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Tempo de incidência dos gols em equipes de diferentes níveis competit... http://www.efdeportes.com/efd101/futsal.

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Tempo de incidência dos gols em equipes


de diferentes níveis competitivos na
copa do mundo de futsal
*Aluno do Programa de pós-graduação em Saúde Pública -
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP Raphael Mendes Ritti Dias*
**Aluno do Programa de pós-graduação em Educação Física e Sociedade - Wilton Carlos de Santana**
Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP rdias@usp.br
Especialização em Futsal, Universidade Norte do Paraná, Londrina-PR (Brasil)

Resumo
Objetivo: Verificar o tempo de incidência de gols (TIG) e as diferenças deste em equipes de diferentes níveis competitivos.
Métodos: Foi analisado o TIG das seleções participantes do Campeonato Mundial de Futsal 2004. O tempo total de jogo foi
dividido em 04 períodos de 10 minutos. Para comparação do TIG em equipes de diferentes níveis competitivos, as seleções foram
divididas em 03 escalões, de acordo com a classificação final do campeonato: escalão A (equipes semifinalistas), escalão B
(equipes que chegaram à segunda fase) e escalão C (equipes que não passaram da primeira fase). A análise estatística foi feita
mediante estatística descritiva; para apresentação dos resultados, e teste de Wilcoxon; para comparação do TIG entre os
diferentes períodos do jogo.
Resultados: Ao final do campeonato foram marcados 238 gols. Houve maior incidência de gols no 4º período. Quando
comparado o TIG dentro de cada escalão, verificou-se que no escalão A não existiu diferença significante entre os diferentes
períodos. Por outro lado, houve diferenças significantes entre os períodos nos escalões B e C.
Conclusões: O TIG é diferenciado em equipes de diferentes níveis competitivos. Além disso, os resultados sugerem que a
regularidade de gols em todos os períodos do jogo parece ser uma meta a ser alcançada, uma vez que as quatro melhores
equipes do mundo apresentaram esse comportamento. Contudo, seria relevante a realização de mais estudos com este enfoque
para a confirmação dessas hipóteses.
Unitermos: Futsal. Gols. Períodos. Campeonato mundial.

Abstract
Objective: Verify the time of goals incidence (TGI) and its difference in teams with different competitive levels. Methods:
TGI of the 2004 Futsal world championship participant teams was analyzed. The total game period was divided in 4 periods of 10
minutes each. Teams were divided in 3 competitive levels for the comparison of TGI, according to the final championship result:
level A (semifinalist teams), level B (teams that reached the second phase) and level C (teams that did not reach the second
phase). Descriptive statistics was used to present the results. Wilcoxon test was used for TGI comparison between different
teams level and different periods of the game. Results: 238 were scored by the end of the championship. There was greater
goals incidence in the 4º period. TGI compared in different periods within each level, the results show no significant differences
among periods in level A teams. However, there were significant differences in the TGI in levels B and C among periods.
Conclusions: TGI presents differences in different competitive level teams. Nevertheless, for the agreement of this hypothesis,
more studies would be necessary.
Keywords: Futsal. Goals. Periods. World championship.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 101 - Octubre de 2006

1/1

1. Introdução
Sob direção da FIFA nos últimos 15 anos (FIGUEIRÊDO, 2004), o futsal ganhou maior visibilidade
em nível internacional. Algumas evidências ratificam, minimamente, tal assertiva, como, por
exemplo, a regularidade da Copa do Mundo - 1989 (Holanda), 1992 (Hong Kong), 1996 (Espanha),
2000 (Guatemala) e 2004 (China); a participação, no último Mundial, de dezesseis países dos cinco
continentes; a confirmação da sua inclusão nos Jogos Pan-Americanos de 2007; a filiação à FIFA de
mais de 130 países praticantes de futsal (SAAD, 1997). Por conseguinte, é possível constatar que o
futsal encontra-se em franca ascensão e sinaliza para um futuro promissor.

O futsal, a exemplo do basquetebol, do futebol e do handebol, é um jogo de invasão (quanto à


ocupação do espaço), de luta direta pela posse da bola (quanto à disputa da bola), de circulação da
bola (quanto às trajetórias predominantes), em que predominam, do ponto de vista energético-
funcional, esforços intermitentes, mistos alternados (aeróbio-anaeróbio) (GARGANTA, 1998). Daí

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acharmos que a característica mais pontual do jogo de futsal seja o dinamismo, traduzido pela
marcação intensa, passe acelerado, constante perda e recuperação da posse de bola,
movimentações constantes sem a posse da bola, situações de superioridade/inferioridade e
igualdade numéricas, diversidade de situações (SANTANA, 2004), solicitações metabólicas intensas,
visto que são realizados freqüentes deslocamentos rápidos e curtos, com mudanças de direção e
paradas bruscas (ARAÚJO et al, 1996).

O que teria contribuído para que o futsal chegasse a esse patamar? Pensamos que muito se deve
a alguns dispositivos regulamentares. Por exemplo, a regra 03 prevê um número ilimitado de
substituições de jogadores, o que permite aos técnicos o revezamento constante destes e, por
extensão, a possibilidade de se manter a intensidade das movimentações durante toda a partida.
Concomitantemente a isso, uma outra característica do jogo de futsal que explica o seu dinamismo,
e em particular que mais interessa para este estudo, é a possibilidade iminente de se fazer gols.
Diríamos, inclusive, que dificilmente uma partida de futsal será jogada sem que se marquem tentos.
A Copa do Mundo de 2004 ratifica esta assertiva: foram marcados 238 gols em 40 jogos (média de
5,95 gols por partida). Em parte, a consecução de gols pode ser explicada por conta da escassez de
espaço (CHAVES & AMOR, 1998) - o jogo de futsal em nível internacional exige uma quadra com
dimensões entre 38 e 42 metros de comprimento e 18 e 22 metros de largura; isso faz com que os
jogadores, ao invadirem o campo adversário, estejam próximos à meta e, por isso, com grande
possibilidade de chutarem nesta (evidentemente que terão de imprimir ações técnico-táticas de
ataque que dêem conta disso). Outros dispositivos da regra incitam a concretização de gols:

A prorrogação da duração de qualquer período da partida para a execução de uma penalidade


máxima e de um tiro direto livre sem barreira, uma vez terminado o tempo regulamentar
(regra 08);

O gol válido diretamente de bola de saída (regra 09);

A validade do gol, mesmo quando do encerramento da partida, se a bola estiver na trajetória


da meta (tocando ou não no goleiro adversário) (regra 11);

A punição da equipe que faz jogo passivo, isto é, que tem condições de jogar a bola e,
intencionalmente, retarda o jogo (regra 12);

A atuação do goleiro fora da área de meta (regra 12);

A expulsão temporária de atleta que implica numa superioridade numérica momentânea para
uma das equipes (regra 12);

A vedação de barreira em tiros livres a partir da 6ª falta (regra 14);

A validade do gol diretamente de arremesso de canto (regra 18);

A lei da vantagem (anexo I).

Na medida em que a marcação de gols se constitui na meta principal das equipes (quem fizer
mais gols vence!) e mediante o fato de as regras do jogo induzir aquelas a marcá-los, nos
interessou verificar o tempo de incidência dos gols (TIG) e as diferenças deste em equipes de
diferentes níveis competitivos quando de jogos da Copa do Mundo de Futsal 2004.

Algumas perguntas, entre outras, serviram como norteadoras:

Em qual período do jogo aconteceram mais gols?

Em qual momento do jogo ocorreram mais (início, intermédio ou final)?

Equipes de diferentes níveis competitivos (primeiras colocadas, bloco intermediário e últimas


colocadas) apresentam, quanto ao TIG, desempenhos distintos?

Mas, qual a relevância disso? Pensamos que a revelação desses indicadores poderá contribuir
para que técnicos e preparadores físicos da modalidade mais bem compreendam a realidade de jogo
e, conseqüentemente, possam planejar e selecionar meios e métodos de treinamento afinados com
a demanda competitiva. PINTO e GARGANTA (1996) sustentam que os modelos de jogo, de
preparação e de jogador influenciam em larga medida o planejamento tanto do ensino como do
treino dos esportes coletivos. Concordamos com os autores: quanto mais se conhece do jogo maior
a possibilidade de se acertar quando do planejamento do treino.

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2. Métodos
2.1. Análise dos jogos

Foi analisado o TIG de todos os 40 jogos da Copa do Mundo de Futsal, realizado nos meses de
novembro e dezembro do ano de 2004. No total, foram marcados 238 gols.

Utilizamos como critério para efetuar a comparação da quantidade de gols entre as equipes de
diferentes níveis competitivos a classificação final que estas obtiveram no campeonato. Desta
forma, as equipes foram divididas em três escalões:

Escalão A (equipes que chegaram às semifinais): Espanha, Itália, Brasil e Argentina.

Escalão B (equipes que passaram para a segunda fase): Portugal, República Tcheca, Ucrânia
e Estados Unidos.

Escalão C (equipes que não passaram da primeira fase): Taiwan, Egito, Austrália, Tailândia,
Paraguai, Japão, Irã e Cuba.

A análise do tempo de ocorrência dos gols foi feita através da súmula dos jogos disponibilizada
pela FIFA durante a realização do Campeonato.

2.2. Tempo de incidência de gols

A análise do TIG foi feita dividindo-se o tempo total de jogo em quatro períodos de 10 minutos:

0-10 minutos: 1º quarto

11-20 minutos: 2º quarto

21-30 minutos: 3º quarto

31-40 minutos: 4º quarto

2.3 Tratamento estatístico

Para o tratamento dos dados foi utilizada estatística descritiva para apresentação dos gols e seus
períodos de ocorrência. Para a comparação entre a quantidade total de gols marcados em cada
período e a quantidade de gols marcados dentro de cada escalão foi utilizado o teste pareado de
Wilcoxon com p<0,05.

3. Resultados
A tabela 1 apresenta a média, desvio padrão quantidade mínima e máxima de gols marcados em
cada período do jogo. Os resultados indicam que durante o 4º quarto houve maior média de
incidência de gols em comparação aos outros períodos do jogo.

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A tabela 2 apresenta os resultados referentes à comparação entre a quantidade de gols marcados


entre os períodos dentro de cada escalão. Os resultados expressos na tabela 2 indicam que não
houve diferenças significantes entre a quantidade de gols marcados nos diferentes períodos no
escalão A. No escalão B, a quantidade de gols marcados no 1º e 3º quartos foram significantemente
inferior comparado à quantidade de gols marcados no 4º quarto. No escalão C, a quantidade de gols
marcados no 4º quarto foi significantemente superior aos demais períodos.

4. Discussão
Os resultados encontrados no presente estudo indicaram que o TIG entre equipes de diferentes
níveis competitivos foi diferenciado. Se por um lado não se constataram diferenças na quantidade de
gols marcados nos diferentes períodos de jogo entre as equipes mais bem classificadas (escalão A),
nos outros escalões, houve diferenças significantes quando comparados o número de gols feitos nos
três primeiros quartos com o número de gols feitos no último período (escalão B, no 1º e 3º quartos
e escalão C, no 1º, 2º e 3º quartos).

Outra constatação foi o fato de as equipes do escalão A terem obtido regularidade na quantidade
de gols marcados em todos os períodos, resultado que não se estende para os demais escalões.
Contudo, quando analisado a quantidade de gols marcados por todos os escalões conjuntamente,
verificou-se que a maioria dos gols ocorreu no último período de jogo. Esses resultados corroboram
com os encontrados por Bello Júnior (1998a) e Balzano (1999). No primeiro caso, analisou-se o TIG
durante a Copa Verão (SP) 1997, categoria principal. Foram marcados 319 gols em 31 jogos e os
resultados demonstraram que aproximadamente 30% dos gols marcados ocorreram quando dos 10
minutos finais de jogo. No segundo caso, analisou-se o TIG durante a 1ª fase da Liga Nacional de
Futsal 1999 e encontraram-se resultados semelhantes: foram marcados 199 gols em 28 jogos e os

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resultados indicaram que 35,17% dos gols ocorreram nos últimos 10 minutos de partida.
Acrescenta-se o estudo de Pedroso (2004), que ao analisar o TIG durante uma competição de futsal
feminino em nível nacional, observou uma maior incidência de gols nos últimos cinco minutos de
cada período de jogo.

Assim, parece que os minutos finais do jogo consistem num período crítico da partida, nos quais,
freqüentemente, são marcados muitos gols. Ratifica isso o fato de, no cenário deste estudo, em
aproximadamente 70% das partidas, terem sido assinalados gols nos últimos cinco minutos de jogo.
Bello Júnior (1998b) relata que a elevada incidência de gols nesse período está associada,
principalmente, aos preparos físico e emocional dos jogadores.

Balzano (1999) analisou, juntamente com o TIG, a origem dos gols em cada período. Os
resultados do estudo demonstraram que nos últimos 10 minutos de jogo 21,4% dos gols são
originados de jogadas com o goleiro-linha, 17,1% originados por jogadas de contra-ataque e 17,1%
de faltas sem barreira. Embora Voser (2003) tenha relatado que esses resultados podem ser
atribuídos principalmente ao desequilíbrio emocional, preparo físico comprometido e pela
desestrutura tática das equipes (devido ao elevado número de faltas coletivas), ressaltamos que as
opções táticas, por exemplo, de usar um goleiro-linha e de se jogar em contra-ataque, atendem a
uma demanda circunstancial de jogo e não implicam, necessariamente, que as equipes estejam
desequilibradas emocionalmente, e/ou com o preparo físico comprometido e/ou desestruturadas
taticamente. Dessa forma, parece-nos que a maior incidência de gols nos últimos 10 minutos pode
ser explicada tanto por componentes físicos e emocionais (não focados neste estudo e tampouco
nos citados anteriormente) como por opções táticas.

5. Conclusão
Concluímos que os achados parecem indicar que o resultado observado nas equipes finalistas
(padrão regular de gols em cada período) poderia ser utilizado como um referencial a ser alcançado
por todas as equipes, haja vista que se trata de um indicador obtido em situação de competição das
quatro melhores Seleções do mundo. Assim sendo, parece-nos que a busca pela regularidade
durante todo o jogo seria o modelo a ser perseguido pelas equipes de futsal. Entretanto, por se
tratar do primeiro estudo com esse enfoque, seria importante que mais estudos dessa natureza
sejam feitos para confirmarem as hipóteses levantadas.

Referências

Araújo LA, Andrade DR, Figueira AJ, Ferreira M. Demanda fisiológica durante o jogo de futebol
de salão, através da distância percorrida. Revista Brasileira da Associação dos Professores de
Londrina. 1996; 19: 12-20.

Balzano, ON. A ocorrência e origem dos gols em jogos de futsal profissional (Liga Nacional
1999) . Monografia (Graduação em Educação Física) - UFRS, Porto Alegre.

Bello Júnior N. Estatística. In: Bello Júnio N. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de
Janeiro: Sprint, 1998a. p.111-4.

Bello Júnior N. Evolução do jogo de futsal. In: Bello Júnior N. A ciência do esporte aplicada ao
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Chaves JLC, Amor JAR. Táctica y estrategia en fútbol sala: situaciones de ataque y defensa.
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Figueiredo V. A seleção brasileira de futsal através dos tempos. Fortaleza: Expressão gráfica,
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Garganta J. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: Graça A, Oliveira J (orgs). O
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Pedroso, IE. Estudo do nível de atenção das atletas de futsal feminino. 2004. Monografia
(Especialização em Futsal) - UNOPAR, Londrina.

Pinto J, Garganta J. Contributo da modelação da competição e do treino para a evolução do


nível de jogo no futebol. In: Oliveira J, Tavares F. Estratégia e táctica nos jogos desportivos

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colectivos. Porto: FCDEFUP, 1996. p.83-94.

Saad MA. Futsal: iniciação técnica e tática - sugestões para organizar a sua equipe. Santa
Maria: Editora da UFSM, 1997.

Santana WC. O raciocínio do treino. In: Santana WC. Futsal: apontamentos pedagógicos na
iniciação e na especialização. Campinas: Autores Associados, 2004. p. 129-132.

Voser R. A História, a Técnica e a Tática do futsal. In: Voser R. Futsal: Princípios técnicos e
táticos. Canoas: Editora da Ulbra, 2003. p. 83-152.

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