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ECONÔMICOS
AULA 2
CONTEXTUALIZANDO
1 É o estudo das culturas – povo ou grupo social – e da investigação dos problemas teóricos que
surgem da análise dos costumes. A etnologia é segundo estágio da pesquisa, vindo depois da
etnografia (Assis, 2011, p. 19).
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ao estudar os dados levantados pela etnografia2, na esfera da antropologia
cultural e social, compara-os com outros dados e documentos a fim de dar um
lugar na história para a civilização que estuda.
De acordo com alguns economicistas e antropólogos, o primeiro sistema
econômico da história da humanidade foi o comunismo primitivo, e foi também o
que teve maior duração. Durante vários milênios essa fase existiu na vida de
todos os povos. Naquela época, também chamada de selvageria, não tínhamos
uma economia no sentido de ser algo racionalizado, pensado em relação ao
futuro. Não fazíamos nem estoques de alimentos. Vivíamos em uma economia
natural, coletando tudo o que pudesse servir de alimento. Não intervínhamos na
natureza, a não ser para dela retirarmos nosso sustento.
A atividade econômica visava apenas aos bens de uso imediatos e era
desempenhada e dividida por todos, sem distinção. A força produtiva dessa
época era, portanto, muito rudimentar. Éramos em um número bastante
reduzido, dada a escassez de alimentos, e nossas relações sociais eram
igualitárias, isto é, desconhecíamos a propriedade privada dos meios de
produção (Engels, p. 21-25).
A técnica mais importante da pré-história foi a descoberta e a preservação
do fogo. Com essa descoberta houve uma inovação fenomenal na forma de
elaborar os alimentos. Uma invenção estimula novas outras e, assim, foram
desenvolvidos os primeiros instrumentos – machados, lanças, arco e flecha –,
todos com vista à obtenção da sobrevivência. Esse momento marca também a
passagem de uma dieta vegetariana para o consumo de carne, com isso
contribuindo para uma evolução física extraordinária, principalmente do cérebro,
que teve seu tamanho aumentado devido à proteína animal.
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desenvolvimento de todos os povos da humanidade, o que não pode ser posto
em dúvida (Engels, 1978, p. 32-36).
Por força da própria evolução e para driblar a escassez de bens materiais
de sobrevivência, a consciência individual começa a se constituir diferenciando-
se da consciência coletiva (Durkheim citado por Quintaneiro, 1995, p. 28-30). O
comunismo primitivo começa a desaparecer aos poucos, dando início à
sociedade de classes. A gradual substituição da caça pela criação e
domesticação de animais é um dos fatores de aumento na produção de comida,
além da obtenção de peles e lã. O rebanho assinala a primeira divisão do
trabalho social e o sistema de trocas com outras tribos. As forças produtivas
experimentam outro extraordinário avanço com o desenvolvimento da
agricultura, sendo que o cultivo de cereais criou um permanente manancial de
alimentos. É também o momento em que aprendemos a confeccionar tecidos e
roupas devido à produção de lã e a fundir metais como o cobre, o zinco e o
estanho. O ferro e o bronze vieram mais tarde na fabricação de armas (Nunes,
1997, p. 30-34).
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produtivas aumentam e, com elas, a especialização. O aumento da população é
uma sequência natural dessa circunstância.
As diferenciações se deram a partir da divisão do trabalho entre as tribos
que se dedicaram ao rebanho e as que se dedicaram à agricultura. Com o
aumento de excedente há um fortalecimento do trabalho artesanal. Começa a
circulação de mercadorias e, com isso, a exploração do homem pelo homem.
Nas guerras, passa a ser mais vantajoso não o extermínio do inimigo, mas a
transformação deste em escravo. As primeiras relações de trabalho da nossa
história são de senhor e escravo, condição social que atravessará milênios,
marcando o fim da comunidade primitiva e iniciando uma outra organização
social – a sociedade de classes (Nunes, 1997, p. 35-36).
Essa nova sociedade favorece, por outro lado, o surgimento dos primeiros
filósofos. A mão de obra escrava garante o tempo ocioso de que necessitam
para as reflexões que se fizeram fundamentais para o conhecimento e o
autoconhecimento humano. A mais primitiva sensação de felicidade é a de posse
– não a posse pelo coletivo, mas pelo indivíduo. Essa necessidade só vai nascer
quando as divisões sociais, provindas dos interesses privados, prevalecerem.
A consciência individual, salienta Durkheim, sempre ferirá os interesses
do grupo, o bem comum fortemente protegido pela consciência coletiva até que
se firme como um novo costume. A ambição – individual – desencadeou a busca
de novas forças de trabalho e estimulou a competição, o que resultou em
inovações técnicas e novas formas de produção. As grandes invenções e as
manifestações artísticas, possíveis apenas a partir das consciências individuais,
redundaram, sem dúvida, em extraordinários feitos humanos (Durkheim citado
por Quintaneiro, 1995, p. 21).
A diferença entre ricos e pobres surge paralelamente à diferença entre
pessoas livres e escravas. A desproporção de riquezas entre os chefes de
famílias terminou por destruir em todos os lugares o trabalho em grupo, a
solidariedade coletiva. Os lotes de terra próprios para o cultivo foram tornando-
se propriedade privada, a princípio em caráter temporário e, mais tarde, de forma
irrevogável.
Devido às grandes desigualdades sociais e ao crescimento do trabalho
escravo, os proprietários, sempre temendo uma rebelião por parte dos
dominados, engendram uma forma de dominação aparentemente impessoal,
isso é, um lugar que legitimasse e salvaguardasse as leis sobre a propriedade,
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os direitos sobre os escravos, bem como a administração pública da cidade.
Essa forma de poder chamado Estado não era mais que um mecanismo de
manutenção dos poderes privados sobre os pobres e explorados.
Saiba mais
Neste link, a professora Ana Maria Bianchi, da Universidade de São Paulo
(USP), discorre sobre o importante debate metodológico que se deu no final do
século XIX entre os que apoiavam a Escola Clássica de Economia e os da Escola
Histórica Alemã. Acesse: <http://univesptv.cmais.com.br/metodologia-da-
economia/o-debate-de-metodos-escola-historica-versus-escola-classica>.
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intermediárias. Os senhores feudais, os nobres guerreiros e a Igreja Católica são
os grandes proprietários de terra; o baixo clero (monge e párocos), a baixa
nobreza (com pequenas extensões de terras), alguns artesãos e a maioria
camponesa, presa à terra em regime de servidão, constituem a parte inferior
nesse sistema de estamento.
As relações de suserania – aristocracia – e vassalagem formam uma
hierarquia, em cujo topo está o rei. O poder não está concentrado nas mãos do
monarca, visto que cada senhor tem o domínio exclusivo em suas terras. Não
havia a menor possibilidade de mobilidade social: a pessoa está presa a seu
status, a sua condição social determinada pelo nascimento. O filho do senhor
será um senhor, e o filho do camponês será um camponês. Nessa sociedade
estamental, as camadas não se misturam. Alguns até poderiam receber títulos
ou ter melhoras econômicas, mas apenas dentro do próprio estamento, não de
um estamento para o outro (Le Goff, 2013, p.137; p. 441).
O feudalismo é um sistema político-jurídico baseado em obrigações de
serviços, de obediência e de dependência. O vassalo faz parte da classe dos
guerreiros, cujo dever é proteger o suserano (senhor feudal), que, por sua vez,
mantém o vassalo.
Nesse período, a religião e a política começam a se mesclar, de modo
que os líderes católicos começam a espalhar seu poder para além da esfera da
Igreja. Antes, segundo Johnson (2001, p. 153), a Igreja se firma como poder
espiritual, mas não ainda temporal, “pois o processo de integração entre Igreja e
Estado, iniciado com Constantino, ainda se prolongaria, até que ambos se
tornassem inseparáveis”. A Igreja só assumiria o poder temporal quando da
criação, em 756, do Estado Pontifício, em Roma. É nesse período que surge a
Cristandade, em que o mundo europeu gravitava apenas ao redor dos princípios
cristãos impostos pela Igreja (Johnson, 2001, p. 155).
A hegemonia católica só foi conseguida no pontificado de Inocêncio III, no
século XIII, quando a Igreja conseguiu imenso prestígio, e quando de fato o Papa
e a nobreza feudal foram colaboradores entre si. Esse é o período áureo em que
a Igreja funda não só importantes universidades – como a de Bolonha (século
XII), Oxford (século XII), Sorbonne (século XIII) e La Sapienza (século XIV) –
como também as grandes catedrais de arte românica e gótica (Johnson, 2001,
p. 276). Assim, além de doutrinar os cristãos, a Igreja cuida da transmissão do
conhecimento nas escolas contíguas aos mosteiros. A palavra catedral significa
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“assentar-se sobre algo” e mostra a sua evolução partindo das reuniões
religiosas e políticas para as cátedras de ensino. Com a ascensão da burguesia,
novas escolas surgem, agora administradas por intermédio da classe religiosa,
inovando o ensino com a introdução de novas disciplinas, além do conhecimento
religioso.
A Igreja Católica foi o grande e fundamental alicerce na formação e
conservação do feudalismo. Graças à sua hegemonia, a sociedade feudal
manteve-se estática e hierarquizada. Dado o poder que detinha, nada acontecia
em termos políticos sem a sua prévia aprovação. Assim, conseguia, via
dominação ideológica, proibir qualquer liberdade de pensamento que soasse
destoante do ponto de vista teocêntrico. Mantinha-se, economicamente, como a
maior detentora de terra e, embora arrecadasse o dízimo, era, ainda assim, uma
instituição isenta de impostos. Sua influência totalitária sobre o modo de pensar
e sobre os comportamentos durou séculos. A nobreza feudal (senhores feudais,
cavaleiros, condes, duques, viscondes) era sustentada pelo trabalho dos servos
e também arrecadava impostos destes.
Os servos, por sua vez, constituíam a base econômica da sociedade
feudal. Trabalhavam a terra do senhor primeiramente, para só depois cultivarem
as terras destinadas a prover suas necessidades. Esse sistema, denominado
corveia, refere-se à utilização do trabalho não pago e obrigatório, além da
cobrança de tributos em forma de serviços caso os servos utilizassem o moinho
e o forno (Nunes, 1997, p. 39- 40).
A ideologia pré-determinista difundida pela Igreja, na qual as coisas do
mundo estavam dispostas tal qual a vontade de Deus, havia criado um firme
ponto de referência para a estabilidade política. Somente o trabalho na terra era
valorizado; os trabalhos no comércio eram fortemente rejeitados, visto que a
força que os movia era a ganância, considerada um pecado capital (Johnson,
2001, p. 97). Transformações só vão surgir na Baixa Idade Média, com a
retomada das rotas comerciais em virtude das Cruzadas e o aparecimento de
técnicas e instrumentos mais elaborados que vão incrementar a produção.
Saiba mais
Assista ao filme O nome da rosa (de 1986, dirigido por Jean-Jacques
Annaud), ambientado no interior da Itália, num mosteiro medieval do século XIV,
que traz uma crítica à tendência religiosa de tudo mistificar, tornar suspeita
qualquer conduta racional e impedir o acesso aos livros da filosofia clássica. Há
também um questionamento sobre a necessidade de se distribuir a riqueza da
Igreja.
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TEMA 3 – O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
3.1 Os teóricos
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David Ricardo foi outro autor de grande influência, tanto para os
economistas da Escola Clássica quanto para os economistas da Escola
Histórica/Crítica e Marxista. Ele aborda temas monetários, como o valor do
trabalho e a distribuição dos valores gerados pelo trabalho, no caso as relações
entre o lucro e os salários, e o comércio internacional. Para Ricardo (citado por
Hunt, 2005, p. 93), “possuindo utilidade, as mercadorias recebem seu valor de
troca de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária
para a sua obtenção”.
A riqueza de uma nação, para Ricardo e Smith, está na produção
abundante de mercadorias que possam proporcionar o bem-estar da população,
porque as pessoas estão sempre em busca daquilo que as faz felizes. Ambos
Smith e Ricardo acreditam que a felicidade de um povo está na prosperidade
econômica.
Também na defesa da liberdade econômica está John Locke, com a sua
filosofia política fundamentada na noção de que os governos devem ser
consentidos pelos governados e devem ter como premissa que o trabalho é o
fundamento originário da propriedade. Foram as ideias de Locke que ajudaram
a derrubar o Absolutismo na Inglaterra, favorecendo as revoltas liberais da
Revolução Inglesa, da Revolução Americana e da Revolução Francesa.
No cerne da Escola Clássica está a crença de que as pessoas vivem livres
e em paz no estado de natureza, ou seja, o direito à vida, à liberdade e à
propriedade são direitos naturais que devem ser respeitados e garantidos pelos
governos, caso contrário o povo tem o direito de se revoltar contra eles. Assim,
deve se criar um contrato social a fim de impedir que haja invasão às
propriedades. O contrato social promoveria a transição dos seres humanos de
um estado de natureza para uma sociedade política. Nessa sociedade, as
pessoas podem contestar um governo injusto, porque não são forçadas a aceitar
seus arbítrios. Qualquer governo que transgrida ou deixe de proteger o direito
natural, visando apenas a seus interesses e não ao bem público, é tirano e, como
tal, deve ser derrubado pelo povo (Comparato, 2006, p. 205-209).
É de Locke a ideia de dividir os poderes na organização do Estado, sendo
o Legislativo, escolhido pelo povo, em primeiro lugar, sobrepondo-se ao
Executivo e ao Federativo. Isso limitaria o poder do rei, que passaria a executar
as leis deliberadas pelo Parlamento, a Casa Legislativa. O povo transferiria o
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poder para o Parlamento, que, em troca, criaria um conjunto de instituições para
garantir os direitos e punir quem violasse a obediência às instituições.
Locke se distingue, portanto, do pensamento de Hobbes, para quem o
homem é mau por natureza, justificando um Estado Leviatã. Enquanto para
Hobbes é a violência de todos contra todos a fonte de organização do Estado,
para Locke é a defesa da propriedade como principal fonte de formação do
Estado, pois para ele a propriedade já existia anteriormente à formação do
Estado.
O liberalismo econômico de Locke prenuncia a democracia liberal da
liberdade da tolerância religiosa. Decisão religiosa nenhuma deveria influenciar
as questões públicas do Estado, posto que é da escolha individual a forma como
cada indivíduo exercerá sua crença. A coerção do Estado por uma única forma
de religião traria mais distúrbios sociais do que a permissão da diversidade. O
indivíduo deve ter não apenas a liberdade econômica de política, mas a religiosa
também.
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A história da burguesa não está dissociada da figura do artesão. As
corporações de ofício (sapateiros, alfaiates, pintores, chapeleiros, marceneiros
etc.) e associações independentes estão ligadas ao processo do
desenvolvimento mercantil nas cidades. Comerciantes e artesãos se articulam,
de forma a garantir seus interesses e privilégios. No topo da hierarquia das
corporações estava o artesão-mestre, conhecedor de todos os segredos do seu
ofício. Era proprietário da oficina e das matérias-primas, e tinha total domínio de
todas as etapas da produção, desde a escolha dos materiais até a venda. Na
outra ponta está o comerciante. Com o alargamento das zonas de comércio,
aumenta a dificuldade do artesão em chegar até a sua clientela. O comerciante
se incumbe cada vez mais da tarefa de levar o produto até os mais distantes
mercados. Com o aumento da demanda, o comerciante se ocupa, agora, de
fornecer a matéria-prima, obrigando o artesão e ocupar-se apenas da produção.
A exigência cada vez maior de se produzir mais rapidamente desencadeará um
dos fenômenos centrais da Idade Moderna: a Revolução Industrial e o
surgimento da burguesia industrial.
A Revolução Industrial ocorreu entre 1760 até meados do século XIX. É
considerado o fenômeno mais importante desde a Revolução Neolítica. A
transição da produção artesanal para a produção por máquinas transformou a
perspectiva que se tinha da vida até então. A qualidade de vida começa a atingir
patamares sustentáveis nunca vistos, proporcionados pelo crescimento
econômico das economias de mercado.
Contudo, a Revolução Industrial mudou drasticamente a economia artesã.
Com o advento da indústria, o artesão perde inexoravelmente sua força
econômica, dada a impossibilidade de competir com a máquina. Passam a ser,
então, trabalhadores assalariados sob o controle de um patrão. Perdem o
controle do processo produtivo, uma vez que a produção passa a ser
fragmentada e especializada, e perdem também a posse das ferramentas e da
matéria-prima, passando, doravante, a operar as máquinas pertencentes ao
proprietário dos meios de produção e do lucro (Nunes, 1997, p. 89-97). Países
que romperam com o Vaticano, aderindo à Reforma Protestante, tiveram papel
de protagonismo neste processo.
A Revolução Industrial foi a pá de cal no processo de desintegração da
sociedade feudal. A mão de obra cada vez mais solicitada pela fábrica esvaziava
irreversivelmente o campo. Foi também a grande força desarticuladora das
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corporações de ofícios. A Inglaterra foi o país hegemônico nesse período,
estabelecendo relações internacionais com vários países via tratados
econômicos muito vantajosos para o seu mercado interno. A política econômica
liberal implementada pela Inglaterra permitiu a entrada de novos competidores
no mercado, e a indústria entrou num processo de inovação tecnológica sem
precedentes (Nunes, 1997, p. 47-52).
Neste primeiro momento do funcionamento da economia de mercado, o
pensamento liberal de Smith se comprova. O lucro do capitalista só virá com
produtos bons e baratos – logo, competitivos –, o que, no fim, acabaria
contribuindo com a coletividade. Para isso, junto com a Revolução Industrial,
começam a vigorar conceitos tais como liberdades individuais, liberdade
religiosa e civil e o direito de livre iniciativa. No caso francês, a estratégia
ideológica nasce com a razão iluminista de liberdade, igualdade e fraternidade,
princípios postos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, contra a
política de privilégios da nobreza.
O capitalismo foi, assim, afirmando-se como um sistema econômico que
se diferenciou dos anteriores por concentrar a propriedade privada dos meios de
produção, por toda e qualquer atividade econômica visar exclusivamente o lucro
e por introduzir o trabalho assalariado. O capitalismo é baseado em uma
economia de mercado em que a tomada de decisão e o investimento são
determinados pelos proprietários empresários, enquanto os preços e a
distribuição de bens são determinados pela livre concorrência no mercado. No
entanto, para a sua consolidação como sistema econômico dominante, houve,
desde o início, a necessidade da criação e manutenção de um quadro jurídico e
instituições políticas e econômicas que propiciassem o seu desenvolvimento.
A Revolução Inglesa e a Revolução Francesa, bem como outras
revoluções liberais, foram bem-sucedidas ao desestruturar o sistema feudal,
religioso e absolutista. Graças a isso trouxeram relativos progressos para o
campo econômico, político e dos Direitos Humanos. O modo de produção
capitalista conferiu poder econômico e político para a burguesia graças a um
sistema jurídico estatal criado à sua imagem e semelhança. O crescimento
econômico se deu pela concentração nas mãos de uma classe, a burguesa, o
que acabou provocando a sua antítese, a outra face da riqueza apropriada: a
classe proletária, explorada e miserável, e a organização dos trabalhadores em
sindicatos, unidos em tornos das doutrinas socialista.
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Saiba mais
Neste link, o prof. Julio Pires explica as teorias econômicas do valor e do valor
de trabalho em Adam Smith e Karl Marx:
<https://www.youtube.com/watch?v=M4WcIHvtWPY>.
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Gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou aterrando os
valados, tivesse gritado aos seus semelhantes: não ouçam esse
impostor; vocês estarão perdidos, se se esqueceram de que os frutos
pertencem a todos e de que a Terra não pertence a ninguém.
(Rousseau, 1997, p. 87)
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Em Mulhouse – escreve Villermé – as oficinas abriam às cinco horas,
com uma hora e meia para o almoço [...]. Em Ruão, a jornada normal é
de 15 horas e meia, mas os operários da tecelagem de algodão chegam
a trabalhar 17 horas. Na fiação de algodão, cerca de 30% dos operários
eram crianças, metade das quais com idades compreendidas entre 6 e
10 anos. Nem por isso a sua situação era mais favorecida: permanecem
16 a 17 horas em pé por dia, quase sem mudança de lugar ou de
posição. Esta tortura é infligida a crianças de 6 a 8 anos, mal
alimentadas, malvestidas, obrigadas a percorrer, desde as cinco horas
da manhã, a distância enorme que as separa das oficinas. Junto à
multidão de mulheres pálidas, magras, caminhando descalças no meio
da lama, há um número maior de crianças sujas, cobertas de andrajos
engordurados pelo óleo que das máquinas cai sobre eles enquanto
trabalham. Trazem nas mãos sob a roupa, como podem, o pedaço de
pão que os alimenta até à hora do regresso a casa. Algumas famílias
preferem albergar-se de qualquer modo nas cidades, em bairros
sombrios e superlotados, insalubre e em condições de promiscuidade. A
degradação moral, o alcoolismo e a prostituição começam a fazer parte
da nova classe que a indústria criou, a classe operária.
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diariamente pela imprensa burguesa que o povo tomasse o seu partido,
dominando ideologicamente e mascarando a violência da luta de classe.
Como um conjunto de relações sociais, o socialismo é definido pelo grau
em que a atividade econômica na sociedade é planejada pelos produtores
associados, de modo que o produto excedente produzido por ativos socializados
é controlado por uma maioria da população por meio de processos democráticos.
A venda da força de trabalho deixa de existir para que todos participem dos
processos de decisão sua cooperativa como membros. Ninguém exercerá o
poder na divisão social horizontal do trabalho. A responsabilidade pela produção
seria de cada operário, e o incentivo pela autonomia o faria cada vez mais
criativo e com espírito de grupo, uma vez que é parte interessada na sua
instituição.
Saiba mais
Confira os vídeos a seguir.
<https://www.youtube.com/watch?v=m93ihi0DIgE>
<https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-quem-e-socialista-pode-ter-
iphone/>
TROCANDO IDEIAS
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interdependência. Se os conflitos entre capital e trabalho não buscarem o
equilíbrio, o resultado será a crise econômica, social e moral, em que uma das
partes lutará para superar a outra.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
Esta aula teve por objetivo mostrar os principais fatos que nos auxiliam na
compreensão da história econômica e política ocidental. Esperamos que você,
aluno, tenha desenvolvido um olhar crítico para o entendimento da nossa
sociedade, para além de suas aparências e superficialidades. Aprender a pensar
sobre nós mesmos, enquanto sujeitos sociais, constitui a verdadeira chave da
mudança.
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REFERÊNCIA
SMITH, A. A riqueza das nações. In: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura,
1996.
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