirmação) – Louvores aos peixes em particular

1º Peixe que aparece: Peixe de Tobias


 Características: Grande e com entranhas sagradas
 Virtudes/Louvores: “o fel era bom para sarar da cegueira e o coração para lançar fora
os demónios”
 Exemplos Humanos: Santo António e Padre António Vieira
 Alegoria e Crítica social: A alegoria do verbo divino que através das palavras de Santo
António e de Vieira, pretende iluminar e afastar os demónios (os vícios) dos homens. A
crítica social está presente no facto de os homens não se deixarem doutrinar nem
pretenderem abandonar os seus vícios.

Rémora:

 Características: peixe pequeno mas com muita força e poder


 Virtudes/Louvores: o seu poder e a sua força são tão grandes que prendem o leme das
naus
 Exemplos Humanos: A língua de Santo António
 Alegoria e crítica social: O pregador chama a atenção para o facto dos homens se
deixarem dominar pelas paixões, isto é, pelos impulsos e extintos

Nota bem: A Nau soberba, a Nau vingança, a Nau Cobiça e a Nau sensualidade representam os
4 pecados mortais do homem nomeadamente a vaidade, a inveja, a ganância e a vingança.

Torpedo:

 Características: peixe muito pequeno, produz descargas elétricas;


 Virtudes/Louvores: produz descargas para sua defesa para quem o quer pescar
 Exemplo humano: A língua de Santo António
 Alegoria e crítica social: Padre António Vieira gostava que a sua língua fosse como a de
Santo António, ou seja, que convertesse quem o estivesse a ouvir, conduzindo ao
arrependimento e à mudança de vida.

4 Olhos:

 Características: tem 4 olhos, 2 olham para cima e 2 olham para baixo, os 2 de cima
para se vigiarem das aves e os 2 de baixo para se vigiarem dos peixes;
 Virtudes/Louvores: com 4 olhos consegue-se defender dos perigos do mar e do ar;
 Exemplos humanos: Davi e Padre António Vieira;
 Alegoria e crítica social: sabe distinguir o bem do mal (na doutrina católica significa não
perder de vista o céu e o inferno).

Capítulo IV (Exposição/Confirmação) – Reprensões em geral aos peixes

Primeira reprensão em geral


 Os peixes comem-se uns aos outros (ictiofagia)
 Os homens comem-se uns aos outros (antropofagia social)

Santo Agostinho (autoridade bíblica), pregava aos homens e exemplificava nos peixes

Paralelismo Invertido

Padre António Vieira pregava aos peixes e exemplificava nos homens


Defeitos apontados aos peixes/homens:

 Crueldade (comem-se uns aos outros);


 Ambição/Ganância (os homens com as suas más e perversas cobiças, vêm a ser como
os peixes...”);
 Oportunismo, cobardia e exploração dos mais fracos (os grandes comem os
pequenos).

Amplificação:

 Os peixes grandes/homens poderosos comem os mais pequenos/indefesos fracos;


 Os homens comem não só o povo, mas a sua plebe;
 Os homens não só os comem, mas engolem-nos e devoram-nos;
 Os homens devoram e comem como pão, em todas as ocasiões.

APELO: Penso no bem comum e não no interesse próprio.

Gramática:

Coerência Textual:

Coerência lógico-conceptual:

 Relevância: as ocorrências textuais devem ser pertinentes.


 Não contradição: as ocorrências textuais não devem ser contraditórias.
 Não redundância: as ocorrências textuais não devem reiterar informação.

Coerência pragmático-funcional:

 Eficácia comunicativa: adequação ao contexto e à intenção comunicativa.

Coesão textual:

A coesão textual contribui para a coerência do discurso. Através de mecanismos linguísticos,


lexicais e gramaticais assegura-se a progressão, a continuidade e o sentido do texto.

Coesão lexical:

 Reiteração: Retoma por repetição do vocábulo ou expressão.


 Substituição:
1. Sinonímia: Retoma por vocábulo ou expressão de significado equivalente.
2. Antonímia: Retoma por utilização de vocábulo ou expressão oposta.
3. Hiperonímia/Hiponímia: Retoma por utilização de vocábulo ou expressão com
significado mais geral ou mais particular.
4. Holonímia/Meronímia: Retoma por utilização de vocábulo ou expressão que
designa a parte ou o todo.

Coesão gramatical:
 Interfrásica: Mecanismos de ligação de frases e parágrafos através de conectores,
coordenação e subordinação, pontuação.
 Frásica: Mecanismos de ligação dos elementos da oração através de concordância em
género e número, ordenação de palavras e funções sintáticas.
 Referencial: Mecanismo que permite uma correta identificação dos referentes através
da anáfora (retoma do antecedente).
 Temporal: Mecanismo que permite a compreensão das relações temporais, através do
uso correlativo dos tempos verbais e do uso de expressões adverbiais ou
preposicionais com valor temporal.

Predicativo do complemento direto:

 Função sintática selecionada por verbos transitivos predicativos como: achar,


considerar, eleger, nomear, declarar, julgar…
 Pode integrar um grupo nominal, um grupo adjetival ou um grupo preposicional
 Exemplo: A turma elegeu o Boavida delegado.

Elegeu – verbo transitivo predicativo

Boavida – complemento direto

Delegado – Predicativo do complemento direto

Complemento do nome:

 Função sintática interna ao grupo nominal, pode integrar um grupo preposicional ou


um grupo adjetival (pouco frequente)
 Exemplo: Os turistas ficam fascinados com a beleza da cidade.

Da cidade – complemento do nome

Verbos copulativos:

 Verbos de ligação;
 Fazem a ligação entre o sujeito e o predicativo do sujeito;
 Alguns verbos copulativos que selecionam a função sintática de predicativo do sujeito
– ficar, continuar, parecer, permanecer, estar, ser, tornar-se, revelar-se, andar…
 Exemplo: O Bruno anda triste.

O Bruno – sujeito
Triste – predicativo do sujeito

Alegoria:

 Sucessão de metáforas;
 Representação de realidades abstratas através de realidades concretas (no sermão o
padre António Vieira representa as virtudes e os vícios dos homens através das
qualidades e dos defeitos dos peixes).

Gradação:

 Recurso expressivo que consiste na sucessão de vocábulos por ordem progressiva,


crescente ou decrescente no seio de uma enumeração.

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