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ÍNDICE
1. Introdução.......................................................................................................................................4
2. Caso analisado................................................................................................................................5
3. Desenvolvimento............................................................................................................................6
4. Conclusão........................................................................................................................................8
5. Bibliografia......................................................................................................................................9
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1. Introdução
A conjectura atual e o ambiente inseguro em que a sociedade hoje se encontra, para além de
na descoberta de novos comportamentos cada vez mais hediondos e perversos, tem despertado
a utilização cada vez mais alargada de sistemas de videovigilância e segurança.
Uma das principais questões que origina alguma controvérsia quanto ao tratamento de dados é
a captação da imagem, sendo a videovigilância uma forma de vigilância à distância, realizada
através da operação e tratamento de imagens captadas por câmaras.
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2. Caso analisado
Nesta trabalho de análise sobre o temas dos limites legais da utilização de meios de captação
de imagem, iremos apreciar o disposto pelo Tribunal da Relação do Porto referente ao pedido
de Apelação com o numero 379/10.6TTBCL-A.P1 - 4ª Sec.
Tal como consta no relatório do acórdão: “B..., aos 23.04.2010, apresentou requerimento de
impugnação judicial da regularidade e licitude do despedimento (art. 98º-C do CPT, na
redacção do DL 295/2009, de 13.10), na sequência do que, oportunamente, veio o C..., SA
apresentar articulado a motivar o despedimento, nele referindo, em síntese, que aquela, na
sequência de procedimento disciplinar e pelos factos que invoca, veio a ser despedida com
justa causa. No requerimento probatório aí apresentado juntou CD`s com imagens gravadas
via CCTV e solicitou a sua reprodução em audiência de julgamento.
“No despacho saneador de admissão de meios de prova deferiu o Tribunal a visualização das
imagens, requerido pela entidade empregadora, pese embora com a limitação aí referida.
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3. Desenvolvimento
Para melhor entender o caso em análise é importante descrever o disposto nos arts. 20º e 21º
do Código do Trabalho aprovado pela Lei 7/2009, de 12.02 que:
Artigo 20º
2 - A utilização do equipamento referido no número anterior é lícita sempre que tenha por
finalidade a proteção e segurança de pessoas e bens ou quando particulares exigências
inerentes à natureza da atividade o justifiquem[1].
3 - Nos casos previstos no número anterior o empregador deve informar o trabalhador sobre a
existência e finalidade dos meios de vigilância utilizados, devendo nomeadamente afixar nos
locais sujeitos os seguintes dizeres, consoante os casos: "Este local encontra-se sob vigilância
de um circuito fechado de televisão" ou "Este local encontra-se sob vigilância de um circuito
fechado de televisão, procedendo-se à gravação de imagem e som", seguido de símbolo
identificativo.
Artigo 21º
3 - Os dados pessoais recolhidos através dos meios de vigilância a distância são conservados
durante o período necessário para a prossecução das finalidades da utilização a que se
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destinam, devendo ser destruídos no momento da transferência do trabalhador para outro local
de trabalho ou da cessação do contrato de trabalho.
4 - (...)
5 - (...)
Neste caso, o Tribunal da Relação do Porto foi solicitado a dar um parecer sobre recurso sobre
imagens captadas por sistema de videovigilância, enquanto meio de prova utilizado pelo
empregador, no âmbito de processo disciplinar. No dia 9 de Maio de 2011, e confirmando a
sentença proferida anteriormente pelo tribunal de primeira instancia, o Tribunal da Relação do
Porto decidiu que o empregador não pode, em processo laboral e como meio de prova,
recorrer à aproveitação de imagens captadas por sistema de videovigilância para fundamentar
o processo da ação disciplinar, ainda que esta possa ser alvo de processo criminal.
Para a compreensão quanto à admissão daquele meio como prova em sede disciplinar,
importa evidenciar que a conduta imputada ao trabalhador no caso em análise era susceptível
de supor a prática de crime contra o património do empregador e que a instalação das
câmaras através das quais as imagens foram captadas tinha sido autorizada pela Comissão
Nacional Protecção de Dados (CNPD), com o objectivo de proteção de pessoas e bens.
Neste caso, e em concordância com o disposto pelo Tribunal da Relação do Porto, podemos
resumir o que consideramos aplicável, e também concluído no despacho do referido tribunal:
1 - Tal com disposto no art. 20º, n.º 1 do Código do Trabalho, a legislação aplicável não
permite a possibilidade de as imagens recolhidas por sistema de videovigilância poderem ser
utilizadas pelo empregador para consequências disciplinares (nem no caso de quando a
instalação do sistema tenho como principal objetivo o propósito de proteção de pessoas e
bens);
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em relação a atividade desempenhada pelo trabalhador), controlo esse que está explicitamente
impedido, nomeadamente pelo art. 20º, n.º 1 do Código do Trabalho;
4 - Para além das autoridades legais(judiciárias e de policia), o responsável pela recolha das
imagens captadas pelo sistema de videovigilância (podendo ser o empregador ou a empresa
responsável pelos serviços de segurança) deverá ser a única pessoa com acesso às mesmas,
não podendo o empregador, ou qualquer outro seu trabalhador, aceder ao seu conteúdo, pelo
que, também por isto, não pode o empregador aproveitar-se de tais imagens para fundamentar
processos disciplinares;
5 - A utilização das imagens captadas para fins disciplinares ultrapassa a finalidade sobre a
qual foi dada a autorização de tratamento de dados pessoais concedida pela CNPD ao
empregador, e na qual se refere explicitamente que os dados só podiam ser utilizados nos
termos da lei tal como descrito no art. 20º, n.º 1 do Código do Trabalho.
4. Conclusão
Segundo o art. 20º, n.º 1 do Código do Trabalho o empregador que tenha ao seu serviço um
trabalhador que adopte comportamento susceptível de supor a prática de um crime contra si
ou contra o seu património, e em relação ao qual queira, por essa razão, interpor processo
disciplinar, com objectivo claro de proceder ao seu despedimento com justa causa, mas que
tenha apenas e unicamente, como meio de prova do ato ilícito praticado, de imagens obtidas
por sistema de videovigilância, não poderá utilizar as mesmas como base do processo
disciplinar, mas poderá, se assim o entender, apresentar queixa crime contra o trabalhador, e
sustentar esta queixa nas imagens obtidas pelo sistema de videovigilância.
Foi também perceptível, através da análise outras decisões jurídicas, que autonomamente da
autorização da CNPD e das condutas em causa poderem identificar a prática de ilícito
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criminal, tal utilização será sempre entendida como um controlo da atividade profissional dos
trabalhadores, limitando, assim, ao possibilidade do processo penal através de queixa crime, a
sua potencial utilização.
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5. Bibliografia
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