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Temas em Psicologia

ISSN: 1413-389X
comissaoeditorial@sbponline.org.br
Sociedade Brasileira de Psicologia
Brasil

Wanderley Petrucci, Giovanna; Callegaro Borsa, Juliane; Koller, Sílvia Helena


A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional na Infância
Temas em Psicologia, vol. 24, núm. 2, 2016, pp. 391-402
Sociedade Brasileira de Psicologia
Ribeirão Preto, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513754278001

Como citar este artigo


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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 2, 391-402
DOI: 10.9788/TP2016.2-01Pt

A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional


na Infância

Giovanna Wanderley Petrucci1


Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, RN, Brasil
Juliane Callegaro Borsa
Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Sílvia Helena Koller
Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Resumo
Este estudo apresenta uma revisão não sistemática da literatura acerca dos efeitos de processos proxi-
mais vivenciados na família e na escola sobre o desenvolvimento socioemocional na infância. De acordo
com o modelo bioecológico, esses processos atuam como promotores do desenvolvimento humano,
podendo facilitar a adaptação dos indivíduos aos diversos contextos em que estão inseridos. Dentre
esses processos, destacam-se os relacionamentos da criança com os pais e com os professores, que pos-
sibilitam a interação com o ambiente. A família e a escola compartilham ainda as funções de educação e
de socialização na infância. Portanto, elas devem ser investigadas conjuntamente, resultando em infor-
mações que contribuam para o desenvolvimento de políticas públicas para o desenvolvimento global da
criança. A escola, em particular, é considerada uma instituição responsável pela efetivação dos direitos
de crianças e adolescentes e pelo atendimento às suas demandas educacionais e socioemocionais. O am-
biente escolar pode atuar como fator de proteção para crianças que se encontram em situação de risco.
Estudos empíricos que investiguem processos proximais como fatores de proteção na infância podem
auxiliar no planejamento de intervenções que visem melhorar a sua qualidade no contexto familiar e
escolar, tendo em vista o desenvolvimento humano saudável.
Palavras-chave: Família, escola, processos proximais, modelo bioecológico, infância.

Family and School in the Socioemotional Development


in Childhood

Abstract
This study presents a non-systematic review of the literature on the effects that proximal processes
experienced in the family and in school have on the socioemotional development during childhood.
According to the bioecological model, these proximal processes are promoters of human development,
which may facilitate the adaptation of individuals to the various contexts in which they are inserted. These
processes include the relationships of children with parents and teachers, which make the individual’s

1
Endereço para correspondência: Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 104, Santa Cecília, Porto Alegre, RS, Brasil
90035003. E-mail: giovannapetrucci@gmail.com, juliborsa@gmail.com e silvia.koller@gmail.com
Apoio Financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
392 Petrucci, G. W., Borsa, J. C., Koller, S. H.

interaction with the environment possible. The family and the school also share the roles of education
and socialization in childhood. Therefore, they should be investigated jointly, resulting in information
that may contribute to the development of public policies for the overall development of children.
The school, in particular, is considered a social institution responsible for the implementation of the
rights of children and adolescents and for meeting their educational and socioemotional demands. The
school environment can act as a protective factor for children at risk. Empirical studies that investigate
proximal processes as protective factors in childhood can assist in the planning of interventions aimed
at improving their quality in the family and school context, in order to bring about a healthy human
development.
Keywords: Family, school, proximal processes, bioecological model, childhood.

Familia y Escuela en el Desarrollo Socioemocional


en la Infancia

Resumen
Este estudio presenta una revisión no sistemática de la literatura sobre los efectos de los procesos
proximales en la familia y en la escuela en el desarrollo socio-emocional en la infancia. De acuerdo con
el modelo bioecológico, estos procesos proximales actúan como promotores del desarrollo humano y
pueden facilitar la adaptación de los individuos a diversos contextos. Entre estos procesos, destacamos
las relaciones del niño con los padres y los maestros, que permiten la interacción con el entorno. La
familia y la escuela todavía comparten las funciones educativas y de socialización en la infancia. Por lo
tanto, deben ser investigados juntos, lo que resulta en información que pueda contribuir al desarrollo de
políticas públicas para el desarrollo general de los niños. La escuela es una institución encargada de la
aplicación de los derechos de los niños y adolescentes y para satisfacer sus demandas educativas y socio-
emocionales. El entorno escolar puede actuar como un factor de protección para los niños que están en
riesgo. Los estudios empíricos que investigan los procesos proximales como factores protectores en la
infancia pueden ayudar en la planificación de las intervenciones para mejorar la calidad en la familia y
la escuela para el desarrollo humano saludable.
Palabras clave: Familia, escuela, procesos proximales, modelo bioecológica, infancia.

A família e a escola são contextos funda- mento humano a partir dos efeitos de interação da
mentais para o desenvolvimento humano, poden- pessoa com diferentes ambientes (Lerner, 2006).
do contribuir para a promoção de competências Um exemplo é o modelo bioecológico, proposto
socioemocionais e para a redução de problemas pelo psicólogo Urie Bronfenbrenner, que vem
de comportamento internalizantes e externali- se mostrando útil para investigar os processos
zantes (Barbosa, Santos, Rodrigues, Furtado, proximais vivenciados pela criança em diferen-
& Brito, 2011; Campbell, Pungello, & Miller- tes contextos, assim como as suas consequências
-Johnson, 2002; O’Connor & McCartney, 2006; (Cecconello, De Antoni, & Koller, 2003; Diniz
Silver, Measelle, Armstrong, & Essex, 2005). É & Koller, 2010; Lisboa, 2005).
possível investigar separadamente os efeitos de Para o modelo bioecológico, o desenvolvi-
cada um desses contextos no desenvolvimen- mento humano é um processo de continuidades
to das crianças. Contudo, devido à função que e mudanças das características das pessoas e dos
compartilham de socialização e educação na in- grupos, que ocorre ao longo do ciclo de vida e ao
fância, devem ser compreendidos associadamen- longo das gerações (Bronfenbrenner, 2001). Um
te (Oliveira & Marinho-Araújo, 2010). conceito central desse modelo são os processos
Modelos teóricos sistêmicos têm sido am- proximais que se referem às atividades cotidia-
plamente utilizados para explicar o desenvolvi- nas da pessoa com outros indivíduos, objetos
A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional na Infância. 393

e símbolos existentes no seu ambiente externo zir os efeitos desses problemas na vida dos in-
imediato, que se tornam progressivamente mais divíduos (Fonseca, Sena, Santos, Dias, & Costa,
complexas ao longo do tempo. Alguns exemplos 2013; Koller & Lisboa, 2007; Poletto, Koller, &
de processos proximais são as brincadeiras entre Dell’Aglio, 2009). Esta compreensão pode incen-
crianças, as atividades de aprendizagem escolar, tivar a elaboração de intervenções voltadas para
os relacionamentos da criança com os pais e com o contexto familiar e escolar que visem ao de-
os professores e a prática esportiva. senvolvimento integral das crianças brasileiras.
Os processos proximais são considerados Nesse sentido, esta revisão não sistemática
como motores do desenvolvimento. Sua força e da literatura reúne estudos que abordam os pro-
sua qualidade são influenciadas por característi- cessos proximais vivenciados nos contextos da
cas da pessoa, do contexto e do tempo (Bron- família e da escola. Inicialmente, demonstra-se
fenbrenner, 2001). Nesse sentido, de acordo com o papel da família como principal contexto de
o modelo bioecológico, a interação de todos es- desenvolvimento, destacando-se os processos
ses fatores resulta no desenvolvimento humano proximais que ocorrem entre a criança e os seus
e pode gerar efeitos de competência ou de dis- primeiros cuidadores. Em seguida, destaca-se
função no indivíduo, sendo necessário examiná- o papel da escola como segundo contexto de
-los conjuntamente (Bronfenbrenner & Morris, desenvolvimento, enfatizando-se os processos
2006). Os efeitos de competência resultam na proximais que ocorrem entre estudantes e pro-
aquisição e posterior desenvolvimento de conhe- fessores. Por fim, destaca-se o papel da escola
cimentos e habilidades intelectuais, físicas e so- como contexto de proteção para estudantes que
cioemocionais. Por outro lado, os efeitos de dis- se encontram em condições de vulnerabilidade
função resultam na manifestação recorrente de individual ou familiar, podendo promover o de-
dificuldades em controlar os próprios comporta- senvolvimento socioemocional na infância.
mentos em diversas situações (Bronfenbrenner
& Morris, 2006). A Família como o Primeiro Contexto
Estudos realizados em países desenvolvi- de Desenvolvimento
dos, como os Estados Unidos, têm demonstrado A família é o principal contexto de desen-
que os processos proximais vivenciados na fa- volvimento humano, onde ocorrem as primei-
mília e na escola podem atuar como fatores de ras interações sociais da criança. Nela se inicia
proteção para alunos que se encontram diante a aprendizagem de conceitos, regras e práticas
de adversidades individuais ou sociais (Baker, culturais que fundamentam os processos de
Grant, & Morlock, 2008; Loukas, Roalson, & socialização dos indivíduos (Bronfenbrenner,
Herrera, 2010; O’Connor & McCartney, 2006; 2005/2011). Para diversos modelos teóricos, as
Whittaker, Harden, See, Meisch, & Westbrook, principais responsáveis pelo desenvolvimento
2011). Embora escassos, estudos dessa natureza socioemocional na infância são as interações
podem ser de grande relevância social também com os primeiros cuidadores familiares. Os atri-
para países em desenvolvimento, como o Brasil butos pessoais e as práticas educativas desses
(Diniz, Piccolo, Paula Couto, Salles, & Koller, cuidadores influenciam a qualidade do relacio-
2013; Raffaelli, Koller, & Cerqueira-Santos, namento com a criança que, por sua vez, pode
2012), que possuem grande número de crianças afetar o desenvolvimento de comportamentos
e adolescentes em situação de vulnerabilidade adaptados ou desadaptados em diferentes am-
devido a níveis elevados de desigualdade social bientes (Rubin & Burgess, 2002). Para o modelo
ou a características socioculturais (United Na- bioecológico, particularmente, o relacionamen-
tions Children’s Fund [UNICEF], 2012). Diante to pais-criança é considerado um processo pro-
dessa realidade que pode maximizar os fatores ximal, que interage com aspectos do contexto,
de risco para o desenvolvimento na infância, é da pessoa e do tempo, resultando em diferentes
necessária uma maior compreensão acerca de desfechos de desenvolvimento (Bronfenbrenner,
possíveis fatores de proteção capazes de redu- 2001).
394 Petrucci, G. W., Borsa, J. C., Koller, S. H.

Com base no modelo bioecológico, Whit- coesão e baixos índices de conflito na família fo-
taker et al. (2011) investigaram o efeito de fato- ram considerados como preditores da adaptação
res presentes em famílias em situação de pobreza psicológica em adolescentes brasileiros. Aqueles
residentes nos Estados Unidos sobre o desenvol- que perceberam alto suporte e alta coesão fami-
vimento da competência socioemocional na in- liar, provavelmente, sentiram-se mais aceitos e
fância. Os resultados indicaram que as variáveis mais amados pelos familiares, o que pode ter
contextuais de risco (inadequação de recursos da elevado seus níveis de autoestima e de autoefi-
família e conflito familiar) influenciaram o es- cácia. As autoras enfatizaram que a percepção
tresse parental, o qual exerceu efeito negativo do clima familiar é influenciada por caracterís-
nos filhos (Whittaker et al., 2011). Além disso, a ticas individuais. Nesse sentido, pessoas de uma
sensibilidade materna atuou como mediadora na mesma família podem apresentar diferentes per-
relação entre estresse parental e funcionamento cepções do clima familiar, resultando em níveis
socioemocional das crianças. A partir dos resul- distintos de adaptação psicológica (Sbicigo &
tados, concluiu-se que o modo como os pais res- Dell’Aglio, 2012).
pondiam às necessidades dos filhos pode ter um Além do clima familiar, variáveis sociode-
papel importante em proteger as crianças contra mográficas como nível socioeconômico, grau de
o efeito de processos familiares adversos como escolaridade dos pais e conflito parental também
o estresse parental. Embora tais riscos tenham podem estar associadas aos comportamentos
influenciado negativamente as competências so- problemáticos ou competentes na infância (Ban-
cioemocionais das crianças, a alta sensibilidade deira, Rocha, Freitas, Del Prette, & Del Pret-
materna atuou como fator de proteção, principal- te, 2006; Borsa & Nunes, 2011; Borsa, Souza,
mente, para aquelas que estavam em maior situa- & Bandeira, 2011; Schultz & Shaw, 2003). Os
ção de pobreza (Whittaker et al., 2011). estudos de Borsa e Nunes (2011) e de Borsa et
Há também outros fatores da família rela- al. (2011), realizados no contexto brasileiro, de-
cionados ao desenvolvimento socioemocional monstraram maior frequência de problemas de
(Bronfenbrenner, 1986). Pesquisas têm demons- comportamento em crianças do ensino funda-
trado, por exemplo, a associação entre clima fa- mental que estudavam em escola pública, pos-
miliar e características da infância, como proble- suíam baixa renda familiar e cujos pais possu-
mas de comportamento (Schultz & Shaw, 2003), íam baixo nível de escolaridade. Para Borsa et
desempenho em habilidades sociais (Valencia & al. (2011), é necessário dar maior atenção aos
López, 2011) e qualidade da comunicação mãe- efeitos das variáveis sociodemográficas sobre os
-criança (Laible, 2010). Em uma de suas defi- relacionamentos intrafamiliares e, consequente-
nições, o clima familiar refere-se à percepção mente, sobre o desenvolvimento dos indivíduos
dos indivíduos acerca da qualidade dos relacio- (Borsa et al., 2011).
namentos intrafamiliares. Pode ser avaliado por Em suma, diversas pesquisas identificaram
meio de fatores como coesão, apoio, conflito e a associação entre variáveis da família e compor-
hierarquia nas interações (Teodoro, Allgayer, tamentos competentes ou problemáticos na in-
& Land, 2009). Coesão diz respeito ao vínculo fância (Bandeira et al., 2006; Borsa et al., 2011;
emocional entre os membros da família. Apoio Valencia & López, 2011). Contudo, estudos bra-
refere-se ao suporte material e emocional que sileiros acerca dos efeitos de interação de carac-
uns oferecem aos outros. Conflito refere-se aos terísticas da família, da pessoa e do tempo para
sentimentos negativos intrafamiliares que geram o desenvolvimento infantil são escassos (De An-
um ambiente conflituoso, hostil e agressivo. Hie- toni & Koller, 2011; Koller & De Antoni, 2011).
rarquia diz respeito à diferenciação de poder e de Além disso, embora o microssistema familiar te-
controle nas relações intergeracionais (Teodoro nha um papel fundamental para os indivíduos, à
et al., 2009). medida que as crianças crescem passam a fazer
No estudo desenvolvido por Sbicigo e parte de outros contextos que lhes possibilitam
Dell’Aglio (2012), altos índices de apoio e de novas experiências socioemocionais e cogniti-
A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional na Infância. 395

vas essenciais para o desenvolvimento saudável ce constante para o desenvolvimento (Berry &
(Berry & O’Connor, 2010; O’Connor & McCar- O’Connor, 2010; Maldonado-Carreño & Votru-
tney, 2006). ba-Drzal, 2011).
Esses resultados avançam no sentido de
O Papel da Escola no Desenvolvimento identificar a relevância do relacionamento pro-
da Criança fessor-aluno para o desenvolvimento de crianças
A escola é o segundo contexto que a maio- desde o jardim de infância até a adolescência.
ria das crianças frequenta regularmente, repre- Para as crianças mais novas, o relacionamento
sentando um espaço de convívio social onde são positivo com os professores podem fazê-las se
construídas, principalmente, as interações com sentir mais seguras para participarem de ativida-
os pares e com os professores (Pianta, Nimetz, des escolares e interagirem com os pares, porque
& Bennet, 1997). Após a entrada da criança na elas sabem que se enfrentarem dificuldades po-
escola, os professores podem se tornar uma fon- derão contar com o apoio dos professores. Para
te de segurança e apoio emocional, contribuindo as crianças de séries mais avançadas, o relacio-
para a adaptação dos estudantes ao novo am- namento professor-aluno positivo as auxilia a
biente (O’Connor & McCartney, 2006). manterem o interesse pelas atividades escolares
A presença dos professores é transitória na e sociais, favorecendo o melhor desempenho es-
vida dos alunos, raramente resultando em inte- colar e o relacionamento positivo com os pares
rações duradouras como as que ocorrem com os (Hamre & Pianta, 2006).
familiares. Porém, devido ao seu papel de cuida- Há ainda outras variáveis do contexto es-
dor durante todo um ano letivo, o relacionamen- colar importantes para o desenvolvimento so-
to professor-aluno constitui-se como um pro- cioemocional dos alunos. O clima escolar, por
cesso proximal que ocorre no ambiente escolar, exemplo, refere-se a diferentes aspectos da vida
podendo atuar como preditor do desenvolvimen- na escola, desde os aspectos físicos até os so-
to de competências e disfunções nas crianças ciais, não se limitando a experiências individu-
(Hamre & Pianta, 2006; Maldonado-Carreño & ais dos estudantes, dos educadores ou de pesso-
Votruba-Drzal, 2011; Pianta et al., 1997). À me- as da comunidade (Zullig, Koopman, Patton, &
dida que os alunos crescem, os seus interesses se Ubbes, 2010). De acordo com Haynes, Emmons
modificam. Porém a necessidade de interações e Ben-Avie (1997), o clima escolar está relacio-
com adultos no contexto escolar os acompanha nado à qualidade e à consistência das interações
até a adolescência (Crosnoe, Johnson, & Elder, pessoais na escola, as quais influenciam o de-
2004; Hamre & Pianta, 2006). senvolvimento cognitivo, social e psicológico
Estudos acerca do relacionamento profes- dos alunos. Para Cohen, McCabe, Michelli, e
sor-aluno com crianças do ensino fundamental Pickeral (2009), o clima escolar se refere não
em escolas dos Estados Unidos têm demons- apenas às interações sociais, mas aos múltiplos
trado a sua relevância para o desenvolvimento aspectos da escola como normas, metas, valo-
socioemocional na infância (Berry & O’Connor, res, qualidade dos relacionamentos interpesso-
2010; Maldonado-Carreño & Votruba-Drzal, ais, práticas de ensino e aprendizagem e estrutu-
2011; O’Connor & McCartney, 2006). Quando ras organizacionais da escola. Esses aspectos se
positivos, esses relacionamentos associam-se à baseiam nas experiências prévias das pessoas e
melhora no desempenho escolar e à redução de refletem a qualidade e as características do coti-
problemas de comportamento (Maldonado-Car- diano escolar.
reño & Votruba-Drzal, 2011), assim como ao Embora não haja consenso acerca das di-
desenvolvimento de habilidades sociais (Berry mensões que caracterizam o clima escolar, sa-
& O’Connor, 2010). Além disso, à medida que be-se que ele é resultado de múltiplos fatores
os alunos progridem no ensino fundamental, a presentes na escola, desde os individuais até os
importância desses relacionamentos permane- sociais. Analisando esses fatores de acordo com
396 Petrucci, G. W., Borsa, J. C., Koller, S. H.

o modelo bioecológico, alguns deles podem ser A Escola como Contexto


considerados processos proximais, como a qua- de Proteção para o Desenvolvimento
lidade dos relacionamentos interpessoais dos Socioemocional
alunos com os pares ou com os professores; ou- Sendo a família e a escola importantes con-
tros podem ser considerados como fatores do textos de socialização da criança, estudos têm
microssistema escolar como as normas e metas investigado a associação entre comportamentos
da escola ou o modelo de ensino adotado pelos na infância e características da família (Bor-
professores; outros, ainda, podem ser denomina- sa & Nunes, 2011; Valencia & Lopes, 2011;
dos como fatores do mesossistema escolar como Whittaker et al., 2011) ou da escola (Baker et
o envolvimento dos pais dos estudantes com os al., 2008; Berry & O’Connor, 2010; Maldona-
professores. O clima escolar, portanto, refere-se do-Carreño & Votruba-Drzal, 2011; Picado &
a múltiplos aspectos da escola, podendo influen- Rose, 2009). Porém, pouco se tem pesquisa-
ciar direta ou indiretamente o desenvolvimento do acerca da interação desses dois contextos e
socioemocional dos alunos. de suas implicações para o desenvolvimento e,
Nesse sentido, estudos norte-americanos especificamente, acerca de como a escola pode
mostram que a percepção dos estudantes acerca atuar como fator de proteção para alunos que se
do clima escolar associa-se a diferentes desfe- encontram sob fatores de risco individuais ou
chos de comportamentos na escola como pro- familiares (Hopson & Lee, 2011; Loukas et al.,
blemas de comportamento (Wang & Dishion, 2010; O’Connor & McCartney, 2006; Silver et
2011), adaptação escolar (Haynes et al., 1997; al., 2005; Wang & Dishion, 2011).
Zullig, Huebner, & Patton, 2011) e habilidades Crianças que se desenvolvem em ambientes
sociais (Esposito, 1999). Quando positivo, o familiares que oferecem suporte às suas neces-
clima escolar é capaz de promover o desenvol- sidades socioemocionais costumam se adaptar
vimento socioemocional dos estudantes em ge- mais facilmente a novos contextos, demonstran-
ral e, principalmente, dos que se encontram em do alta competência social e baixos níveis de
situação de vulnerabilidade devido à presença problemas de comportamento (Campbell et al.,
de riscos individuais ou familiares. O clima es- 2002; Whittaker et al., 2011). Por outro lado,
colar negativo, por outro lado, pode atuar como crianças que se desenvolvem em ambientes fa-
um fator de risco ao desenvolvimento saudável miliares cujos relacionamentos são conflituosos
dos alunos (Hopson & Lee, 2011; Loukas et al., e hostis, ou cujos recursos sociais e materiais são
2010; Wang & Dishion, 2011). escassos, podem ter dificuldades na adaptação às
O contexto escolar possui ainda outros fa- exigências de novos ambientes. Nesses casos,
tores relevantes para o desenvolvimento socio- principalmente, as variáveis da escola como o
emocional na infância como a localização, o relacionamento professor-aluno e o clima es-
tamanho e a quantidade de recursos materiais colar positivos podem contribuir para o desen-
da escola, o número de estudantes na sala de volvimento saudável do indivíduo. Eles podem
aula, além de características pessoais de crian- funcionar como fatores compensadores para os
ças e professores. É importante que eles sejam relacionamentos familiares negativos na medida
avaliados conjuntamente para que se alcance a em que oferecem oportunidades à criança para
compreensão dos seus efeitos (independentes e o desenvolvimento de habilidades importantes
interativos) sobre indivíduos de diferentes con- para a adaptação social em outros contextos
textos. Essas informações podem contribuir para (Hopson & Lee, 2011; O’Connor & McCartney,
a eficácia da implantação de práticas escolares 2006; Silver et al., 2005).
positivas voltadas para a promoção do desenvol- Diversos estudos têm investigado o papel do
vimento humano saudável em diferentes escolas relacionamento professor-aluno como modera-
(Hamre & Pianta, 2005; O’Connor, 2010). dor para crianças que se encontram em situação
de risco devido a características individuais ou
A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional na Infância. 397

contextuais (Baker et al., 2008; Hamre & Pianta, tou no aumento desses problemas, não havendo
2005; Loukas et al., 2010; O’Connor & McCart- diferenças entre o sexo dos alunos (Silver et al.,
ney, 2006; Silver et al., 2005). Por exemplo, o es- 2005). O relacionamento com os professores
tudo de O’Connor e McCartney (2006) examinou promoveu um contexto de suporte emocional
o efeito do apego materno (aos 15, 24 e 36 meses para as crianças, contribuindo para o sucesso na
da criança) e do relacionamento da criança com transição para a escola.
os cuidadores da creche (aos 54 meses) sobre a Consistente com a teoria do apego, relacio-
qualidade do relacionamento professor-aluno nas namentos positivos com adultos fora do contexto
primeiras séries escolares. A partir dos resulta- familiar podem atuar como fatores de proteção
dos, observou-se que o relacionamento profes- para crianças com relacionamentos familiares
sor-aluno na escola sofreu influência direta do negativos. Isso ocorre porque as interações posi-
relacionamento da criança com os cuidadores da tivas com os adultos podem contribuir para a re-
creche e influência indireta da qualidade do ape- organização mental e emocional dos modelos de
go materno. Nesse sentido, o relacionamento da relacionamentos disfuncionais da criança. Entre-
criança com os cuidadores da creche atuou como tanto, é preciso explorar por meio de que meca-
mediador na associação ente apego materno e nismos os relacionamentos com os professores
qualidade do relacionamento professor-aluno na podem proteger os indivíduos que se encontram
escola. Além disso, o relacionamento de alta qua- em situação de risco (Sabol & Pianta, 2012).
lidade na creche foi considerado como um com- Outros estudos têm examinado ainda o efei-
pensador para crianças com apego materno inse- to do clima escolar como moderador para crian-
guro, contribuindo para o seu desenvolvimento ças e adolescentes em situação de vulnerabilida-
saudável. Os autores sugeriram que crianças com de individual ou familiar (Hopson & Lee, 2011;
apego materno inseguro poderiam se beneficiar Loukas et al., 2010; Wang & Dishion, 2011). O
de relacionamentos positivos com os cuidadores estudo desenvolvido por Hopson e Lee (2011),
em instituições pré-escolares. por exemplo, investigou a influência do clima
O estudo de Silver et al. (2005) avaliou o escolar sobre a associação da pobreza na famí-
efeito único e interativo de fatores da criança, lia com as médias escolares e com os problemas
da família e da escola na trajetória de compor- de comportamento dos adolescentes. Nesse es-
tamentos externalizantes na sala de aula, em es- tudo, o clima escolar referiu-se à percepção dos
tudantes do início do ensino fundamental. Para estudantes acerca de fatores como qualidade da
tanto, consideraram as seguintes variáveis pre- escola, sentimento de conexão com a escola e
ditoras: comportamentos externalizantes pré- relacionamento com os adultos da escola. Os
vios da criança, práticas educativas parentais e resultados indicaram que a percepção do clima
qualidade do relacionamento professor-aluno. escolar atuou como moderador apenas para os
De acordo com os resultados, o relacionamento problemas de comportamento dos alunos. Todos
com os professores produziu efeitos mais fortes os participantes que relataram percepção posi-
do que os relacionamentos com os pais na tra- tiva do clima escolar tiveram menor frequência
jetória dos comportamentos externalizantes dos de problemas de comportamento, sendo esses
alunos, podendo manter, aumentar ou reduzi-los resultados mais fortes para os estudantes prove-
ao longo dos anos. Além disso, a afinidade no nientes de famílias mais pobres. Nesse sentido,
relacionamento com os professores atuou como destacou-se a importância do clima escolar posi-
fator de proteção para crianças com alto nível de tivo na redução de possíveis prejuízos decorren-
problemas de comportamento no início da tra- tes do baixo nível socioeconômico das famílias
jetória escolar (Silver et al., 2005). Para essas (Hopson & Lee, 2011).
crianças, a maior proximidade no relacionamen- O estudo de Loukas et al. (2010) teve como
to com os professores resultou na diminuição um dos objetivos investigar o efeito indepen-
dos problemas de comportamento ao longo do dente e interativo do vínculo dos alunos com a
tempo enquanto que a menor proximidade resul- escola e da qualidade dos seus relacionamentos
398 Petrucci, G. W., Borsa, J. C., Koller, S. H.

intrafamiliares sobre o desenvolvimento de pro- proximais como motores do desenvolvimento


blemas de conduta na adolescência. O vínculo (Bronfenbrenner & Morris, 2006). Os exemplos
com a escola contribuiu para a diminuição dos apresentados neste estudo enfatizaram o rela-
problemas de conduta ao longo do tempo. Além cionamento professor-aluno como um processo
disso, reduziu os efeitos da baixa qualidade dos proximal vivenciado pelos estudantes. O clima
relacionamentos intrafamiliares sobre os proble- escolar, em razão da diversidade de definições
mas de conduta em meninos e em meninas. Para que possui, pode ser considerado ora como um
Loukas et al. (2010), os adolescentes que se sen- processo proximal (por exemplo, o apoio social
tem conectados a um grupo, independentemente dos professores) ora como um fator do contexto
de qual seja, apresentam maior probabilidade de (por exemplo, a gestão comportamental na es-
compreenderem e satisfazerem as expectativas cola). Ainda assim, observou-se que ambas as
sociais, demonstrando menor frequência de pro- variáveis atuaram como fatores de proteção para
blemas de conduta quando comparados aos seus diferentes riscos decorrentes de vulnerabilidades
pares menos conectados socialmente. familiares ou individuais.
Wang e Dishion (2011) investigaram pos- Apesar de os estudos relatados terem sido
síveis efeitos de moderação do clima escolar na realizados principalmente nos Estados Unidos e
associação entre afiliação a pares desviantes e de os seus resultados não poderem ser generali-
problemas de comportamento durante o segundo zados para outras culturas, eles oferecem indica-
ciclo do ensino fundamental. O clima escolar foi tivos da significância da família e da escola para
avaliado por meio de quatro dimensões: apoio o desenvolvimento socioemocional na infância.
acadêmico, gestão de comportamento do alu- Cada contexto cultural costuma ter suas próprias
no, apoio social dos professores e apoio social regras de funcionamento escolar, contendo deter-
dos pares. Confirmou-se a hipótese de modera- minações sobre carga horária das aulas, atribui-
ção para as dimensões gestão comportamental ções dos professores, estrutura física da escola,
e apoio social dos professores. Os alunos que dentre outros. Além disso, cada sociedade possui
perceberam maiores níveis de gestão compor- expectativas com relação ao papel da família na
tamental na escola seguiram as normas escola- vida das pessoas, as quais são influenciadas por
res com maior frequência e, consequentemente, aspectos culturais e religiosos de cada localida-
envolveram-se menos com os pares desviantes. de. Destaca-se, portanto, a necessidade de maior
Além disso, os alunos que perceberam maior compreensão acerca da influência única e intera-
apoio social dos professores apresentaram maior tiva de diversas variáveis para o desenvolvimen-
conexão com a escola, menor risco para o estres- to socioemocional em diferentes contextos.
se emocional e maior frequência de comporta-
mentos socialmente aceitos (Wang & Dishion, Considerações Finais
2011).
O clima escolar positivo e o relacionamen- O objetivo do presente estudo foi discutir
to positivo professor-aluno podem atuar como a importância da família e da escola para o de-
moderadores para alunos que se encontram em senvolvimento socioemocional na infância, com
diferentes condições de risco como relaciona- base em estudos empíricos selecionados por
mentos familiares negativos, dificuldades socio- meio de revisão não sistemática da literatura.
econômicas na família, alta frequência de com- Enfatizou-se o relacionamento da criança com
portamentos externalizantes e afiliação a pares os pais e com os professores, os quais, de acordo
desviantes. O efeito de interação dessas variá- com o modelo bioecológico, são considerados
veis ilustra a perspectiva de Bronfenbrenner de como processos proximais fundamentais para o
que o desenvolvimento humano é o resultado da desenvolvimento humano. Abordou-se também
inter-relação de diferentes fatores da pessoa, do de que modo o relacionamento professor-aluno
contexto e do tempo, destacando-se os processos e o clima escolar podem atuar como fatores de
A Família e a Escola no Desenvolvimento Socioemocional na Infância. 399

proteção para estudantes que se encontram em fatores da família e da escola precisam ser inves-
condições de vulnerabilidade individual ou fa- tigados conjuntamente de modo a serem utiliza-
miliar. dos em favor do desenvolvimento adaptado e em
A família é uma das instituições sociais prol de políticas públicas que visem à promoção
responsáveis pela socialização primária das pes- do desenvolvimento global da criança. Não se
soas (Bronfenbrenner, 2005/2011), destacando- pretende transferir a responsabilidade das famí-
-se alguns fatores importantes para a criança lias para as escolas nem vice-versa. Contudo, ao
como a qualidade do relacionamento com os se pensar na função de socialização das crianças
pais, o clima familiar, as características dos indi- compartilhada por famílias e escolas, sugere-se
víduos e do ambiente físico da família e os even- que ambas devam estar preparadas para atuarem
tos ocorridos na vida das pessoas ou na socieda- quando necessário, principalmente quando uma
de. Entretanto, também as famílias estão sujeitas das duas falharem.
às condições adversas existentes no contexto
socioeconômico em que estão inseridas, como Referências
altos índices de desemprego, ausência de sane-
amento básico, desestruturação familiar, entre Baker, J. A., Grant, S., & Morlock, L. (2008). The
outros, podendo prejudicar o desenvolvimen- teacher-student relationship as a developmental
to infantil (Fonseca et al., 2013). Diante disso, context for children with internalizing or ex-
destaca-se o papel da escola como uma das insti- ternalizing behavior problems. School Psycho-
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vos de diferentes fatores desses contextos para doi:10.1016/j.appdev.2009.05.001
o desenvolvimento das crianças. Destaca-se o
Borsa, J. C., & Nunes, M. L. T. (2011). Prevalência
papel central dos processos proximais, como de problemas de comportamento em uma amos-
os relacionamentos da criança com os pais e os tra de crianças em idade escolar da cidade de
professores, os quais são fundamentais para o Porto Alegre. Aletheia, 34, 32-46.
desenvolvimento de comportamentos adaptados Borsa, J. C., Souza, D. S., & Bandeira, D. R. (2011).
ou não adaptados, uma vez que possibilitam a Prevalência dos problemas de comportamento
interação da criança com o ambiente. em uma amostra de crianças do Rio Grande do
Dentre as limitações deste estudo, destaca- Sul. Psicologia: Teoria e Prática, 13, 15-29.
ram-se a ausência de sistematização na revisão
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