Trabalho: Fichamento sobre o texto “Estado, movimentos e reforma agrária no
Brasil: Reflexões a partir do INCRA.”
PENNA, Camila et al. Estado, movimento e reforma agrária no Brasil:
Reflexões a partir do INCRA, 2015.
A história das mobilizações por terra é destacada pelas formas de
organizações coletivas como o MST e o Contag e pelas oportunidades políticas que se abriram em alguns governos ou contextos. “É quase sempre com o Incra (e não por meio do Incra) que sem-terras, quilombolas e outros grupos têm acessado tanto a terra como seus possíveis benefícios e problemas”. (PENNA et al., 2015). Logo, o Incra se mostra um órgão maleável às mudanças políticas, e suas ações ficam muitas retidas às vontades da força política do momento. Por isso que as lutas sociais são necessárias para mostrar as reais necessidades dos trabalhadores rurais. “Atualmente, o Incra é uma autarquia vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e tem uma força de trabalho de aproximadamente 6 mil servidores.” (PENNA et al., 2015). Por as Superintendências Regionais estarem espalhadas por todo o país, elas possuem uma certa autonomia para deliberar o superintendente ou as lotações para os servidores e há ainda as Unidades Avançadas que são subordinadas às SR. “Vale lembrar que as lideranças dos movimentos que organizam os beneficiários estão conectadas aos partidos políticos, em laços que perpassam o Incra e o transbordam.” (PENNA et al., 2015). Sendo necessários os movimentos sociais, como o MST para haver uma democracia participativa na questão na Reforma Agrária e tendo partidos políticos como mediadores entre Estado e movimentos sociais, como foi o caso do PT e como alguns militantes do PT conseguiram cargos na burocracia estatal, tiveram a chance de estar na linha de frente das políticas sobre a reforma agrária. “[...] o caso brasileiro parece ser um dos únicos do mundo em que são os movimentos que criam e, ao mesmo tempo, organizam a demanda e as listas de beneficiários para o Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).” (PENNA et al., 2015). Como são alguns próprios militantes que trabalham no INCRA, facilita a interação com os movimentos sociais e é possível realizar as políticas de reforma agrária. “O crescimento no número de beneficiários e demandas para o Incra nos anos de 1980 e 1990 não foi acompanhado nem por infraestrutura, nem por um quadro de funcionários condizente com o volume de trabalho.” (PENNA et al., 2015). Isso resultou em certa dificuldade para a realização das políticas visto que dentro do próprio INCRA havia problemas estruturais. As pautas nas reuniões foram mudando com a chegada de um novo Superintendente Regional que foi nomeado pelo PT e uma delas era a reivindicação para o fortalecimento da estrutura do INCRA para que houvesse mais investimento por parte do Governo Federal para beneficiar os assentamentos e outra reivindicação foi para concursos públicos para o INCRA para suprir as demandas.
“[...] o Incra estava buscando colocar em prática uma forma de substituir
o sistema de convênios feitos anteriormente com entidades prestadoras de serviços de assistência técnica – muitas delas ligadas a movimentos sociais. (PENNA et al., 2015). Com a nova ATES os contratos são feitos com entidades ligadas a movimentos sociais. Dessa forma todos os setores estariam envolvidos e as diretrizes da política siram passadas de forma clara para a população envolvida.
"Estabeleceram-se metas para a desapropriação de áreas,
assentamento de famílias, distribuição de créditos, construção de casas e assistência técnica.” (PENNA et al., 2015). Para o cumprimento dessas metas era necessário recursos e foi feito um acordo com o ministro que garantiu que famílias assentadas na área SR27 tivessem assistência técnica .
“Não podemos esquecer, no entanto, que os acordos firmados em
Brasília surgiram das pressões feitas pelo movimento sobre os funcionários daquela Superintendência no acampamento de 2011 e nas visitas de campo aos assentamentos e acampamentos.” (PENNA et al., 2015). Novamente é visto a necessidade de os movimentos socias estarem ativos na luta pelos assentamentos, mesmo muitas vezes sendo mal vista pelos superintendentes que acusam os movimentos de atrapalharem a agenda e programação do INCRA. “Para concluir, lembramos ainda que tanto para servidores, quanto para movimentos e beneficiários, o Incra ainda se encontra longe de cumprir suas expectativas.” (PENNA et al., 2015). O INCRA é o principal órgão envolvido na política de Reforma Agrária, mas ele não age sozinho, é crucial o envolvimento dos movimentos sociais e são eles que muitas vezes determinam os caminhos a serem seguidos pelo Incra, mostram as principais necessidades dos trabalhadores. É importante também ressaltar a relevância de partidos políticos para integrar o INCRA aos movimentos sociais para que possam ter voz ativa dentro da política.