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UNIFESP – UC História do Brasil IV – 2021 – Prof. Clifford A.

Welch
Lara Mattos Lisboa Leite – 148115 – Turno: Noturno
Relatório de Leitura V
Referência: DIEGUES, Carlos. Bye bye, Brasil. 1979. Disponível em:
<https://vimeo.com/channels/1206590/91022842 > Acesso em 13/12/2021
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica. São Paulo,
Companhia das Letras, 1996. Pp. 280 – 333
Os capítulos citados de Warren Dean dissertam sobre não apenas a história, mas
as consequências imediatas da devastação da Mata Atlântica. Através de uma escrita
didática, o autor denuncia as atrocidades cometidas ao longo do tempo contra a
natureza brasileira, não importasse o tipo de governo ou o momento político. Na página
281, Dean aponta como o desenvolvimento econômico era, no ponto de vista popular
e das classes mais altas, um indicativo de erradicação da pobreza. Vincular o
desmatamento ao desenvolvimento não foi uma tarefa difícil, uma vez que aquele era
usado como premissa para justificar a construção de indústrias, ferrovias, entre outros,
o que traria empregos (em tese). Todavia, no capítulo 12, Dean pontua o fato de que as
pessoas eram contratadas apenas temporariamente, logo ficando sem emprego.
Em relação aos capítulos de Warren Dean, o filme “Bye bye, Brasil” faz uma
denúncia social grande e pertinente para a discussão. A eleição democrática de Getúlio
Vargas, o governo Juscelino Kubitscheck, dito desenvolvimentista, o golpe de 1964
contra a “ameaça comunista” de João Goulart; todos tiveram suas justificativas
governamentais, em certo ponto, ao redor das disputas por território e a preservação ou
não de certas áreas. Sendo assim, no filme de 1979, vê-se pela Caravana “Rolidei” os
impactos e as mudança sociais ocorridas pelas ações ou da falta delas em razão do
desenvolvimento social e econômico. O filme se inicia com o personagem Lorde
Cigano (José Wilker) pontuando que estaria “nevando no sertão, como na Suíça, na
Alemanha e na França, na Inglaterra e na Europa em geral; e nos Estados Unidos da
América do Norte, agora como em todo país civilizado do mundo, no Brasil também
tem neve!”. Essa fala mostra o desejo inerente de um progresso, uma vontade quase
delirante (como o fato de ver a neve no sertão) de se equiparar aos países mais
desenvolvidos, e que, para isso, seriam feitos sacrifícios. Os shows da Caravana só tem
atenção do público em espaços onde não existe televisão, além do fato de que a
Caravana usa novas formas de transportes, antes desconhecidas pelos moradores
humildes que não sabiam da existência das novas tecnologias. As personagens Ciço e
Dasdô, um jovem casal, segue a Caravana em busca de “uma vida melhor”. A
Amazônia e Brasília são muito citados no filme também, um exemplo de como a
ascensão social através do trabalho era buscada constantemente, mesmo que tendo que
viajar com uma caravana ao redor do Brasil. Neste contexto, conhecem povos
indígenas que representavam as relações entre estes povos e o colonizador, além da
aculturação causada por estes. No fim do longa-metragem, a conversa sobre a ida à
Brasília para conseguir emprego e vida digna é novamente retomada.
No que tange ao texto de Dean, é interessante pensar que, para se tornarem
polos econômicos, Amazonia e Brasília foram brutalmente desmatados e nada
conservados. A denúncia do autor ao fato de que a corrida pelo desenvolvimento
econômico no Brasil levou à quase extinção da Mata Atlântica apenas enfatiza a
necessidade de que os governos parem de apenas se preocupar com o avanço e foquem
em preservar e conservar o que já existe. A pobreza do solo para a construção de
indústrias traz a escassez de comida; a falta de empregos mesmo que com diversas
construções de fábricas traz a escassez de esperança.

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