Você está na página 1de 5

Disciplina: Peças Cíveis do MP

Professor: Eduardo Francisco


Aula: 01 | Data: 09/03/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCESSO INDIVIDUAL
1. Regras do MP no Processo Civil como parte na ação e como fiscal da Ordem Jurídica
2. Recursos no Processo Civil

PROCESSO INDIVIDUAL

Quando se fala em MP no Processo Civil, é preciso lembrar que ele pode atuar em duas situações – Parte na Ação
e Parte no Processo.

 Parte na Ação

Autor – Regra
Réu – Exceção

O MP não tem personalidade jurídica, é somente um órgão público que age em nome do Estado, por isso é mais
comum ser autor.

Normalmente o MP figura como réu em Ação Rescisória, nos Embargos à Execução (de TAC) e em Ação Anulatória
de TAC.

Observação: atenção ao art. 343, §5º, pois na maioria das vezes no Processo Individual quando o MP é autor ele
age como substituto processual.

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para ma-


nifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fun-
damento da defesa.

§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar


ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá
ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual.

 Parte no Processo

O MP também pode ser apenas parte no processo atuando como fiscal da Ordem Jurídica.

Neste caso ele não é parte na Ação, ou seja, é uma parte imparcial.

SENTENÇA CÍVEL E PEÇAS DO MP


CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
1. Regras do MP no Processo Civil como parte na Ação e como Fiscal da Ordem Jurídica.

1.1. Como parte na Ação

a. Tem os mesmos Direitos e Deveres que as demais partes;

b. Tem o dever de participar das Audiências;

c. Tem o Direito a intimação pessoal (por carga, por remessa, por meio eletrônico);

d. O MP terá prazo em dobro, SALVO, regra específica;

e. O MP responde pessoal e regressivamente se agir com dolo ou com fraude.

As características “c”, “d” e “e” também são aplicadas as Defensorias Públicas e as Advocacias Públicas.

1.2. Como Fiscal da Ordem Jurídica.

a. Será intimado de todos os atos do processo;

b. Terá vista dos autos (para se manifestar) após as partes, ou seja, em regra, depois da contestação e eventual
réplica;
Atenção: Se houver pedido de liminar o MP deve ser manifestar.

c. O MP pode produzir provas e requerer medidas (tutela provisória, arguição de incompetência relativa, desconsi-
deração da Pessoa Jurídica);

d. O MP tem prazo de 30 dias para manifestação ou parecer, SALVO, se a lei prevê prazo específico;
Atenção: segundo o art. 180, §1º do CPC, findo o prazo o juiz requisitará os autos, no entanto, o vencimento do
prazo não preclui o processo, é um prazo impróprio.

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para mani-


festar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal,
nos termos do art. 183, § 1o.

§ 1o Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o ofe-


recimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao
processo.

e. O MP tem legitimidade para recorrer mesmo atuando como fiscal da lei, ainda que, a parte vencida não recorra
– súmula 99 STJ, além da previsão legal.

SÚMULA N. 99
O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em
que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.

f. O MP pode arguir incompetência relativa – art. 65, p. único.

Página 2 de 5
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a
incompetência em preliminar de contestação.

Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Mi-


nistério Público nas causas em que atuar.

O CPC nos artigos 176 a 181 regra o MP como fiscal da Ordem Jurídica no Processo Civil.

De acordo com o art. 178 do CPC, o MP intervirá quando:

 Houver interesse público (primário – da coletividade) ou social;


 Incapaz;
 Litígio coletivo pela posse de área rural ou urbana.

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30


(trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses pre-
vistas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam:

I - interesse público ou social;

II - interesse de incapaz;

III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.

A presença da Fazenda Pública por si só, não é causa de intervenção do MP, pois a presença da Fazenda Pública
revela interesse público secundário ou fazendário, ou seja, o interesse do Estado ou Organização e não interesse
do povo – art. 178, p. único do CPC.

Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por


si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

Observações:

1. Como fiscal a intervenção do MP é desvinculada ou imparcial, ou seja, o motivo da intervenção é porque tem um
incapaz, mas o MP não é obrigado a dar um parecer favorável ao incapaz se ele não tem razão, o parecer deve ser
imparcial.

2. Segundo o CPC nas ações de família o MP só intervém se houver incapaz.

Importante:

O parecer do MP tem a mesma estrutura da sentença do juiz:

 Relatório (resumo do processo);


 Fundamentação (raciocínio).
 Dispositivo (conclusão).

Página 3 de 5
Relatório

Com relação ao relatório pode ter 2 estilos:

“Trata-se de ação......” OU
“Cuida-se de ação......”

Antes de iniciar a fundamentação o ideal é usar uma transição para deixar claro que terminou o relatório e irá iniciar
a fundamentação, da seguinte forma:

“É o Relatório”.

Fundamentação

Na fundamentação desenvolver todo o raciocínio sobre o assunto, a sugestão é começar sinalizando a conclusão,
por exemplo:

“A ação é procedente” OU
“A ação merece procedência” OU
“O Autor não tem razão”.

Terminar a fundamentação com um arremate: “O Pedido do Autor merece prosperar”.

Dispositivo

No Dispositivo é bom conter algumas palavras sacramentais, como:

“Isto posto” OU “Diante do exposto” o parecer do MP é pela procedência da Ação.

Se quiser deixar claro em que termos é a procedência especificar o que ser quer.

Toda vez que o parecer for pela extinção sem mérito, é fundamental dizer “Outrossim, caso superada a preliminar
encampada, no tocante ao mérito, o parecer é pela improcedência, procedência parcial, etc”.

O parecer é a grande manifestação do MP como fiscal da Ordem Jurídica em um Processo Cível.

Além das chamadas “cotas” o MP pode oferecer até 3 pareceres no Processo Civil, são eles:

1. Parecer de Mérito no 1º grau (antes da sentença). Nesse caso os pedidos podem ser basicamente de extinção
sem mérito, procedência ou improcedência da ação;

2. Parecer Recursal de 1º Grau – uma das partes recorre da sentença e após o recurso e as contrarrazões das partes,
o promotor se manifesta sobre o recurso. Nesse sentido o promotor tende a falar sobre a admissibilidade do re-
curso, se o mérito comporta provimento ou desprovimento do recurso.

3. Parecer da Procuradoria de Justiça junto ao Tribunal (dificilmente cai na prova, pois não cabe ao Promotor de
Justiça).

Página 4 de 5
Importante:

Ação ou Execução Civil “ex delicto” – tradicionalmente o MP movia esta ação pedindo na fase de conhecimento,
antes mesmo da condenação penal, a condenação do réu no civil ao ressarcimento das perdas e danos causados
pelo crime, ou então o Promotor aguardava a condenação do réu na área penal, pegava a sentença penal transitada
em julgado, que é título executivo no Cível, e pedia a liquidação e o cumprimento da sentença penal para ressarcir
a vítima dos prejuízos causados pelo réu. O STF declarou a inconstitucionalidade progressiva do artigo do CPP que
dava esta função ao MP, ou seja, na medida em que a Defensoria Pública for se estruturando passa a ser inconsti-
tucional o MP mover a ação Civil “ex delicto”, nas Comarcas onde não tem Defensoria Pública estruturada o MP
pode mover Ação Civil “ex delicto”, se houver Defensoria Pública estruturada passa a ser inconstitucional esta ação
proposta pelo MP.

Quando o Juiz entende que é o caso de intervenção do MP, ele determina a abertura de vista ao MP, se o MP disser
que não intervirá, podem ocorrer 2 situações:

 Se o juiz concordar o processo segue.


 Se o juiz discordar ele irá aplicar o art. 28 do CPP por analogia, assim o PGJ irá decidir se deverá ter ou não a
intervenção do MP, caso decida que o MP deverá intervir o processo retorna ao mesmo Promotor que se negou
a fazer o parecer.

2. Recursos No Processo Civil

O MP tem legitimidade para recorrer.

O Promotor de Justiça só atua no primeiro grau, após interposto a apelação quem acompanha é a PGJ, e se for o
caso de Recurso Especial ou Recurso Extraordinário quem fará é a PGJ.

Os recursos possíveis no 1º grau são:

 Apelação
 Agravo de Instrumento
 Embargos de Declaração.

2.1. Apelação – arts. 1009 a 1014 do CPC

A apelação é cabível contra sentença e decisões interlocutórias de 1º grau irrecorríveis.

O NCPC restringiu o Agravo de Instrumento. Todas as vezes que houver uma decisão interlocutória de 1º grau irre-
corrível ela deverá ser tratada na apelação em Preliminar nas Razões ou Contrarrazões de Apelação e se for alegada
em Preliminar nas Contrarrazões, o apelante terá 15 dias para se manifestar sobre a preliminar.

A apelação terá juízo de retratação em 3 hipóteses:

 No caso de indeferimento da inicial;


 No caso de sentença de improcedência liminar;
 Extinção sem mérito.

O juízo de retratação nestas 3 hipóteses tem o prazo de 5 dias.

Página 5 de 5

Você também pode gostar