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Linhas Orientadoras de Resposta AF 5 ID
Linhas Orientadoras de Resposta AF 5 ID
3. Dinâmica do Direito
3.1. A dupla tridimensionalidade do Direito
Apesar de o universo jurídico conter alguns elementos de ficção (exemplificados pelo
facto de os ovos, a lã ou os juros serem, juridicamente, tratados como frutos – p. 171), ele
é, sobretudo, concreto, um facto social com o qual os cidadãos lidam diariamente, mesmo
não sendo especialistas.
Assim, o Direito pode ser encarado como um fenómeno tridimensional: é,
simultaneamente, facto, valor e norma. Para além disso, o Direito é também
tridimensional no que diz respeito às suas funções, pelo que podemos falar de uma dupla
tridimensionalidade, conforme a teorização do jurista conservador brasileiro, Miguel
Reale.
a) Tridimensionalidade fenoménica:
i. Direito como facto: O Direito é uma criação humana; porém, como diz respeito a factos
reais (naturais ou humanos) e cria factos, é, ele próprio, um facto. Com Kelsen (apud p.
174), pode-se dizer que o Direito transforma tudo o que toca em matéria jurídica;
ii. Direito como valor: ao lidar com factos, o Direito confere-lhes sentido ao analisá-los,
medi-los, sob o prisma de valores como a liberdade, igualdade, paz, segurança, etc.,
subordinados ao valor-fim da justiça. Assim, os valores mencionados funcionam como
“filtros” do Direito que, por seu turno, os impõe sobre a sociedade;
iii. Direito como norma: este é o aspeto mais facilmente reconhecível do Direito. Após
analisar os factos e os valorar, o Direito produz normas, regra geral escritas.
b) Tridimensionalidade funcional:
i. Avaliar: ao relacionar os factos que são postos à sua análise, “o Direito frequentemente
mede. E medir é uma forma de conhecer e avaliar” (p.175);
ii. Dirigir: a partir da avaliação dos factos, o Direito frequentemente emite recomendações
ou imposições (permissão, proibição, etc.). Quando o faz, exerce a sua função diretiva;
iii. Decidir: o Direito decide tanto quando um juiz dá razão a uma das partes em
determinado caso, como quando um funcionário pratica um ato administrativo (que
implica sempre uma decisão sobre o modo mais adequado de agir).