Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT


ENGENHARIA ELÉTRICA – ELE
DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA ANALÓGICA - LEL
ALUNOS: CAETANO PERUCHI DE PELLEGRIN
THIAGO WEISS COLZANI
DIA: 29/11/2021

LABORATÓRIO 7A – AMPLIFICADOR INTEGRADOR INVERSOR

O presente relatório busca mostrar o estudo experimental referente à construção


e comportamento do amplificador operacional em sua configuração como
integrador inversor, de modo a analisar suas variações quanto ao ganho da
tensão de saída, saturação e operação ao longo de diferentes frequências.

Figura 1: Pinagem AMPOP LM741

Fonte: Vincence (2021)

Componentes utilizados:
Amplificador operacional LM741 – Qtd: 1;
Resistor 1 kΩ – Qtd: 2;
Resistor 100 kΩ – Qtd: 1;
Capacitor 1nF – Qtd: 1;
Embasamento teórico:
Circuito 1 – Amplificador Integrador Inversor:

Partindo da análise do circuito integrador inversor em sua forma ideal, denota-


se que as entradas inversora e não inversora compartilhem de uma tensão nula,
de modo que a tensão sobre o resistor R seja equivalente a tensão de entrada
𝑣𝐼 (𝑡) a qual pode ser associada a uma corrente 𝑖𝑅 (𝑡) que, de igual modo, varia
com o tempo.
Figura 2: Circuito do Amplificador Inversor Integrador (Ideal).

Fonte: Sedra (2015)

Devido à idealidade do amp-op, esta mesma corrente é conduzida ao longo do


capacitor C, a qual pode ser associada à derivada da tensão 𝑣𝐶 (𝑡) no capacitor:
𝑑[𝑣𝐶 (𝑡)] 1
𝑖𝐼 (𝑡) = 𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 ∗ → 𝑣𝐶 (𝑡) = ∫ 𝑖𝑐 (𝑡)𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝐶
Para fins de análise, será considerado o início de funcionamento de sistema em
t = 0s, o que impacta na inserção de uma variável 𝑉𝐶 , a qual define a tensão
inicial do capacitor em questão:
1 𝑡
𝑣𝐶 (𝑡) = ∫ 𝑖 (𝑡)𝑑𝑡 + 𝑉𝐶
𝐶 0 𝑐
É possível ainda associar esta expressão com aquela que define a corrente
sobre o resistor R, descrita anteriormente:
𝑣𝐼 (𝑡)
𝑖𝐼 (𝑡) =
𝑅
Bem como com a expressão que define a tensão de saída do circuito, associada
com a tensão do capacitor:
𝑣𝑜 (𝑡) = −𝑣𝐶 (𝑡)
Ao relacionar estas três expressões, é possível obter o comportamento do
circuito a partir das tensões de entrada e saída:
1 𝑡
𝑣𝑜 (𝑡) = − ∫ 𝑣 (𝑡)𝑑𝑡 + 𝑉𝐶
𝐶𝑅 0 𝐼

Passa-se agora a analisar tal expressão no domínio da frequência por meio da


Transformada de Laplace, de modo a obter a seguinte função de transferência
em malha fechada:
𝑉𝑖 (𝑠) 𝑉𝑜 (𝑠) 1
+ 𝑉𝑜 (𝑠) ∗ 𝑠𝐶 = 0 → =−
𝑅 𝑉𝑖 (𝑠) 𝑠𝐶𝑅

Ao relacionar ainda com a Transformada de Laplace, com 𝑠 = 𝑗𝜔, se obtém:


𝑉𝑜 (𝑗𝜔) 1
=−
𝑉𝑖 (𝑗𝜔) 𝑗𝜔𝐶𝑅

Em análise de tal expressão quanto à magnitude e fase é possível obter as


seguintes relações:
𝑉𝑜 1
| |= , 𝜙 = +90º
𝑉𝑖 𝜔𝐶𝑅

É possível então analisar o comportamento de tal circuito a partir de um diagrama


de Bode, onde verifica-se um polo na origem. O sistema comporta-se como um
filtro passa-baixas, com o módulo em decadência a uma faixa de 20 dB/década
(ou 6 dB/octave).
Figura 3: Diagrama de Bode para o Amplificador Inversor Integrador.

Fonte: Sedra (2015)


Em frequência nula, ou seja, com a operação em corrente contínua, verifica-se
que este circuito funciona ‘em aberto’, uma vez que a realimentação negativa é
realizada por um capacitor (componente que é circuito aberto para corrente
contínua), e acaba por saturar a saída do sistema.
Um circuito diferente foi proposto a solucionar este comportamento, denominado
como amplificador integrador prático.
Figura 4: Amplificador Inversor Integrador (Prático).

Fonte: Sedra (2015)

Este novo circuito apresenta um resistor acoplado em paralelo ao capacitor de


modo a operar como uma realimentação que evita o ganho infinito para corrente
𝑅
contínuas, o qual agora é regido pela expressão − 𝑅𝐹.

Denota-se para esta nova configuração uma mudança também na função de


transferência, uma vez que o resistor 𝑅𝐹 altera o polo da expressão:
𝑉𝑜 (𝑠) 𝑅𝐹 /𝑅
=−
𝑉𝑖 (𝑠) 1 + 𝑠𝐶𝑅𝐹

A partir de tais relações, bem como a análise do diagrama de Bode, é possível


obter seus comportamentos a partir de uma frequência de corte, dada por:
1
𝜔𝑐 = 2𝜋𝑓𝐶 = → 𝑓𝐶 = 159 𝐻𝑧
𝐶𝑅𝑓

Com isso, identifica-se o ganho do circuito para as duas regiões do diagrama


𝑉𝑜 𝑅𝑓
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝜔𝑐 : | | = = 100 𝑉/𝑉
𝑉𝑖 𝑅𝑖
𝑉𝑜 1
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝜔𝑐 : | | = = 100 𝑉/𝑉
𝑉𝑖 𝜔𝑐 𝑅1 𝐶
Procedimentos Experimentais:
Com as novas normativas em virtude da situação de pandemia do COVID-19 os
experimentos foram efetuados presencialmente e de maneira controlada sob
observação do professor Marcos Bressan.
Os seguintes procedimentos foram executados para cada configuração do
amplificador de modo a obter seus respectivos ganhos e analisar seus
comportamentos práticos:
• Montagem e energização do circuito da Figura 2;

• Análise DC da saída do circuito;

• Fornecimento de uma onda triangular de 70 mVp de amplitude e 100 Hz


de frequência por meio de um gerador. Análise do circuito para uma
variação de frequência até 100 kHz enquanto a manter a saída em um
valor mínimo de 50 mVp a fim de evitar a saturação;

• Fornecimento de uma onda senoidal para análise CA do circuito a fim de


realizar a medição de ganho e fase em diversas frequências;

• Remoção do resistor de 100 k a fim de observar o comportamento do


ganho em função da frequência;
Desenvolvimento Experimental e Análise de Resultados:
Utilizou-se do software LTSpice XVII a fim de analisar os parâmetros do circuito
do amplificador a fim de comparar e avaliar frente aos resultados obtidos. A
Figura X abaixo apresenta o sistema do amplificador montado.
Figura 5: Montagem virtual do Amplificador Inversor Integrador (Prático).

Fonte: Autores (2021)

Análise DC:
Inicialmente verificou-se o comportamento de DC do circuito por meio do
aterramento de suas entradas inversoras e não inversoras. A tensão de saída
obtida mostrou-se próxima de:
𝑉𝑂 = 105,29 𝑚𝑉

Percebe-se que, apesar do aterramento, há ainda a presença de certo valor de


tensão, oriundo este da tensão de offset do componente. Conforme descrito
anteriormente, para a operação em corrente contínua, o amp-op opera como um
circuito não inversor. Visto que a tensão de offset é representada conectada ao
terminal não inversor, é possível deduzir o impacto de um ganho sobre seu valor
real.
Pode-se obter a tensão offset do circuito em questão ao tomar a seguinte
equação de ganho:
𝑅𝑓 100𝑘 𝑉
𝐴𝑂𝑆 = (1 + ) = (1 + ) = 101
𝑅 1𝑘 𝑉
𝑉𝑂 105,29𝑚
𝐴𝑂𝑆 = → 101 = → 𝑉𝑂𝑆 = 1,04𝑚𝑉
𝑉𝑂𝑆 𝑉𝑂𝑆

Ainda em análise DC, verifica-se que, em caso de alimentação de tensão no


resistor da entrada inversora, o capacitor uma vez mais irá ‘abrir’ e o circuito irá
então operar como um sistema inversor. Assim, a tensão de saída será regida
pela seguinte equação de ganho:
𝑅𝑓
𝑉𝑂 = − ∗ 𝑉𝑖
𝑅

Análise para uma tensão de entrada triangular de 70mVp:


Optou-se para análise primária as tensões na faixa de frequência de 100 Hz.
Apesar de anterior ao ponto onde encontra-se a frequência de corte, é possível
já verificar a atuação integradora do circuito, a qual já modifica a forma de onda
triangular para uma senoidal.
Figura 6: Resposta de tensão do Integrador Inversor (Frequência: 100 Hz).

Fonte: Autores (2021)


No Anexo A é possível observar as consequentes respostas para frequências
maiores.

Análise AC:
A Figura 7 avalia o ganho em decibéis em função da frequência. Denota-se a
mudança de comportamento para o ganho em virtude da frequência de corte
estimada, em alternância de um circuito inversor para um circuito integrador
inversor.
Figura 7: Resposta ganho em função da frequência (Frequência: 100 Hz).

Fonte: Autores (2021)


Já a Figura 8 demonstra a obtenção da defasagem entre as ondas de tensão a
fim de associar os resultados experimentais práticos e simulados, os quais são
esboçados nas Tabelas 1 e 2.
Figura 8: Análise de ganho e defasagem na frequência (Frequência: 1 kHz)

Fonte: Autores (2021)

Tabela 1: Ganhos e defasagens (Experimental prático)

Frequência (Hz) Ganho (V/V) Fase (º)


1k 15,71 97,92
5k 3,06 92,16
50k 0,33 85,71
100k 0,17 81,44
Fonte: Autores (2021)

Tabela 3: Ganhos e defasagens (Simulado)

Frequência (Hz) Ganho (V/V) Fase (º)


1k 15,48 98,81
5k 3,09 92,16
50k 0,32 86,84
100k 0,17 83,66
Fonte: Autores (2021)
Análise sem o resistor de realimentação:

Observa-se que com a retirada do resistor de realimentação há grande influência


da saturação sobre a tensão de saída do amplificador, a qual é limitada pela
tensão de alimentação +-10V mas que porém não atinge tal valor devido às
quedas de tensão interna do amplificador. Verifica-se a atenuação do sinal
conforme há o aumento da frequência visto a influência e o comportamento do
capacitor conforme descrito anteriormente.
Figura 9: Análise do circuito sem resistor de realimentação

Fonte: Autores (2021)


Conclusão:

Os resultados obtidos maneira distinta se mostraram majoritariamente próximos,


esperados para este tipo de circuito, enquanto alguns erros que interferiram nas
medidas foram justificados pela devida análise teórica e associação de fatores
inlfuentes.

Pode-se evidenciar a operação de integração de sinal do amplificador e suas


variações ao longo da frequência a partir da análise do Diagrama de Bode do
circuito e comparação com os parâmetros calculados teoricamente. Notou-se
que, por relações construtivas e internas do amplificador, alguns dos valores
eram impactados, seja na faixa de frequência de corte ‘útil’ para a devida
mudança de comportamento ou ainda a variação de ‘estado’ do capacitor de
acordo com a frequência.

Algumas variações menores são oriundas de pequenas margens de erro de cada


componente, como a faixa de variação de 5% para os resistores, bem como a
impedância dos fios e cabos utilizados nas conexões, e até mesmo o mal
posicionamento do amplificador nos orifícios da protoboard pode ser responsável
por uma variação brusca.

Outra importante consideração é a leitura fornecida pela fonte de tensão, a qual,


vista em comparação com as medições do osciloscópio apresenta valores
diferentes do display.

Referências bibliográficas:
R. L. Boylestad, Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos, 11ª Edição, 2013.
V. C. Vicence, Laboratório 6 – Amplificador Subtrator, 2021.

SEDRA, Adel S; SMITH, Kenneth Carless. Microeletrônica. 5. ed. São Paulo: Prentice-
Hall, 2015. 848 p.
ANEXO A

Figura 10: Resposta de tensões no software LTSpice XVII (1 kHz)

Fonte: Autores (2021)


Figura 11: Resposta de tensões no software LTSpice XVII (10 kHz)

Fonte: Autores (2021)


Figura 12: Resposta de tensões no software LTSpice XVII (50 kHz)

Fonte: Autores (2021)


Figura 13: Resposta de tensões no software LTSpice XVII (100 kHz)

Fonte: Autores (2021)

Você também pode gostar