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Introdução:

Esta pesquisa baseia-se no capítulo XXI da Confissão de Fé de Westminster,


que trata do Culto Religioso e do Domingo, no seu parágrafo V, que diz:

A leitura das Escrituras,. Com santo temor; a sã pregação da palavra e a


consciente atenção a ela, em obediência a Deus.........., os quais, em seus
vários tempos e ocasiões próprias, devem ser usados de um modo santo e
religioso.1

Ao analisarmos a Confissão de Fé de Westminster, observamos que a prática


musical é mencionada como uma das partes do culto. Porém, uma única
orientação quanto a esta prática é dada, afirmado que os salmos devem ser
cantados com gratidão no coração. Todavia, não se fala de outros tipos der
participação musical no culto.

A utilização da música no culto público foi sempre uma questão presente na


história da igreja, e em muitos momentos, polêmica. Desta questão muitas
sugestões e opiniões já surgiram sobre como deve ser esta utilização.

O presente estudo se propõe a analisar como os cristãos utilizaram a música


no decorrer da história. O enforque que será dado, é quanto à sua utilização no
culto público. A pesquisa atingirá especificamente as áreas de conhecimento
da Música Sacra e da Teologia do Cultos, que possuem campos de estudo
diferentes, mas que se relacionam fortemente na vida litúrgica das igrejas.
Como se trata de uma pesquisa histórico-bibliográfica, trataremos da utilização
da música: no contexto bíblico e na Reforma, observando, na Reforma, os
conceitos de Martinho Lutero, por ser o primeiro reformador e de João Calvino.
A pesquisa tem como pretensão o estabelecimento de princípios que podem
ajudar a entender como se deu a utilização da música pelos cristãos no
decorrer da história, partindo do tempo bíblico até a Reforma, sem, entretanto,
discutir as questões de forma litúrgica e expressões rítmicas culturais. Se em
algum momento as questões litúrgicas entrarem em discussão, serão apenas
para demostrar como se deu a participação da música na liturgia analisada. Ao
pesquisador interessa o estabelecimento de princípios bíblicos para a utilização
da música no culto público.

A pesquisa visa mostrar que a música segue princípios de utilização para que
assim, seja capaz de conduzir as pessoas a uma adoração consciente e que
provoque entendimento.

As analisar o desenvolvimento histórico da música no culto público, a Teologia


ganhará uma aliada, que permitirá novas oportunidades e dimensões na
transmissão da mensagem bíblica. Na história da igreja, a música sempre
esteve em discussão, principalmente para se tentar responder o papel da
música na Igreja, e estas questões, continuam em discussão hoje.
1 – Confissão de Fé de Westminster, A.p.113.

Respondida a questão da necessidade e da música no culto, as igrejas locais


poderão sistematizar a utilização da mesma em seus cultos públicos, de forma
que a música trabalhe como agente auxiliador, dando o suporte necessário, e
criando os meios para uma melhor compreensão da mensagem bíblica.

O que levou o pesquisador a se interessar por este assunto é justamente a


relação como músico cristão, e a preocupação existente ao ver os desvios
teológicos cometidos nesta área musical, ocorrido justamente por causa da
falta de conhecimento sobre a função da música no culto.

São três os problemas que a pesquisa procurará responder a partir da seguinte


questão central: Como a Música foi utilizada na história do
Cristianismo(interrogação) Desta questão surgem as seguintes questões:

1) Como se dá a utilização da música no período Bíblico (int) 2) Como a


música foi tratada por Lutero nos primeiros passos da Reforma (int) 3)
Como Calvino compreende e aplica a música na Reforma produzida em
Genebra (int)

A estas perguntas, propõe-se a seguinte hipótese central: A Música se faz


presente na história do cristianismo desde as tradições mais primitivas,
passando pela história até os dias de hoje, não possuindo nenhuma evidência
de que tenha sido interrompida.

Decorrentes, propõem-se as seguintes hipóteses corolárias:

1) A música no período bíblico é marcada inicialmente por primitivas, mas


principalmente marcada pelo desenvolvimento que é fruto da
oficialização de sua utilização por Davi. Os cristãos no VT assim
receberam essa herança e tiveram também uma prática em seus cultos.
2) A música também foi objeto da Reforma realizada por Lutero. Ele
verificou que a música lhe proporcionaria uma propagação dos conceitos
reformados, trazendo para a língua vernácula, a Palavra de Deus, só
que agora, de forma cantada. Para isso, utilizaram-se músicos seculares
presentes em seu tempo, pois sua principal preocupação era transmitir o
ensino, independente da utilização de músicas seculares para esse fim.
3) A música foi tratada por Calvino com muita abrangência, cuidado e
acima de tudo propósitos. Para Calvino, a utilização da música também
significava uma grande oportunidade, não apenas de propagação dos
ensinos reformados, mas uma oportunidades de trazer maior devoção à
vida dos crentes. Todos os seus escritos são marcados pela constante
reflexão de que a música poderia ser um fim em si mesmo, nem possuir
motivações externas para ser executada. Sua utilização deveria apenas
levar o homem a uma maior proximidade em sua vida com Deus.

O pesquisador corre os seguintes riscos com esta pesquisa: ser reducionista,


limitando a análise a determinadas situações no contexto bíblico e limitando o
movimento de Reforma a Lutero e Calvino; ser impreciso deixando a
compreensão de que a música só foi utilizada na história cristã com princípios
rígidos de utilização; não ser abrangente, deixando de abordar, mesmo dentro
do período proposto algum fato, personagem ou perspectiva importante; não
ser original e não esgotar o assunto.

Todavia, embora haja a existência de riscos, a pesquisa se propõe responder


às questões levantadas, realizando uma investigação da utilização da música,
para uma aplicação no culto público.

1. A MÚSICA NO CONTEXTO BÍBLICO

Os textos do A e NT nos permitem constatar a presença de uma prática


musical. Tal prática vai desde as chamadas Tradições Primitivas até as música
utilizada no Templo, no que diz respeito ao AT.

Dentro desse contexto do AT apareceram as questões de nosso estudo: o


conceito do Ethos musical; a concepção acerca dos instrumentos; a prática de
cantilação e a utilização do Saltério.

Com relação à adoração praticada pelos primeiros cristãos, analisaremos como


eles utilizaram a herança musical já existente.

1.1 as tradições primitivas

Uma análise sobre os registros encontrados no AT demostra a presença da


música na vida do povo de Deus. Coleman chega a afirmar que para se ter um
entendimento sobre o povo hebreus nos tempos bíblicos, é necessário
percebê-lo como um povo que “gostava imensamente de música” 2. Podemos
destacar que já na pré-história do povo hebreus aparece a primeira menção
bíblica a presença da música no contexto do povo. Esta menção encontra-se
no relato de Gn 4:21 “O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos
os que tocam harpa e flauta”. Temos ainda a menção de instrumentos de sopro
para destruir os muros de Jericó, da utilização de harpa por Davi para abrandar
o furioso rei Saul, entre outras referências.3

2- COLEMAN, William L. Manual dos tempos e Costumes Bíblicos, p. 275

3- ELLMERICH, Luis – História da Música, p. 21


Franklin Segler destaca que a música que estava presente no povo de Israel
possuía razões diversas para serem cantadas e utilizadas. Elas poderiamser
dde “adoração, agradecimento, instrução, experiência pessoal e celebração
histórica” 4 Paul McCommon concorda com esta teoria e diz que “os Judeus
tinham músicas para todas as ocasiões” 5. Não se cantava somente em
movimentos de festa ou de vitória em uma batalha, mas havia também motivo
de se cantar nas crises, nas perdas e quando houvesse dor. Colerman
continua esta tese e diz que não eram necessárias ocasiões especiais para a
utilização do canto, pois até quando um grupo de trabalhadores se reunia para
realizar o seu trabalho diário, os cântico 6 eram entoados7. Em Nm 10:33-36,
vimos que os cânticos foram utilizados em marchas, sendo cantados logo após
a saída de Israel do Egito, no deserto. Os trabalhadores diários também tinham
seus cantos próprios, como podemos observar em Êx. 23:16 (cantos da
colheita), em Is. 65:08 (casntos da vindima) e ainda em Jr 48:33 (canto para
acompanhar o trabalho de pisar as uvas). 8. eles foram também utilizados para
celebração durante a festa de bodas relatada em Jr 16:19. Klingbeil ao
comentar o texto registrado em Dn 03:05 diz que “uma orquestra completa é
utilizada para impressionar as mentes e os corações dos que estavam
presentes na planície de Dura”9

O cântico dirigido por Moisés e por Miriã 10 é chamado por Donald hustad de a
“primeira referência bíblica à experiência musical” 11. por Amnon Shiloah é
chamado de “o hino mais antigo presente no AT” 12, e por Denise Frederico, de
“o primeiro canto religioso registrado no AT” 13. É necessário destacar que este
cântico de Moisés exemplifica um caráter religioso, porém, não é propriamente
litúrgico, uma vez que não foi entoado no serviço cúltico. 14

4- SEGLER, Franklin M. Christian Worship, p,92

5-McCOMMON, Paul. A Música na Bíblia,p,17

6- Cânticos é a designação(não precisa)

7COLEMAN, William L. Op. P.275

8-FREDERICO, Denise.Cantos para o Culto Cristão,p.75

9- KLINGBEIL Gerald A. A Teologia da \Música Sacras.


www.musicaeadoração.com.br artigo-adoração-teologia_musica_sacra.htm>.
acesso em 13 de mai. 2011.

10- Êx. 15:01-21

11- HUSTAD, Donald P. Jubilate! Música na nIgreja, p.87

12- SHILOAH,Amnon. Jewish Musical Traditions, p.20


13- FREDERICO, Denise, Op. Cit, p.76.

14- FREDERICO, Denise, Op. Cit, p.76.

Então, entoou Moisés e os filhos de Israel este


cântico ao SENHOR, e dissera: Cantarei ao SENHOR, (Êx. 15:01,20s)

Tantos outros cantos podem ser encontrados no texto bíblico. Como exemplo:
o Cântico de Ana, em 1Sm 02:01-10; o cântico de Davi, em 2Sm 22:02-51; e
ainda o cântico entoado por Débora, encontra-se em Jz 05:01-32.

Logo, tomado como base as várias referencias bíblicas sobre o assunto


podemos verificar que a música esteve presente na vida do povo de Deus,
assim como constatou McCommon ao pronunciar que no “período, primitivo da
história judaica, a música foi o modus operandi de louvor, ação de graças,
adoração e exotarção”15.

É necessário relatar que não existem indícios suficientes nos textos do AT que
possam caracterizar diferenças entre música sacra e música secular. Schleifer
concorda com esta teoria da impossibilidade de se caracterizar com precisão
as diferenças existentes entre a música sacra e secular no AT. Segundo ele, há
dois elementos que podem ser significativos nesta análise para se definir a
música secular: “o primeiro deles é o teor de censura que algumas referencias
bíblicas trazem quando se referem a essa música. O segundo elemento está
ligado à música instrumental: a não-sacra está muitas vezes relacionada a
lamento e luto”16. Contudo, estas características podem em alguns casos não
ser suficientes para uma análise precisa.

15- McCOMMON, Paul. Op. Cit, p.18

16- SCHLEIFER Apud FREDERICO,Denise, Op. Cit. p77

1.2 O Ethos Musical

A palavra ethos tem o significado de: costume, residência, morada, caráter, e


demonstrar justamente a maneira de que um povo ou uma pessoa tem de
conceber o mundo e organizar sua vida17.

Cada povo tem um modo diferente de agir, pensar, comportar, organizar.


Quando analisamos a prática musical nas tradições primitivas, podemos
observar que estava presente a concepção do ethos musical. O ethos era á
convicção de que a música é capaz de provocar e de expressar certas
emoções às quais os ouvintes irão responder com atitudes fixas e previsíveis. 18
Muitos séculos após as tradições primitivas, o ethos foi matéria de estudo dos
filósofos. Platão e Aristóteles19 foram os grandes responsáveis pelo
desenvolvimento da teoria sobre o ethos musical. Pitágoras, assim como outros
pensadores (século VI a.C), acreditava mais em uma relação entre a música e
a matemática do quer a existência do próprio ethos musical.

Para Platão e Aristóteles, o theos é o conceito que determina o poder que a


música possui de afetar o comportamento humano para o bem ou para o mal.
A música, de acordo com esta teoria, provoca no ser humano desde um
sentimento de tranquilidade até uma sensação de conforto diretamente as
atividades de cada pessoa. Por isso estes pensadores expressaram forte
convicções a respeito da educação musical, baseadas em seus interesses pelo
estado.

Em sua obra República, Platão destaca a sua apreciação pela música ao dizer
que ela, sem dúvida, é a melhor forma de educação 20 .Todavia, ele faz uma
advertência, demonstrando que a música tem a capacidade de formar ou
deformar os indivíduos de modo profundo e perigoso e, além do mais,
inadvertido.

Segundo ele a maioria das pessoas não percebe que a música tem o poder4
de mudar o coração dos homens, e, que assim, vão tendo moldado a sua
mente. Mudando as mentes, a música termina por transformar os costumes, e
isto é o que determinará a mudança das leis e das próprias instituições. Por
isto dizia Platão que é possível conqui9star ou revolucionar uma cidade pela
mudança de sua música. Segundo ele toda inovação musical é um ponto de
grande riscos e perigos para toda uma cidade, pois para ele não se pode
alterar os modos musicais sem alterar, ao mesmo tempo, as leis fundamentais
que regem o Estado21.

Já os “neo-platônicos como Plotinus (205-270 a.D) também atribuíram


influência moral e imoral à música, partindo de um ponto de vista mais
espiritual do que cívico, e este conceito foi adotado por muitos pais da igreja
primitiva”22.

Retornando à tradições primitivas, percebemos que esta mesma concepção do


ethos também esteve presente nos tempos bíblicos. A música então foi usada
tanto para alcançar o êxtase quanto para acalmar os espíritos 23. Podemos
extrair de 1Sm 16:23 um belo (meu) exemplo desta compreensão do ethos
musical.

E sucedia que, quando o espírito maligno da parte de Deus, vinha sobre


Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alívio e se achava
melhor, e o espírito maligno se retirava dele. (1Sm 16:23).

17- AGOSTINI, Nilo. Teologia Moral. P. 36


18- FEREDERICO, Denise. Op. Cit.p.74

19- (não)

20-PLATÃO. A República. Livro III, p.94

21- Ibid. p.94-111

22- HUSTAD, Donald. Op. Cit. p.25

23- DIETRIOCH, Luyis José. Primeiro Livro de Samuel. P.190

Baldwin, ao comentar o texto citado, acima(meu), fala que para este caso de
Davi, “o tratamento” conhecido entre o povo era méuca. Isto demonstra a
compreensão de que a música foi utilizada reconhecidamente como uma forma
de terapia, sendo aplicada em casos de perturbações mental e demais casos
similares 24. Esta compreensão de que a música poderia agir no indivíduo de
forma a lhe provocar reações, fez da música um instrumento também
reconhecidamente terapêutico.

O agir da música no individuo foi destacado por Erik Routley como uma das
características excelentes da música do AT. A influência exercida pela música
na história de Davi, e como ela influencia Saul em uma mudança de
comportamento, foi demonstrada por Routley como o poder que vai além do
falar, mas que entra no campo do agir25|.

Stephen MascKenna nos diz a respeito da compreensão do Ethos:

O tom de um encantamento, um grito significativo...essas coisas também


têm um...poder sobre a alma...atraindo-a com força de...sons trágicos- pois é a
alma irracional, e não a vontade ou a sabedoria, que é seduzida pela música,
uma forma de magia que não suscita questões, cujo encantamento de fato é
bem-vindo26.

Verifica-se com isto que o ethos musical, ou sejam, a compreensão de que a


música exerce influência sobre o indivíduo, foi aceito e aplicado pelo povo
conforme relato bíblico.

24- BALDWIN, Joyce G. I e II Samuel. P.138

25- SEGLER, ranklin M. Op. Cit. p.39

26- MacKENINA, Stephen Apud HUSTAD, Donald. Op. Cit. p.25

1.3 A Música no Templ


A música no templo:

O AT. demonstra a presença de uma cultura musical, e esta música só teve


seu estabelecimento na atividade cúltica pelo rei Davi, entre os anos 1002 e
970 a.C.,quando a mesma é instituída no Templo de Jerusalém. 27 A música
para o templo é a segunda tradição observada no AT. Com isto
estabelecemos aqui a diferença entre as tradições musicais: a primeira
tradição observada no AT demonstrou uma prática musical desvinculada de
uma atividade cúltica; a segunda tradição remete-se à música utilizada no
templo, que se tornou muito mais formal e profissional. 28

27- SADE, Stanley (Ed). Op. Cit. p. 481

28- HUSTADE, Donald. Op. Cit. P. 88

29- Geog Steins nos fala que a ênfase teológica compreendida nos livros
das Crônicas é justamente projetar a história dos reis a partir da perspectiva
do templo. Logo, toda a nusnce de oficialização do trabalho musical tb é
vista a partir desta ótica. Uma análise sistemática da Obra Cronista pode
ser encontrada em STEINS, Georg. Os livros da Crônicas In: ZENGER,
Erich (Et.al). Introdução ao AT. Tradução W ener Fuchs. São Paulo:
Edições Loyola, 2003

30- WEBBER, Robert E. worship, Old and New: A Biblical, Histrical, and
Practical Introduction. P.; 35

Quando o Templo é instituído por Davi e por seu sucessor Salomão, a


música muda significativamente.29 isto porque há agora um foca no
interesse musical, com toda uma organização profissional. Davi designa os
levitas para levarem a arca da aliança para o templo30, conforme relato em
1ºCr 15:01-15 e tb pede para que os levitas que participarão da música no
templo sejam separados para tal atividade e se ocupem somente dela:

“disse Davi........(1º Cr 15:16-24).

Schleifer tb concorda com a afirmativa de que a música só veio a ser parte


integrante do culto a partir da transferência da arca para Jerusalém. Em seu
comentário a respeito desta situação, ele se preocupa tb em fazer uma
distinção quanto ao uso de instrumentos como o Trompete e o Shofar 31
antes da institucionalização da música do Templo, afirmando que ao serem
mencionados anteriormente no texto bíblico, estes instrumentos não
estavam sendo tratados como instrumentos musicais, mas como
instrumentos sacerdotais.32 Isto demonstra justamente a grande
utilização deste instrumento por parte dos sacerdotes para
convocação do povo e não para utilização durante o canto.
O tamanho da estrutura musical estabelecida, cerca de 4 mil levitas, e o
planejamento bem elaborado para atuar em todos os cultos ali efetuados, tb
são fatores importante para demonstrar que a música estava sendo
estabelecida ofialmente.33

É importante destacar o detalhamento de informações que são colocadas


no texto bíblico, demosntrando não sõ como ficaram divididas as funções,
mas quais eram as obrigações para aqueles que ingressavam nesta
atividade, conforme relato no primeiro livro das Crônicas, nos capítulos 23 e
25. Isto comprova o novo foca musical que estava sendo dado. A música
agora possuía uma função cúltica, e para tal, precisava de uma estrutura
assim, significativa.

Segundo Hustad há uma concordância entre grande numero de eruditos


que a música utilizada no templo era realizada profissionalmente, isto quer
dizer, não por leigos, mas somente pelos sacerdotes. Limitava-se então a
participação dos judeus leigos a dizer “Amém” e “Aleluia”, havendo A
POSASIBILIDADE DE ELES DIZEREM UJM REFRÃO POR EXEMPLO,
“PORQUE A Sua misericórdia dura para sempre” (Sl136).34

Parei na página 21

31- Shofar: o chifre do carneiro da Bíblia, e o único instrumento judaico


antigo que sobreviveu à destruição do Segundo Templo pelos romanos (70
d.C). ainda é usado durante os serviços em importantes dias santificados e,
simbolicamente, em certas ocasiões, com uma série de quarto toques
usando o 2º e 3º harmônicos. SADE, Stanley (Ed.).; Op. Cit. P.481.

32- Coleman chega a afirmar que o Shofar era um instrumento utilizado


somente para emitir sinais e não um instrumento musical no sentido de
acompanhamento vocal. COLEMAN,William L. Op. Cit. P.279

33- FEREDERICO, Denise. Op. Cit. p.77-78

34- HUSTAD,Donald. Op. Cit. p. 89

1.4 Os Intrumentos Musicais


Os cantos hebreicos eram cantados em uníssonos, não possuindo
formas mais elaboradas de harmonias ou contraponto35. O
contrasponto no tom era feito então através do emprego de cânticos
antifônicos e de instrumentos. Por isso, analizaremos agora a presença
e utilização de alguns instrumentos por partes dos judeus.
São inúmeras passagens bíblicas qwue fazem menção à utilização de
instrumentos musicais. A análise de cada instrumento utilizado nos
demonstra a capacidade de criação e versatilidade dos judeus, sendo
capazes de transformar e criar instrumentos de acordo com o seu
interesse, produzindo maiores variações de timbles e harmonias.
Na Bíblia, a palavra selá, que aparece 712 vezes em Salmos e 3 em
Hebreus é um termo qwue aparece indicar uma pausa no cânto,
enquanto os instrumentos continua a tocar ou enquanto se introduz uma
doxologia, um amém, etc. 36. Este fato demonstra que alguns textos
não estavam sendo cantados sem a presença de instrumentos.
De um modo geral, os instrumentos básicos encontrados nas culturas
primitivas eram:
1. Cordas – Kinnor (lira, relacionada com a Kithara dos gregos) e
nebhel (harpa, com até dez cordas, algumas vezes chamada de
“saltério”)
2. Sopro – shophar (um chifre de carneiro), halil (um caniço duplo,
como o oboé), hazorerah (uma trombeta de metal) e ugabh
(flauta vertical, usada principalmente na música secular).
3. Percussão – Toph (tamborim, ou tambor de mão), zelzelim
(címbalos) e Mena na in (sistro, espécie de marimba) 37

35- Contraponto é a arte de combinar duas linhas musicais simultâneas. O


termo deriva do latim, contrapunctum, “contra a nota”. SADIE, Stanley (Ed). Op.
Cit. P.218

36- Dicionário da Bíblia. In: Bíblia Online 3.0 Módulo Avançado. 1 CD. São
Paulo: Soci Bíb. Do Brasil, 2003.

37- HUSTD, Donald. Op. Cit. p. 88

Analisaremos agora alguns instrumentos utilizados no contexto bíblico, e


para isso, subdividiremos os mesmos de acordo com a divisão tradicional
tripartida, que classifica os instrumentos em: Instrumentos de Cordas,
instrumentos de Sopro e Instrumentos de Percussão.

1.4.1 Instrumentos de Cordas


1) Kinnor: geralmente traduzido por harpa. Sua primeira menção no
relato bíblico é em Gn 04:21 “Foi um dos instrumento mais
populares da Bíblia”,38 sendo um dos mais frequentemente
usados para acompanhar as vozes. A palavra kinnor significa
produzir som doce, sendo agradável aos ouvidos. Ele foi
frequentemente associado com cultos e ocasiões festivas.
Quando Israel estava em servidão (Sl 137:02), foi o instrumento
que penduraram nos salgueiros, e, como castigo para o pecado
do povo, os profetas Isaías e Ezequiel, profetizaram que
“descansou a alegria da harpa” (Is. 24:08) e “o som das tuas
harpas não se ouvirá mais” (Ez 26:13)
2) No heb...... (nevel): geralmente traduzido por lira (Is 05:12) e
algumas vezes por Saltério ou harpa (Sl 81:02). McCommon39
nos diz que nossa harpa atual, provavelmente, é a que, em
aparência, mas se aproxima do nebel pode ser comparada,
porém, outros estudiosos como Rubens Ciqueira40 e Robson
Miguel41 nos dizem que este instrumento assemelahava-se a
uma guitarra portuguesa. Esse instrumento parece de fabricação
mais elaborada do que o kinnor e, como diz Stainer,
3) “consequentemente, de maior capacidade do que o kinnor,

38- McCOMMON, Paul. Op. Cit. P.6

39- Ibid., p. 68

40- CIQUEIRA, Rubens. O Minsterio Levítico do Humanismo da Música


Evangélica Contemporânea. Disponível em:
<http://www.musicaeadoraçao.com.br\livro\ministerio_levitico_ciqueira\parte_01
_cap_02.htm> acesso em 17 de maio de 20011

41 MIGUEL, Robson. A História e Origem do Violão e a da Guitarra. Disponivel


em:,http://www2.uol.com.br\bibliaworld\musica\violao.htm>acesso em 17 de
maio de 20011

Parei pagina 26 tanto quanto.......

Dei continuidade na página 33

1.7 ADORAÇÃO CRISTÃ PRIMITIVA

Ao nos depararmos com as páginas do NT, não encontramos nelas uma forma
descrita a respeito do culto cristão. Embora saibamos que esta igreja
neotestamentária possuía a sua forma própria de culto, conforme relato de At.
02:42. Todavia, hoje quase que universalmente aceito que o “culto cristão
encontrou seu protótipo na Sinagoga e, possivelmente (aqui, a palavra
possivelmente é relevante), nas comunidades religiosas como a de Qumran”78

O profº Hermisten Costa, ao comentar sobre a herança recebida pelos


primeiros cristão da prática exercida na Sinagoga, nos diz que:

“Esta tese é inteiramente verificável através de evidências históricas

PAREI P. 33

Dei continuidade na página 40

2. A Música em Lutero:

A Reforma provocou grandes mudanças não só no campo teológico. Tais


mudanças atingiram tb o âmbito musical. Isto aconteceu de tal forma que se
pode afirmar que a Reforma foi a principal responsável pela transferência do
centro musical da Europa, que era a Itália, para a Alemanha. Toda esta
transformação na área musical, ocorrida a partir dos séculos XVI e XVII, não
pode ser explicada por quaisquer outros fatores tais como a política ou filosofia
alemã, mas sim pela Reforma, e pelos movimentos religiosos que se
seguiram.96

O estudo da vida e obra de Martinho Lutero tem importância, pois ele foi
responsável por grandes mudanças ocorridas neste período. Toda a sua fé e
experiência com Deus e sua compreensão a respeito da salvação pela graça
fizeram com que sua vida brotasse em hinos de adoração e louvor a Deus.
Seus sentimentos puderam ser colocados na música por ele produzida.97 esta
compreensão pode ser extraída de sua própria fala:

“A Música é um dom precioso e grandioso que frequentemente me tem


despertado e movido a alegria da pregação...Depois dteologia, concedo à
música o lugar mais elevado e de maior honra...Meu coração palpita e se
emociona em resposta à música, que me tem refrescado e liberado de pragas
malignas.”98

Abordaremos então a trajetória de vida de Martinho Lutero, analisando a sua


formação teológica e musical; quais os fatores que levaram a uma ruptura com
a Igreja Romana e que consequências foram gerada desta ruptura, tanto para a
liturgia como a música em si; por fim, estudaremos a produção musical de
Lutero.

96 – NETTL, Paul. De Lutero a Bach. P. 77

97 – Ibid. p.08

98 – LUTERO, Martinho Apud KLI9NGBELL Geral A. Op. Cit.

---A Formação Teológica e Musica de Lutero:

Nascido em 10 de novembro de 1483 na cidade de Eisleben. Martinho Lutero


era de origem camponesa livre, pois seu pai era camponês emigrado para esta
cidade.99. o nome do pai de Lutero era Hans, um filho de agricultores. Sua
mãe se chamava Margaretha, nascida em Ziegler, e provinha de círculos
burgueses.100

Lutero cresceu recebendo uma educação muito dura, isto graças aos próprios
costumes da época e também pela prória criação pór parte dos pais. Segundo
Gonzales, os pais de Lutero foram extremamente severos com ele 101. O
próprio Lutero deixou registrado que sua incapacidade em declinar um
substantivo em latim lhe receber quinze chicotadas. Tal fato aconteceu na
escola de Mansfeld. Nesta escola, Luterro participava do coro infaltil,
responsável por acompanhar a missa102. Em outra vez, o roubo de uma noz
lhe fez apanhar de seus pais até que fosse retirado sangue de seu corpo.
Lutero veio a estudar nesta escola em Mansfeld durante 07 anos, e isso
aconteceu porque seu pai trabalhava como mineiro, e Mansfeld era o centro da
região mineira próxima. Esta mudança aconteceu em 1484.103.

Educado em várias escola, Lutero estudou, no período de 1498 a 1501, na


escola de São Jorge, em Eisenach. Tanto em Eisenach como em Magdeburg,
escola em que estudou em 1497, Lutero participou do canto coral praticado poe
estas escolas. Esta escola em Eisenach foi a responsável por lhe proporcionar
uma entrada na universidade. Isso, graças ao latim lá aprendido. A escola de
Magdeburg é conhecida na história pelos grandes personagens que nela
estudaram e que influenciaram a Idade Moderna. Podemos destacar entre eles:

99- CAIRNS, Earle E. o Cristianismo através dos séculos. P.233

100- DREHER,Martin N. A Era dos Reformadores.p.46

102- LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. V. 07. P.475

103- DREHER,Martin N. Op. Cit.p.23

Erasmo de Rotterdam, Nicolau Copérnico, o Papa Adriano VI, preceptor de


Carlos V, e Alberto Durereo (Dürer).104

Em 1502, Lutero recebe o título de bacharel em arte, e em 1505, o título de


mestre em artes. Esta formação na faculdade dos artistas era considerada
como uma pré-condição para uma matrícula em uma das três faculdades
superiores (Direito, Medicina e Teologia). Tal formação curricular permitia ao
aluno um rompimento com o esquema habitualmente utilizado, confrontando o
aluno com a filosofia natural, a filosofia moral e a metafísica, ampliando-se
assim o seu horizonte de aprendizado.105. em 1505, fez-se monge mesmo
sendo um desejo contrário ao de seu pai, pois ele queria que Lutero estudasse
Direito, e, em 1507, dois anos mais tarde, já se tornara padre, recebendo sua
ordenação e, nesta oportunidade, celebrando sua primeira missa.

A decisão tomada por Lutero de ingresso à vida monástica foi tomada quando
ele passava em uma estrada próxima a Erfurt, ficando mais precisamente a
seis quilômetros ao norte de Erfurt, em Stotternheim106. Ao passar por esta
estrada, ele foi surpreendia do por uma tempestade, quando um raio caiu em
uma árvore que estava próxima a ele107. Desesperado em ver tal tempestade,
Lutero fez uma promessa irrevogável de se tornar monge caso tivesse sua vida
poupada, estudando no mosteiro Agostino de Erfurt. Ao ingressar na vida
monástica, teve a oportunidade de conhecer a música dos mestres
contemporâneos e de aprender o canto gregoriano.

já na universidade em Erfurt, seus estudos musicais são continuados. Isto


porque a música fazia parte de um conteúdo programático chamado ARTE
LIBERALES. Tal conteúdo programático foi proposto por Carlos Magno e
compreendia as seguintes matérias: gramática, retórica, dialética, aritmética,
astronomia e música. Essas eram as chamadas sete artes liberais108. Lutero
teve, em sua vida na universidade, uma grande influência como filósofo e tb
como músico. Isto pode ser comprovado graças a uma carta de Croto
Rubeano109, um amigo de Lutero na época em que ele estudava em Erfurt.
Nesta carta Croto Rebeano evidencia uma influência exercida por Lutero no
campo musical110.

Em visita a Roma em 1510, Lutero entra em contato com a música produzida


por vários compositores de renome, como Ludwig senfl111 e Josquim des P
´res112. Não se tem certeza se Lutero teve contato pessoal em algum desses
músicos, mas com certeza, ele teve oportunidade de estudar muitas de suas
composições. Afirma-se que Josquim des Pres foi o compositor favorito de
Lutero, sendo considerado por ele como o maior dos músicos vividos em sua
época113.

Depois de passar os anos de 1510 e 1511 em Roma é transferido para


Wittenberg114, e, durante os anos seguintes, nesta cidade, tornou-se professor
de Bíblia e doutor em Teologia.115.

A partir de 1512 de 1512 aconteceram vários convites para realizações de


palestras e estudos. Tais momentos foram responsáveis por um estímulo de
Reforma da Igreja. Isto acontece primeneiramente em Wittenberg, mas depois
em toda a Alemanha.116

104- DREHER, Martin N. Op. Cit. P.23

105 – Ibid. p. 24

106 – Ibid. p. 24

107 NETTL, Paul. Op. Cit. P.16

108- LUTERO, Martinho. OP. Cit. p. 475

109- Ibid. p.476

110- Martin Dreher quem menciona(comenta) a existência dessa carta, assim


como o seu conteúdo, todavia, o pesquisador não teve acesso a tal
documentação. Ibidp. p. 576

111-Compositor Suíço-alemão. (mais coisa sobre ele pesquisar)

112- Josquin Des Pres (ver bbiografia)

113- LUTERO, Martin. Op. Cit. p. 17

114-Ibid. p.234
A musicalidade na vida de Martinho Lutero está presente desde a sua
meninice. Possuía uma excelente voz que lhe é conservada até a fase adulta.
Sua voz era de tenor, pois as melodias de suas composições provaram isso, já
que geralmente as vozes mais graves não conseguem cantá-las117. Como
músdico, tovcava flauta e alaúde. Segundo Dreher, este último instrumento
mencionado foi aprendido sem um acompanhamento por parte de
professor.118. além de todo conhecimento práticos destes instrumentos, Lutero
passuia uma compreensão de teoria musical, graça ao currículo musical da
escolas da época.119.

Lutero foi apresentado a muitas pessoas, por meio de seus companheiros e


contemporâneos, como o Lutero que tocava alaúde. Este instrumento foi seu
companheiro na viagem a Worms, em 1521. Esta constatação é feita por meio
de um adversário de Lutero, conhecido como Cócleo, que foi um dos teólogos
católicos convocados a confeccionar uma contestação formal à Confissao de
Augsburgo (preparada por Filipe Melanchton, em 1530, na Dieta de
augsburgo). Cócleo, nesta ocasião, chamou Lutero de “Orpheus in Kitte und
Tonsur” (Orfeu de batina e tonsura)120.

A biografia musical de Lutero não póde ser encerrada sem dizer que ele foi um
verdadeiro amante da música. Ele mesmo faz questão de relatar isso ao
escrever o prefácio a todos os bons hinários:

“Dona Música. Dentre todos os prazeres sobre a terra não há maior que seja
dada a alguém do que aquela que eu proporciono com meu canto e com certas
doces sonoridades. Não pode haver má intenção onde houver companheiros
cantando bem, ali não fica zanga, briga, ódio nem inveja, toda mágoa tem que
ceder, mesquinhez, preocupação e o que mais atribular se vai com todas as
tristezas. Além disso, cada qual tem o direito desse prazer não ser pecado,
mas, ao invés, agradar a Deus muito mais do que todos os prazeres do mundo
inteiro121.

2.2 A Ruptura com a Igreja Romana

Não havia dúvidas de que Lutero se entregou em sua vida monástica. Todos os
seus votos feitos durante este período demonstraram, principalmente para os
seus superiores, que seu compromisso era algo exemplar. Não há registros de
que Lutero demonstrasse ser um monge insatisfeito, ou cansado de cumpriri
seus compromissos mona´sticos. A decisão tomada em entrar no monasticismo
como forma de se assegurar a salvação fez que levasse uma vida ascética até
quanto pudesse suportar.porém, toda está prática ascética não produziu
tranquilidade à sua alma.122

Esta intranquilidade foi produzida pelo tem,or que tinha da santidade e justiça
de Deus. Sua ida a Roma , nos anos de 1510 e 1511, encheram seu coração
de esperança e fé, nop pensamento de ali encontrar as respostas para os
conflitos pelos quais estava passando.

Ele viaja a Roma em uma delegação da ordem agostiniana devido a


discussões surgidas nesta ordem. Esta ida a Roma deveria pôr fim a tais
discussões. Todavia, nesta viagem, Lutero tb pôde ver de perto a luxúria e a
corrupção praticadas pela Igreja de Roma123.

PAREI P. 45

116-SADIE, Stanley (Ed). Op. Cit. p.555

117- LUTERO, Martinho. Op.Cit. p.476

118- Ibid. p.476

119-SADIE, Stanley (Ed). Op. Cit. p.555

120- LUTERO, Martinho. Op.Cit. p.476

121- LUTERO, Martinho. Op. Cit. p.484

122- GONZALES, Justo L. Uma história do Pensamento Cristão. P.30-31

123- CAIRNS, Earle E. Op. Cit. p.234

Conclui-se que Lutero não só trabalhou a música em seu tempo por


necessidade, mas por compreender que aplicação de uma música bela e
compreensiva no culto é essencial.

2.2 A Ruptura com a Igreja Romana.(página 44)

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Conclusão

Analisando o contexto bíblico, verificamos que a música foi utilizada em várias


circunstâncias, demonstrando que tanto em movimento de alegria, ou em
movimento de guerra, ela esteve presente.

As tradições primitivas marcaram a prática musical fora do contexto cúltico.


Utilizaram-se cantos para todas as ocasiões, como podemos ver através dos
cantos de colheita, canto da vindima, cantos para o trabalho de pisar as uvas,
cantos para marchas, e outros.
Por isso, não há dúvidas, de que os judeus tiveram músicas “para todas as
ocasiões”243.

O utilizar a música não significava apenas se deleitar com arte, nem


demosntrar desenvoltura no toque de instrumentos, mas significava ter ao
alcance, algo capaz de mexer com ser humano, ao ponto de produzir-lhe
emoções, sentimentos, provocando “atitudes fixas previsíveis”244. Esta era a
concepção do Ethos musical.

O Ethos é o conceito que determina o poder que a música tem de afetar o


comportamento humano, tanto para o bem, como para o mal. Os filósofos
como Platão e Aristóteles escreveram sobre este conceito, e assim concluíram,
como os primeiros cristão, o poder terapêutico existente na música, capaz de
resolver situações como a de Saul, narrada em 1Sm 16:23.

Quando o templo de Jerusalém foi construído e para lá foi levada a Arca da


Aliança, a música tornou-se oficialmente, elemento de utilização do culto.

Davi tratou a questão da música no culto com seriedade e dedicação. Seu zelo
pode ser observado no momento que manda separar os levitas, especialmente
para o trabalho musical.

A música cantada, tanto no templo, como fora dele, usou a técnica de


cantilação. Deve-se lembrar que a a cantilação ou declamação difere-se de
nosso conceito de melodia. Sua preocupação não é desenvolver a sonoridade,
mas a compreensão do texto.por isso, acredita-se que não só textos sagrados
foram cantilados, mas todos os textos existentes. Os Salmos tornaram-se o
hinário utilizado.

A música instrumental que foi utilizada demostra uma grande capacidade de


criação e versatilidade dos judeus, pois tinham os mais variados instrumentos,
que produziam grande variedade de timbres e harmonias. Destaca-se ainda
que os judeus fizeram distinção entre os instrumentos utilizados, os que
poderiam ser utilizados no templo, e os que não poderiam.

Os cristãos no NT assim receberam uma grande cultura musical do povo judeu.


Destacaram-se no VT vários hinos utilizados, mas acima de tudo, dois
princípios de utilização: para se cantar “deve estar cheio do Espírito Santo”, e o
canto “deve ser expressão da fé consciente”245.

Com isso, verificamos que no contexto bíblico a música foi utilizada não como
um fim em si mesma, mas como auxílio para condução de maior fervor à vida
dos crentes, pois em muitos momentos o povo andou preguiçoso. Porém nunca
se perdeu a noção de que tudo o que se estava fazendo fosse para a glória de
Deus246.
Com relação a Lutero, é importante destacarmos que é não é possível separar
seu trabalho de forma teológica, de seu trabalho de reforma musical, uma vez
que a segunda está intimamente ligada à primeira.

Sua formação tanto teológica como musical lhe deu possibilidade de realizar
mudanças na prática musical pela igreja no século VXI. Tinha voz de tenor, e
como instrumentista tocava flauta e alaúde. Tinha conhecimento de teoria
musical, graça ao ensino da música nas escolas em que estudou. Mas de tudo
isso, Lutero po ser considerado um grande amante da música.

Sua ruptura com a Igreja Romana lhe trouxe consequências. Agora, com o
nascimento de uma nova Igreja Alemã, o abandono às práticas litúrgicas da
Igreja Romana se fez necessário. Todavia, Lutero muito apreciava a herança
litúrgica da Igreja247.

Seus princípios de Reforma foram transferidos para a nova prática litúrgica que
agora estava surgindo. Com isso, a passividade outrora existente, foi
abandonada. Os hinos deveriam ser cantados pelo povo, todavia, a existência
de um coro era necessária, não para exibição, mas para condução da
congregação. Mas para serem cantados pelo povo, os hinos deveriam ser
transferidos para o idioma vernáculo, pois cantar em um idioma que não se
entende tb foi considerado por Lutero uma forma de passividade.

Além de trazer uma participação mais ativa aos crentes, Lutero tb entendeu a
música como expressão de fé. O canto exige compreensão. A nova igreja que
estava nascendo deveria expressar suas convicções e certezas em tudo que
fazia, e de forma especial, por meio ndo canto.

Com toda a mudança que estava acontecendo, Lutero se vê encurralado a uma


questão: hinos em alemão deveriam ser composto para que o povo tivesse
música para cantar, caso contrário, teria que ficar preso aos hinos em latim
outrora cantandos. Teve então que produzir muitos hinos, e para isso, utilizou-
se até de músicas seculares.

A análise dos hinos de Lutero revela que ele utilizou-se apenas das músicas
que melhor transmitissem os temas sagrados, e não qualquer melodia secular.
E que tb ele modificou quase todas as músicas seculares que utilizoi. Isto
porque Lutero não quis trazer para a Igreja o que era secular, mas “reter o que
é bom”248, e o que assim pudesse ser utilizado para transmissão do
pensamento de Reforma que surgira.

Com a composição de muitos hinos, Lutero incentivou a publicação dos


hinários, para que os crentes tivessem o Livro que os levaria a uma
compreensão mais profunda de sua fé(a Bíblia), e tb um volume auxiliar que os
ajudasse a expressar com alegria e deleite a profundidade dessa fé (o
hinário).249.
Além de Lutero, analisamos o trabalho de Calvino, outro reformador que teve
expressivo trabalho nesta área musical.

Calvino, como grande humanista que foi, não acreditava que o homem era o
fim em si mesmo de todas as coisas, como o humanismo do século VXI
pregava, mas reconhecia a “grandeza do homem como criatura de Deus”250,
por isso, o homem deve dedicar a sua vida em serviço de adoração ao Criador.

Movido por esta certeza, Calvino trabalhou para que a congregação tb fosse
ativa em sua participação no culto, como pensou Lutero, porém sem o auxílio
de coros ou instrumentos.

Toda a sua reforma musical consistiu em trabalhar para que somente os


salmos, e alguns outros pouquíssimos hinos fossem cantados pela igreja.

Tal afirmativa, se não analisada, pode fazer parecer que Calvino era destituído
de toda apreciação com relação à arte musical. Seus comentários narram
inúmeras referencias à música e tb a utilização de termos musicas que
demonstram sua apreciação pela música como meio de arte.

Todavia, Calvino sabia muito bem como toda e qualquer arte, a música possuía
um sentimento ambíguo. Para ele, a boa utilização da música pode levar o
homem a um maior fervor em sua adoração, sendo considerada, sem dúvidas,
como uma instituição muito útil e santa, porém, a má utilização provocaria
desagrado ao Senhor.

Preocupado então em promover uma adoração consciente que manifestasse a


exaltação dos princípios bíblicos, Calvinoi restringiu a prática musical ao canto
dos salmos metrificados, à capella. Segundo ele, os Salmos foram utilizados
pelo povo judeu, e nada há de melhor para se cantar do que os salmos,
afirmou ele. Isto porque os Salmos são Palavras de Deus, dadas pelo próprio
Deus para serem utilizadas com este fim.

Este canto dos Salmos deveria ser realizado tb à capella, pois buscando voltar
aos princípios bíblicos, Calvino não encontrou no NT, com a chegada de Cristo
Jesus, nenhuma referência sobre a necessidade ou até mesmo sobre a
utilização dos mesmos. Não encontrando nenhuma referências que aprovasse
tal uso, Calvino argumentou que tais rudimentos (os inst musicais) foram
utilizados em apenas um momento da história, pois o povo necessitava deles,
mas a vinda de Cristo dissipou as sombras que existiam da lei, e com ela, os
instrumentos não têm mais necessidade de serem utilizados.

Embora Calvino sustentasse que o uso da música instrumental em culto


público era inconsistente com a dispensação cristã, ele considerava a “melodia
da voz humana como uma instituição de grande solenidade e proveitosa”251.
Para ele, cantar os Salmos foi aprovado pelos apóstolos, e utilizar a música
significava exercer influência sobre as pessoas, excitando-as ao ardor da
devoção.

Para cantar os salmos adaptou melodias claras e fáceis, para que todo o povo
pudesse aprender e participar. Os Salmos, depois, formaram um “apêndice ao
Catecismo de Genebra e veio a ser uma marca ou emblema característica do
culto e profissão de fé calvinistas”252.

Os puritanos seguiram o pensamento de Calvino e assim restringiram sua


prática musical somente à utilização dos salmos metrificados, à capela. E como
Calvino, se preocupara em demonstrar, que eles deveriam ser utilizados com
“gratidão no coração”253.

Com isso, concluímos que a arte musical não deve ser utilizada para condução
ao êxtase, nem deve ser um fim em si mesma, mas deve conduzir as pessoas
a uma maior devoção com Duas.

Assim, como o próprio Calvino disse ao encontrar o Salmo 57:08, os louvores


de Deus realizados por Davi destacam os seguintes princípios: em primeiro
lugar está o coração, em segundo lugar, a declaração com a própria boca, e
em terceiro, a utilização de acompanhamentos para estimular uma maior
devoção e ardor no culto.

243-McCOMMON, Paul. Op. Cit. p.17

244-FREDERICO, Denise. Op. Cit. p.74

245-GELINEU, J. apud MARASCHIN, Jaci. Op. Cit. p.107

246- CALVINO, Daniel. P.194

247- NETTL, Paul. Op´. Cit. p.12

248- LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. V. p.477

149- SWINDOLL, Charles. Op. Cit. p. 51

250- COSTA, hermisten Maia Pereira. João Calvino: Humanista subordinado


ao Deus da Palavra. P.164

251- CALVINO, Martinho. O Livro dos Salmos. Salmo 92:03. v.3p .462

252- Ibid. p.462

253- Confissão de Féde Westminster, A. p. 113.

OOOOOOOOOOOOOOO
parei na página 4

bibliografia:

LIENHARD, Marc. Martim Lutero- tempo, Vida, Mensagem. Editora Sinodal,


1998

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