A IMPORTÂNCIA DAS ENTREVISTAS PRELIMINARES NO PROCESSO
ANALÍTICO
Ariane Maria Rodrigues Da Silva (ane.rodrigues18@gmail.com)
Luana Timbó Martins De Amoreira (luanatm@gmail.com)
RESUMO
Este trabalho aborda a importância das entrevistas preliminares para o
processo analítico em uma clínica escola. Diferente do processo de triagem que busca identificar a demanda do sujeito para então fazer o devido encaminhamento, as entrevistas preliminares fazem parte de um processo psicanalítico e que ocorrem antes da análise propriamente dita. As entrevistas preliminares buscam três aspectos: primeiro a função sintomal, sendo necessário identificar os sintomas que o paciente traz e analisar se realmente se trata de uma demanda de psicanálise; a segunda função é a diagnóstica estrutural, ou seja, identificar se o paciente é neurótico, psicótico ou perverso; por último, faz-se necessário o estabelecimento da transferência que precisa ocorrer entre paciente e analista, o analisante deve identificar em seu analista uma pessoa que tenha o suposto saber. O paciente só é convidado a deitar-se no divã se houver o estabelecimento destas três funções, porém, observou-se que há vários pacientes que não querem ou não se sentem à vontade de se deitar, por isso que mais uma vez se fazem necessárias as entrevistas preliminares, pois enquanto ocorrem as mesmas, o paciente fica sentado e de frente para o analista, e caso o paciente não aceite se deitar, a análise ainda poderá continuar na mesma posição que se iniciou nas entrevistas. O primeiro contato com o paciente que busca o alívio de seu sofrimento psíquico em uma clínica escola geralmente se dá por meio de algumas perguntas já existentes na folha de registro sobre seu desenvolvimento, suas relações interpessoais, suas relações familiares, dentre outras perguntas. Mesmo assim, devemos levar em consideração a regra fundamental da psicanálise que versa sobre a associação livre, podendo o paciente falar livremente sobre o que surge em sua mente. Isso não impede que o analista-estudante possa fazer algumas perguntas com o intuito de colher os dados necessários para a abertura de prontuário, o que pode, inclusive, trazer certo conforto para alguns pacientes mais resistentes em iniciar sua fala. Para a psicanálise o que levará e permanecerá o paciente na clínica será o sentido que seu sofrimento tem para si. Percebe-se que por mais que o sujeito tenha consciência de seus sintomas, ele busca uma resposta para o alívio ou cura do mesmo. Por exemplo, no momento há um caso que acompanhamos, no qual o paciente se queixa inicialmente de ser hipocondríaco, porém, para que haja o alívio de seus sintomas é necessário que, juntamente com o analista, o paciente possa trazer para sua consciência associações de seus sintomas que estão em seu inconsciente, e isso se dará com o tempo de fala e escuta, com uma investigação profunda da história de vida desse sujeito, tentando entender como essa forma de funcionar se encaixa em sua vida. E para isso, faz-se necessário que o sujeito estabeleça as três funções ditas anteriormente para que haja a continuidade do tratamento.