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INTRODUÇÃO
Conforme exigência constitucional, as contratações realizadas pela Administração Pública devem ser
precedidas de licitação, de modo a ser obtida a proposta mais vantajosa, em observância ao princípio da
indisponibilidade do interesse público.
CF - Art.37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.
A Lei 8.666/93 estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos. Aplica-se para
obras e serviços (inclusive de publicidade, compras, alienações e locações) no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Desse modo, verificamos que a Lei 8.666/93 é uma lei nacional, aplicando-se a todos os entes da
Administração Pública, e não uma mera lei federal, aplicável somente no âmbito da União e da Administração
Indireta Federal.
Além dos órgãos da Administração Direta, também estão subordinados ao regime da Lei 8.666/93:
fundos especiais
autarquias
fundações públicas
empresas públicas
sociedades de economia mista
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista possuem atualmente legislação específica
no que tange às licitações (Lei 13.303/2016), sendo aplicadas de forma subsidiária as disposições da Lei
8.666/93. Contudo, esses entes ainda estão submetidos ao dever geral de licitar, sendo que as exceções
porventura existentes devem estar previstas expressamente em lei.
As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações
da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas na legislação.
A Lei 8.666/93 conceitua contrato com sendo todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
Desse modo, a obrigatoriedade de licitar deve ser interpretada de forma ampla, alcançando não
somente aos negócios jurídicos de natureza contratual propriamente dita, mas a todo e qualquer ajuste em
que haja obrigações recíprocas, ressalvados os casos expressamente previstos em lei.
Qualquer cidadão pode acompanhar o desenvolvimento dos processos licitatórios, desde que não
interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
O procedimento licitatório previsto na Lei 8.666/93 represente um ato administrativo formal,
independente de qual esfera ou Poder da Administração Pública o esteja praticando.
Lei 8.666/93 - Art. 4º. (...) Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer
esfera da Administração Pública.
OBJETIVOS
A licitação tem por objetivos garantir a observância do princípio constitucional da isonomia (ou
igualdade), a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com princípios estabelecidos na
Lei 8.666/93.
Objetivos da licitação:
Isonomia
Proposta mais vantajosa
Desenvolvimento nacional sustentável
Lei 8.666/93 - Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
TIPOS DE LICITAÇÃO
Encontramos na Lei 8.666/93 quatro tipos de licitação, que só não serão aplicáveis na modalidade
concurso, cujo critério adotado é o melhor trabalho técnico, científico ou artístico, conforme será
estudado em tópico próprio.
Saliente-se que a Lei 8.666/93 veda a utilização de qualquer outro tipo licitação, somente podendo
o administrador adotar, conforme a situação, um desses quatro tipos previstos expressamente na lei.
1) MELHOR PREÇO
Esse tipo de licitação será utilizado quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço.
Assim, nesses casos, a Administração formulará as especificações do objeto do contrato, sendo
considerado vencedor o licitante que oferecer a proposta com o preço mais baixo.
2) MELHOR TÉCNICA
O tipo de licitação melhor técnica será utilizado exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de
estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, salvo para bens e serviços de informática.
Nas licitações de tipo melhor técnica será adotado o procedimento claramente explicitado no
instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração aceitará pagar.
3) TÉCNICA E PREÇO
As licitações do tipo técnica e preço também serão utilizadas exclusivamente para serviços de
natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de
estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.
Importante destacar que esse tipo de licitação será obrigatoriamente adotado no caso de licitação
para contratação de bens e serviços de informática.
4) MAIOR LANCE OU OFERTA
Esse tipo de licitação será utilizado nos casos de alienação de bens (como o leilão, por exemplo) ou
concessão de direito real de uso.
PRINCÍPIOS
Encontramos na Lei 8.666/93 alguns princípios que regem o processo licitatório. Alguns desses
princípios estão previstos de forma expressa, no próprio corpo da lei, outros, são tratados de forma implícita,
retirados de comandos existentes no texto legal e também de ensinamentos doutrinários.
Vale salientar que os princípios básicos que regem a Administração Pública (como aqueles previstos
na Constituição Federal) também se aplicam às licitações.
PRINCÍPIOS EXPRESSOS
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
Os licitantes devem ser tratados de forma isonômica, sendo vedada qualquer discriminação
injustificada, dando oportunidade para que qualquer interessado, que preencha os requisitos legais,
participe da licitação. Entretanto, a legislação prevê tratamento diferenciado em algumas
situações, de modo a também licitar de modo a contribuir com o desenvolvimento nacional sustentável,
com o estabelecimento de regras de desempate e margem de preferência.
Desse modo, a lei proíbe que os agentes públicos estabeleçam qualquer tipo de tratamento
diferenciado em face dos licitantes (seja de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciário) ou
entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que tange à moeda, modalidade e local de
pagamentos. Contudo, conforme acima citado, a própria lei estabelece algumas situações excepcionais
em que o tratamento diferenciado será admitido.
Lei 8.666/90 - Art. 3º, § 1º É vedado aos agentes públicos: (...)
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras,
inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o
disposto no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991.
Conforme vimos, a regra de isonomia entre os licitantes não é absoluta, existindo na lei algumas
situações de tratamento diferenciado.
1) CRITÉRIOS DE DESEMPATE
O Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços:
1. Produzidos no País;
2. Produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
3. Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País;
4. Produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação;
5. Sorteio.
2) MARGEM DE PREFERÊNCIA
Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para:
produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras; e
bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de
reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Essa margem de preferência será estabelecida por ato do Poder Executivo Federal, sendo feita com
base em estudos periódicos, em prazo não superior a 5 anos e a margem total não pode ultrapassar 25% do
preço estrangeiro.
Essa margem de preferência poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços
originários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Mercosul.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade encontra sua base no art. 37 da Constrição Federal e é aplicado de forma
geral a toda a Administração Pública. Ele estabelece que o administrador público somente poderá agir
mediante expressa previsão legal, não podendo praticar atos não previstos no ordenamento jurídico.
As licitações possuem procedimentos integralmente disciplinados em lei, que deverão ser
observados tanto pela entidade que promoverá a licitação quanto pelos licitantes participantes.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Esse princípio, que também encontra-se previsto expressamente no texto constitucional, exige uma
atuação imparcial e desprovida de interesses pessoas por parte do administrador, que possui o dever de
tratar os licitantes de forma impessoal (ou isonômica, sem privilégios ou discriminações) e de sempre agir
pautado por uma finalidade pública.
Esse princípio é intimamente relacionado com o princípio da isonomia e do julgamento objetivo.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade também é aplicado a toda a Administração Pública de uma forma geral,
estando previsto expressamente na Constituição Federal.
Assim, deve ser dada transparência a todos os atos do procedimento licitatório, que serão públicos,
inclusive no que tange ao instrumento convocatório. Contudo, uma importante exceção reside nas
propostas, que serão sigilosas até o momento da abertura das mesmas.
Lei 8.666/93 - Art. 3º, § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das
propostas, até a respectiva abertura.
Assim, ao julgar qual é a proposta vencedora, o administrador deve embasar-se nesses critérios, que
estarão claramente previstos no instrumento convocatório. Vale ressaltar que essa objetividade não é
absoluta, pois, em alguns casos, como nas licitações do tipo melhor técnica, por exemplo, haverá certa
discricionariedade ao selecionar a proposta vencedora.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
Um dos objetivos da licitação é obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração. Isso é
dado em virtude da competição entre os licitantes. Dessa forma, são vedadas licitações com preferência
de bens e serviços sem similaridade, de marcas, características e especificações exclusivas (salvo no caso
de ser tecnicamente justificável).
Esse princípio estabelece que os critérios e requisitos traçados no instrumento convocatório devem
ser justificados em razão do bem, serviço ou produto a ser licitado, sem que haja a inserção de cláusulas
ou condições que limitem injustificadamente a participação.
Presume-se que um grande número de participantes aumenta o caráter competitivo da licitação, o
que resultará em melhores propostas para a Administração.
Na licitação para registro de preços não é necessário indicar a dotação orçamentária, que somente
será exigida para a formalização do contrato ou outro instrumento hábil.
Contudo, vale salientar que a Lei 8.666/93 rege que a existência de preços registrados não obriga a
Administração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de
outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
preferência em igualdade de condições.
O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, deverá ser
informatizado.
Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral em razão de
incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado.
EXERCÍCIOS
1) Embora sejam entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, as empresas
públicas, como regra geral, estão obrigadas a licitar antes de celebrar contratos destinados à
prestação de serviços por terceiros.
4) O objetivo da licitação pública é escolher a proposta mais vantajosa para o futuro contrato
e fazer prevalecer o princípio da isonomia, visando à promoção do desenvolvimento nacional
sustentável.
10) A estrita observância ao edital constitui princípio básico de toda licitação. Assim, o
descumprimento desse requisito enseja nulidade do certame.
11) Em regra, a licitação será sigilosa, exceto quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura.
13) Dado o princípio da isonomia, é vedado atribuir preferências para bens e serviços
produzidos e prestados no Brasil, ou por empresas brasileiras, mesmo que se trate de critério de
desempate em procedimentos licitatórios, situação que deverá ser resolvida por sorteio.
15) Autarquia estadual pretende adquirir material de escritório para seu Departamento de
Administração, que os distribuirá dentre os seus órgãos, seguindo critérios estabelecidos por
Portaria do Superintendente. Para tanto,
a) está, como regra, adstrita à realização de licitação como procedimento prévio e obrigatório à
celebração do contrato.
18) O princípio da vinculação ao instrumento convocatório, nas licitações públicas, significa que
as normas previstas no edital vinculam a todos os licitantes,
a) independentemente do que disponha a lei.
b) e à Administração pública, ainda que eivadas de algum vício de legalidade.
c) e à própria Administração pública, prevalecendo, inclusive, sobre a lei.
d) e à própria Administração pública, prevalecendo, inclusive, sobre a lei, mas não sobre a
Constituição.
e) e à própria Administração pública, desde que não sejam contrárias à lei.
19) Em uma licitação para bens e serviços ocorreu empate entre as propostas. Considere:
Gabarito
1. Certo
2. Errado
3. Certo
4. Certo
5. Errado
6. Certo
7. Errado
8. Certo
9. Certo
10. CERTO
11. ERRADO
12. CERTO
13. ERRADO
14. ERRADO
15. A
16. C
17. A
18. E
19. C