Você está na página 1de 63

Morfologia, sintaxe e pragmática

Chama-se morfologia ao estudo das palavras na sua


formação e flexão, dentro das classes gramaticais a que
pertencem.

Vamos dividir o nosso estudo em dois grandes grupos:

A – Palavras variáveis (de um modo geral, mudam);

B – Palavras invariáveis (nunca mudam).

Repara no seguinte esquema:

A – VARIÁVEIS

.artigos: definido (o… livro), indefinido (um… livro)


.possessivos (meu… livro)
1. Determinantes .demonstrativos (este… livro)
(estão antes do nome e .indefinidos (algum… livro)
ajudam a caracterizar o nome) .interrogativos (qual bolo?...)

.pessoais (eu…)
.possessivos (meu…)
.demonstrativos (este…)
2. Pronomes .indefinidos (algum…) O cão é o melhor amigo do
homem, mas alguns são
(estão em vez do nome) .interrogativos (qual?…) abandonados.
.relativos (que…) O = determinante
alguns = pronome
cão = nome
é = verbo
melhor = adjectivo
mas = conjunção

3. Adjectivos (caracterizam o nome) graus: normal, comparativo e


superlativo

4. Nomes ou substantivos .próprios (Joana) / comuns (lápis)


(designam os seres em geral) .concretos (mesa)/abstractos (alegria)
.colectivos (alcateia)
.grau normal (rapaz),aumentativo
(rapagão) e diminutivo (rapazinho)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
2

.cardinais (um…)
5. Numerais .ordinais (primeiro…)
(indicam uma quantidade) .multiplicativos (duplo…)
.fraccionários (meio…)
.colectivos (dueto, trio…)

.regulares (mesmo radical - amar) / irregulares (radical diferente – trazer)


.auxiliares (ter, haver e ser)
.defectivos (só se usam em alguns tempos ou pessoas: falir)
.unipessoais (vozes de animais)
.impessoais (estados atmosféricos – neva - e a 3ª do verbo haver)
.pessoa:3 pessoas: singular e plural
6. Verbos .número : singular e plural

(exprimem a acção) .tempo: passado, presente, futuro


.modo: indicativo; imperativo; conjuntivo; condicional e infinitivo.
.voz: activa/passiva
.aspecto: a maneira como a acção se apresenta – aspecto acabado: vi o Miguel
.conjugação pronominal (amo-a) / reflexa (sento-me)
.conjugação: 1ª (a), 2ª (e), 3ª (i)
. conjugação perifrástica (vou trabalhar)

B - INVARIÁVEIS

.negação: não…
.afirmação: sim…
1. Advérbios
.quantidade: muito…
Circunstanciais
.exclusão: só…
(normalmente, estão junto
do verbo para determinar .inclusão: mesmo…
ou intensificar o sentido) .dúvida: talvez…
.designação: eis
.tempo: agora, amanhã…
.modo: assim, aliás, mal

2. Preposições (estabelecem uma relação entre os elementos da frase):


a, ante, até, com, para…

3. Conjunções (relacionam orações)

. Coordenativas (independentes): e, mas, ou, portanto…


. Subordinativas (dependentes): se, como, porque, quando, embora…

4. Interjeições (exprimem as nossas emoções): ah!, meu Deus!,


caluda!...

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
3

A- PALAVRAS VARIÁVEIS

1- Os determinantes
Os determinantes são palavras que aparecem antes dos
nomes e que, de algum modo, os referenciam e especificam
indicando, por exemplo, o número, o género, a quantidade.
Concordam com o nome em género e em número:

Vi o colega.

Vi um colega.

As subclasses dos determinantes são:

Artigos definidos e indefinidos

Possessivos

Demonstrativos

Numerais cardinais e ordinais

Indefinidos

Interrogativos

1.1- Artigo – o definido emprega-se para designar seres que


são conhecidos e o indefinido para seres desconhecidos:

O professor cumprimentou o aluno. (o professor e o aluno


identificados)

O professor cumprimentou um aluno. (o professor identificado,


aluno não identificado)

Determinantes artigos

Definidos Indefinidos
Singular Plural Singular Plural
Masculino o os um uns
Feminino a as uma umas
Morfologia, sintaxe e pragmática
José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
4

1.2- Determinantes Possessivos – exprimem uma


ideia de posse:

O meu Colégio situa-se em Meleças.

Determinantes Possessivos

Singular Plural

Masculino Feminino Masculino Feminino


Pessoa

Um só 1ª meu minha meus minhas


possuidor 2ª teu tua teus tuas
3ª seu sua seus suas

1ª nosso nossa nossos nossas


Vários 2ª vosso vossa vossos vossas
possuidores 3ª seu sua seus suas

1.3- Determinantes Demonstrativos – servem para


indicar um indivíduo ou uma coisa, no espaço ou no tempo:

Este aluno anda no Colégio.

Determinantes Demonstrativos

Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
este esta estes estas
esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o outro a outra os outros as outras
tal tais

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
5

1.4- Determinantes Indefinidos – exprimem uma


ideia de indefinição, referindo-se de modo impreciso às pessoas ou
coisas:

Nenhum professor do Colégio teria feito isso.

Determinantes Indefinidos

Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
algum alguma alguns algumas
Variáveis nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
Invariáveis Alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo

1.5- Determinantes Interrogativos – introduzem


frases interrogativas, quer seja directa, quer indirectamente:

Qual o CD escolhido?

Que CD escolheste?

Quantos testes tiveram esta semana?

Determinantes Interrogativos
singular plural
masculino feminino masculino feminino
quanto? quanta? quantos? quantas?
Variáveis
qual? qual? quais? quais
Invariáveis que?, quem?

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
6

2- Os Pronomes
Os pronomes são palavras que substituem os nomes já
introduzidos na frase, evitando a sua repetição:

O Miguel passou por aqui com a namorada. Esta (=namorada)


é muito bonita.

2.1- Pronomes Pessoais – representam as três


pessoas gramaticais:

1ª – a que fala – o locutor: eu, nós

2ª – a quem se fala – o destinatário: tu, vós

3ª – de quem se fala: ele (a), eles (as)

Pronomes Pessoais

Comp. Comp.

indirecto Circunstan-
cial

Número Pessoa Sujeito Comp. Sem Com


directo preposição preposição
1ª eu me me mim mim, -migo

Singular 2ª tu te te ti ti, -tigo

3ª ele, se, o, a lhe si, ele, ela si, -sigo,


ela ele,ela

1ª nós nos nos nós nós, -nosco

Plural 2ª vós vos vos vós vós, -vosco

3ª eles, se, os, as lhes si, eles, si, -sigo,


elas elas eles, elas

As formas mim, ti, si surgem sempre antecedidas por uma


preposição (menos por com):

Comprei o computador para ti.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
7

A si não lhe compro nada.

As formas -migo, -tigo, -sigo, -nosco, -vosco aparecem


sempre aglutinadas com a preposição com:

Foi comigo ao cinema, mas recusou ir contigo.

Para exprimir um tratamento mais cerimonioso ou menos


directo, usam-se as palavras ou expressões que se seguem:

Vossa Majestade, você, o senhor, Vossa Excelência, Vossa


Eminência, minha senhora…
Esta 2ª pessoa tem os pronomes complemento e o verbo na 3ª
pessoa:

Você apresentou-se sem os documentos necessários.

Vossa Eminência (Vossa Excelência) soube comunicar-lhes a


mensagem.

Os pronomes o, a, os, as podem apresentar as variantes lo, la,


los, las, depois de formas verbais terminadas em –r, -s ou –z:
amá-lo, tu ama-lo, ele fá-lo. Isto acontece por que no português
antigo havia estas formas lo (do latim illu), la (illa), los (illos), las
(illas).

• no, na, nos, nas surgem depois de formas verbais terminadas


em som nasal:

Amam-na

Dão-no

• me, te se, nos, vos, se são pronomes pessoais reflexos:

Distinguiu-se pela sinceridade.

Vi-me ao espelho.

• me, te se, nos, vos, se também podem aparecer como


pronomes recíprocos:

Cumprimentaram-se e, pouco depois, separaram-se.

Vimo-nos e beijámo-nos.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
8

2.2- Pronomes Possessivos – exprimem uma ideia de


posse. À semelhança dos determinantes possessivos, indicam o
possuidor ou os vários possuidores do objecto ou dos objectos
designados pelo nome que substituem.

O meu Colégio situa-se em Meleças, mas o teu não.

Pronomes Possessivos

Singular Plural

Masculino Feminino Masculino Feminino


Pessoa

Um só 1ª meu minha meus minhas


possuidor 2ª teu tua teus tuas
3ª seu sua seus suas

1ª nosso nossa nossos nossas


Vários 2ª vosso vossa vossos vossas
possuidores 3ª seu sua seus suas

2.3- Pronomes Demonstrativos – servem para indicar


um indivíduo ou uma coisa, no espaço ou no tempo, substituindo um
nome. Indicando a sua localização em relação aos intervenientes na
enunciação:

Este, esta, estes, estas> refere o que está mais perto do locutor.

Esse, essa, esses, essas> refere o que está mais próximo do


interlocutor ou a ele ligado, no espaço e no tempo.

Aquele, aquela, aqueles, aquelas> refere um afastamento, tanto


do locutor como do interlocutor.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
9

Pronomes Demonstrativos

Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
este esta estes estas
esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o outro a outra os outros as outras
tal tais

2.4- Pronomes Indefinidos – exprimem uma ideia de


indefinição, referindo-se de modo impreciso acerca dos nomes que
substituem:

Na turma H, alguns brincaram, muitos estudaram e outros tiraram


dúvidas.

Pronomes Indefinidos

Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
algum alguma alguns algumas
Variáveis nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
Invariáveis Alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
10

2.4.1- Locuções pronominais indefinidas (1)

Seres animados Seres inanimados

seja quem for seja qual for seja o que for


quem quer que seja qualquer que seja o que quer que seja
quem quer que fosse qualquer que fosse o que quer que fosse
fosse quem fosse cada um o que quer que é
cada qual fosse o que fosse

(1) Locução é um grupo coeso de palavras que equivalem a uma só


palavra.

Qualquer que seja a razão, a minha liberdade termina onde começa


a dos outros.

2.5- Pronomes Interrogativos – introduzem frases


interrogativas, quer seja directa, quer indirectamente:

Quem te deu o CD?

Que disseste?

Quantos livros querem?

Pronomes Interrogativos
singular plural
masculino feminino masculino feminino
quanto? quanta? quantos? quantas?
Variáveis
qual? qual? quais? quais
Invariáveis que?, quem?

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
11

2.6- Pronomes Relativos – substituem um nome ou


outros pronomes e introduzem uma oração subordinada relativa. O
pronome relativo permite transformar duas frases simples numa frase
composta, podendo desempenhar a função de sujeito ou de
complemento directo:

Vimos um filme. O filme agradou a todos os alunos do C.V.G..

Vimos um filme que agradou a todos os alunos do C.V.G.. (sujeito)

O filme é interessante. Vimos o filme.

O filme que vimos é interessante. (complemento directo)

Pronomes Relativos
Variáveis Invariáveis
Singular Plural que (o quê)
Masculino Feminino Masculino Feminino quem
quanto quanta quantos quantas onde
qual quais

3- O ADJECTIVO
Adjectivos são palavras que especificam atributos do
nome (caracterizam ou qualificam o nome, as pessoas ou os objectos
a que se referem):

O aluno teve um gesto simpático.

O adjectivo pode igualmente exercer as funções de predicativo


de sujeito junto de verbos predicativos (ser estar, ficar, continuar,
parecer, permanecer):

O aluno é simpático.

Os adjectivos variam em género (1), número (2) e grau (3),


concordando sempre com o nome a que se referem

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
12

O aluno é simpático. (1)

A aluna é simpática. (1)

As alunas são simpáticas. (2)

A aluna é simpatiquíssima. (3)

FLEXÃO EM GÉNERO

A maioria dos adjectivos tem uma forma para o masculino e


outra para o feminino, são chamados adjectivos biformes:

Caderno limpo / caderneta limpa.

Há, no entanto, muitos adjectivos que são uniformes, pois


têm a mesma forma para o feminino e para o masculino:

Aluna inteligente. / Aluno inteligente.

A formação do feminino dos adjectivos é semelhante à dos


nomes:

alto /alta

Nos adjectivos compostos por justaposição, só o segundo


elemento toma a forma do feminino:

A luta greco-romana.

Excepção: Uma menina surda-muda.

FLEXÃO EM NÚMERO

O adjectivo concorda em número com o nome que caracteriza:

filme interessante / filmes interessantes

A formação do plural é semelhante à dos nomes:

aluno e aluna simpáticos

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
13

Em muitos adjectivos compostos por justaposição, só o 2º


elemento vai para o plural:

as ciências físico-químicas

os instrumentos médico-cirúrgicos

excepção: meninos surdos-mudos

Nos adjectivos que designam cores, quando o 2º elemento é


um nome que não indica directamente a cor, ambos os elementos
ficam no singular:

as folhas verde-claro

Havia muitos carros azul-marinho…

FLEXÃO EM GRAU

Os adjectivos variam também em grau. Este indica a


intensidade da qualidade ou do estado que é dada pelo adjectivo.

Os graus dos adjectivos são três: normal, comparativo e


superlativo. Os graus comparativo e superlativo apresentam, por
sua vez, várias subdivisões.

Vejamos:

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
14

Sinopse:

Normal
caracteriza ou
qualifica Computador antigo
simplesmente o
nome, sem
estabelecer a
relação, nem
realçar a
qualidade.
Inferioridade
Computador menos
comparativo antigo do que…
estabelece a
comparação da Igualdade
mesma Computador tão
característica ou antigo como…
Graus qualidade em
seres diferentes. Superioridade
dos Computador mais
antigo do que…
adjectivos

Absoluto: Sintético
realça a Computador
característica ou antiquíssimo
qualidade,
atribuindo-lhe um
elevado grau, mas
Analítico
sem estabelecer Computador muito
Superlativo qualquer relação. antigo.

Relativo: Inferioridade
realça a O computador
característica ou menos antigo de
qualidade, todos.
atribuindo-lhe
um elevado Superioridade
grau e
O computador mais
estabelecendo
antigo de todos.
uma relação.

Temos, no entanto,

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
15

comparativos e superlativos irregulares

Comparativo Superlativo
Adjectivo de
Absoluto Relativo
Superioridade
bom melhor óptimo o melhor
mau pior péssimo o pior
grande maior máximo o maior
pequeno menor mínimo o menor

4- O NOME OU SUBSTANTIVO
Nomes ou substantivos são as palavras que podem
designar os seres animados ou objectos materiais e ainda
acções, qualidades ou estados, sentimentos.

Os nomes dividem-se em subclasses. A saber:

- comuns: não individualizam> aluno, professor, mãe, país…

- próprios: designam seres individualizados e escrevem-se sempre


com maiúscula inicial> Ana, Portugal, Lisboa, Julho…

- colectivos: são nomes comuns que, embora tendo forma


singular, designam um conjunto de seres vivos ou de coisas da
mesma espécie> cáfila, alcateia, turma, constelação, plêiade…

- concretos: designam pessoas, animais ou coisas pertencentes ao


mundo físico, podendo ser agarradas/tocadas> a mesa, o lápis,
Margarida, tio, casa…

- abstractos: designam qualidades, estados ou acções, algo que


não pertence ao mundo físico, não podendo ser tocado/agarrado>:
ciência, simpatia, largura, amor…

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
16

Sinopse:

SUBCLASSES DE NOMES
Concretos Abstractos
(Podemos tocá-los) (Não se podem
tocar)
Próprios Comuns Colectivos beleza,

(individualizam) (não (no singular, força,


individualizam) nomeiam um
Margarida, grupo)
frio
Tejo, Junho… computador,
fio, vídeo… récua, malta,
alegria …
coro…

Os nomes, sendo palavras flexíveis, variam em


género, número e grau.

Género> existem dois géneros gramaticais em português: o


masculino e o feminino.

São biformes os nomes que têm duas formas:

Exemplos:

o homem / a mulher

o menino / a menina

São uniformes os nomes que apenas têm uma forma, quer


para o masculino quer para o feminino.

Exemplos:

a testemunha, o indivíduo, a pessoa…

Algumas regras para a formação do feminino:

Terminados em

a) o, e> a : tio/a; infante/a

b) consoante> a : professor/a
Morfologia, sintaxe e pragmática
José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
17

c) tor, dor> triz : actor/triz; embaixador/embaixatriz (embaixadora se


exercer o cargo e embaixatriz se for esposa do embaixador).

d) dor> dora ou deira : lavrador/eira ou ora

e) ão> ã : anão/anã; ona : chorão/ona; oa : leão/oa; ana:


sultão/ana

f) eu> ia : judeu/ia; eia: europeu/eia

g) Há casos em essa: abade/essa; esa: duque/esa; isa: poeta/isa;


ina : herói/ina

h) Noutros casos, o feminino é bastante diferente: bode/cabra;


cão/cadela
i) Forma comum aos dois géneros> a marca que distingue o
masculino do feminino é apenas o determinante.

Exemplos: o artista/a artista, o jovem a jovem

j) Sobrecomuns têm uma única forma para ambos os géneros.

Exemplos: a criança, a pessoa.

k) Epicenos: tigre macho/tigre fêmea

NÚMERO> Existem dois números em português: o singular designa


uma pessoa ou coisa, enquanto o plural designa várias pessoas ou
coisas.

Os nomes / substantivos que têm duas formas são os


biformes.

Exemplos:

barco / barcos, cão / cães

Os que só têm apenas uma forma são os uniformes.

Exemplos: a caridade (só tem o singular), parabéns (tem apenas o


plural) …

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
18

Graus> Os nomes, além do grau normal, têm formas para indicar


o aumento (grau aumentativo) ou a diminuição (grau
diminutivo).

Sinopse:

normal aumentativo diminutivo

rapaz rapagão rapazinho


casa casarão casinha
pardal pardalão pardalito, pardaloca,
pardaleja

Substantivos colectivos
Alcateia - lobos; animais ferozes Horda - povos selvagens nómadas,
desordeiros, aventureiros, bandidos,
invasores
Armada – navios de guerra ou transporte Junta - bois, médicos, credores,
examinadores
Arquipélago - e ilhas Legião - soldados, de demónios
Armentio ou armento gado grande: bois, Leva – presos, recrutas
búfalos
Atilho - espigas Magote pessoas, coisas
Banca - exterminadores Malta - de desordeiros
Banda músicos Manada - bois, búfalos, elefantes
Bando - aves, ciganos, malfeitores Matilha - cães de caça
Cacho - bananas, uvas Matula - vadios, desordeiros
Cáfila - camelos Mó - gente
Cambada - malandros Molho - chaves, verdura
Cancioneiro - canções, poesias líricas Montado - sobreiros
Caravana - viajantes, peregrinos, Multidão - pessoas
estudantes
Cardume - peixes) Ninhada - pintos
Choldra - assassinos, de malandros, de Nuvem – gafanhotos, moscas, mosquitos
malfeitores
Chorrilho – disparates, pessoas ou coisas Pelotão –grupo militar, grupo de atletas
semelhantes
Chusma - gente, pessoas Plêiade - poetas, artistas
Companha – tripulação de um barco Pomar – árvores de fruto
Constelação - estrelas Quadrilha - ladrões, salteadores,
esquadrilha
Corja - vadios, tratantes, velhacos, Ramalhete - flores
ladrões
Coro - anjos, cantores Rancho – crianças, filhos, grupo de
pessoas
Elenco - actores Rebanho – gado, sobretudo ovelhas ou

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
19

cabras e, por extensão, os fiéis de uma


religião
Enxame – abelhas ou vespas Récua - bestas de carga
Esquadra – armada, frota, grupo de Renque – árvores alinhadas
aviões, secção de infantaria
Falange - soldados, anjos Réstia - cebolas, alhos
Farândula - ladrões, desordeiros, Roda - pessoas
assassinos, maltrapilhos, vadios
Fato - cabras Romanceiro - conjunto de poesias
narrativas
Feixe - lenha, capim Souto ou soito - castanheiros
Formigueiro – formigas e, por extensão, Súcia - de velhacos, desonestos
pessoas
Frota - de navios mercantes, de Talha - lenha
autocarros
Girândola - foguetes Tropa - muares
Vara - porcos

5- Numerais
Os numerais são quantificadores que indicam uma
quantidade de indivíduos ou coisas.

Numeração Numeração Cardinais Multiplicativos


Ordinais Fraccionários Colectivos
árabe romana
Indicam Indicam o
Indicam a ordem Indicam a São os que,
simplesmente aumento
que as pessoas, diminuição mesmo no
o número de proporcional, a
animais ou coisas sua multiplicação. proporcional, a singular,
pessoas, sua divisão. indicam um
ocupam numa
animais ou conjunto.
série.
coisas.

1 I um primeiro
meio ou
2 II dois segundo duplo ou dobro duo, dueto
metade
3 III três terceiro triplo ou tríplice terço trio
4 IV quatro quarto quádruplo quarto quarteto
5 V cinco quinto quíntuplo quinto quinteto
6 VI seis sexto sêxtuplo sexto sexteto
7 VII sete sétimo séptulo sétimo
8 VII oito oitavo óctuplo oitavo
9 IX nove nono nónuplo nono novena
dezena,
10 X dez décimo déculpo décimo
década
undécimo ou undécimo ou
11 XI onze undécuplo
décimo primeiro onze avos
duodécimo ou duodécimo ou
12 XII doze duodécuplo dúzia
décimo segundo doze avos

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
20

treze avos,
13 XIII treze décimo terceiro
etc.
14 XIV catorze décimo quarto
15 XV quinze décimo quinto
16 XVI dezasseis décimo sexto
17 XVII dezassete décimo sétimo
18 XVIII dezoito décimo oitavo
19 XIX dezanove décimo nono
20 XX vinte vigésimo vinte avos
vigésimo vinte e um
21 XXI vinte e um
primeiro avos
trinta avos,
30 XXX trinta trigésimo
etc.
40 XL quarenta quadragésimo
50 L cinquenta quinquagésimo
60 LX sessenta sexagésimo
70 LXX setenta septuagésimo
80 LXXX oitenta octogésimo
90 XC noventa nonagésimo
centena,
100 C cem centésimo cêntuplo cem avos
cento
200 CC duzentos ducentésimo duzentos avos
300 CCC trezentos tricentésimo trezentos avos
400 CD quatrocentos quadrigentésimo
500 D quinhentos quingentésimo
600 DC seiscentos seiscentésimo
700 DCC setecentos septigentésimo
800 DCCC oitocentos octigentésimo
900 CM novecentos nongentésimo
1000 M mil milésimo mil avos milhar
1001, etc. MI mil e um milésimo 1º mil e um avos
(1)
10 000 X dez mil dez milésimos dez mil avos
(1)
100 000 C cem mil cem milésimos cem mil avos
(1)
1 000 000 M um milhão milionésimo milionésimo
um bilião
1 000 000 (2)
M (mil bilionésimo bilionésimo
000
milhões)

(1)
As letras têm um traço por cima

(2)
As letras têm dois traços por cima.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
21

6- O VERBO
Verbos são palavras que exprimem a acção, as
qualidades ou os estados, situando-os no tempo.

Acção: O Vasco joga futebol.

Qualidade: Aquele aluno é inteligente.

Estado: A Joana está feliz com o novo computador!

O verbo é a palavra mais variável da língua portuguesa porque


varia em número, pessoa modo, tempo, aspecto e voz.

Às variações das formas verbais chamamos flexões.

Ao conjunto ordenado das flexões dos verbos em todos os seus


modos, tempos, pessoas e números chamamos conjugação verbal.

O verbo é a palavra principal do grupo verbal e concorda


sempre com o grupo nominal: se o grupo nominal é singular, o grupo
verbal também é singular; se o grupo nominal é plural, o grupo
verbal também é plural.

Exemplo:

Eu vejo o Colégio Vasco da Gama ao longe.

Nós vemos o Colégio Vasco da Gama ao longe.

Quanto à sua função, um verbo pode ser principal (quando


transmite o sentido da frase) ou auxiliar (quando é utilizado na
formação dos tempos compostos e da voz passiva).

Exemplo:

Principal> amo

Auxiliar dos tempos compostos> tenho amado

Auxiliar da voz passiva> sou amado

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
22

Número e pessoa
À semelhança de outras palavras variáveis, o verbo possui dois
números: singular e plural.

singular:

amo, amas, ama

plural:

amamos, amais amam

O verbo tem três pessoas gramaticais:


eu/nós;
tu/vós;
ele(a) /eles (as)

Sinopse:

Pessoa 1.ª (a que 2.ª (a quem 3.ª (de quem


fala) se fala) se fala)
Singular Eu Tu Ele/Ela
Número
Plural Nós Vós Eles/Elas

Modo
O modo indica a atitude da pessoa que fala em relação àquilo que
está a dizer. Posso ter a certeza, duvidar ou levantar a hipótese,
colocar uma condição, dar uma ordem ou apresentar algo vago.

Temos, então, os seguintes modos:

indicativo – indica que a acção é uma realidade ou uma certeza;


conjuntivo – exprime a acção como uma possibilidade, dúvida,
desejo ou eventualidade;
condicional – indica que a acção depende de uma condição;
imperativo – apresenta a acção como uma ordem, um pedido,
convite ou um conselho;

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
23

infinitivo – exprime a acção de forma indeterminada, em


abstracto.

Sinopse:

O Modo

A acção é uma realidade ou uma certeza:

Indicativo Os alunos do 9º ano jogam a bola.

A acção surge como uma possibilidade, dúvida,


desejo ou eventualidade:
Conjuntivo
Gostava que passasses de ano. (desejo)

A acção depende de uma condição:

Condicional Se os meus alunos estivessem atentos, seriam


óptimos.

A acção é apresentada como uma ordem, um


pedido, convite ou um conselho:
Imperativo
Presta atenção àquilo que a mãe disse.

Exprime a ideia geral da acção.

Infinitivo É interessante investigar na NET.

Tempo
O tempo verbal indica o momento da realização da acção:

passado ou pretérito - indica que os factos já aconteceram;


presente - indica que os factos acontecem agora;
futuro - indica que os factos ainda irão acontecer.

Acção que se está a realizar – agora – presente: O Miguel vê o


António.

Acção passada – ontem – passado ou pretérito: O Miguel viu


o António.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
24

Acção que ainda se vai realizar – amanhã – futuro: O Miguel


verá o António.

Os verbos podem ser intransitivos ou transitivos.

Dizemos que são verbos intransitivos quando têm um


significado completo, ou seja, quando a acção não transita para além
deles. Neste caso, os verbos não pedem complemento directo nem
indirecto.

O avião voou.

O aluno trabalhou.

São verbos transitivos aqueles que precisam da ajuda de


complementos para fazerem sentido. Podem, por isso, ser:

• verbos transitivos directos quando o verbo tem complemento


directo;
• verbos transitivos indirectos , quando o complemento do
verbo é o indirecto;
• verbos transitivos directos e indirectos, quando o verbo
ambos os complementos.

Transitivos directos: A Ana compra um computador. (compra o


quê?)

Transitivos Indirectos: O António obedece ao pai. (obedece a


quem?)

Transitivos directos e indirectos: A Ana ofereceu um livro ao pai.


(deu o quê? a quem?)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
25

Como exemplo de verbo conjugado com o pronome reflexo, fica


esta pequena amostra:
AGARRAR-SE

Indicativo

Presente Futuro
eu agarro-me eu agarrar-me-ei
tu agarras-te tu agarrar-te-ás
ele agarra-se ele agarrar-se-á
nós agarramo-nos nós agarrar-nos-emos
vós agarrais-vos vós agarrar-vos-eis
eles agarram-se eles agarrar-se-ão

Pretérito imperfeito Pretérito mais-que-perf.of.


eu agarrava-me eu agarrara-me
tu agarravas-te tu agarraras-te
ele agarrava-se ele agarrara-se
nós agarrávamo-nos nós agarráramo-nos
vós agarráveis-vos vós agarráreis-vos
eles agarravam-se eles agarraram-se

Conjuntivo

Presente Imperfeito Futuro


que eu se
me agarre eu me agarrasse se eu me agarrar
que tu se
te agarres tu te agarrasses se tu te agarrares
que ele se
se agarre ele se agarrasse se ele se agarrar
que nós nos agarremos se nós nos agarrássemosse nós nos agarrarmosmos
que vós vos agarreis se vós vos agarrásseis se vós vos agarrardes
que eles se agarrem se eles se agarrassemse eles se agarrarem

Condicional Imperativo Infinitivo pessoal

eu agarrar-me-ia agarra-te tu agarrar-me eu


tu agarrar-te-ias agarrai-vos vós agarrares-te tu
ele agarrar-se-ia agarrar-se ele
nós agarrar-nos-íamos agarrarmo-nos nós
vós agarrar-vos-íeis agarrardes-vos vós
eles agarrar-se-iam agarrarem-se eles

Gerúndio Infinitivo impessoal


agarrando-se agarrar-se

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
26

O VERBO
(A mais variável das
palavras)
3 Conjugações:
1ª= -a(r) Número:
SINOPSE Singular: 3 pessoas
2ª= -e(r)
3ª= -i(r) Plural: 3 pessoas

5 Modos:
O verbo pôr Indicativo, conjuntivo, 3 Tempos:
é da 2ª: ponere> imperativo, condicional e Presente
poer> pôr infinitivo Passado (pretérito)
2 Vozes:
Activa e passiva: Indicativo: Futuro
Activa: Eu amo a Bé. Indica a realidade:
Passiva.: A Bé é amada escrevo
por mim. Presente:
Indicativo: -o (1ª pessoa)
Conjuntivo: Conjuntivo: -e, -a (1ª
Presente do Conjuntivo pessoa)
é necessário que eu Indica
leve a possibilidade, dúvida, Passado (pretérito):
deva necessidade…: se eu Imperfeito: -va, -ia, -sse
parta amasse; que eu ame (1ª pessoa)
Perfeito: -ei, -i (1ª
Futuro do Conjuntivo pessoa)
se eu amanhã Condicional: Mais-que-perfeito: -ra
Indica a Futuro:
(1ª pessoa)
levar Imperfeito: rei (1ª pessoa)
dever condição:
Trabalharia se pudesse. Perfeito: -ar, -er, -ir (1ª
partir pessoa)
Também é um futuro relativo ao
Imperfeito do Conjuntivo passado:
se eu Ele disse-me que viria.
levasse
devesse
partisse Imperativo:
Ordem, conselho, pedido:
Trabalha depressa!

Infinitivo:
Indica a ideia: Se eu amar a
Ana, ninguém acredita.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Os verbos podem
Morfologia, sintaxe e pragmática
27
ser:
Regulares/irregulares
Defectivos: defectivos, Principais:
Só se usam em alguns tempos e unipessoais, Não têm formas a acompanhá-los:
pessoas: falir, banir, colorir… impessoais
amo, amei...

principais/auxiliares

Unipessoais:
Exprimem vozes de animais e costumam usar-se
apenas na 3ª pessoa: ladrar, uivar, cacarejar...

Regulares: Impessoais: Irregulares:


O seu radical não Só se usam na 3ª pessoa do singular e não têm O seu radical sofre
sofre sujeito ou grupo nominal: nevar, anoitecer... alteração: caber
alteração: amar, (caibo), ser (és), haver
dever, partir... (hei), etc.

Auxiliares:
Tempos compostos: ter, haver
Voz passiva: ser
Conjugação perifrástica: infinitivo ou gerúndio do
verbo principal e um verbo auxiliar: ir, vir, ter,
estar... Ex.: Tenho de comprar um telemóvel.

Tempos compostos

Pretérito perfeito
do indicativo: tenho amado
do conjuntivo: tenha amado

Pretérito mais-que-perfeito
do indicativo: tinha amado
do conjuntivo: tivesse amado

Futuro:
do indicativo: terei amado
do conjuntivo: tiver amado

Condicional:
teria amado (se)

Formas nominais:
infinitivo impessoal: ter amado
gerúndio: tendo amado

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
28

B- PALAVRAS INVARIÁVEIS
1- OS ADVÉRBIOS ou locuções adverbiais
De um modo geral, são palavras que modificam ou
acentuam o sentido dos verbos, do adjectivo ou de outro advérbio:
Não entendeste bem.
Ela é muito bonita.
Acordou bastante cedo.
Advérbios
Tempo Lugar Modo
hoje; amanhã; logo; aqui; antes; dentro; bem; mal; melhor;
primeiro; ontem; ali; adiante; fora; pior; assim; aliás;
tarde; outrora; cedo; acolá; atrás; além; depressa; devagar;
dantes; depois; lá; detrás; aquém; como; debalde;
ainda; antigamente; cá; acima; onde; sobremodo;
antes; doravante; perto; aí; abaixo; sobretudo;
nunca; então; ora; aonde; longe; sobremaneira;
jamais; agora; debaixo; algures; quase;
sempre; já; enfim... defronte; nenhures, principalmente...
através...
Nota: muitos advérbios
de modo formam-se
juntando mente à forma
feminina do adjectivo:
bruscamente...
Dúvida Exclusão Inclusão
talvez; acaso; apenas; ainda; até; mesmo;
porventura; exclusivamente; inclusivamente;
possivelmente; salvo; senão; também
provavelmente; somente;
quiçá... simplesmente; só;
unicamente
Quantidade ou Afirmação Negação
intensidade
muito; pouco; mais; já; sim; certamente; não; nem; nunca;
menos; demasiado; realmente; decerto; jamais;
demasiadamente; efectivamente; negativamente
quanto; quão; tanto; realmente; também
tão; assaz; tudo;
nada; todo;
bastante; quase
Ordem Designação Interrogação
depois; eis onde? como?
primeiramente; quando? porque?
ultimamente

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
29

Grau dos advérbios

Certos advérbios, à semelhança dos adjectivos, apresentam


flexão de grau. Vejamos as grelhas:

normal e comparativo

Comparativo
Normal
Superioridade Igualdade Inferioridade
mais perto (do) menos perto
perto tão perto como
que (do) que
mais menos
tão pobremente
pobremente pobremente (do) pobremente (do)
como
que que
(1)
melhor (mais
bem tão bem menos bem
bem)
pior (mais (1)
mal tão mal menos mal
mal)
muito mais ------------ ------------
pouco menos ------------ ------------

(1)
Antes do particípio, devem usar-se as formas analíticas mais bem
e mais mal. Ex.: Aquele computador está mais bem equipado do
que este.

normal e superlativo

Superlativo
Normal Absoluto Relativo
sintético analítico superioridade inferioridade
muito o menos
perto pertíssimo o mais perto
perto perto
muito o mais o menos
sabiamente sapientissimamente
sabiamente sabiamente sabiamente
bem optimamente muito bem ------------ ------------
mal pessimamente muito mal ------------ ------------
muito muitíssimo ------------ o mais ------------
pouco pouquíssimo ------------ o menos ------------

Certos advérbios não admitem grau porque o próprio significado não


admite variação de intensidade: aqui, ali, lá, hoje, amanhã,
anualmente.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
30

Locuções adverbiais (1)

Tempo Lugar Modo


de quando em em baixo; em cima; a custo; à pressa; à
quando; de vez em para dentro; para toa; à vontade; às
quando; de tempos a onde; por ali; por avessas; às claras; às
tempos; em breve; aqui; por dentro; por direitas; às escuras;
por vezes; à noite; à fora; por perto; à ao acaso; a torto e a
tarde; às vezes; de direita; à esquerda; à direito; ao contrário; a
dia; de manhã; de distância; ao lado; ao sós; de bom grado; de
noite largo; de cima; de cor; de má vontade;
dentro; de fora; de em geral; em silêncio;
longe; de perto em vão; etc.
Quantidade Afirmação Negação
de muito; de pouco; com certeza; com de forma alguma; de
de todo; de nenhum efeito; de facto; na maneira nenhuma; de
verdade; sem dúvida; modo algum; de modo
por certo nenhum

(1) São expressões equivalentes a advérbios.

2- AS PREPOSIÇÕES

As preposições ou locuções prepositivas estabelecem


uma relação entre os elementos da frase.

Joguei com ele.

Preposições
com
a salvo
conforme mediante
ante sem
consoante para
após segundo
contra perante
até sob
de por
sobre
desde
trás
durante

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
31

Locuções prepositivas: (1)

abaixo de dentro de em lugar de


acerca de depois de em vez de
acima de diante de para com
a fim de por causa de
antes de por trás de
apesar de
atrás de
através de
(1) Duas ou mais palavras com o valor de uma só.

Contracção das preposições com pronomes

Pronomes (1)
Preposições
este esta estes estas
a ------------ ------------ ------------ ------------
de deste desta destes Destas
em neste nesta nestes Nestas
por ------------ ------------ ------------ ------------
(1)
À semelhança dos pronomes anteriores, podemos ter preposições contraídas com outros pronomes:
isto, aquilo, ele(s), ela(s) esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).

Contracção das preposições com artigos

Artigos definidos Artigos indefinidos


Preposições
o a os as um uma uns umas
a ao à aos às - - - -
de do da dos das dum duma duns dumas
em no na nos nas num numa nuns numas
por pelo pela pelos pelas - - - -

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
32

3- CONJUNÇÕES

As conjunções ou locuções conjuncionais são palavras


que servem para ligar duas orações ou elementos
semelhantes da mesma oração:

Perdi porque não treinei.


A Teresa e o João estudam.

3.1- Coordenativas: ligam orações independentes (já são maiores


de 18 anos!) e elementos de orações:

Copulativas: e, nem, também, mas também (ligam orações da


mesma natureza ou palavras com a mesma função na frase)

Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, apesar disso (opõem


duas orações)

Disjuntivas: ou, ou…ou, já…já, quer…quer…,seja… seja (indicam


uma alternativa)

Conclusivas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por


consequência (indicam uma conclusão)

3.2- Subordinativas: ligam orações que dependem do sentido de


outra (ainda não têm 18 anos!):

Condicionais: se, a não ser que… (indicam uma condição


necessária)
Causais: porque, visto que… (indicam a causa)
Temporais: quando, antes que… (exprimem uma ideia de tempo)
Finais: que, para que, a fim de que… (indicam uma finalidade)
Comparativas: como, assim como… (estabelecem uma comparação)
Consecutivas: que- depois de tal, tão, tanto- de modo que…
(indicam uma consequência)
Concessivas: embora, ainda que… (introduzem uma concessão, isto
é, apesar da contrariedade da oração anterior)
Integrantes ou completivas: que, se (completa o sentido)

* as expressões sublinhadas são locuções conjuncionais

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
33

Vejamos, agora, as grelhas:

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES COORDENATIVAS

(Sinopse)
Subclasse Conjunções Locuções

1
Copulativas e, também, nem, que não só...mas também
(indicam adição) não só...como também
tanto...como
Adversativas mas, porém, todavia, no entanto, não obstante,
(indicam oposição) contudo apesar disso, ainda assim,
que, 2 entretanto mesmo assim, de outra
sorte,
ao passo que
Disjuntivas ou ou...ou, já…já, ora...ora,
(indicam alternativa) quer...quer, seja...seja,
seja… ou, nem...nem
Conclusivas logo, pois, portanto por consequência, por
(ligam uma oração que conseguinte, pelo que
exprime conclusão ou
consequência a uma
anterior)
(1) Quando equivale a e: “Bate que bate.”

(2) Quando equivale a mas: “Ele gostava do êxito, que não do esforço para alcançá-lo.

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES SUBORDINATIVAS

(Sinopse)

Subclasse Conjunções Locuções


porque, pois, pois que, por isso que, já que, uma
porquanto, como, vez que, visto que
Causais que visto como, por isso mesmo que
se, caso a menos que, a não ser que, excepto
se, no caso de (que)
Condicionais salvo se, se não, excepto se, sem que
Finais Que para que, a fim de que, por que

quando, enquanto, antes que, depois que, logo que,


apenas, mal, como, assim que, desde que, até que,
Temporais que (= desde que) primeiro que, sempre que, tanto que,
todas as vezes que, à medida que, ao
passo que
Morfologia, sintaxe e pragmática
José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
34

como, conforme, ainda que, mesmo que, posto que,


consoante, bem que, se bem que, por mais que,
Concessivas segundo, que por menos que, apesar de que, nem
que
como, conforme, do que, assim como, também
consoante, bem, como mais...do que, menos...do
Comparativas segundo, que que,
segundo/consoante/conforme...assim,
tão/tanto...como, como se, que nem
qual
Consecutivas Que de maneira que, de forma que, de
modo que, de sorte que (...)
Integrantes Que
se

4– As interjeições ou locuções interjectivas: exprimem as


nossas emoções: ah!, meu Deus!, uf!, caramba!, safa!, caluda!

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
35

Sintaxe é a parte da gramática que estuda a estrutura e os


constituintes da frase.

1- FRASE: é uma palavra ou combinação organizada de


palavras que constitui um enunciado de acordo com as regras
gramaticais e com um sentido completo.

Exemplos de frases com uma única palavra:

Maravilhoso!

Fugiram.

Adormeceu.

Exemplos de frases formadas por um conjunto de palavras, com ou


sem forma verbal:

Compraste uma bela máquina! (a)

Maravilhoso computador, este! (b)

Frase verbal: é constituída por um verbo conjugado. Cf. (a) acima.

Frase nominal: não apresenta um verbo conjugado, uma vez que este
se subentende. Cf. (b) acima.

A frase pode ser simples – quando é constituída por uma única


oração – e pode ser complexa – quando é composta por duas ou
mais orações.

Exemplos:

O João joga no computador. (simples)

O João joga no computador, mas já estudou para o teste e sabe toda


a matéria. (complexa)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
36

2- TIPOS DE FRASES

Tipo Exemplo Intenção Marcas


Declarativo Compro uma Informar. Apresenta, muitas
mota. vezes, ponto final.
Interrogativo Viste o Director? Perguntar Apresenta, muitas
vezes, ponto de
interrogação.
Exclamativo Gostei tanto da Exprimir Apresenta, muitas
prenda! sentimentos vezes, ponto de
exclamação.
Imperativo Compra o Ordenar, Apresenta o verbo
computador. aconselhar, pedir. no imperativo, ou
equivalente.

3- FORMAS DE FRASE

Tipo Forma
Afirmativa Negativa Activa Passiva
Declarativo Ele fez o trabalho. Ele não fez o Ele fez o trabalho. O trabalho foi
trabalho. feito por ele.
Interrogativo Fizeste o trabalho? Não fizeste o Fizeste o trabalho? O trabalho foi
trabalho? feito por ti?
Exclamativo Fizeste um Não fizeste o Fizeste um Um trabalho
trabalho correcto! trabalho correcto! trabalho correcto! correcto feito
por ti!
Imperativo Faz o trabalho. Não faças o Faz o trabalho. O trabalho não
trabalho. é feito por ti.

Os textos dividem-se em partes (uma ou mais frases) estas em


parágrafos estes em períodos e estes em orações.

4- PERÍODO

PERÍODO
É uma frase organizada em oração ou orações
Período simples Período composto
É formado por uma só oração É formado por duas ou mais orações:
(oração absoluta):
Compre-lhe um computador porque
Comprei-lhe um computador. fez anos e ele agradeceu.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
37

5- ORAÇÕES

Vamos, agora, debruçar-nos sobre as orações.

O que é uma oração?

É uma unidade gramatical organizada à volta de um


verbo, dentro de uma frase.

Exemplo:

Eu entrei para o Colégio, quando o meu irmão acabou o 9º ano.

Se reparares bem, a frase integra dois conjuntos de sujeito /


verbo (Eu entrei / o meu irmão acabou) à volta de cada um dos quais se
organiza um conjunto de palavras a que se dá o nome de oração.

Verificámos, pois, que a frase acima contém duas orações:

Eu entrei para o Colégio – 1ª oração (oração subordinante)

quando o meu irmão acabou o 9º ano – 2ª oração (oração subordinada


temporal)

ORAÇÃO
(Sinopse)

É uma unidade gramatical organizada à volta de um verbo,


dentro de uma frase.
Núcleos da oração
Grupo do sujeito Grupo do predicado
Os meus alunos conseguiram óptimos resultados.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
38

5.1- Elementos essenciais de uma oração

Constituição Exemplos
Uma só entidade ou
conjunto: sujeito A Ana comprou um
simples CD-ROM.
Quando é constituído
por vários elementos: A Ana e o António
sujeito composto compraram um CD-
ROM.

Sujeito (quem) O sujeito pode não


(É o elemento estar expresso, Foram comprar um
constituinte da frase embora, pelo contexto CD-ROM.
que designa a entidade possa ser Sujeito = eles
acerca da qual se diz subentendido: sujeito
algo, isto é, sobre a subentendido
qual se afirma, nega
ou questiona o
predicado) Quando o sujeito
refere algo de Ouve-se tanta coisa!
indefinido – expresso
pela 3ª pessoa,
acompanhado pelo
pronome impessoal se:
sujeito
indeterminado

Quando é constituído
Predicado por uma forma verbal: Os alunos venceram.
(É o constituinte da predicado verbal
frase com a função de Quando é formado por
afirmar, negar ou um verbo de ligação e O professor foi
questionar algo sobre por um predicativo do compreensivo.
o sujeito) sujeito: predicado
nominal Ele continua alegre

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
39

Outros elementos da oração

Complementos do verbo Complementos do nome


Complemento directo (o quê? quem?) Atributo

Complemento indirecto (a quem?) Aposto

Predicativo do complemento Complemento determinativo


directo
Vocativo
Predicativo do sujeito

Agente da passiva

Complementos circunstanciais

Exemplos:

a- atenção ao sujeito, predicado, complemento directo, complemento


indirecto e complemento circunstancial:

c. indirecto

O Miguel deu um computador à irmã no Natal.

sujeito c. directo complemento

c. de tempo

predicado

b- atenção ao complemento directo e ao predicativo do complemento


directo:

predicativo do c directo (1)

A turma elegeu a Catarina delegada de turma.

sujeito c. directo

predicado

(1) Com certos verbos, como chamar, apelidar, julgar, considerar, nomear, eleger,
reputar e outros de sentido equivalente, o complemento directo pode ter um predicativo
do complemento directo.
Morfologia, sintaxe e pragmática
José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
40

c- atenção predicativo do sujeito:


predicativo do sujeito

O computador é uma máquina extraordinária.

sujeito

predicado

verbo copulativo (1)

(1) Nestes casos, o predicado não pode ser constituído apenas pela simples forma
verbal é, que por si só nada significa. É um verbo copulativo (ou de ligação).
Por isso o predicado é formado pelo nome (uma máquina) e pelo adjectivo
(extraordinária).

São verbos copulativos ser, estar, ficar, permanecer, continuar, parecer e


outros de significação indefinida.

d- atenção à voz passiva e à transformação da voz activa para a voz


passiva:

predicado (voz activa)

sujeito

O Miguel usou o Data Show.

O Data Show foi usado pelo Miguel.

sujeito agente da passiva

predicado (voz passiva) (1)

(1) O verbo auxiliar da voz passiva é o verbo ser, conjugado no mesmo tempo
do verbo da frase activa, seguido do particípio passado do verbo desta frase.
Esta transformação só é possível quando a frase na forma activa tenha um
verbo transitivo directo e, consequentemente, complemento directo.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
41

e- atenção ao atributo:

O aluno doente voltou ao Colégio.

sujeito atributo predicado complemento

c. de lugar

f- vê como é o aposto (ou continuado):

O meu colégio, Colégio Vasco da Gama, abriu ontem.

sujeito aposto predicado complemento

c. de tempo

g- atenção ao complemento determinativo:


nome pred. do sujeito

O CD do Miguel é interessante.

sujeito complemento predicado

determinativo

h- atenção ao vocativo:

António, copia o texto.

vocativo c. directo

predicado

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
42

5. 2- Orações Coordenadas
As orações coordenadas recebem o nome da conjunção ou
locução conjuncional coordenativa que as liga, de acordo com
o sentido expresso. Mantêm uma certa independência, umas
em relação às outras.

(São maiores de 18 anos!)


Função Exemplos
Copulativas As orações estão O Vasco chegou ao
ligadas por uma ideia Colégio e
de ligação ou adição. cumprimentou os
(1) amigos.

O Vasco chegou ao
Colégio,
cumprimentou os
colegas, fez mil e
uma coisa.
Adversativas As orações estão Jogámos contra a
ligadas por uma ideia turma A, mas
de oposição. perdemos.
Disjuntivas As orações são O computador está
alternativa uma da mal ligado ou está
outra. avariado.

Ora estuda ora


brinca!
Conclusivas A 2ª oração é uma Não estudou,
conclusão da primeira portanto teve
oração. negativa.

O autocarro do
Colégio avariou, logo
atrasou-se.
Explicativas A oração introduzida O chão está molhado,
pela conjunção pois choveu.
explica ou justifica o
conteúdo da primeira
oração.
(1) A conjunção coordenativa pode estar omitida e substituída pela vírgula, e
chamamos a essa oração coordenada assindética (Adquiri um CD, ouvi-o, gostei
muito). Se a conjunção estiver expressa, chama-se oração coordenada sindética
(Comprei o CD e ouvi-o).

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
43

5. 3- Orações Subordinadas
Substantivas ou
Adjectivas Adverbiais
completivas/integrantes
completivas ou Relativas: temporais
integrantes causais
explicativas
finais
interrogativas
condicionais
indirectas restritivas
comparativas
concessivas
Substantivas
consecutivas
infinitivas
participiais
gerundivas

5. 3. 1- Orações Subordinadas
Substantivas: são
assim chamadas porque
exercem funções Função Exemplo
equivalentes às dos
nomes ou dos
substantivos.
São normalmente O Pedro pede que o colega
introduzidas pela venha. (c.d.)
conjunção subordinativa
que ou se. = O Pedro pede a vinda do
Desempenham a função colega.
de complemento directo
e, por vezes, de sujeito. Venho requerer a V. Ex.cia se
completivas digne autorizar o meu colega a
participar na visita de estudo.
ou se = que

O seu regresso ao Colégio é


integrantes
necessário.

É necessário que ele regresse ao


Colégio. (sujeito)
Desempenham na frase a Podem ser introduzidas
função de complemento por:Conjunções
directo. subordinativas: Não sei se me
vou embora.

interrogativas Pronomes interrogativos:


indirectas Não sei quem é o melhor aluno.

Advérbios interrogativos:
Diz-me como fizeste este
PowerPoint.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
44

5. 3. 2- Orações subordinadas
Relativas: são assim
designadas porque são
introduzidas por um pronome Função Exemplo
relativo.
Limita o sentido da oração O aluno que
a que se refere. estuda tem
Geralmente, correspondem sucesso.
Adjectivas restritivas a um adjectivo com a
função de atributo.
Estas orações podem O colégio, que eu
suprimir-se, sem que se conheço, situa-se
altere a ideia fundamental em Meleças.
Adjectivas explicativas
da frase. Estas orações têm
o valor de um aposto e
ficam, por isso, sempre
entre vírgulas.
Quando o antecedente não Sujeito: Quem
existe, as subordinadas tirou positiva
relativas deixam de ser passou de ano.
adjectivas e passam a ser
substantivas. Neste caso, Predicativo do
Substantivas podem desempenhar as sujeito: Aquele
diversas funções do nome. aluno não é quem
tu pensas.

Complemento
directo: Ama quem
quer o teu bem.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
45

5.3.3- Orações subordinadas


Adverbiais:
designam-se também
circunstanciais.
Desempenham a função
de complemento
Função Exemplo
circunstancial em relação
à oração de que
dependem.
Exprimem uma ideia de Os alunos do Colégio
tempo, desempenhando choraram quando se
na frase uma função despediram dos
Temporais equivalente a um finalistas.
complemento
circunstancial de tempo.
Exprimem uma Comprou o CD porque o
circunstância de causa. achou interessante.
Causais
Exprimem uma Disse-te isto para que
circunstância de fim. sejas feliz.
Finais
Exprimem uma condição Terás um futuro risonho
que tornará realizável a se fores sincero.
acção expressa na oração
Condicionais
subordinante.
Exprimem uma Ele responsabiliza-se
comparação no plano da como se fosse um
qualidade ou da adulto.
Comparativas quantidade.
Exprimem uma Consegui realizar a prova
concessão. Embora haja toda, embora o exame
uma contrariedade, a fosse difícil.
Concessivas acção enunciada na
oração subordinante
realiza-se.
Exprimem um facto que é A resposta do aluno foi
consequência da acção tão brilhante que
expressa na oração impressionou o
Consecutivas subordinante. professor.
O verbo está no infinitivo Vou fazer revisões antes
e tem sujeito próprio, dos alunos realizarem
podendo exprimir o teste. (temporal)
circunstâncias várias ou
complemento directo. Insisti no treino para
Infinitivas ganharem o
campeonato. (final)

Antes de apresentares
o trabalho em data
show, vou ensinar-te.
(temporal)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
46

Para passares de ano,


preciso de te ensinar.
(final)
Têm o verbo no particípio Acabado o jogo, todos
e, geralmente, exprimem saíram.
uma circunstância de
Participiais tempo.
Têm o verbo no gerúndio Abeirando-se da
e exprimem piscina, saltou para a
circunstâncias várias. vitória.
Gerundivas

1- ACENTOS GRÁFICOS

Acento
Utilização Exemplos
Os acentos gráficos são
três:
marca: saí, vírus
as vogais tónicas fechadas baú, miúdo
i e u;
Agudo (´)
página, fácil
as vogais tónicas abertas e pé, dissésseis
semi-abertas a, e e o avó, constrói
usa-se: à, às, àquele, àqueles
nas contracções da àquela, àquelas àquilo
preposição a com a forma
feminina do artigo e com
Grave (`)
os pronomes
demonstrativos a(s),
aquele(s), aquela(s),
aquilo;
marca: o timbre médio das
âmbar, vândalo
vogais tónicas a, e e o e
você, êxito
acentua a terceira pessoa
Circunflexo (^) avô, pôs
do plural dos verbos ter e
têm, vêem, lêem, crêem,
ver, ler, crer, dar e seus
dêem contêm, convêm
compostos

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
47

2- OUTROS SINAIS AUXILIARES DA ESCRITA

usa-se em palavras
Trema (¨) estrangeiras e suas Müller, mülleriano
derivadas
indica nasalação das vogais
irmã, põe órfão, cãibra
Til (~) a e o ou dos ditongos de
irmãozito, vãmente
que fazem parte
coloca-se por baixo da
Cedilha (,) consoante c, antes de a, o caçado, açorda, açúcar
ou u
usa-se na translineação,
nas palavras compostas, na
ligação de haver com de, amor-perfeito, hei-de,
Hífen (-) com os pronomes que vêm disse-me, pré-pagamento,
a seguir ao verbo, para recém-nascido
fazer a separação de certos
prefixos e radicais…

3- REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Palavras Acentuam-se Exemplos


quando:

terminam em a, e, o,
vogal nasal ou ditongo
pá (s), pé (s), após, maçã
nasal;
(s), irmão (s)

terminam em ditongos
abertos éi, éu, ói;
anéis, chapéus, anzóis

têm duas ou mais sílabas e


terminam em em e ens;
Agudas ou oxítonas Santarém, parabéns
terminam em i e u que não
formam ditongo com a
saí, baú
vogal que as precede,
seguidas ou não de s.

Excepto: quando formam


ditongo ou estão seguidos caiu, pauis
de consoante que não é s.
juiz, raiz, paul, sair, ruim

móvel, pólen, éter, tórax,


quando: bíceps;
Graves ou
paroxítonas terminam em l, n, r, x, e
ps;

júri, Vénus
terminam em i e u

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
48

seguidas ou não de s; sótão, órfã,

terminam em ditongo ou saudámos, secámos, pôde


em vogal nasal seguidas ou
não de s; jóia, heróico

têm o ditongo aberto e


tónico ói;

Excepto: comboio, boina,


dezoito, estroina; conteúdo, saída, saía

têm i ou u tónico, desde


que não formem ditongo
com a vogal precedente;

Excepto: sílaba terminada


em m, n, r: Coimbra,
caindo, cairdes; seguido de
nh: rainha, moinho;
precedido de ditongo:
baiuca, tauismo; i
precedido de gu e qu,
mesmo não formando
ditongo: linguista, arguido;
cantámos, pôde
a vogal tónica é aberta
(acento agudo) ou média
(acento circunflexo), para
as distinguir das suas
homógrafas;
obliqúe, averigúe
terminadas em u tónico
precedido de g ou q e
seguido de e.
acentuam-se sempre
com acento agudo quando âmago, protótipo,
Esdrúxulas ou
a vogal é aberta e com fôssemos, célebre,
proparoxítonas acento circunflexo quando ignorância, cátedra
a vogal é média.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
49

4- CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS QUANTO À ACENTUAÇÃO

Acento Tónico Exemplos


Oxítonas ou agudas na última sílaba dá, irmã, tem, colibri,
Paroxítonas ou hífen, amável, ave, carro
na penúltima sílaba
graves automóvel, porta, fôsseis
Proparoxítonas ou esdrúxula, exército, ênfase,
na antepenúltima sílaba
esdrúxulas fábrica, óptimo, ínfimo

enclíticas: não têm


acento próprio,
subordinam-se ao acento
de outra palavra e dividem-
se em:

um homem
subordinadas ao acento da
Proclíticas palavra seguinte
o estudante
que trouxe

comprar-lhe
subordinadas ao acento da
Apoclíticas palavra anterior
deu-me
vimo-la
subordinadas ao acento da amá-la-emos
Mesoclíticas palavra anterior ou
seguinte

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
50

1- NÍVEIS DE LÍNGUA

REALIZAÇÃO ORAL OU ESCRITA:

1- NÍVEL CORRENTE OU NORMA: nível médio que permite a


comunicação entre falantes da mesma língua,
independentemente das condições socioeconómicas e da
região.

2- NÍVEL FAMILIAR: é usado em família e entre amigos,


utilizando vocabulário e construção de frase não cuidados.

3- NÍVEL POPULAR:
a) calão: forma exagerada do nível familiar, mas de uso
geral;
b) gíria: usa vocábulos e expressões não habituais,
específicos de grupos socioprofissionais;
c) regionalismos: significados ou significantes próprios de
certas regiões.

4- NÍVEL CUIDADO: usa termos menos correntes e estruturas


(frases) menos vulgares.

REALIZAÇÃO SÓ NA ESCRITA:

NÍVEL LITERÁRIO: só usado no código escrito.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
51

2- TEXTO NÃO LITERÁRIO E TEXTO LITERÁRIO

Ainda que nem sempre seja fácil distinguir um texto não


literário de um texto literário, é possível verificarmos algumas
diferenças que sintetizámos neste quadro:

TEXTO NÃO LITERÁRIO TEXTO LITERÁRIO

 Linguagem com predomínio  Linguagem com predomínio


da função informativa. das funções emotiva,
poética.

 Linguagem denotativa,  Linguagem conotativa,


monossignificativa. plurissignificativa.

 Linguagem corrente, mas  Linguagem cuidada.


correcta.

 É marcado pela  É marcada pela


objectividade, pelo subjectividade, pelo
concreto; limita-se a abstracto, procurando
comunicar. sugerir.

 Busca de significantes
 Nele importa mais o que expressivos para o
se diz do que com se diz. significado.

 Texto elaborado com


função artística.
 Texto informativo com vista
ao imediato, ao útil.  Texto atemporal.

 Texto presente (no


momento da notícia)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
52

3- OS MODOS LITERÁRIOS

É costume designar por modos literários as categorias


universais em que se dividem os textos literários: modo lírico, modo
dramático e modo narrativo. Vejamos, pois, algumas
particularidades:

Modo lírico Modo dramático Modo narrativo


Centrado na expressão Centrado na interacção. Centrado na acção.
de sentimentos.

Sentimentos atribuídos Acção “vivida” pelas Acção suportada


ao sujeito lírico. personagens. pelas personagens.

Acção desenvolvida num Acção desenvolvida


Espaço definido pela espaço sugerido pelas num espaço sugerido
dimensão afectiva. indicações cénicas. pela descrição.

Acção decorrida num Acção decorrida num


O tempo essencialmente tempo de comunicação. tempo cronológico
definido como interior ao sequencial.
sujeito.

Caracterização das Personagens Personagens


personagens (quando caracterizadas através de: caracterizadas
existem) centrada na - interacções, a nível da através:
expressão de expressão corporal e da do diálogo, da
sentimentos. expressão verbal; narração e da
- indicações cénicas. descrição.

Predomínio da 1ª e 2ª Predomínio da 3ª
Predomínio da 1ª pessoa. pessoas (relação eu-tu). pessoa

4- AS FIGURAS DE ESTILO

O texto literário distingue-se do não literário pela recriação que faz do


real. As figuras de estilo (ou recursos expressivos) são desvios literários, que
modificam a linguagem corrente, de forma a torná-la mais sugestiva, viva e
expressiva.
Vejamos algumas:
1. Adjectivação – além do uso normal do adjectivo como qualificativo, os
escritores modernos usam os adjectivos com intenções estilísticas
particulares:

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
53

“Porque me deixas, mísera e mesquinha?” (Camões)

2. Aliteração – repetição sucessiva de sons consonânticos idênticos:


“Como por um caminho duvidoso, vos esquece a afeição tão doce
nossa? (Camões)

“O rato rói a rolha da garrafa do rei da Rússia!”

3. Anáfora – repetição de palavra ou grupo de palavras no começo de uma


série de versos ou de frases:

“Partimo-nos assim do santo templo


Que nas praias do mar está assentado
Que o nome tem da terra, pêra exemplo,”

4. Antítese – caracterização de uma realidade por meio de termos


contrários:

“O mistério alegre e triste de quem chega e parte.”

5. Comparação – é a aproximação entre dois conceitos ou ideias


diferentes, por meio de uma palavra ou expressão comparativa (como,
mais do que, menos do que, parecer…):

“Alma árida como a urze” (Herculano)

6. Metáfora – é uma comparação disfarçada (abreviada):

“Santarém é um livro de pedra” (Garrett)

7. Personificação e animização – consiste em atribuir características


próprias de pessoas ou animais a seres inanimados ou entidades
abstractas:

“Toda esta noite o rouxinol,


Gemeu, rezou, gritou perdidamente” (Florbela Espanca)

“De repente o silêncio sacudiu as crinas, correu para o mar.” (Eugénio


de Andrade)

8. Eufemismo – Consiste em referir certos actos condenáveis ou tristes de


um modo atenuado:

“Também já lá está” (=morreu)


“Desviou o dinheiro” (= roubou)

9. Ironia – Quando as palavras significam o contrário do que no íntimo


pensamos:

“Parabéns pela negativa!”

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
54

10. Hipérbole – É o emprego de uma expressão que exagera a realidade:

“Já disse isto mais de mil vezes.”

11. Perífrase – Consiste em dizer por muitas palavras o que podemos dizer
por poucas:

“Quando os primeiros raios de sol começavam a querer romper por entre


as nuvens.” (= quando amanhecia)

12. Metonímia – Emprego de um nome por outro quando entre eles há uma
certa conexão: o substantivo comum ou expressão que designa o
agente de uma acção, em vez do nome próprio, de quem praticou a
acção (o descobridor do Brasil por Pedro Álvares Cabral); o nome do
artista em vez da obra (ler Camões); o continente pelo conteúdo (beber
um copo).

13. Sinédoque – Substitui um termo por outro de extensão desigual, como:


o todo pela parte ou vice-versa (beber o mar = beber a água do mar;
em minha casa há cinco bocas para sustentar; peito ilustre lusitano =
Portugal); a matéria pelo objecto: (ferro por espada: cravou-lhe o ferro
no peito); o singular pelo plural e vice-versa (o português é valente; os
Camões são raros).

14. Invocação ou apóstrofe – Consiste no chamamento ou interpelação


de alguém ou de alguma coisa personificada:

“Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa)

15. Hipérbato – Consiste na alteração da ordem directa das palavras na


frase:

“Já no batel entrou do capitão” (Camões)

5- O MODO NARRATIVO

O texto narrativo é o relato de uma história, real ou imaginária, contada


(narrada) por um narrador, cujas personagens se envolvem numa acção que
decorre num determinado espaço, durante certo período de tempo.
Neste tipo de texto, pode surgir a narração, a descrição, o diálogo e mesmo
algumas reflexões ( são os chamados modos de expressão).

É uma forma de comunicação, literária ou não literária, que tem por


finalidade relatar um ou mais acontecimentos.

Segundo Harry Shaw, a narração ou narrativa é uma forma de discurso


o qual se exemplifica em história, notícias de jornais, biografias, autobiografias,

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
55

anedotas, contos, fábulas, lendas, novelas, romances, epopeias. É dinâmica,


com predomínio do verbo no pretérito perfeito, na 3ª pessoa.

No processo narrativo, distinguimos: o narrador, o narratário


(destinatário ou leitor) e o sujeito de quem se fala.

I- O NARRADOR é alguém que o criador da obra literária põe a contar a


história:

- Conhecimento omnisciente – o
narrador sabe tudo o que diz
respeito às acções.
- Conhecimento interno – o
CIÊNCIA narrador, na sua ciência, está com
DO e como a personagem. Pode tomar
NARRADOR posição – é subjectivo.
- Conhecimento externo - o
narrador informa, apenas, os
aspectos exteriores e não toma
posição – é objectivo.

- Como protagonista (personagem


principal) – narração na 1ª pessoa
PARTICIPANTE – autodiegético.
Dentro - Como personagem secundária –
homodiegético.
PRESENÇA
DO É observador.
NARRADOR
NÃO PARTICIPANTE Narração na 3ª pessoa –
Fora heterodiegético.

POSIÇÃO Objectivo – limita-se a


narrar friamente os
DO
acontecimentos.
NARRADOR Subjectivo – narra os
acontecimentos
declarando ou sugerindo
a sua posição.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
56

ll- AS CATEGORIAS DA NARRATIVA

• ACÇÃO
(intriga, diegese, história):
- Central ou principal – é o
Relevo acontecimento principal.
- Secundária – são acontecimentos
de menor importância.

- Fechada – acção solucionada até


Delimitação ao pormenor.
- Aberta – acção não solucionada

- Encadeamento – ordenação
Organização cronológica das acções.
das - Alternância – entrelaçamento das
sequências acções.
narrativas - Encaixe – introdução de uma acção
noutra.
• PERSONAGENS: - Central ou principal –
personagem à volta da qual a
acção se desenrola, individual ou
colectiva.
Relevo - Secundária – personagem de
menor importância para a acção,
adjuvantes ou oponentes.
- Figurante – não participa,
apenas é referida.

- Directa – através de palavras


da personagem acerca de si
Processo própria, de palavras de outras
de personagens, de afirmações do
caracterização narrador.
- Indirecta – deduções do leitor
acerca da personagem, a partir
de atitudes ou acções da mesma.

- Físico – características físicas,


Retrato idade, vestuário.
- Psicológico – carácter,
personalidade.

Densidade - Tipos ou planas (por vezes


psicológica caricaturas) – não têm
individualidade própria;
representam grupos sociais…
- Redondas – são
individualizadas.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
57

• ESPAÇO: - Físico – lugar onde a acção se realiza


- Psicológico – o lugar do pensamento e
(onde?) emoção das personagens
Lugar ou - Social – o meio social a que pertencem
lugares onde e onde se deslocam as personagens.
decorre a acção
• TEMPO: - Cronológico – marcas da Analepse – recuo no
passagem do tempo (dia, tempo.
(quando?) mês, ano, século, etc. Prolepse – avanço
no tempo.
Tempo ou - Psicológico – o tempo
tempos em que sentido pelas personagens.
decorre a acção
- Histórico – enquadra-
dramento histórico das
acções.

III- MODOS DE EXPRESSÃO - Narração – é o relato de


acontecimentos, é um momento de
avanço da acção (núcleos ou
cardinais). Predominam os verbos.
- Descrição – é o descrever de
personagens, lugares, objectos, etc.
São momentos de pausa (catálises)
Predominam os adjectivos e os
nomes.
- Diálogo – é a fala entre duas ou
mais personagens.

IV- ORGANIZAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NARRATIVAS:

1- Encadeamento: As sequências entrelaçam-se sucessivamente.

A B C D E F G
A não contém B
B não contém A
….

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
58

2- Encaixe: quando numa narrativa principal está ou estão contidas outras


secundárias.

A
A contém B
B B não contém A

3- Alternância: quando o narrador deixa um assunto para introduzir outro, sem


pôr de parte o anterior, de forma que, no fim, todos se juntam (acontece muito
nas novelas).

A B C
A contém BC
C contém B

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
59

6- O TEXTO / MODO LÍRICO

A poesia lírica foi assim designada por ser cantada e acompanhada ao som
da lira. Centra-se no emissor, daí o predomínio da 1ª pessoa – eu – e do tempo
presente, da subjectividade, isto é, a expressão de sentimentos, pensamentos e
emoções.
Na poesia lírica pode ou não encontrar-se:
RIMA – é a concordância dos sons finais dos versos a partir da última sílaba tónica;
ACENTO – é a maior elevação de voz na pronúncia de sílabas dentro do verso, além
da sílaba tónica final, o que contribui para o ritmo do verso;
METRO (MÉTRICA) – é a medida do verso, determinada pelas sílabas métricas, que
nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais;
ESTROFE – é o agrupamento de versos.

RIMA ACENTOS METRO ESTROFE


SUA VERSOS agudos monossílabo: 1 monóstico
NATUREZA sílaba, mas é raro (raro): 1
- masculinos: os verso
versos dissílabo ou
consoante: sem rima: terminam por bissílabo: 2 sílabas dístico ou
todos os soltos ou brancos palavra aguda parelha: 2
sons são trissílabo: 3 sílabas versos
iguais a partir
da última tetrassílabo: 4 terceto: 3
vogal tónica com rima: graves sílabas versos
- femininos: os
toante ou emparelhados (a versos pentassílabo: quadra: 4
assoante: só mesma rima em terminam em (redondilha menor): 5 versos
rimam as dois ou mais palavra grave sílabas
últimas versos seguidos) quintilha:
vogais a hexassílabo: 6 5 versos
partir da cruzados (os sílabas
última vogal versos rimam esdrúxulos sextilha ou
tónica alternadamente) heptassílabo ou sextina: 6
- dactílicos: os septissílabo: 7 versos
rica: se interpolados versos sílabas (redondilha
rimam (entre 2 versos que terminam por maior) sétima: 7
palavras de rimam há dois ou palavra versos
categoria mais sem rima ou esdrúxula octossílabo: 8
gramatical com rima diferente) sílabas oitava: 8
diferente versos
encadeados eneassílabo: 9
pobre: se (quando o final de sílabas nona: 9
rimam um verso rima com versos
palavras da o meio do decassílabo: 10
mesma seguinte) sílabas décima: 10
categoria versos
hendecassílabo: 11
sílabas (arte maior)

dodecassílabo: 12
sílabas (alexandrino)

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
60

7- A CARTA

Quando queremos comunicar com amigos, familiares, que estão longe,


podemos fazê-lo de vários modos, um deles é através da carta. Se
quisermos oferecer um produto, pedir uma informação, utilizaremos o
mesmo meio, mas com características diferentes. Há, pois, diversos tipos
de cartas e têm regras específicas.

Carta pessoal Carta comercial

Livraria CVG
Meleças, 20 de Setembro de 2008 Av. Dr. João António Nabais, 71/73
Meleças
Olá Margarida, 2605-045 Belas

Exmos. Srs.
Então como tens passado? Essas férias
António & Joel Lda.
passaram-se numa boa? As minhas foram Avenida Roma, 15
óptimas, mas agora regressei ao Colégio. 1100 Lisboa
Hoje foi um dia especial, pois reencontrei os
meus antigos colegas. Foi só matar saudades, S/ref. S/comum. N/ref. Meleças
mas o horário é que não é para brincadeira e os 2/1 1/09/ 07 11/1 20/09/07
livros, nem imaginas, pesam toneladas!
Olha, parece que tenho uns profs porreiros, mas Assunto: Encomenda de livros
é só o princípio!
E a tua nova escola? Já arranjaste amigos? Exmos. Srs.
Conta-me depressa as novidades, pois daqui a
uns tempos começam os testes e não é fácil Acusamos a recepção da carta de
arranjar tempo para tanta conversa. V. Exas., donde retirámos a
Dá cumprimentos aos teus pais e irmão. Para encomenda de livros que nesta data
ti, carradas de beijocas. lhe enviamos.
A sempre amiga Incluso encontrarão V. Exas. a
Clara respectiva factura no montante de
100 euros.
Com a melhor consideração
D. V. Exas.
Atentamente
O Responsável
___________
(assinatura)
- A data aparece à direita da folha,
- No canto superior esquerdo, deve
na parte superior.
indicar-se o nome do remetente e
- Depois, escreve-se a saudação,
no superior direito, mais abaixo, o
segundo a relação que se mantém
do destinatário.
com o destinatário.
- No corpo da carta, deve usar-se
- Usa-se uma linguagem simples,
uma linguagem elaborada de acordo
clara e coloquial.
com o nível do destinatário.
- A despedida está de acordo com a
- A fórmula de despedida é seguida
saudação.
pela assinatura do remetente e
- Assina-se à direita.
cargo que exerce.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
61

8- O ESCRITOR E O JORNALISTA
A.
O ESCRITOR O JORNALISTA
 Dirige-se a um público restrito  Dirige-se ao público geral
 Exprime pensamentos  Comunica factos - informa
 É um artista, produz uma obra  É um técnico, produz notícias
 É subjectivo  É objectivo
 Manifesta o seu “eu”  Não manifesta o seu “eu”
 Recria o real > irreal  Reproduz o real
 Apresenta texto elaborado  Apresenta texto transparente
 Usa linguagem cuidada  Usa linguagem corrente

B.

 Agências noticiosas (empresas que vendem informações para os meios


de comunicação) – Agência Lusa, Reuter…
 Fontes documentais (encontram-se num jornal) – ficheiros, dossiês,
documentos digitalizados …
 Informação recebida – agenda do jornalista, correio dos leitores,
comunicados…
 Informação procurada – correspondentes estrangeiros…

C.

Especializados Desportivos:
futebol,
automobilismo…
Culturais
1- Quanto aos seus Informativos (dão a notícia)
objectivos
Formativos (divulgam conhecimentos
científicos)

Matutinos (saem de manhã)


Diários
Vespertinos (saem à tarde)
2- Quanto à periodicidade

Semanários
Quinzenários
Não diários
Trissemanários
Mensários
Anuários

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
62

9- TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DIRECTO PARA O INDIRECTO

a) Discurso directo: apresenta uma linguagem viva, colocando os factos no


momento presente. Reproduzem-se textualmente as palavras que alguém
pronunciou.

Ex.: - António, chegaste ao Colégio Vasco da Gama ontem e ainda não te tinha visto! –
exclamou o colega muito surpreendido.

b) Discurso indirecto: não transmite as falas tal qual foram ditas e o


diálogo é relatado, subordinando-o a verbos declarativos (dizer, afirmar,
responder, contar, replicar, contestar, exclamar…), que introduzem orações
subordinadas completivas.

Ex.: O colega, muito surpreendido, exclamou que o António tinha chegado (chegara) ao
Colégio no dia anterior e ainda não o tinha visto (vira).

Algumas regras

DISCURSO DIRECTO DISCURSO INDIRECTO

Uso da 1ª ou 2ª pessoa Uso da 3ª pessoa

Verbos: Verbos:
Presente Pretérito imperfeito
Pretérito perfeito Pretérito mais-que-perfeito
Futuro do indicativo Condicional (futuro do pretérito)
Futuro do conjuntivo Pretérito imperfeito do conjuntivo
Modo imperativo Modo conjuntivo ou infinitivo

Pronomes pessoais de 1ª ou 2ª Pronomes pessoais de 3ª pessoa:


pessoa:
Eu, tu Ele, ela
Nós vós Eles, elas

Pronomes ou determinantes de 1ª Pronomes ou determinantes de 3ª


ou 2ª pessoa: pessoa:
Este (s), esse (s) Aquele (s)
Isto, isso Aquilo
Meu (s), teu (s), nosso (s), vosso (s) Seu (s) ou dele (s)

Advérbios de lugar e de tempo: Advérbios de lugar e de tempo:


Aqui, cá Ali, lá
Aí, ali, lá Lá

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado
Morfologia, sintaxe e pragmática
63

Agora, já Então, naquele momento, logo,


imediatamente
Hoje Naquele dia
Ontem No dia anterior, na véspera
Amanhã No dia seguinte
Logo Depois

Frase interrogativa directa: Frase interrogativa indirecta:


Ex.: - Ana, vais ao Colégio? Ex.: Perguntou à Ana se ia ao
Colégio.

Vocativo: Desaparece ou passa a


complemento indirecto:
Ex.: - Vasco, canta! Ex.: Disse ao Vasco que cantasse.

Morfologia, sintaxe e pragmática


José Manuel Martins Cobrado

Você também pode gostar