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01/06/2021 Módulo 6: Brincar e imaginar - Brincar e imaginar

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GLAUCIELE

Módulo 6: Brincar e imaginar


Formação continuada em Educação Infantil

POR:
GESTÃO ESCOLAR
01 de Dezembro de 2013

Toda criança, cada uma em seu tempo e ambiente cultural, brinca. Pode ser de
mamãe, princesa, fada, policial, astronauta, doceira, motorista de caminhão,
boiadeiro e tudo mais que a imaginação permitir. Brincar é uma das mais importantes

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atividades da Educação Infantil, mesmo não estando diretamente ligada à


aprendizagem de disciplinas formais. Segundo o lósofo francês GillesBUSCAR
Brougère, a
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brincadeira guarda relação com a comunicação e a interpretação. Além disso, ela
também envolve escolhas: a criança toma a decisão de entrar na brincadeira e
também constrói modalidades particulares. "Sem livre escolha, ou seja, a
possibilidade real de decidir, não existe mais brincadeira, mas uma sucessão de
comportamentos que têm sua origem fora daquele que brinca", a rma Brougère no
livro Brinquedo e Cultura (120 págs., Ed. Cortez, tel. 11/3611-9961, edição esgotada).
Nesta sequência de trabalho, Silvana de Oliveira Augusto, professora do Instituto
Superior de Educação Vera Cruz (Isevec) e coordenadora de cursos à distância do
Instituto Avisa Lá, ambos em São Paulo, traz dicas de planejamento dos materiais,
organização dos espaços e intervenções que favorecem as interações entre as
crianças e entre elas e o ambiente.

Objetivo geral
Formar professores da Educação Infantil, tendo em vista a promoção de experiências
fundamentais às crianças entre 2 e 5 anos - como ler, conversar, conhecer o mundo
natural e social, desenhar e pintar, ouvir e produzir música, dançar e brincar de faz
de conta e com jogos de regras.

Objetivos especí cos deste módulo


Criar referências para a observação e a supervisão pedagógica da brincadeira.

Conteúdos

A in uência da cultura na brincadeira da criança.

O papel do faz de conta no desenvolvimento da capacidade de representar.

A organização do espaço, do tempo e dos materiais.

Tempo estimado
Seis meses, com reuniões quinzenais.

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Material necessário
Tecidos, caixas de papelão, objetos para a composição de cenários lúdicos e livros e
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vídeos para pesquisa.

Desenvolvimento

1ª reunião: Levantamento dos saberes

Peça que os professores tragam memórias de brincadeiras da infância, resgatando os


temas, os participantes, a organização do ambiente e as regras. Depois, ajude-os a
compreender o que está por trás da atividade. Os jogos e o faz de conta são duas
modalidades. Segundo Lev Vygotsky (1896-1934), em ambas existe uma situação
imaginária que contextualiza o comportamento da criança. Por exemplo, numa
partida de xadrez, ela pode imaginar que é um rei lutando para derrubar o adversário,
capturando os cavalos e tomando as torres do inimigo. Na casinha, a menina assume
o papel de lha ou de mãe. Além disso, todas as brincadeiras têm em comum a
existência de regras. A diferença é que, nos jogos, elas são claras e transmitidas de
um para outro, enquanto no faz de conta são criadas durante a vivência de uma
situação imaginária. Após a explicação, anote as experiências da equipe em um
quadro como o que vem a seguir.

Posteriormente, a equipe vai ensinar às crianças os jogos de regras que conhece e


pesquisar para ampliar o repertório. Para saber mais sobre a oferta de jogos, leia o
documento Percursos de Aprendizagem: Jogar e Brincar, da coleção Cadernos da
Rede, elaborado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

2ª reunião: Aspectos do planejamento

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Exiba o vídeo Casinhas no Vale do Jequitinhonha, de Renata Meireles e David Reeks, e


sugira a re exão sobre os quatro elementos que envolveram as crianças na
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brincadeira: o tempo, a organização do espaço, os materiais e as interações de
meninos e meninas de diferentes idades. Sistematize as conclusões em um quadro e,
em seguida, convide o grupo a explorar o registro e as imagens que ilustram o site do
projeto itinerante Território do Brincar, também de Meireles e Reeks. Com base no
exemplo, eles avaliarão se a instituição está assegurando as condições para o brincar.

Coordenador As brincadeiras do campo não são as mesmas da cidade, nem as da


escola são as mesmas das de casa. Daí a importância de observar as crianças em ação,
pesquisar e estudar o repertório delas. Para que todos possam brincar, é necessário
exibilizar as propostas, dando atenção às que têm Transtornos Globais de
Desenvolvimento (TGD) e de ciências. Informe-se sobre limites e possibilidades no
documento Narrativas Infantis no Jogo de Faz de Conta, também da coleção Cadernos
da Rede.

3ª reunião: Intervir ou investir?

As crianças devem brincar sozinhas ou o adulto precisa participar? Para avançar


nessa discussão, leia para o grupo o registro de uma professora de crianças de 5 anos
em uma creche municipal de São Paulo (veja o quadro Restaurante de faz de conta
abaixo) e analise-o com base nos quatro aspectos do planejamento discutidos
anteriormente: tempo, espaço, materiais e interações. A equipe elencará as condições
de aprendizagem garantidas antes e depois da brincadeira e também durante a
atividade, registrando como ela planeja cada etapa. Por m, monte uma rodada de
sugestões para ajudar no planejamento do faz de conta em sala.

Coordenador Discuta com o diretor as mudanças necessárias para que as crianças


brinquem todos os dias por cerca de uma hora - o mínimo necessário para arrumar
os ambientes e para a devida exploração das propostas.

Restaurante de faz de conta

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"Hoje propus pela primeira vez brincar de restaurante. Preparei um canto da sala com
panelinhas e bloquinhos de anotação como os do garçom e z um fogão simbólico,
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colando papel na mesa para fazer de conta que eram botões e a boca do fogo. Chamei
as crianças. Como eu seria a cliente, saí da sala e aguardei o preparo do almoço. Algo
interessante aconteceu: elas arrastaram e juntaram mesas, mudando tudo de lugar.
Ficou bom! A arrumação fez parte da brincadeira.

No começo, houve um pouco de confusão. Todos - garçom, cozinheiro e guarda - me


serviam. A comida vinha da cozinha antes mesmo que o pedido fosse feito. As
crianças colocaram água na cafeteira. Restos de farinha se espalharam pelo chão.
Lucas queria comer a bolachinha de plástico.

Certa hora, uma garçonete disse: ‘Agora o restaurante vai fechar, todo mundo tem de
sair!’. Só faltou ela jogar água e sabão nos nossos pés. Mateus até pôs uma cadeira em
cima da mesa. Tudo bem. O restaurante ia fechar. As crianças logo se envolveram na
arrumação. Antes de começar tudo de novo, montei grupos menores para explorar as
características de cada papel.

- Cozinheiro pode car servindo a mesa? - perguntei.

- Ele não pode sair da cozinha, senão queima a comida - disse Marcos.

- Como o cozinheiro sabe o prato que vai preparar?

- O garçom escreve o pedido num papelzinho para o cozinheiro ler - contou Igor.

A conversa durou um tempão e mostrou quanto eles sabiam e o que estavam


aprendendo. Por m, listamos objetos que existem em restaurantes e que poderiam
ser trazidos no dia seguinte: guardanapo, toalha de mesa, ketchup, mostarda,
pimenta, sal, aparelho de música, dinheirinho."

Adaptação do registro de Silvana Augusto (Acervo pessoal/Programa Capacitar, Instituto Avisa Lá)

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4ª reunião: A importância dos objetos

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Um chocalho pode servir para várias explorações sensoriais. Ao balançá-lo com as
mãos, é possível produzir barulhos mais ou menos intensos. Não raramente, os bebês
os levam à boca para explorar a forma e a textura, entre outras investigações. O
mesmo objeto pode ganhar função simbólica, representando algo semelhante, como
um microfone para cantar em um show de rock. Ao brincar, as crianças transformam
os objetos em elementos com outros signi cados. Surge o faz de conta, uma
brincadeira que parte da imitação até chegar à criação de cenários e enredos. Leia o
trecho de um texto de Gilles Brougère (abaixo) e discuta o que signi ca a ideia de que
o brinquedo orienta e traz matéria à brincadeira.

As substâncias materiais e imateriais do faz de conta

"A criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca com as substâncias materiais e
imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem à mão e com o que tem na
cabeça. Os brinquedos orientam a brincadeira, trazem-lhe matéria. Algumas pessoas
são tentadas a dizer que eles a condicionam, mas, então, toda brincadeira está
condicionada pelo meio ambiente. Só se pode brincar com o que se tem, e a
criatividade, tal como a evocamos, permite justamente ultrapassar esse ambiente,
sempre particular e limitado. O educador pode, portanto, construir um ambiente que
estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não se tem certeza de
que a criança vá agir com esse material como desejaríamos, mas aumentamos, assim,
as chances de que ela o faça; num universo sem certezas, só podemos trabalhar com
probabilidades."

Trecho extraído de Brinquedo e Cultura, Gilles Brougère, 120 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9691 (edição esgotada)

Em seguida, peça que a equipe re ita sobre as ideias de planejamento apresentadas.


Oriente os professores a enriquecer o faz de conta oferecendo às crianças
brinquedos convencionais como, por exemplo, panelas de alumínio e colheres de
pau. 

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Na atividade seguinte, sugira o acréscimo de materiais não estruturados, objetos que


podem ser transformados em brinquedos - tais como caixas de papelão e tecidos. Ao
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observarem e registrarem as mudanças provocadas pela inclusão desses objetos, os
professores devem estar atentos à utilização deles. As descobertas serão partilhadas
na reunião seguinte.

5ª reunião: O espaço e as interações

Leia o artigo Arranjo Espacial na Creche: Espaços para Interagir, Brincar Isoladamente,
Dirigir-se Socialmente e Observar o Outro, de Renata Meneghini e Mara Campos e
Carvalho, que analisa a preferência de ocupação espacial pelas crianças. Por se tratar
de um texto denso, faça pausas para esclarecer dúvidas e convide os professores a
trazerem exemplos que contribuam para a compreensão. Em seguida, apresente a
reprodução de uma planta baixa de uma sala e peça que eles façam intervenções no
arranjo espacial considerando o conceito de zona circunscrita (leia o quadro abaixo).
Exponha as alternativas em um painel e proponha que cada professor, com base
nesse exercício, planeje novamente mudanças para melhorar o ambiente das
brincadeiras. Enfatize a importância de observar e registrar as interações.

As zonas circunscritas

"A característica principal das zonas circunscritas é seu fechamento em pelo menos
três lados, seja qual for o material que o educador coloca lá dentro, ou que as
próprias crianças levam para brincar. Dessa maneira, você pode delimitar essas áreas
usando mesinhas ou cadeirinhas. Elas também podem ser constituídas por caixotes
de madeira ou cabaninhas, desde que contenham aberturas. As cabaninhas podem
ser criadas aproveitando o espaço embaixo de uma mesa e colocando por cima um
pano que caia para os lados, contendo uma abertura, tipo porta. As cortinas também
podem ser úteis para delimitar um ou dois lados. É importante que a criança possa
ver facilmente a educadora, senão ela não cará muito tempo dentro dessas áreas
circunscritas."

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Trecho extraído do livro Os fazeres na Educação Infantil, Maria Clotilde Rossetti Ferreira (org.), 208 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-

9691, 58 reais
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Coordenador A brincadeira de faz de conta é mais comum entre crianças com 3 anos
ou mais, mas os bebês também podem ter experiências em zonas circunscritas.
Cabanas com bonecas, mamadeira e bercinhos podem ambientar os primeiros jogos
de representação para eles. Nesse caso, a intervenção do adulto é fundamental para
haver avanços.

6ª reunião: Um ambiente complexo

Promova um estudo em profundidade, procurando quali car os ambientes lúdicos da


creche e da pré-escola, apontando o que ainda pode avançar e promovendo a troca
de olhares entre os professores. Tirar fotos dos lugares para análise será uma maneira
e caz para apoiar esse momento.

7ª reunião: Avaliação

Ao nal do projeto, reúna os professores para sistematizar e discutir os resultados da


formação. Filmar as situações de brincadeira é uma ótima estratégia para analisar
como as crianças criam e resolvem problemas em grupo, recorrendo à imaginação e
aos conhecimentos que foram construídos. Para a reunião de pais, os professores

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podem produzir painéis com fotogra as e textos explicativos do processo de


construção dos ambientes de faz de conta - um recurso importante para mostrar a
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eles o quanto as crianças podem aprender sobre o mundo e sobre si mesmas.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Jogo de Papéis, um Olhar para as Brincadeiras, Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, 160 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9691, 33
reais
O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento, em Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11)
2167-9900, 52,08 reais
Pensamento e Linguagem, Lev Vygotsky, 530 págs., Ed. Martins Fontes, 99 reais

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Vanessa Santos
PERFEITO BOM TER ESSA TROCADE CONHECIMENTO.
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