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1. Introdução
1
Ética e administração pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 57.
2
Recurso Extraordinário n.° 160.381-SP, Relator. Min. Marco Aurélio.
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Por se tratar de uma norma constitucional de eficácia limitada, o art. 37, § 4º, da CF
disciplinou que caberia a legislação infraconstitucional definir aquilo que seria juridicamente
relevante para caracterizar como improbidade administrativa, ou seja, aquilo que seria
potencialmente mais ofensivo ao princípio da moralidade, com capacidade de trazer danos
materiais e imateriais relevantes para a administração pública e, por via reflexa, para a
coletividade.
O art. 12 da Lei n.° 8.429, de 02/06/92, dispõe, por sua vez, que o ato de
improbidade sujeita o agente público à perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral de eventual dano ao erário, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis.
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3. Enriquecimento Ilícito
3
Direito Administrativo Disciplinar. Rio de Janeiro, Método, 2. ed., 2009.
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Após leitura atenta do art. 9º da Lei n.° 8.429, de 02/06/92, sobrepõe-se, então, a
seguinte regra: a) quando o enriquecimento ilícito decorreu de algum ato ou abstenção
comprovado, o ato de improbidade será enquadrado em uma das hipótese dos incisos I a VI
e VIII a XII do art. 9º; b) quando há acréscimo patrimonial desproporcional comprovado, o
ato de improbidade será enquadrado no inciso VII do art. 9º, que é residual. Wallace Paiva
Martins Júnior4 explica:
“A grande vantagem do art. 9º, VII, é que ele é norma residual para a
punição do enriquecimento ilícito no exercício de função pública. De
fato, se não se prova a prática ou a abstenção de qualquer ato de
ofício do agente público que enriqueceu ilicitamente, satisfaz o
ideário da repressão à moralidade administrativa provar que seu
patrimônio tem origem inidônea, incompatível, desproporcional (...).”
4
Probidade Administrativa, Saraiva, 1ª ed., 2001, p. 198.
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Pela razão exposta, Hely Lopes Meirelles5 leciona que, dentre os diversos atos de
improbidade exemplificados na Lei n.° 8.429, de 02/06/92, o ato previsto no inciso VII do art.
9º merece maior destaque, dado seu notável alcance: “Nessa hipótese, quando
desproporcional, o enriquecimento ilícito é presumido, cabendo ao agente público a prova
de que ele foi lícito, apontando a origem dos recursos necessários à aquisição.”
5
Direito Administrativo Brasileiro, 26ª ed., Malheiros, 2001, p. 469.
6
Disponível em: http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/GuiaPAD/Arquivos/ApostilaTextoCGU.pdf.
Acesso em: 10 de junho de 2011.
7
Improbidade Administrativa por Enriquecimento Ilícito - O Problema da Inversão do Ônus da Prova.
In: Revista da CGU, Ano IV, n.º 7, dez. 2009, p. 48. Disponível em:
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/RevistaCgu/Arquivos/7edicao.pdf. Acesso em 10 de jun. de 2011.
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A Inversão do Ônus da Prova na Lei de Improbidade Administrativa. In: Teses Aprovadas no X
Congresso Nacional do Ministério Público. Cadernos – Temas Institucionais, 1995.
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Como a lei não tem palavras inúteis (“verba cum effectu, sunt accipienda”), observa-
se, portanto, que a evolução patrimonial desproporcional constitui, por si só, um ato de
improbidade, privilegiando-se, dessa maneira, em conformidade com o contexto social e
político subjacente, a coerência do sistema jurídico e o sentido correto do seu conteúdo
normativo. Corroborando a tese ora sustentada, o Analista de Finanças e Controle Leonardo
Valles Bento9 assevera:
9
Improbidade Administrativa por Enriquecimento Ilícito - O Problema da Inversão do Ônus da Prova.
In: Revista da CGU, Ano IV, n.º 7, dez. 2009, p. 44. Disponível em:
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/RevistaCgu/Arquivos/7edicao.pdf. Acesso em 10 de jun. De 2011.
10
Da mesma forma, a Convenção Interamericana contra a Corrupção, de 29/03/96 (promulgada pelo Decreto nº
4.410, de 07/10/02), e a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, de 31/10/03 (promulgada pelo
Decreto n.° 5.687, de 31/01/06), orientam seus países signatários.
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Wallace Paiva Martins Junior. Enriquecimento Ilícito de Agentes Públicos – Evolução Patrimonial
Desproporcional à Renda ou Patrimônio – Lei Federal n.° 8.429/92. In: http://bdjur.stj.gov.br. Acesso em 14 de
junho de 2011.
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4. Da Declaração de Bens
Como demonstrado, o agente público deve declarar, com exceção dos objetos e
utensílios de uso doméstico, os diferentes bens e valores que compõem seu patrimônio,
bem como os do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivem sob
sua dependência econômica, devendo, ainda, atualizar sua declaração todos os anos e na
data em que deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função pública.
12
A Lei nº 8.730, de 10 de novembro de 1993, estabelece a obrigatoriedade da declaração de
bens e rendas para os seguintes agentes: Presidente da República; Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado; membros do Congresso Nacional; membros da Magistratura Federal; membros
do Ministério Público da União; todos quantos exerçam cargos eletivos e cargos, empregos ou
funções de confiança, na administração direta, indireta e fundacional, de qualquer dos Poderes da
União.
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A Portaria Interministerial - MPOG/CGU nº 298, de 05/09/07, regulamenta a entrega de bens
e valores de todos os agentes públicos.
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A CGU pode, por isso, com fulcro no art. 7º do Decreto n.º 5.483, de 30/06/05,
acompanhar a evolução patrimonial dos agentes e, quando necessário, instaurar ou
determinar a instauração de sindicância patrimonial. Trata-se de faculdade conferida à CGU,
não afastando, por óbvio, o dever de os órgãos e entidades acompanharem a evolução
patrimonial dos seus agentes públicos e, quando cabível, procederem à instauração de
sindicância patrimonial
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Direito Administrativo Disciplinar. Método, 2. ed., 2009, p. 542-543.
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Referências
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26ª ed., Malheiros, 2001.