Você está na página 1de 4

Série e Transformada de Fourier

30 de abril de 2011

1 Forma complexa da série de Fourier


A equação da série trigonométrica:
1 ∑∞
nπ ∑∞

f (x) = a0 + an cos x+ bn sin x (−L ≤ x ≤ L), (1)
2 n=1
L n=1
L

pode ser ser reescrita de outra forma, se considerarmos:


nπ 1 inπ x
(e L + e− L x )
inπ
cos x =
L 2
nπ 1 inπ x
(e L − e− L x ), (2)
inπ
sin x =
L 2i
e convenientemente denimos:
1
cn = (an − ibn ), se n < 0
2
1
c−n = (an + ibn ), se n > 0 (3)
2
1
c0 = a0 , se n = 0.
2
Introduzindo as equações (2) e (3) em (1), temos:
∑∞ [ ]
1 an inπ x − inπ bn inπ x − inπ
f (x) = a0 + (e L + e L ) + (e L − e L )
x x
2 n=1
2 2i
[( ) ( ) ]
a0 ∑

an − ibn inπ an + ibn − inπ x
= + eL + x
e L (4)
2 n=1
2 2
∞ (
∑ )
inπ
x − inπ x
= c0 + cn e L + c−n e L

n=1

Escrevendo os primeiros termos de f (x):


+ c1 e L x + c−1 e− L x + c2 e + c−2 e− + c−n e−
i0π iπ iπ 2iπ 2iπ inπ inπ
f (x) = c0 e L
x L
x L
x
+ . . . + cn e L
x L
x
, (5)

notamos que podemos reescrever (4) como:




(6)
inπ
x
f (x) = cn e L

n=−∞

1
Para calcularmos os coecientes cn , multiplicamos a equação (5) por e− e inte-
inπ
L
x

gramos no intervalo [−L, L]:


∫ L ∫ L ∫ L ∫ L
− inπ − inπ − inπ
e− e− L x dx
iπ inπ iπ
x x x x x
f (x)e L dx = c0 e L dx + c1 e L e L dx + c−1 L

−L −L −L −L
| {z }
(a)
∫ L
(7)
− inπ x inπ
x
+ . . . + cn e L e L dx .
−L
| {z }
(b)

Para resolvermos (a), devemos lembrar que se (n 6= m):


∫ L ∫ L
iπ(m−n)
− inπ
e−
imπ
x x x
e L e L dx = L dx
−L −L
[ ]L (8)
L −
iπ(m−n)
=− e L
x
= 0,
iπ(m − n) −L

e para (b): ∫ ∫
L L
− inπ
(9)
inπ
x x
cn e L e L dx = cn dx = 2Lcn ,
−L −L

logo (7) ca: ∫ L


f (x)e−
inπ
x
L dx = 2Lcn
−L
∫ L
1
f (x)e−
inπ
cn = L
x
dx. (10)
2L −L

Tanto a forma complexa quanto a forma trigonométrica da série de Fourier são análo-
gas. Agora, uma pergunta interessante é: o que acontece se o período da função f (x) que
foi reescrita como uma série de Fourier aumentar tanto que se torne um pulso único? Ou
seja, como ca a série se L → ∞?

2 Transformada de Fourier
Vemos claramente que os coecientes cn da equação (10):

lim cn = 0.
L→∞

Propomos então a substituição ω = nπ/L. Induzimos ainda uma variação em ω , que


produzirá uma variação em n. E como ∆n = 1, pois na série complexa, n é natural,
temos:
π 1 ∆ω
∆ω = ∆n → = .
L 2L 2π
Então as equações (6) e (10), cam:


f (x) = cn eiωx (11)
n=−∞

2
∫ L ∫ L
1 −iωx ∆ω
cn = f (x)e dx → cn = f (u)e−iωu du. (12)
2L −L 2π −L
(A variável de cn foi mudada de x para u para evitar confusões futuras.)

Substituindo (12) em (11):


∑∞ [ ∫ ]
∆ω L −iωu
f (x) = f (u)e du eiωx
n=−∞
2π −L

∑ ∆ω L
∞ ∫
= f (u)ei(x−u)ω du (13)
n=−∞
2π −L

1 ∑

= F (ω)∆ω
2π n=−∞

onde: ∫ L
F (ω) = f (u)ei(x−u)ω du (14)
−L
Nota-se então do último passo da equação (13) que esta se assemelha a representação
de uma integral quando ∆ω tende à zero. Se zermos L tender ao innito, isto é, fazer com
que o período de f (x) tenda ao innito, poderemos somar innitos termos innitesimais
dω que será o mesmo que somar deslocamentos nitos ∆ω :
lim ∆ω = lim π/L = 0,
L→∞ L→∞

vê-se que a soma não divergirá e o somatório pode ser representado formalmente por uma
integral. A equação (14) ca:
∫ ∞
F (ω) = f (u)ei(x−u)ω du (15)
−∞
∑∞ ∫∞
Substituindo então F (ω)∆ω por −∞ F (ω)dω e (15) em (13):
−∞
∫ ∞∫ ∞
1
f (x) = f (u)ei(x−u)ω dudω
2π −∞ −∞
∫ ∞ ∫ ∞ (16)
1
= iωx
e dω f (u)e−iωu du
2π −∞ −∞

Se denirmos g(ω) como:


∫ ∞
g(ω) = f (u)e−iωu du (17)
−∞

e a equação (16) se torna: ∫ ∞


f (x) = g(ω)eiωx dx, (18)
−∞
ou de forma mais moderna, mais simétrica e mais bonita:
∫ ∞
1
F{f (x)} = F (ω) = √ f (x)eiωx dx (19)
2π −∞
∫ ∞
−1 1
F{F (ω)} = f (x) = √ F (ω)e−iωx dω (20)
2π −∞

3
que nada mais são do que as famosas Transformada de Fourier, equação (19), e a Trans-
formada Inversa de Fourier, equação (20).
Podemos também denir a transformada para o caso bidimensional, que será interes-
sante para nós:
∫ ∞∫ ∞
1
F{f (x, y)} = F (ω, κ) = √ f (x, y)ei(ωx+κy) dxdy (21)
2π −∞ −∞
∫ ∞∫ ∞
1
F{F (ω, κ)} = f (x, y) = √ F (ω, κ)e−i(ωx+κy) dωdκ. (22)
2π −∞ −∞

Você também pode gostar