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19/5/2016, 12:43
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PAULO NOVAIS/LUSA
Autor
Ana Suspiro
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Na sua natureza de terceiro setor, acompanhando a par o setor público e o setor privado,
assume-se como complementar, como solução quando as outras respostas falham,
encontrando na concretização de objetivos sociais a razão de ser da sua existência.
A economia social assume-se assim, pelo peso que representa no emprego, nos serviços,
nos bens de raiz social, na produção de riqueza, como um setor de grande relevância
económica e social e cujo potencial se encontra ainda por explorar em toda a sua
extensão.
Existe uma grande densidade e riqueza nas diversas componentes da economia social,
mas não é menos verdade que por vezes faltam algumas interações e espaços de
diálogo. Todas têm as suas estratégias próprias, o que naturalmente é louvável, mas é
preciso ir mais longe, com uma estratégia comum visando uma ação coletiva com
alcance estratégico.
É para tornar a economia social mais forte, com mais e melhores canais de
comunicação, para o ajudar a refletir sobre uma estratégia e um conjunto de ações de
interesse comum, que a Fundação AIP e outras instituições representativas do setor
entenderam empenhar-se na realização do Portugal, Economia Social.
Neste sentido, a economia social não pode ser vista como limitada a uma esfera “não
mercantil” – habitualmente assimilada ao “terceiro setor”, o setor não lucrativo. Em
rigor, uma ONG ou organização social deverá poder atuar, simultaneamente, no setor
“não mercantil” (respostas sociais financiadas por fundos públicos e donativos) e no
setor “mercantil”, desde que as atividades de caráter mercantil se submetam aos
princípios e missão social da organização. É possível – mesmo desejável para manter a
sua autonomia estratégica e financeira, face aos poderes do Estado ou de agentes
privados – que uma organização social possa exercer algumas atividades no âmbito da
“economia social”, ou seja, atividades na esfera mercantil, sempre e quando os
resultados (excedentes) obtidos sejam reinvestidos na concretização da sua missão
social e não no enriquecimento dos seus associados ou dirigentes.
Acresce que, para manter uma posição coerente, uma organização com atividade na
economia social deve fomentar e enquadrar a participação no processo de decisão
organizacional por parte dos seus membros, dos utilizadores (clientes e beneficiários),
dos assalariados e também de outros agentes que eventualmente lhe estejam associados
(stakeholders).