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A IMPORTÂNCIA DO PROTOCOLO DE ATENDIMENTO EM EMERGÊNCIA

HOSPITALAR

Luiz Augusto Ferreira de Carvalho, Ana Lucia De Faria, Eliana Fátima Almeida
Nascimento, Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos

Universidade de Taubaté. Departamento de Enfermagem.


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Resumo - A triagem em serviços de emergência vem sendo realizado de uma forma avançada, cabendo ao
enfermeiro uma nova atuação no qual se encaixa nesse contexto como um profissional de olhar abrangente
e de iniciativa. Esta pesquisa tem por objetivo estudar a importância do protocolo de atendimento em
emergência hospitalar. Foram pesquisados trabalhos publicados na base de dados Bireme, entre os anos
de 1980 a 2009, e que abordasse o assunto a fim de se obter embasamento teórico sobre o tema proposto.
Os resultados mostraram que o enfermeiro de triagem deve apresentar três habilidades fundamentais:
avaliação, conhecimento e intuição que é desenvolvida por meio de seu conhecimento administrativo pela
sensibilidade e o uso da observação. A entrevista de triagem deverá ser baseada na história do paciente e
em cinco fatores principais. O uso da visão, da audição, do olfato, do tato e de conhecimento de
enfermagem. Conclui-se que o paciente atendido por meio do protocolo de emergência hospitalar terá um
atendimento mais rápido nas doenças que poderiam causar risco de morte ou deixar sequelas importantes
e assim minimizar a ansiedade, estresse, angústia, desconforto e preocupação no setor de emergência.

Palavras-chave Atendimento emergência; Triagem; Enfermagem em emergência; Protocolo de


atendimento; Triagem hospitalar.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde

Introdução incluindo situações que necessitam de


encaminhamento. O acolhimento a esses
Emergência é o nome dado quando há agravo indivíduos deve ser de uma atitude profissional
nas condições de saúde, que exige intervenção que visa à classificação e os meios pelo qual o
médica imediata por existir risco iminente de vida usuário será atendido, de forma a observar o
e Urgência é uma classificação dada quando indivíduo como um todo (BRASIL, 2004).
existe o risco de vida só que de caráter menos Humanizar o atendimento visa qualificar os
imediatista. De acordo com a definição do processos e promover a saúde. Devem-se levar
Ministério da Saúde urgência e emergência em consideração os sentimentos trazidos pelos
representam um campo único de atenção em indivíduos que procuram o serviço, para que não
saúde com a finalidade de serviços específicos no haja sobrecarga dos profissionais envolvidos e
suporte à vida. Mesmo existindo uma classificação não exista nenhum profissional com papel central
específica a realidade dos serviços de saúde nesse contexto, pois todos são responsáveis pelas
brasileira apresenta um cenário mais complexo, necessidades do usuário. Identificar o problema e
onde de forma desordenada, usuários utilizam o atuar de forma consciente e ágil para direcionar o
serviço de emergência como porta de entrada no atendimento prestado de modo eficiente e
atendimento a saúde (BRASIL, 2004). resolutivo (DAL PAI; LAUTERT, 2008).
De acordo com a estratégia passada pela Diante do exposto esta pesquisa tem por
Política Nacional de Humanização, devem-se objetivo estudar a importância do protocolo de
acolher todos os indivíduos que procuram o atendimento em emergência hospitalar.
serviço de emergência, garantindo a escuta às
suas necessidades e o atendimento resolutivo,

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Metodologia comunicação que auxiliam na resposta a múltiplos
estímulos.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de um As entrevistas de triagem são baseadas por
estudo sistematizado desenvolvido com base em meio da história do paciente e em cinco fatores
artigos científicos, e sites referentes ao assunto, principais. O uso da visão, da audição, do olfato,
no qual objetivou-se obter embasamento teórico do tato e de conhecimento de enfermagem. A
sobre o tema: A importância do protocolo de avaliação adequada pode ser obtida em menos de
atendimento em emergência hospitalar. cinco minutos, com um paciente cooperativo, e é
A coleta dos dados ocorreu no período entre importante, uma vez que diz respeito às alterações
abril e junho de 2012. na condição do paciente durante sua permanência
Os critérios de inclusão dos artigos no setor de emergência e sua posterior admissão
selecionados para a presente pesquisa foram: no hospital (BRASIL, 2004).
1. Artigos que retratavam o assunto em questão; Segundo o Conselho Regional de Enfermagem
2. Artigos publicados em revistas indexadas na (COREn), legislação brasileira que respalda o
base de dados Bireme; profissional de enfermagem cabe privativamente
3. Artigos que abordaram as palavras-chaves ao enfermeiro realizar qualquer tipo de consulta de
escolhidas, como: Atendimento emergência; enfermagem, conforme a Lei 7498/86, artigo 11
Triagem; Enfermagem em emergência; Protocolo (MILLS; HO, 1985; CHAVES et al., 1987).
de atendimento; Triagem hospitalar; A Joint Commission for Accreditation of
4. Artigos publicados no idioma português e inglês; Healthcare Organizations (JCAHO) exige que a
5. Artigos publicados no período de 1980 a 2009. competência clínica de triar seja dos enfermeiros.
O Practice Standard, de 1999, da Emergency
Resultados Nurse’s (ENA) afirma que uma triagem segura,
eficaz e competente pode ser realizada somente
Enfermagem nos serviços de triagem por um enfermeiro, treinado nos princípios da
triagem, com um mínimo de seis meses de
No sistema de triagem básica, cabe ao experiência em enfermagem de emergência. No
enfermeiro avaliar o paciente e classifica-lo de setor de emergência deve ter um enfermeiro
acordo com a sua necessidade, sendo esse disponível 24 horas por dia, sete dias por semana
profissional capacitado a exercer a liderança que o (BRASIL, 2004).
leva a ter uma visão abrangente no que diz Existem também outros meio de triagem, sendo
respeito a recursos humanos, área física e fluxo eles: a do não profissional que é realizada por um
de pacientes, aspectos esses que são recepcionista ou funcionário do hospital; a triagem
considerados no momento da priorização do médica realizada por um médico, podendo
atendimento (MILLS; HO,1985). direcionar o tratamento definitivo e a alta do
A triagem é a área onde os pacientes são paciente e a triagem de equipe, um conceito atual,
avaliados para observar-se o grau de severidade e em que um médico e um enfermeiro a realizam em
a urgência de seu quadro clínico. Essa área deve conjunto. O médico atua como consultor do
ficar próximo na porta de entrada, os pacientes enfermeiro de triagem o qual cabe, as seguintes
são vistos primeiramente e são encaminhados responsabilidades: avaliação inicial do paciente,
para tratamento de acordo com a classificação. encaminhamento das atividades necessárias para
(MAGALHÃES et al., 1989). auxiliar na obtenção do diagnóstico, o
Um enfermeiro que atua na área da triagem encaminhamento do paciente do setor de
deve apresentar três habilidades fundamentais: emergência para o local adequado de tratamento,
avaliação, conhecimento e intuição que é a supervisão do fluxo de pacientes, o trabalho
desenvolvida por meio de seu conhecimento junto aos membros da equipe de saúde, a
administrativo pela sensibilidade e o uso da autonomia nas decisões de enfermagem e a
observação. No entanto, deve-se deparar com participação de atividades educacionais para o
pessoas que ingressam na área, pois, apesar de aprimoramento da qualidade do serviço de triagem
possuírem o perfil para trabalharem em um setor (CHAVES et al., 1987).
dinâmico, precisam de um treinamento técnico-
científico focando, principalmente, as situações de Contexto organizacional e classificação de
emergência e liderança de grupo (MILLS; HO, risco
1985).
Segundo Brasil (2004), outras características A triagem é um sistema dinâmico onde se
importantes do enfermeiro são: habilidade na utiliza protocolos para a classificação do cliente
observação, percepção e capacidade de conforme o risco de morte, a fim de priorizar os
atendimentos e organizar o fluxo das intervenções.

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A Classificação de risco é realizada com base em ser classificado simultaneamente com outras
protocolo adotado pela instituição de saúde, cores como o amarelo ou mesmo o verde
normalmente representado por cores que indicam (MAGALHÃES et al., 1989).
a prioridade clínica de cada paciente (CHAVES et A triagem classificatória surgiu da necessidade
al., 1987). do serviço em identificar e intervir mais
A coleta de dados é realizada por um rapidamente nas doenças que poderiam causar
enfermeiro que faz pessoalmente na recepção risco de morte ou deixar sequelas importantes. A
podendo observar todo o fluxo da sala e detectar triagem com a simples verificação dos sinais vitais
situações de conflito ou urgência (SILVA-JUNIOR; já existia nos serviços de saúde. Era realizada
MASCARENHAS, 2004). após abertura da ficha na recepção. Os pacientes
Segundo Silva-Junior e Mascarenhas (2004), aguardavam o atendimento por ordem de abertura
como exemplo pode-se seguir a triagem como o da ficha e de atendimento de triagem. Porém,
esquema abaixo: observava-se que havia muitas intercorrências na
• A apresentação: é feita pelo nome e função sala de espera, mas o que motivou a agilizar o
explicando a fase do atendimento (triagem) ao atendimento foi a preocupação em identificar os
paciente assim como seu objetivo; pacientes com infarto agudo do miocárdio
• É questionado sobre a queixa atual e duração, (CHAVES et al.,1987).
antecedentes de real importância, alergias e A triagem é considerada como um benefício ao
medicamentos em uso; cliente e ao hospital, pois propicia também a
• Verifica-se os sinais vitais como pressão interação entre as equipes médicas e de
arterial, temperatura, frequência cardíaca, enfermagem e fornece parâmetros e dados
saturação, exames de acordo com a avaliação, importantes acerca das principais patologias
dosagem de glicemia capilar ou realização de atendidas para o futuro desenvolvimento de
Eletrocardiograma (ECG) previamente à protocolos de atendimento (MAGALHÃES et al.,
consulta médica. 1989).
• Durante a execução do registro informatizado,
da entrevista e do exame físico, é observado Discussão
comportamento, face de dor, postura e sinais
clínicos, e após determina-se a classificação da A avaliação dos referidos conceitos e aspectos
prioridade do atendimento. da realidade desvelou a necessidade de organizar
sistematicamente o atendimento inicial,
Em diversas instituições as classificações denominado triagem, no sentido de os enfermeiros
adotadas são por meio de cores, indicando o estarem cada vez mais preparados a atender este
tempo que o indivíduo pode aguardar pelo diversificado público de forma segura para ambas
atendimento e ainda o tipo de recurso a ser as partes, entre hospital e paciente (CHAVES et
utilizado por ele (MAGALHÃES et al., 1989 ). al., 1987).
De acordo com Brasil (2004), a classificação No setor de emergência o paciente é envolvido
das prioridades é dividida em quatro níveis, como: no processo de triagem no qual é avaliado após
- Nível 1 – cor vermelha - significa emergência sua chegada pelo profissional de enfermagem,
que necessita atendimento imediato, risco de para determinar a urgência do problema
morte e identificado na triagem ou mesmo quando apresentado e designar os serviços a ser
não passam pela triagem indo direto a sala de prestada, a assistência médica indicada, capaz de
emergência; cuidar do problema identificado. O paciente é
- Nível 2 – cor amarela – significa urgência classificado de acordo com a prioridade da
absoluta, no qual os pacientes necessitam de patologia envolvida (MILLS; HO, 1985).
avaliação e intervenção dentro de, no máximo, 15 As principais características do paciente que
minutos; utiliza o serviço de emergência são a ansiedade,
- Nível 3 – cor verde – significa urgência método desconhecido, estresse, angústia,
relativa, no qual os pacientes com quadro não desconforto e preocupação, sentimentos estes
agudo podem aguardar o atendimento por ordem que potencializam os sintomas e proporciona uma
de chegada. intervenção o mais rápido possível por parte dos
profissionais que o atendem. A triagem por tanto,
Ainda existe o azul atribuído aos pacientes busca minimizar estes sentimentos, fazendo com
preferenciais conforme lei estadual 11.355/03 que que o paciente se sinta acolhido assim que
prioriza o atendimento a idosos, gestantes e chegue ao serviço de emergência, além de
deficientes físicos, no qual a prioridade é dada fornecer subsídios e informações importantes ao
sobre a urgência relativa e nunca sobre médico (GIGLIO-JACQUEMOT, 2005).
emergências e urgência absoluta, podendo o azul

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Atualmente trata-se de uma nova área de
atuação ao enfermeiro e cada vez mais MILLS, J.; HO, M. T. Projeto, operação, suporte &
promissora, pois permite a interação com os administração do departamento de emergência. In:
profissionais da equipe no setor de emergência. MILLS, J.; HO, M.T.; TRUNKEY, D. D.
(CHAVES et al., 1987). Emergências médicas: diagnóstico e
Considera-se o enfermeiro, frente a outros tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
profissionais de saúde, melhor capacitado para a 1985. p. 635-650.
função, pois na sua formação é dado ênfase à
valorização das necessidades do paciente, não só SILVA JUNIOR, A.G.; MASCARENHAS, M.T.M.
as biológicas, como também, as sociais e Avaliação da Atenção Básica em Saúde sob a
psicológicas (MAGALHÃES et al., 1989). Ótica da Integralidade: aspectos conceituais e
Importante ressaltar que as funções pertinentes metodológicos. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A.
ao enfermeiro de triagem destacam-se: a Cuidado: as fronteiras da Integralidade. Rio de
responsabilidade pela avaliação inicial do Janeiro: Hucitec: Abrasco; 2004. p. 241-257.
paciente, o encaminhamento a realização de
exames, como a realização de ECG, para auxiliar
na obtenção de um diagnóstico. A supervisão do
fluxo de pacientes no setor de emergência, a
autonomia nas decisões de enfermagem e o
trabalho junto aos membros da equipe de saúde
(CHAVES et al., 1987).

Conclusão

Conclui-se que o paciente atendido por meio do


protocolo de emergência hospitalar terá um
atendimento mais rápido nas doenças que
poderiam causar risco de morte ou deixar
sequelas importantes e assim minimizar a
ansiedade, estresse, angústia, desconforto e
preocupação no setor de emergência.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha da Política


Nacional de Humanização: Acolhimento com
classificação de risco. Brasília, DF: Ministério da
Saúde; 2004.

CHAVES, D. P. L.; MACEDO, M. V. A.; SILVA, M.


et al. Estudo sobre a triagem no serviço de
emergência: Revisão de literatura. RGE, v. 8, n. 2,
p.180-195, 1987.

DAL PAI, D.; LAUTERT, L. Work under urgency


and emergency and its relation with the health of
nursing professionals. Revista latino-americana
de enfermagem. v.16, n. 3, p. 439-444, 2008.

GIGLIO-JACQUEMOT, A. Urgências e
emergências em saúde: perspectivas de
profissionais e usuários. Rio de Janeiro: Fiocruz;
2005.

MAGALHÃES, A. N. M.; PASKULIN, L. M. G.;


MARTINS, N.G.R. et al. Implantação de um
sistema de triagem em unidade de emergência.
Revista HCPA. v. 9, n. 3, p. 182-187, 1989.

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