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MÁRCIO SALES FALCAO – OAB/SP Nº 336.982

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO

DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO/S.P.

MAURA ELISA DOS REIS, brasileira, solteira,

desempregada, portadora da Cédula de Identidade RG nº 13.209.193 e do

CPF nº 057.843.496-27, residente e domiciliada na Rua Januário Cunha

Barbosa nº 39, Bairro Parque Estoril, nesta cidade de São José do Rio

Preto – Estado de São Paulo – CEP: 15.085-260, por seu procurador “in fine”

assinado (procuração anexa), vem, com o devido e habitual respeito à presença

de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, V e X, da Constituição Federal e

artigos 4º, 294 parágrafo único e 300 do Novo Código de Processo Civil, artigo

186 do Código Civil, artigos 43 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor,

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Lei 15.659 DE 09 DE JANEIRO DE 2015 e demais aplicáveis à espécie para

propor:

AÇÃO DE CANCELAMENTO DE REGISTROS C.C. INDENIZAÇÃO POR

DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

face ao: BOA VISTA SERVIÇOS S.A (SCPC), inscrita no

CNPJ sob o nº 11.725.176/0001-27, localizada na Rua Boa Vista nº 51, na

cidade de São Paulo – Estado de São Paulo – CEP: 01.014-001, pelos fatos e

fundamentos que expõe articuladamente:

DOS FATOS

A parte Autora teve seus dados lançados nos cadastros da

Requerida, referente as 03 (três) ocorrências de negativações, conforme se

verifica documento em anexo, sendo que a Requerida efetuou o lançamento em

seus cadastros sem a devida notificação prévia nos termos do artigo 43, § 2º do

Código de Defesa do Consumidor e nos termos da Súmula 359 do STJ.

Conforme se extrai do extrato de negativação, cabe aqui

acrescentar que impugnando a legitimidade da cobrança não apenas quanto ao

aspecto formal, tomará igualmente as medidas cabíveis contra quem de direito

por conta da cobrança desconhecidos/indevidos, haja vista que na presente ação

o mérito cinge-se à anotação sumária sem que fosse cumprida a formalidade

exigida pela norma consumerista, ato ilícito, portanto, que não pode ser

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convalidado.

Diante dos fatos narrados acima, a parte Autora encontra-

se com seu nome inscrito nos cadastrados do Requerido, sem que fosse

formalmente notificada, o que vem causando a mesma inúmeros prejuízo, razão

pela qual ingressa com a presente

Eis uma síntese dos fatos.

DO DIREITO

É certo que, nos termos do artigo 43, § 2º do Código de

Defesa do Consumidor, a parte autora deveria ser comunicada previamente a

respeito da restrição cadastral que lhe foi imposta.

Diante dos fatos narrados e dá prova pré-constituída

trazida nesta oportunidade não deixa dúvida quanto da violação do direito da

parte Autora de ser notificada antes de ter seu nome inscrito junto aos órgãos

restritivos de crédito, assim como dispõe o artigo 43, § 2º do Código de Defesa

do Consumidor, vejamos:

“Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no

Art. 86, terá acesso às informações existentes em

cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de

consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas

respectivas fontes.

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(...)

§2. A abertura de cadastro, ficha, registro e dados

pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito

ao consumidor, quando não solicitada por ele”.

Aliás Excelência, a questão acabou se tornando objeto de

Súmula, nos seguintes termos: “Cabe aos órgãos mantenedor do cadastro de

proteção ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”

(STJ, Súmula 359).

DA LEI 15.659 DE 09 DE JANEIRO DE 2015

Ante as negativações em seu nome, em consonância com a Lei

15.659, constante do seguinte teor:

Artigo 1º – A inclusão do nome dos consumidores em

cadastros ou bancos de dados de consumidores, de serviços

de proteção ao crédito ou congêneres, referente a qualquer

informação de inadimplemento dispensa a autorização do

devedor, mas, se a dívida não foi protestada ou não

estiver sendo cobrada diretamente em juízo, deve ser-

lhe previamente comunicada por escrito, e comprovada,

mediante o protocolo de aviso de recebimento (AR)

assinado, a sua entrega no endereço fornecido por ele.

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Artigo 2º – A comunicação deve indicar o nome ou razão

social do credor, natureza da dívida e meio, condições e

prazo para pagamento, antes de efetivar a inscrição.

Artigo 3º – Para efetivar a inscrição, as empresas que

mantêm os cadastros de consumidores residentes no Estado

de São Paulo deverão exigir dos credores documento que

ateste a natureza da dívida, sua exigibilidade e a

inadimplência por parte do consumidor.

Assim, temos que a inclusão da informação em cadastros da

Requerida, deve ser precedida de comunicação, o que não ocorreu no caso em

tela.

DO DANO MORAL

O dano moral sofrido pela parte Autora no caso em tela é

puro, uma vez que o débito que gerou a negativação é indevido, mas mesmo assim

teve seu nome enviado e mantido para os órgãos de proteção ao crédito

indevidamente.

Destarte, os danos morais estão caracterizados, visto que

vinculados ao comportamento inadequado da Requerida, sendo dispensáveis

outras provas para tanto, haja vista que, pelo fato de ter sido equiparado a mau

pagador, sem a indispensável comunicação, o autor sofreu angústia e desgosto.

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Desta forma, os danos morais se fazem presentes,

sobretudo porque quem foi considerado inadimplente sem ao menos ser

comunicado de tal circunstância, já teve o patrimônio imaterial atingido, sendo

desnecessárias outras provas.

Inclusive, o art. 5º, X, da Constituição Federal de 1988,

dispõe que, “...são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material

ou moral decorrente de sua violação”.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, a defesa do

consumidor, de acordo com o art. 5º, XXXII, será promovida pelo Estado, na

forma da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do

Consumidor).

Como lembra o ilustre Jurista Clóvis Beviláqua, a noção de

abuso de direito ainda não cristalizou de modo definitivo, pois, segundo alguns, o

abuso de direito está no seu exercício, com a intenção de prejudicar a alguém,

enquanto outros entendem que se trata de ausência de motivos legítimos, na

prática de certos atos, sendo ainda que uma terceira corrente de juristas

associa tal noção à negligência, imprudência ou intenção de prejudicar. Em

síntese, enfatiza Clóvis Beviláqua, “Abusar do direito é servir-se dele,

egoísticamente, e não socialmente”.

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É a infração consciente do dever preexistente, ou o

propósito de causar dano a outrem, segundo o Ilustre Jurista Caio Mário da Silva

Pereira, in Instituições do Direito Civil, V. I, pág. 458, Ed. Forense.

DA FINALIDADE DA REPARAÇÃO

A doutrina aponta duas forças convergentes na ideia da

reparação do dano moral: uma de caráter punitivo ou aflitivo (castigo ao ofensor)

e outra compensatória (compensação como contrapartida do mal sofrido).

Busca-se, de um lado, atribuir a vítima uma importância em

dinheiro para que ela possa amenizar seu sofrimento, adquirindo bens ou

permitindo a fruição de outras utilidades ajudem a aplacar o seu sofrimento. O

dinheiro funciona como um lenitivo ou um sucedâneo da lesão moral, já que se

mostra impossível o retorno à situação original nessa espécie de dano.

Como na vida, bons e maus momentos se alternam com

frequência, buscando ambos um equilíbrio, ninguém duvida, por exemplo, da

enorme satisfação de pagar estudos ou tratamento médico a um filho com o

produto da indenização por dano moral, quando antes isto não fosse

economicamente possível à vítima.

De outro lado, a compensação da vítima mediante o

recebimento de uma quantia em dinheiro deve servir para impor uma pena ao

lesionador, de modo que a sua diminuição patrimonial opere como um castigo

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substitutivo do primitivo sentimento de vingança privada do ofendido.

Num mundo cada vez mais capitalista, a pena expressa em

pecúnia deve assumir relevante significado, contribuindo para que o autor dos

danos morais sinta efetivamente em seu próprio bolso, principalmente se for o

fornecedor de produtos ou serviços.

Esta dupla finalidade compensatória e punitiva constitui o

meio que o Estado tem de alcançar a restauração da ordem rompida com a

prática da lesão moral.

Nesse sentido, a fixação do valor da indenização deve ser

inibitória, a ponto de que a Requerida possa ter um serviço seguro, deixando de

trazer transtornos e constrangimentos no cotidiano das pessoas.

DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

O artigo 294, parágrafo único do Novo Código de Processo

Civil, aduz que:

Art. 294: A tutela provisória pode fundamentar-se em

urgência ou evidência.

Parágrafo único: A tutela provisória de urgência, cautelar

ou antecipada, pode ser concedida em caráter

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antecedente ou incidental.

No que tange a sua concessão, disciplina o artigo 300 do

Novo Código de Processo Civil:

Art. 300: A tutela de urgência será concedida quando

houver elementos que evidenciem a probabilidade do

direito e o perigo de dano ou risco o resultado útil do

processo.

Assim, os requisitos para a concessão da tutela de urgência,

funda-se no periculum in mora e no fumus boni iuris , segundo expressa

disposição do Código de Processo Civil em seu artigo 300 acima transcrito.

Toda negativação gera dano de difícil reparação,

constituindo abuso e grave ameaça, abalando o prestígio creditício da parte

Autora.

Verifica-se que a situação da parte Autora, atende,

perfeitamente, a todos os requisitos esperados para a concessão da medida

satisfativa antecipada, pelo que se busca que Vossa Excelência determine que a

Requerida suspenda as negativações dos dados da parte Autora junto ao rol de

inadimplentes mantidos pela Requerida, em especial referente a 03 (três)

ocorrências de negativações dos quais foram devolvidos por insuficiência de

fundos, conforme se verifica pelo documento anexo, até o julgamento final da

presente, sob pena de ser arbitrado multa diária no valor de R$ 200,00

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(duzentos reais).

DO PEDIDO

Face ao exposto, vem a parte Autora à presença de Vossa

Excelência requerer que seja concedida a tutela de urgência antecipada acima

postulada determinando que a Requerida faça a imediata suspensão dos dados da

parte Autora do rol de inadimplentes, referente a 03 (três) ocorrências de

negativações, até o julgamento final da presente, sob pena de ser arbitrado

multa diária no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) caso de descumprimento da

ordem judicial, até o julgamento final da presente, e, no mérito, a procedência da

presente ação para o fim de condenar o Requerido a cancelar em definitivo os

registros de negativações do nome da parte Autora nos termos do artigo 43, §

2º, do Código de Defesa do Consumidor, da Súmula 359 do STJ e da Lei

Ordinária 15.659 DE 09 DE JANEIRO DE 2015, e consequentemente, que seja

a empresa Requerida condenada a pagar uma indenização pelos danos morais

sofridos pela parte Autora, que fica desde já postulado em R$ 20.000,00 (Vinte

Mil Reais), bem como nas custas processuais e os honorários advocatícios, na

forma da Lei.

E ainda, requer a inversão do ônus da prova, por força do

artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Que seja concedido a parte Autora os benefícios da Justiça

Gratuita, vez que não possui condição financeira de pagar as custas processuais e

honorários advocatícios, sob pena do próprio sustento, juntando para tanto

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Declaração de Pobreza, do qual segue anexa.

Requer provar o alegado por todos os meios de prova em

direito admitidos, sem exceção de quaisquer, desde já requeridas, em especial

pela prova pericial, depoimento pessoal do representante legal da Requerida,

oitivas de testemunhas, juntada de novos documentos, expedição de ofícios,

entre outras necessárias para o deslinde da presente.

Por fim, diante de toda documentação juntada, informa que

NÃO TEM INTERESSE em realização de audiência de conciliação ou mediação;

Dando à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP, 18 DE MARÇO DE 2016.

MÁRCIO SALES FALCÃO


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