Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
dos Materiais
Professor Me. Marcus Vinícius Paula de Lima
Professora Me. Paloma Morais de Souza
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini UNIFATECIE Unidade 2
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia Fortes, 2178, Centro,
Paranavaí, PR
Secretário Acadêmico (44) 3045-9898
Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
CURRÍCULO LATTES:
http://lattes.cnpq.br/6510045811479557
Professora Me. Paloma Morais de Souza
CURRÍCULO LATTES:
http://lattes.cnpq.br/0627052739373703
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Prezado (a) aluno (a), a partir de agora iremos iniciar uma grande jornada de in-
formação e conhecimento sobre este assunto cuja a aplicação interage com praticamente
todos os setores da ciência e tecnologia.
A ciência e tecnologia dos materiais está atrelada direta ou indiretamente ao coti-
diano de profissionais das mais variadas áreas, envolvendo desde o desenvolvimento de
sistemas eletrônicos cada vez mais avançados até a produção de novas próteses utilizadas
pela medicina, melhores aproveitamentos na construção civil, dentre outros.
Assim, juntos vamos conhecer os principais conceitos e definições que estão en-
volvidos neste assunto, estudar a evolução desta área ao longo do tempo e entender a
aplicação de mecanismos facilitadores na análise dos materiais, sempre relacionando o
conteúdo abordado com a realidade prática atual.
Na unidade I iniciaremos esta nossa jornada com uma introdução à ciência e a
engenharia de materiais, apresentando as definições e conceitos básicos da área, realizan-
do uma viagem temporal sobre a evolução do uso dos materiais e a sua classificação, e
introduzindo os princípios fundamentais de análise da estrutura química que compõe toda
a matéria, em sua escala atômica.
Prosseguindo, na unidade II aprofundaremos o nosso estudo sobre a composição
das microestruturas moleculares dos materiais, abordando a estrutura dos sólidos cristali-
nos e as imperfeições que nela existem.
Na unidade III vamos conhecer os princípios envolvidos nos mecanismos de difu-
são e a sua relevância para a diversidade de estruturas dos materiais. Você também será
apresentado a uma ferramenta extremamente útil para entendimento do comportamento
dos materiais, chamada de diagrama de fases. Iremos explicar o diagrama e analisar algu-
mas de suas aplicações.
Posteriormente, na unidade IV concluiremos a nossa disciplina abordando as pro-
priedades dos materiais. Você irá se aprofundar no significado de propriedade, compreen-
dendo a sua relação com a classificação dos materiais e conhecendo algumas técnicas
desenvolvidas para o seu melhor aproveitamento com base na resposta aos distintos
estímulos e esforços a que são submetidos, sejam eles mecânicos, elétricos, térmicos,
magnéticos ou ópticos.
Assim, convido você para que juntos possamos abordar os diversos tópicos desta
área da ciência imprescindível a humanidade, realizando um estudo de interligação entre
a teoria envolvida e a compreensão de sua aplicação prática, proporcionando um ótimo
desenvolvimento dos seus conhecimentos sobre a ciência e tecnologia dos materiais.
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos
Materiais
UNIDADE II.................................................................................................... 31
Estrutura de Sólidos Cristalinos e Imperfeições em Sólidos
UNIDADE III................................................................................................... 54
Mecanismos de Difusão e Diagrama de Fases
UNIDADE IV................................................................................................... 80
Propriedades dos Materiais
UNIDADE I
Introdução ao Estudo dos Materiais
para Engenharia e Estrutura dos
Materiais
Professor Me. Marcus Vinicius Paula de Lima
Plano de Estudo:
● Perspectiva histórica e o estudo da ciência dos materiais;
● Classificação dos materiais;
● Estrutura atômica;
● Ligações atômicas entre os sólidos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer um breve histórico da utilização de materiais
em engenharia e a classificação dos materiais;
● Compreender a estrutura atômica e os tipos
de ligações químicas dos átomos.
4
INTRODUÇÃO
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 5
1. PERSPECTIVA HISTÓRICA E O ESTUDO DA CIÊNCIA DOS MATERIAIS
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 6
Inicialmente, os humanos empregavam os materiais assim como os encontravam
na natureza, ou seja, não os trabalhavam. Portanto, as primeiras sociedades possuíam
acesso a um número bastante reduzido de materiais: argila, peles, madeira, pedra, entre
outros que se apresentam no estado natural.
Ao longo do tempo, no entanto, foram descobertas e aprimoradas técnicas para tra-
balhar novos materiais que possibilitaram que o homem começasse a aprender a modelá-los
e adaptá-los às suas necessidades. Através do emprego dessas técnicas descobriram-se
novos tipos de materiais com propriedades mais atrativas do que as encontradas somente
nos materiais dispostos na natureza. Ainda assim, até a época dos Grandes Descobrimentos,
predominavam a pedra, a madeira e o barro, sendo os metais empregados em menor escala.
Seguindo o desenvolvimento histórico das habilidades do homem para lidar com
os materiais, percebeu-se também que através de diferentes ferramentas de tratamento,
principalmente térmicos ou com a junção a novos constituintes, um material podia ter as
suas propriedades alteradas e aperfeiçoadas. Porém, até este ponto, os materiais eram
empregados por meio de um processo inteiramente seletivo, onde um conjunto específico
e limitado de materiais era avaliado e escolhia-se o tal cujas características se adequassem
melhor a finalidade proposta.
No entanto, gradualmente, foi-se aumentando as exigências e os padrões requeridos,
elevando assim a demanda de materiais de maior resistência, durabilidade e aparência. Nos
últimos 100 anos, a compreensão da estrutura dos elementos componentes dos materiais
possibilitou o entendimento de suas relações e a influência de tais sobre as suas propriedades.
Esse entendimento observado e elevado especialmente no século anterior per-
mite que tenhamos condições para modelar, de maneira significativa, os materiais e suas
características, fornecendo uma diversidade capaz de atender as variadas necessidades
atuais. Pense, por exemplo, nos meios de transporte modernos, que proporcionam conforto
e sofisticação ao cotidiano. Seria possível produzir automóveis, aviões, trens de alta velo-
cidade, sem o domínio de tecnologia para produção de materiais como aço, vidro, fibras,
entre outros? Evidentemente não.
Note então que o melhor aproveitamento dos materiais se deve ao desenvolvimento
de tecnologias para a sua modelagem, baseadas no conhecimento cada vez mais pleno
de sua estrutura, o que, por sua vez, provoca o desenvolvimento de novos compostos,
promovendo assim um ciclo contínuo de melhoria gradativa no domínio dos materiais.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 7
Atualmente, observa-se que os avanços tecnológicos acontecem em uma veloci-
dade cada vez maior, devendo os profissionais estarem atualizados para poder aproveitar
as técnicas mais avançadas. Pensando na área da ciência e tecnologia de materiais, o uso
daqueles com melhor padrão e menor custo é imprescindível. Dessa forma, o profissional
que não deseja ficar desatualizado deve permanecer sempre atento aos novos conheci-
mentos e invenções, de modo que o estudo da Ciência e Tecnologia dos Materiais seja uma
constante em sua vida profissional.
1.2.1 Estrutura
De forma resumida, a estrutura dos materiais refere-se à disposição das partes
internas que o constituem, ou seja, ao arranjo de seus elementos nas diferentes escalas
de análise. Partindo da análise da dimensão mais ampla, os constituintes estruturais que
somos capazes de visualizar a olho nu denominam-se macroscópicos, ou seja, trata-se da
estrutura macroscópica do material. Por sua vez, tem-se também a estrutura microscópica,
em que só é possível enxergar através da observação direta com um microscópio os grupos
maiores de átomos em geral conglomerados.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 8
Chegando ao nível atômico, a análise da estrutura do material refere-se à visua-
lização e estudo da forma como os átomos se dispõem e se organizam e a respeito das
moléculas que os compõem. Chegando ao fim, nessa escala decrescente de dimensões de
análise da estrutura, têm-se a análise dos átomos individuais, onde estuda-se o comporta-
mento interativo dos elétrons e também dos componentes do núcleo atômico, nesta que é
chamada de estrutura subatômica.
1.2.2 Propriedade
Podemos definir propriedade como uma característica de determinado material,
de acordo com o tipo e intensidade com a qual este responde a uma ação ou estímulo
específico imposto. Para entender melhor o termo, é preciso considerar que em seu uso
os materiais são submetidos a ações que, por consequência, geram uma resposta. Por
exemplo, um material submetido a uma corrente elétrica pode ou não conduzi-la, ou uma
determinada placa de metal, pode deformar-se sem se partir devido um estímulo externo,
enquanto uma placa de vidro, mesmo com dimensões equivalentes, pode responder ao
mesmo estímulo se quebrando.
Comumente as propriedades são definidas para um material de forma que inde-
pendam do tamanho da amostra ou da forma como suas dimensões estão distribuídas. Por
exemplo, uma superfície de aço polido reflete luz, independente do seu tamanho ou forma.
Em geral, as principais propriedades dos materiais podem ser distribuídas entre
as seguintes categorias: mecânicas, térmicas, elétricas, magnéticas e ópticas. Há ainda
cientistas que consideram uma outra categoria, que trata das propriedades de deterioração.
Para cada uma destas classificações há tipos específicos de estímulos que causam diver-
sos tipos de resposta.
Dentro das propriedades mecânicas são notadas respostas relacionadas a
deformação devido a uma força ou carregamento exercido e, a partir de tal, definem-se
características padrões como a resistência, tenacidade e o módulo de elasticidade. Já a
maneira como os sólidos se comportam devido a estímulos térmicos pode ser descrita em
propriedades com a condutividade térmica e a capacidade calorífica.
As propriedades elétricas, por sua vez, relacionam-se a resposta dos materiais de-
vido a estímulos como campos ou correntes elétricas, podendo ser citada como exemplo a
condutividade elétrica. De modo análogo, a aplicação de um campo magnético é o estímulo
que ocasiona as respostas demonstradas pelas propriedades magnéticas, sendo no caso
das propriedades ópticas, este estímulo uma radiação luminosa ou mesmo uma radiação
eletromagnética, sendo a refletividade uma propriedade óptica bastante citada.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 9
Por fim, as propriedades relacionadas a deterioração relacionam-se com a forma
de reagir dos materiais, do ponto de vista químico. A explicação sobre estas diferentes
classes de propriedades dos materiais mencionadas será realizada posteriormente nesta
disciplina, aprofundando-se em cada uma delas.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 10
2. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 11
2.1 Metais
Os metais têm em sua composição a combinação entre um ou mais elementos
metálicos como por exemplo alumínio, ferro, níquel, cobre, ouro, entre outros, e por vezes
são compostos também pela combinação de elemento metálicos e não metálicos, como
oxigênio, carbono, nitrogênio, etc., estes em quantidades menores.
A estrutura atômica dos metais apresenta arranjos em formas de ligas com arru-
mação bastante ordenada e, por isso, são, em geral, mais densos quando comparados
aos polímeros e cerâmicas. Os metais possuem um número elevado de elétrons em sua
composição, e grande parte deles são considerados elétrons livres, pois não estão ligados
especificamente a qualquer átomo, compondo um chamado mar de elétrons dentro das
moléculas. Esta configuração eletrônica é responsável de forma direta por algumas proprie-
dades deste tipo de material.
Do ponto de vista mecânico, os metais têm a capacidade de se apresentar dúc-
teis, ou seja, podem ser intensamente deformados sem que ocorra sua fratura, além de
possuírem relativa rigidez e resistência elevadas. Por este motivo eles são aplicados em
larga escala em utilidades estruturais. Outras propriedades que se podem atribuir a esta
característica de elétrons livres dos metais são, por exemplo, a boa condutividade elétrica
e térmica apresentada em geral por estes materiais.
Com relação a propriedades ópticas, os metais são opacos à luz visível e em
superfícies polidas possuem um aspecto brilhoso. Alguns metais possuem também carac-
terísticas magnéticas que mostram bom proveito em aplicações, como o ferro, o níquel e o
cobre. A Figura 2 apresenta uma aplicação de metal no nosso cotidiano.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 12
2.2 Cerâmicas
A composição das cerâmicas é formada pela combinação de elementos não me-
tálicos e metálicos, contendo na maioria das vezes óxidos, carbetos e nitretos. As ligações
que formam as moléculas dos materiais classificados como cerâmicas tem um caráter misto,
iônico – covalente, variando de acordo com cada tipo. Entre esta classe de materiais estão as
cerâmicas tradicionais (aqueles materiais compostos por minerais argilosos, como por exem-
plo a porcelana), cerâmicas de alto desempenho, vidros e vitro-cerâmicas e os cimentos.
Do ponto de vista mecânico, as cerâmicas são em geral, muito duras e relativamente
resistentes e rígidas, com valores para estas características por vezes equiparando-se aos
dos metais. Tradicionalmente estes materiais sempre apresentaram elevadíssima fragilidade,
em contraste com os metais (que são dúcteis), apresentando, portanto, alta susceptibilidade
para fraturas. No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia e da ciência dos materiais,
tem sido desenvolvido e empregados novos tipos de cerâmica, desde itens de cozinha até
peças de automóveis que, ainda que continuem apresentando as propriedades cerâmicas,
são menos frágeis, melhorando assim a sua resposta em termos da ocorrência de fraturas.
Em geral, as cerâmicas são isolantes, tanto em termos térmicos quanto elétricos,
ou seja, não conduzem, ou dificultam a condução de calor e eletricidade, sendo também
mais resistentes a altas temperaturas do que os metais e os polímeros. Quanto à ótica, os
materiais cerâmicos podem ser transparentes (permitem quase totalmente a passagem de
luz), translúcidos (permitem parcialmente) ou opacos (não permitem a passagem da luz).
Do ponto de vista das propriedades magnéticas, algumas cerâmicas compostas por óxidos
apresentam um comportamento magnético.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 13
2.3 Polímeros
Grande parte dos polímeros são compostos orgânicos que têm o carbono como
base de sua estrutura química, e por vezes também o hidrogênio, oxigênio, nitrogênio,
entre outros elementos situados entre os não metais. Exemplos muito comuns de materiais
poliméricos encontrados no dia a dia são as borrachas e os plásticos. Entre eles estão o
silicone, o náilon, o poli cloreto de vinila (PVC), o polietileno, o policarbonato e o poliestireno.
Ainda sobre sua composição química, os polímeros apresentam cadeias de áto-
mos de carbono que tornam grande a sua estrutura molecular. Assim, a densidade (massa
especifica) destes materiais é geralmente reduzida e as suas propriedades mecânicas são
tipicamente diferentes das características apresentadas nos metais e nas cerâmicas, sendo
os polímeros, em geral, menos rígidos e com menor resistência a deformação. No entanto,
ao analisar a proporção de sua rigidez ou resistência para com sua densidade, este valor
relativo se equipara aos outros dois materiais mencionados.
Outra característica interessante de alguns polímeros que permite que sejam fáceis
de moldar em formas de alta complexidade é a elevadíssima flexibilidade e ductilidade
apresentada. Os plásticos são um bom exemplo deste tipo de polímero. Quanto aos aspec-
tos ligados a eletricidade e magnetismo, este tipo de material possui condutividade elétrica
pequena, e não apresentam comportamento magnético.
Já do ponto de vista térmico, há uma tendência dos materiais poliméricos de reagir
a exposição à temperatura, amolecendo ou até mesmo se decompondo, fator que se mos-
tra uma das principais desvantagens desta classe, pois limita a sua utilização. Porém, em
diversas circunstancias ambientais eles apresentam comportamento inerte, ou seja, não
sofrem reações ou reagem devido as características químicas presentes.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 14
2.4 Compósitos
Os compósitos são formados pela composição de mais de um material individual
que se encaixa em alguma das classificações que apresentamos anteriormente nesta se-
ção (metais, cerâmicas e polímeros). Este tipo de material é projetado e manipulado com
o propósito de obter um material que apresente qualidades que somam as características
dos materiais individuais que os compõem. Assim, a partir dessa nova composição, são
obtidos materiais com desempenho superior, que agregam as melhores características de
cada material utilizado.
A maior parte dos compósitos discutidos na ciência e engenharia de materiais é
sintético, ou seja, produzido pelo homem. Um número elevado desta classe de materiais
é desenvolvido a partir de várias combinações possíveis entre dois ou mais materiais de
classes distintas. No entanto, há também materiais que se formam e ocorrem naturalmente
que se enquadram nessa classificação, como é o caso do material ósseo e da madeira.
Entre os compósitos mais comuns, podem ser destacados alguns que recebem
o nome de fibras. A fibra de carbono, por exemplo, é um compósito constituído por um
polímero no qual é adicionado fibras de carbono como reforço. Essas fibras são inseridas
dentro do material, o tornando mais rígido e resistente para diversas aplicações como em
materiais esportivos de alto rendimento e peças de aviões, sendo, porém, mais caros que
os materiais convencionais.
Outro grupo de compósitos bastante utilizado e com um custo menor (mas também
menos resistente) que a fibra de carbono são as fibras de vidro, material individualmente de
classificação cerâmica em que é adicionado algum material da classe dos polímeros, com-
binando assim as qualidades de alta resistência e rigidez (típicas das cerâmicas) com uma
maior flexibilidade e reduzida massa específica (características dos polímeros). Note que,
a partir da mistura de dois materiais, obtém-se um material com melhores características, o
que leva a um melhor desempenho.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 15
2.5 Materiais avançados
Com o elevado desenvolvimento da tecnologia, cada vez mais são apresentados
novos materiais, com desempenho superior e que exigem composição e processamento
sofisticados. Esse grupo, considerado o de materiais avançados, está em constante trans-
formação, visto que a velocidade de inovação é cada vez maior e um material considerado
teoricamente avançado hoje pode em pouco tempo ser superado por uma nova descoberta
da ciência. Podemos notar a presença destes materiais em equipamentos eletrônicos,
celulares, computadores, novas fibras e as variadas formas de aeronaves.
Pode ser citado como exemplo dos materiais avançados, os biomateriais, que tem
seu uso voltado a implantes no corpo humano, como em próteses, tendo estes materiais a
característica principal de não reagir aos estímulos biológicos, evitando assim problemas
para os seus usuários.
Os semicondutores são também materiais avançados que constituem um misto
de propriedades dos isolantes, como os polímeros e cerâmicas, e dos condutores, como
é o caso dos metais. Através das técnicas atuais sofisticadas é possível formar materiais
num intermédio entre essas duas condições e sua aplicação tem como grande exemplo o
emprego em computadores.
Outro grupo de materiais avançados é formado por aqueles desenvolvidos atra-
vés da nanotecnologia, podendo assim combinar todas as classes de materiais (metais,
cerâmicas, polímeros e compósitos), tendo por principal característica o seu tamanho
extremamente reduzido. O desenvolvimento deste grupo tornou-se possível através das
recentes melhorias em microscópios e demais equipamentos de laboratório, permitindo
que se trabalhe a composição dos materiais minunciosamente, em escalas cada vez mais
básicas, facilitando assim esse processo.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 16
3. ESTRUTURA ATÔMICA
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 17
Prótons: partículas situadas no núcleo do átomo que possuem cargas positivas
(representadas por p);
Elétrons: partículas com cargas negativas que se movimentam em torno do núcleo
do átomo, numa região chamada de níveis de energia e apresentam também comporta-
mento de onda (representadas por e);
Nêutrons: partículas sem carga ou consideradas de carga neutra, que diminuem
a repulsão entre os prótons, localizando-se também no núcleo dos átomos (representadas
por n). Os nêutrons têm uma função importantíssima para a estrutura atômica, pois sem a
sua presença, os prótons não poderiam estar unidos formando o núcleo do átomo, já que
cargas iguais tem a tendência natural de se repelir.
Número atômico (Z): indica o número de prótons (p) presentes no núcleo do átomo
e o número de elétrons (e) presentes nos níveis de energia. Para um átomo eletricamente
neutro ou completo, o número atômico é igual ao número de elétrons. Esse número atômico
varia em unidades inteiras entre 1, para o elemento hidrogênio, até 92, para o elemento
urânio, que possui o maior número atômico entre os elementos que ocorrem naturalmente.
Número de massa (A): indica a massa presente no núcleo do átomo, que resulta
da soma do número de prótons (p) e do número de nêutrons (n). Para um dado elemento,
o número de prótons será sempre igual para todos os átomos. No entanto, o número de
nêutrons pode variar, podendo alguns elementos possuírem átomos cujas massas atômi-
cas são diferentes. Neste sentido, o peso atômico de um elemento corresponde à média
ponderada das massas atômicas destes átomos.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 18
Você pode ter ficado um tanto confuso sobre essa questão do número atômico e de
massa. Vamos então apresentar as seguintes definições:
Quanto à semelhança atômica, um mesmo elemento químico ou elementos quí-
micos diferentes podem ter seus átomos comparados quanto ao número de massa, número
de prótons, elétrons e nêutrons, existindo a seguinte classificação:
Isótopos: São átomos que apresentam mesmo número atômico; mesmo número
de prótons; diferentes números de massa; diferentes números de nêutrons;
Isóbaros: São átomos que apresentam diferentes números atômicos; diferentes
números de prótons; diferentes números de elétrons; mesmo número de massa; diferentes
números de nêutrons.
Isótonos: São átomos que apresentam diferentes números atômicos; diferentes
números de prótons; diferentes números de elétrons; diferentes números de massa; mesmo
número de nêutrons.
Retomando a discussão sobre a massa do átomo, algumas representações são
utilizadas para análise deste parâmetro, como a unidade de massa atômica (u.m.a), útil
para o cálculo do peso atômico. Através do estabelecimento de uma escala, tem-se que
1 u.m.a é equivalente a 1/12 da massa atômica do isótopo mais comum do carbono, o
carbono 12 (12C) (A = 12,00000). Assim, a massa atômica será aproximadamente a soma
entre o número de prótons (dado pelo número atômico - Z) e o número de nêutrons (n, que
nem sempre é igual ao número de prótons).
Tomando como exemplo o gás sulfídrico (H2S) cuja molécula é constituída por dois
átomos de hidrogênio (massa atômica = 1,0 u.m.a) e um átomo de enxofre (massa atômica
= 32,1 u.m.a), temos que a massa molecular pode ser calculada por:
Assim, a massa molecular do gás sulfídrico é 34,1 u.m.a, e sua massa molar é 34,1
g/mol. Isso quer dizer que, em 34,1 g de gás sulfídrico, temos 6,02 x 1023 moléculas ou 1
mol de moléculas de gás sulfídrico.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 19
3.2 Modelos atômicos
No final do século XIX, observou-se que a mecânica clássica não era capaz de
explicar diversos fenômenos envolvendo os elétrons. Assim, diversos cientistas passaram
a estudar e propor unidades capazes de explicar os fenômenos da matéria de um ponto de
vista cada vez mais aprofundado, buscando alcançar a raiz da matéria, ou seja, as menores
partículas que lhe formam.
A proposta inicial de John Dalton (1766 – 1844), que afirmava existir uma partícula
única, maciça e indivisível fora depois derrubada pela existência de cargas distintas, desta-
cando-se o modelo posterior de Joseph John Thomson (1856 – 1940) conhecido como pudim
de passas, que propunha o átomo como maciço, constituído de partes com cargas opostas.
Esse modelo fora também descartado principalmente após o experimento de Ernest Rutherford
(1871 – 1937), que provou que o átomo não era uma partícula única e maciça, sendo o seu
modelo o primeiro a considerar a existência do núcleo e de partículas denominadas elétrons
movimentando-se ao seu redor. Entretanto, este modelo ainda tinha muito o que explicar.
Seguiu-se então o estabelecimento de um conjunto de princípios e leis que regem os sis-
temas das entidades atômicas e subatômicas, que veio a ser conhecido como mecânica quântica.
Os conceitos por ela englobados são necessários para que haja o conhecimento e entendimento
do comportamento dos elétrons nos átomos, que, como você verá adiante, é a chave para que se
entendam as ligações químicas e, consequentemente, a composição dos materiais.
Um dos pioneiros da mecânica quântica foi o modelo atômico proposto por David
Bohr (1885 – 1962), conhecido como modelo atômico de Bohr que, apesar de simplifica-
do, foi um importante passo para as compreensões existentes atualmente sobre o átomo.
Neste modelo se considera que a posição de qualquer elétron particular está mais ou
menos bem definida em termos do seu orbital, e os elétrons circulam ao redor do núcleo
atômico nestes orbitais.
O modelo atômico de Bohr consiste numa forma inicial de explicar o comportamento
dos elétrons nos átomos, desde a sua posição (descrição do seu movimento em orbitais)
até a sua variação de energia (camadas ou níveis de energia quantizados). Ainda que a
tentativa de Bohr de propor um modelo para o átomo apresente consideráveis limitações,
deixando de explicar alguns fenômenos significativos, este modelo foi o primeiro passo
rumo aos conceitos hoje existentes.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 20
3.3 Configuração eletrônica
O princípio da configuração eletrônica, também chamado de distribuição eletrôni-
ca, apresenta a disposição dos elétrons nas camadas de energia dos átomos de maneira
que este atinja o seu estado fundamental, ou seja, seus elétrons preencham os primeiros
níveis de energia disponíveis. Também chamado de estado estacionário, o estado fun-
damental do átomo é aquele no qual seus elétrons se encontram dispostos nos menores
níveis de energia disponíveis.
Partindo do modelo atômico de Bohr, que, como já vimos, é um aperfeiçoamento do
modelo de Rutherford, a introdução das ideias quânticas, conseguiu superar as limitações
deixadas por Bohr, permitindo que se compreendessem alguns fenômenos não explicados
de forma eficaz anteriormente.
Por meio de uma experiência que se baseou na emissão de luz utilizando átomos de
apenas um elétron, Bohr conseguiu mostrar que os elétrons estão confinados em determina-
dos níveis de energia quando em seu estado estacionário. No modelo proposto, cada estado
estacionário relaciona-se à um nível de energia, descrito pelo número quântico principal (n)
que varia de 1 a 7 (ou também denominados como camadas K, L, M, N, O, P e Q) e repre-
sentado por uma órbita localizada ao redor do núcleo do átomo. Cada uma destas camadas
é capaz de comportar uma quantidade limite de elétrons, como é apresentado na Tabela 1.
Nível (n) 1 2 3 4 5 6 7
Camada K L M N O P Q
Capacidade máxima de elétrons 2 8 18 32 32 18 2
Fonte: O Autor (2021).
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 21
Prosseguindo com a mecânica quântica, Linus Pauling (1901 – 1994) elaborou um
mecanismo que torna mais fácil a compreensão da maneira como os elétrons ocupam os
níveis de energia e os orbitais, sendo comum que em cada camada os elétrons ocupem
quatro subníveis, identificados através das letras s, p, d e f, seguindo nesta ordem de energia.
De acordo com Callister (2016), a proposta de Linus Pauling, chamada de diagrama
de Pauling, facilita o entendimento da distribuição dos elétrons nos níveis e subníveis de
energia até a sua camada de valência, que é onde se encontram os elétrons que possuem
maior valor energético. Estes elétrons contidos na camada de valência são os responsáveis
pelas ligações entre os átomos, pois se encontram em instabilidade e procuram outros
elétrons para se estabilizar.
Para se tornar estável, a maioria dos átomos precisa de 8 elétrons em sua última
camada. No entanto, há átomos que possuem configuração de elétrons naturalmente está-
vel, ou seja, a camada de valência já está completamente preenchida. Observe na Figura
7 a estrutura proposta pelo diagrama de Pauling, mecanismo que permite a distribuição
eletrônica de todos os elementos químicos.
Como você viu, os átomos geralmente podem ocupar sete níveis ou camadas de
energia, sendo que estes níveis tem os seus subníveis associados ao orbital em que o
elétron se enquadra. Cada orbital é capaz de possuir no máximo dois elétrons, permitindo
que estes sejam distribuídos nos subníveis, como se vê na Tabela 2.
Subnível s p d f
Número de orbitais por subnível 1 3 5 7
Capacidade máxima de elétrons 2 6 10 14
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 22
O entendimento da estrutura atômica permite compreender em linhas gerais as
ligações formadas pelos átomos, formando assim as moléculas que são trabalhadas na
etapa de processamento para a obtenção e melhoria de novos materiais. A seguir, veremos
os principais tipos de ligações que ocorrem entre os átomos dos elementos.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 23
4. LIGAÇÕES ATÔMICAS ENTRE OS SÓLIDOS
A natureza das ligações que ocorrem entre os átomos depende das distintas con-
figurações eletrônicas existentes entre eles. Normalmente, todos os tipos de ligação se
originam devido a busca dos átomos por atingir a estabilidade eletrônica na camada de
valência. Esta estabilidade é ausente para a maioria dos elementos, com exceção dos
chamados gases nobres ou gases inertes, e ocorre quando a camada eletrônica externa,
chamada camada de valência, é totalmente preenchida.
As ligações atômicas primárias encontradas nos sólidos, também chamadas de
ligações químicas, classificam-se em três tipos: iônica, covalente e metálica. Além delas,
ocorrem também ligações ocasionadas por forças e energias secundárias, ou físicas. Estas
são menos fortes do que as anteriores citadas, porém ainda assim tem capacidade para
alterar as propriedades de alguns materiais. A seguir são abordadas as ligações primárias
que ocorrem entre os átomos.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 24
Dessa forma, os elementos metálicos tendem a perder elétrons da sua camada
de valência com facilidade, enquanto os não metálicos tendem a recebe-los. Ao realizar a
ligação iônica, todos os átomos envolvidos passam a ter configuração eletrônica estável,
semelhante à dos gases nobres, com suas camadas preenchidas completamente. Através
desse processo, estes átomos com novas configurações passam a possuir carga elétrica,
tornando-se íons.
Um dos exemplos mais clássicos utilizados para explicar a ligação iônica, tanto
pela quantidade de elétrons envolvida, quanto pela presença da molécula formada num
composto muito comum no nosso cotidiano é o do cloreto de sódio (NaCl), o popular sal de
cozinha. Para a formação desse composto, o átomo de sódio (Na) cede o seu elétron da
camada de valência, adquirindo a configuração eletrônica do neônio, passando a ser então
um íon de carga positiva, com tamanho reduzido em comparação ao original, já que perdeu
um elétron e uma camada de energia. Por consequência, o cloro recebe este elétron e passa
a ter uma estrutura eletrônica de carga negativa (íon de carga negativa), com configuração
idêntica ao argônio, aumentando também o tamanho em relação ao átomo de cloro original.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 25
A ligação covalente está presente em materiais como o gás hidrogênio (H2), o gás
oxigênio (O2), o gás ozônio (O3), dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), entre outros.
Ao se falar desse tipo de ligação, merece um destaque especial o átomo do elemento
carbono (C), que possui quatro elétrons na camada de valência, o que o torna um elemento
com elevada capacidade de reação química através das ligações covalentes.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 26
SAIBA MAIS
Considerado um dos pais da ciência quântica, Linus Pauling foi um cientista americano
que esteve entre os mais reconhecidos pesquisadores do século XX. Uma grande mos-
tra disso é o fato dele ter sido o único cientista homenageado com dois Prêmios Nobel
de maneira individual. O primeiro, em 1954, deveu-se a seus trabalhos sobre química
quântica, especialmente sobre a natureza das ligações químicas, ponto importantíssimo
para o posterior desenvolvimento alargado das técnicas em processamento e manipula-
ção de materiais. O segundo prêmio veio em 1962, sendo este um Prêmio Nobel da Paz,
em decorrência de suas ações contra o armamento nuclear e uso de bombas atômicas
como armas de guerra.
REFLITA
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos aqui ao fim desta primeira unidade. Nela, você pôde ter um contato inicial
com a ciência e tecnologia dos materiais, conhecendo desde sua importância, amplitude prá-
tica e evolução, até os conceitos básicos presentes na menor escala de análise do material.
Por meio do primeiro tópico, pudemos perceber que a ciência dos materiais se
aplica em todas as áreas da atividade humana, desde as mais simples até as mais sofisti-
cadas e inovadoras. Fizemos também uma viagem temporal para entender a mudança no
aproveitamento dos recursos do planeta devido ao desenvolvimento progressivo de novas
técnicas para extrair, trabalhar e posteriormente manipular novos materiais.
No segundo tópico, trabalhamos as classificações distintas existentes para os mate-
riais, que podem ser realizadas de acordo com suas características e composição. Notamos,
também, reiterando o que foi introduzido no tópico inicial, que a composição, propriedades e
estrutura dos materiais estão fortemente atreladas, como fatores interativos entre si.
No terceiro e quarto tópico, abordamos a estrutura atômica, que é a base dos
elementos que compõem os materiais e as ligações que esses átomos promovem, for-
mando assim as moléculas e estruturas dos compostos, que resultam nos materiais que
conhecemos. Notamos que este entendimento na escala atômica e subatômica da ciência
é relativamente recente, e, com estas novas descobertas, a ciência em geral, e, logica-
mente, a ciência e tecnologia dos materiais tem avançado e apresentado inovações numa
velocidade cada vez maior.
Pode-se concluir desta unidade que o campo da ciência dos materiais é totalmente
alinhado com as descobertas atuais da ciência, provocando, através da engenharia, novas
invenções que elevam a qualidade das atividades desenvolvias pelo homem, tendo como
objetivo geral, contribuir para o desenvolvimento e a garantia de melhores soluções.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 28
LEITURA COMPLEMENTAR
Diante da evolução cada vez mais rápida na ciência dos materiais, da alta explora-
ção dos recursos naturais e da recente preocupação com as questões de sustentabilidade,
Sookap Hahn (1994) apresenta um interessante panorama sobre a importância da ciência
dos materiais na garantia de um futuro sustentável. Através da leitura, que data da década
final do século XX, instigo você a refletir sobre as previsões e o diagnóstico dado no artigo,
comparando com a situação atual, após duas décadas do novo milênio.
Fonte: HAHN, Sookap. Os papéis da ciência dos materiais e da engenharia para uma socie-
dade sustentável. Dossiê Ciência e Desenvolvimento Sustentável, Estud. av. 8 (20), Abril, 1994.
12 jan. 2022.
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 29
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Fundamentos de Engenharia e Ciências dos Materiais
Autor: William F. Smith (Autor), Javad Hashemi (Autor), Necesio
Gomes Costa (Tradutor).
Editora: AMGH; 5ª edição.
Ano: 2012.
Sinopse: Equilibrando teoria e prática sobre diversos tipos de
materiais utilizados em engenharia, o livro conta com explicações
textuais concisas, imagens relevantes e didáticas, exemplos
detalhados, problemas propostos e abordagem de tópicos extre-
mamente atuais.
FILME / VÍDEO
Título: Introdução à Ciência dos Materiais
Ano: 2020.
Sinopse: O vídeo faz uma abordagem introdutória da ciência e
engenharia dos materiais, trazendo uma contextualização do tema
na atualidade, somada a uma breve retrospectiva histórica e a
apresentação dinâmica dos principais conceitos envolvidos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=U-3XFhrXs9k
UNIDADE I Introdução ao Estudo dos Materiais para Engenharia e Estrutura dos Materiais 30
UNIDADE II
Estrutura de Sólidos Cristalinos
e Imperfeições em Sólidos
Professor Me. Marcus Vinicius Paula de Lima
Plano de Estudo:
● Estruturas cristalinas;
● Materiais cristalinos e não cristalinos;
● Imperfeições em sólidos;
● Imperfeições pontuais e diversas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a estrutura e classificação de sólidos cristalinos;
● Conhecer as principais imperfeições ocorridas nos sólidos e os conceitos
básicos de suas análises microscópicas.
31
INTRODUÇÃO
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 32
1. ESTRUTURAS CRISTALINAS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 33
Mesmo entre materiais com estrutura cristalina, a forma de arranjo de tais estrutu-
ras pode variar, provocando significativas diferenças em suas propriedades. Por exemplo,
o magnésio em sua forma pura e não deformada é muito mais frágil (que como vimos, quer
dizer que sofre fratura com maior facilidade) do que outros materiais também não defor-
mados e puros, que também são materiais cristalinos, como a prata e o ouro, por exemplo.
Isso ocorre, pois os materiais apresentam diferentes arranjos ou estrutura cristalina.
Caso você não tenha entendido ainda o sentido da classificação entre material
cristalino e não cristalino, fique tranquilo pois veremos a seguir alguns conceitos básicos
que ajudam a perceber em qual escala de análise se encaixa esta divisão. Serão apresen-
tados os conceitos de cristalinidade e célula unitária e será apresentado alguns arranjos
mais comuns de estruturas cristalinas. Veremos também do que se tratam os materiais
monocristalinos, policristalinos e não cristalinos, e a forma principal de determinação sobre
um material pertencer ou não a estas classes.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 34
um elevado número de variações destes arranjos, que são chamados de estruturas cristalinas
e que possuem diferentes formas com elevado alcance e extensão em dimensões atômicas.
Estas estruturas cristalinas possuem influencia em diferentes propriedades dos materiais
cristalinos, pois, se o arranjo entre as ligações de átomos é diferente no espaço, essa variação
na configuração das moléculas deve provocar diferenças nas características de cada material.
Tais estruturas cristalinas podem se manifestar de diferentes maneiras, desde
arranjos considerados estruturas altamente complexas, como é o caso exibido por alguns
tipos de polímeros e algumas cerâmicas, até arranjos bem mais simplificados, como ocorre
para a maioria dos metais, com estruturas com grau bem menor de complexidade. O estudo
sobre a forma de organização das estruturas cristalinas para os diferentes grandes grupos
de materiais (metais, cerâmicas e polímeros) é um campo sob larga análise, no entanto,
nossa discussão será mais voltada ao entendimento geral sobre a cristalinidade e as estru-
turas cristalinas mais gerais.
Outro conceito importante neste assunto é o de redes cristalinas. No contexto das
estruturas cristalinas, o termo rede cristalina é usado para definir as posições coincidentes
com o arranjo espacial (tridimensional) de longo alcance entre os átomos que compõem os
padrões repetitivos das estruturas cristalinas. Para um melhor entendimento sobre os sóli-
dos cristalinos e suas estruturas, considera-se os átomos (ou íons) presentes na estrutura
molecular como esferas rígidas de diâmetro bem definido. Entende-se então que as esferas
(átomos) mais próximos estão unidas de forma a tocar-se, ou seja, os átomos vizinhos
estariam unidos de maneira a compor esta estrutura sólida. Esse modelo é conhecido como
o modelo atômico de esfera rígida, sendo apresentado na Figura 1.
C) REDES CRISTALINAS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 35
Para a descrição dos materiais cristalinos, mais especificamente da estrutura crista-
lina propriamente dita, normalmente dividimos os arranjos em entidades menores dentro da
estrutura, sendo que estas entidades se repetem (já dentro da estrutura repetitiva), mas são
consideradas particularmente para a análise, recebendo a denominação de células unitárias.
É conveniente fazer esta análise a partir de entidades menores, já que, como vimos
nos parágrafos anteriores, a forma de ordenação dos átomos que compõem os sólidos
cristalinos é caracterizada pela existência de padrões de repetição. Dessa forma, torna-se
mais prático considerar a entidade para estudo, já que o conjunto da estrutura será uma
repetição ou uma ampliação deste arranjo menor considerado. Note na Figura 1 c), que
dentro do aglomerado de átomos da rede cristalina está destacada uma entidade menor,
que pode ser repetida ao observarmos a figura como um todo. A partir de tal, todas as
considerações e análises para a estrutura cristalina presente nesta entidade será válida
para toda a rede cristalina, já que suas demais partes serão idênticas.
Na grande maioria das estruturas de materiais cristalinos essas entidades, ou
células unitárias possuem uma forma que conta com três blocos de faces paralelas, lem-
brando assim o formato de prismas ou paralelepípedos. Na Figura 1 b) note que a estrutura
cristalina formada apresenta aspecto de cubo (que também é um prisma). Entendendo que
a célula unitária é definida de maneira a representar um arranjo que se repete em toda rede
cristalina, toda a estrutura cristalina que forma tal rede (e, logicamente o material) possuirá
a mesma simetria. Assim, a rede poderá ser obtida a partir de translações da célula unitária
ao longo das suas arestas.
Mais uma vez analisando a Figura 1, observe que, sendo os átomos representados
pelas esferas, a célula unitária formada pelo paralelepípedo definido para a estrutura terá
seus vértices coincidindo com os centros das esferas (centros dos átomos) e, portanto,
para análise da estrutura cristalina, a célula unitária será a unidade básica para estudo, e
não o átomo propriamente dito.
É também necessário informar que há mais de uma maneira ou forma com a qual
se pode definir uma célula unitária para uma estrutura cristalina particular (poderíamos ter
escolhido prismas com comprimento maior do que os cubos, no caso do exemplo da Figura
1), no entanto, é mais usual e comum considerar a célula unitária como sendo o arranjo que
possui a simetria geométrica no nível mais elevado.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 36
1.2 Os metais e suas estruturas cristalinas
Ao estudarmos os sólidos cristalinos, uma grande atenção se deve ao grupo dos
metais, já que são materiais cujos arranjos de seus elementos tornam regra a ocorrên-
cia de estruturas cristalinas. Para este grupo, são muito pequenos, ou praticamente não
existentes, os limites ao respeito da proximidade, quantidade e posição dos átomos na
composição do material, levando assim a ocorrência de estruturas atômicas formadas por
arranjos mais compactos, com distâncias reduzidas entre os seus átomos constituintes, o
que consequentemente contribui para existência da própria estrutura cristalina.
Esta situação ocorre também devido a maneira como se dão as ligações entre
os átomos dos elementos metálicos, ou seja, a ligação metálica. Como você estudou na
unidade anterior, este tipo de ligação química tem natureza não direcional, havendo um
compartilhamento de elétrons que faz com que os átomos participantes da ligação estejam
unidos aos demais numa proximidade maior, sem definição específica de qual átomos se
liga a qualquer outro.
Geralmente são encontradas dentro das composições metálicas três diferentes
tipos de estruturas cristalinas, que se mostram relativamente simples e ocorrem entre os
elementos metálicos mais comumente encontrados: cúbica de faces centradas (CFC),
cúbica de corpo centrado (CCC) e hexagonal compacta (HC).
Na Tabela 1, são apresentadas as estruturas cristalinas que ocorrem de forma mais
comum para diferentes materiais metálicos e os raios atômicos para os núcleos iônicos (os nú-
cleos iônicos correspondem aos átomos originais que estão carregados pela nuvem de elétrons
formada na ligação metálica) destes materiais. Ao se trabalhar com o modelo de esferas rígidas
como representação das estruturas cristalinas, cada uma dessas esferas estará representando
um destes núcleos atômicos. Logo, os raios atômicos são referentes as dimensões represen-
tativas destas esferas. Na sequência, abordaremos também, ainda que de forma sucinta, cada
um dos tipos mais comuns de estrutura cristalina presentes nos metais.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 37
TABELA 1 - ESTRUTURAS CRISTALINAS COMUNS
* A simbologia (α) significa que se trata de um elemento puro (ferro puro e titânio puro).
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 38
A estrutura cristalina hexagonal compacta (HC),
assemelha-se a um prisma hexagonal. Neste arranjo,
consideram-se três planos paralelos unidos por outras
seis faces ortogonais a estes planos: dois planos extre-
mos na forma de hexágono, compostos por seis átomos,
distribuídos um em cada vértice somados a um átomo no
centro do plano; e um plano intermediário, possuindo três
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 39
2. MATERIAIS CRISTALINOS E NÃO CRISTALINOS
2.1 Monocristais
A ocorrência de monocristais de maneira natural é um tanto limitada, pois somente
em ambientes com condições praticamente perfeitas este tipo de sólido cristalino ocorre, já
que em toda a amostra de material, o padrão de repetição e a forma de ligação entre tais cé-
lulas é idêntico e perfeito, sem interrupções ou falhas, seguindo sempre a mesma orientação.
Devido a esta exigência de sincronia em sua formação, raramente há a ocorrência
de cristais deste tipo na natureza. No entanto, é possível e viável a sua manipulação e de-
senvolvimento de forma artificial. Recentemente, tem-se dado uma maior importância para
os monocristais, que são utilizados em diversas tecnologias relativamente novas, como por
exemplo os microcircuitos de silício. Outros materiais monocristais também são utilizados,
principalmente em estudos com semicondutores.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 40
2.2 Policristais
Vimos até aqui que os materiais cristalinos que possuem um arranjo de células
unitárias perfeito e uniforme existem (monocristais), mas não são comuns. Portanto, o caso
onde há mais de uma forma de organização entre as células unitárias é o mais usual,
recebendo a denominação de materiais policristalinos.
A maior parte dos materiais cristalinos apresenta na sua composição diferentes gru-
pos de cristais em tamanho minúsculo, podendo chamar-se de grãos, sendo chamados de
policristais. A formação destes sólidos envolve a presença de distintos conjuntos de estruturas
cristalinas, que crescem e agrupam-se dando esta configuração híbrida ao material.
Primeiramente, os grãos de cristais se desenvolvem em posições variadas, com
orientação variável e aleatória. Estas partes menores iniciais vão ganhando volume a partir
da adição de novos átomos em sua estrutura devido às reações durante o processo de
solidificação. Ao ponto que este processo vai se aproximando da conclusão, os grãos já
com tamanhos maiores e em estado sólido tem as suas partes extremas forçadas umas
às outras, provocando assim regiões de menor ajuste entre grãos distintos. A esta área de
encontro entre dois grãos (conjuntos de mesmo tipo de célula unitária) dá-se o nome de
região de contorno de grão do cristal.
Os desajustes existentes nas estruturas policristalinas têm grande relevância para
algumas propriedades dos materiais, especialmente as propriedades mecânicas e em me-
nor ocorrência as elétricas e magnéticas. Faremos aqui uma breve explicação da influência
da estrutura cristalina sobre algumas propriedades, já que o estudo propriamente dito das
propriedades será feito em unidades posteriores.
2.3 Anisotropia
Em diversos materiais com estrutura policristalina, os grãos enquanto indivíduos
possuem orientações cristalográficas com distribuição altamente ou até totalmente alea-
tória. Diante destas condições, ainda que cada um dos grãos contidos na estrutura se
apresente com orientação distinta, a amostra geral do material, composta pelo conjunto
agregado de diversos grãos terá um comportamento similar para todas as suas regiões,
independentemente da sua direção.
Os materiais e substâncias onde o comportamento e resposta não variam de acor-
do com a direção de ocorrência ou medição são classificados como isotrópicos, ou seja,
as suas propriedades são independentes da posição ou orientação em que se analisa ou
submete o material a algum estímulo.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 41
Quando há variação nas propriedades do material de acordo com a direção de
análise do mesmo, têm-se então uma condição denominada anisotropia. Esta condição
está atrelada a diferentes distribuições espaciais dos átomos na composição da estrutura do
material, como ocorre nos casos de afastamento ou aproximação entre os íons das estruturas
cristalinas em decorrência da direção cristalográfica geral (para o caso dos monocristais) ou
das variações nas direções cristalográficas (caso se trate de material policristalino).
Assim, alguns tipos de materiais monocristais têm suas propriedades variando de
acordo com a direção de medida. Podemos usar como exemplo de tais propriedades va-
riáveis o módulo de elasticidade (propriedade mecânica), a condutividade elétrica (proprie-
dade elétrica) e o índice de refração (propriedade óptica), todos influenciados pela direção
cristalográfica dos cristais da amostra.
Para o caso dos monocristais, o nível de anisotropia se eleva a medida que a
simetria estrutural do material é reduzida. Logo, a magnitude e a abrangência dos efei-
tos oriundos da anisotropia serão vistas de acordo com esse nível apresentado. Como
vimos, os materiais policristalinos tendem a se comportar de maneira isotrópica, tamanha
a aleatoriedade das orientações cristalográficas presentes na estrutura como um todo.
Nestas circunstâncias, toma-se a média dos valores direcionais para medir a magnitude de
determinada propriedade.
Mas, atenção! O fato de se assumir que os materiais policristalinos com orientação
de cristais aleatória se comportem de maneira isotrópica, enquanto os monocristais são,
em alguns casos, anisotrópicos, não significa dizer que as propriedades do primeiro grupo
têm um melhor desempenho em comparação com o segundo, e vice versa. Essa condição
varia de acordo com os elementos constituintes de cada tipo de material.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 42
Note que em ambos os casos a ligação atômica se dá na mesma proporção, onde
três átomos de oxigênio se ligam a cada átomo de silício. No entanto, para o material cristalino
(representado na Figura 2a) é observado uma organização muito maior na estrutura apresen-
tada, em que a disposição dos átomos, seu posicionamento e distância estão mais regulares
e uniformes em comparação com o esquema mostrado na Figura 2b (material não cristalino).
Você pode estar se perguntando o porquê de se obter dois materiais com organiza-
ção estrutural atômica distinta, se os elementos e a proporção de átomos nas ligações são
iguais. Isso pode ocorrer devido a diferentes fatores.
A ocorrência ou não da formação de um sólido cristalino está relacionada com a facilida-
de com que uma estrutura qualquer de átomos em seu estado fluido se transforma num arranjo
bem ordenado e estruturado no decorrer do processo de solidificação. Assim, as interferências
no processo de formação do sólido irão influenciar a organização de sua estrutura. Um exemplo
de influência neste processo se dá quando o resfriamento do material até temperaturas de
solidificação ocorre de maneira brusca, o que favorece a formação de estruturas sólidas com
nível inferior de ordenação, como é o caso das substâncias não cristalinas.
Em resumo, os materiais com estrutura atômica amorfa têm por característica
principal a presença de arranjos com alto grau de complexidade entre suas moléculas,
apresentando dificuldade para se organizar.
Os materiais poliméricos, por exemplo, podem se apresentar de forma totalmente
não cristalina, ou ainda numa condição intermediária, denominada semicristalina, variando
este grau de organização (e consequentemente de cristalinidade) entre os compostos deste
grupo. As cerâmicas também podem ser não cristalinas, como é o caso dos vidros inorgâni-
cos, enquanto os metais, em geral, constituem estruturas com organização atômica cristalina.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 43
3. IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 44
De acordo com Callister e Rethwischi (2016), em alguns metais são verificadas va-
riações de grande significância nas suas propriedades mecânicas, especialmente no caso
dos metais puros, quando submetidos a ligações com outro tipo de material. Um exemplo
disto é o latão, metal obtido artificialmente que tem em sua composição aproximadamente
70% de cobre e os outros 30% de zinco e que, apesar de não ser um elemento puro,
possui maior resistência e dureza do que o cobre puro, já que foi gerado justamente afim
de explorar as imperfeições.
Até aqui, nós estudamos as estruturas cristalinas e temos imaginado e trabalhado a
sua ideia enquanto arranjos com composição perfeita ao longo de todo o material, manten-
do assim sempre a sua forma de ordenação. Agora, abordaremos a condição real existente,
que é aquela onde sólidos formados por qualquer tipo de material ou junção de materiais
distintos apresentam uma quantidade considerável de manifestações defeituosas em sua
estrutura, havendo também grande variação no tipo dessas imperfeições. Na próxima seção
iremos abordar um pouco mais sobre estas imperfeições, falando sobre os efeitos que tem
relação com os defeitos pontuais e os que se apresentam de maneira diversa.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 45
4. IMPERFEIÇÕES PONTUAIS E DIVERSAS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 46
4.3 Lacunas
As lacunas configuram o mais simples defeito pontual que ocorre nos arranjos das
estruturas dos materiais, podendo ser definido como a ocorrência de uma vaga (ausência
de preenchimento) em uma região (também chamada de sítio) que deveria, em condições
normais, estar ocupada com a presença de um átomo da estrutura. Este defeito é comum,
estando presente na formação de todos os tipos de materiais. Na Figura 3 são mostrados
um exemplo de cada tipo de defeito estudados até aqui.
4.4 Impurezas
É impossível que exista uma estrutura cristalina pura formada por somente uma espé-
cie de átomo. Sempre estarão presentes na sua composição algumas impurezas ou mesmo
tipos diferentes de átomos, sendo alguns casos por meio de defeitos pontuais nos arranjos.
Muitos dos materiais que conhecemos e estão muito presentes em nosso cotidiano
não são sequer próximos de serem puros (formados somente por um elemento). Eles são
em sua maioria ligas, nas quais foram introduzidos átomos de outros tipos, de maneira
planejada e intencional (impurezas), para fornecer ao material melhores características em
determinadas especificidades.
No caso dos metais, estas ligas são utilizadas devido ao aumento observado na
resistência mecânica, resistência a corrosão e melhoramento em outras propriedades.
Um exemplo é a prata, que em condições ambientais normais (pura) apresenta uma
elevada resistência à corrosão, porém elevada maciez. Para contornar esta condição, é
comum fazer-se a mistura da prata (cerca de 92,5% do material total) com o cobre (os
7,5% restantes), formando assim a chamada prata de lei. Este novo material possui uma
resistência mecânica muito superior, sem diminuir de forma considerável a sua resistência
original (da prata) à corrosão.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 47
FIGURA 4 - IMPUREZAS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 48
Na prática, as discordâncias ocorrem em todos os materiais cristalinos em meio
ao processo de solidificação ou como consequência de tensões de caráter térmico (devido
a etapas de resfriamento acelerado no momento de deformação plástica). Este tipo de
imperfeição é encontrado no processo de deformação de materiais cristalinos metálicos e
também cerâmicos.
Outra categoria de imperfeição diversa se manifesta no aspecto de contornos que
detém duas dimensões e comumente se encontram separando distintas partes do material
que possuem as orientações cristalográficas de suas estruturas cristalinas diferentes.
Este tipo de imperfeição recebe o nome de defeito interfacial. Entre tais estão incluídas as
superfícies externas, contornos de fases, contornos de grão e falhas de empilhamento.
Ainda falando das imperfeições diversas, um outro grupo que merece destaque é
o dos defeitos de massa, ou defeitos volumétricos, que trata dos defeitos com dimensões
espaciais extremamente maiores que os pontuais e diversos. Entre os exemplos de defeitos
de massa estão os poros, as trincas, as inclusões exógenas e alguns outros, sendo estes
mais comuns no nosso cotidiano e podendo ser tratados fora do campo científico.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 49
SAIBA MAIS
As imperfeições encontradas nas estruturas atômicas têm por vezes boas consequên-
cias para o desempenho de materiais e até mesmo permitem o desenvolvimento de
tecnologias mais eficientes. Um exemplo muito interessante do aproveitamento da exis-
tência destes defeitos é observado na redução da poluição atmosférica através de au-
tomóveis. Os dispositivos utilizados para reduzir a emissão de gases poluentes, chama-
dos de catalisadores ou conversores catalíticos, situados no sistema de exaustão das
máquinas, tem na sua composição um tipo de mecanismo que aproveita os defeitos
atômicos para reter as partículas mais pesadas destes poluentes, prendendo-as nos
espaços gerados nas imperfeições e provocando em tais reações durante o tempo e
que ficam retidas, liberando por fim efluentes gasosos menos agressivos ou até não
poluentes para a qualidade do ar.
REFLITA
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 51
LEITURA COMPLEMENTAR
Dentro desta unidade, nossa discussão esteve sempre atrelada a estrutura cristalina
apresentada por parte dos materiais, seja no aspecto propriamente dito de caracterização deste
tipo de estrutura ou nos processos ocorrentes entre os átomos que se ligam desta forma.
Porém, o estudo dos materiais cristalinos e das propriedades cristalográficas tem
aplicações práticas em diferentes setores e recebe atenção de um extenso grupo de pes-
quisadores, inclusive no Brasil. Assim, a leitura apresentada por Metri Corrêa et. al (2008)
traz alguns resultados obtidos em pesquisas com materiais cristalinos no território brasileiro,
permitindo a você um contato mais aprofundado com a experiência em estudos dessa área.
Link do artigo: https://www.scielo.br/j/rbcs/a/sdTZzRxVW9wYVj59tLddQZn/?lang=pt
tabuleiros costeiros, Amazônia e Recôncavo Baiano. Revista Brasileira de Ciência do Solo. v. 32, n. 5, Outubro, 2008.
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 52
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Cristalografia: cristais e estruturas cristalinas
Autor: Richard J. D. Tilley (Autor), Fábio R. D. de Andrade (Tradutor).
Editora: Oficina de Textos; 1ª edição.
Ano: 2014.
Sinopse: Com abordagem atualíssima, a obra apresenta os con-
ceitos básicos no estudo de cristais e estruturas cristalinas como
simetria em duas e três dimensões, retículo, mosaicos, construção
de estruturas, difração, representação de estruturas cristalinas e
defeitos cristalinos, além de introduzir temas especializados, como
estruturas modeladas, quasicristais e proteínas.
FILME / VÍDEO
Título: Imperfeições em sólidos - Introdução
Ano: 2021.
Sinopse: O vídeo fornece um resumo sobre as imperfeições nos
sólidos, abordando primeiramente a ocorrência e a importância da
existência destas imperfeições, usando exemplos de materiais bas-
tante conhecidos que só são obtidos através deste tipo de ocorrência,
entrando em seguida também na classificação das imperfeições,
falando dos defeitos pontuais e dos defeitos lineares, e tratando por
fim da necessidade do entendimento sobre as imperfeições para a
compreensão de outros fenômenos relacionados aos materiais.
Link dos vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=NHJYIUkNluo
UNIDADE
UNIDADE I II Estrutura
IntroduçãodeaoSólidos
Estudo Cristalinos e Imperfeições
dos Materiais em eSólidos
para Engenharia Estrutura dos Materiais 53
UNIDADE III
Mecanismos de Difusão
e Diagrama de Fases
Professor Me. Marcus Vinicius Paula de Lima
Plano de Estudo:
● Mecanismos de difusão;
● Diagrama de fases;
● Diagrama de fases unário e binário;
● O sistema Ferro-Carbono e as transformações de fases.
Objetivos da Aprendizagem:
● Entender de modo geral os mecanismos de difusão;
● Compreender os conceitos básicos referentes ao diagrama de fases;
● Conhecer e entender o sistema ferro-carbono;
● Entender os princípios básicos envolvidos
nas transformações de fases.
54
INTRODUÇÃO
● Deve haver uma posição desocupada (vazia) situada numa região adjacente a
localização atual do átomo;
● É necessário que o átomo possua energia suficiente para que haja a quebra
das suas ligações com os átomos vizinhos, permitindo o seu movimento e a
posterior formação de novas ligações, de modo a evitar que o seu deslocamento
promova alterações significativas na estrutura do material.
Dessa forma, numa análise do ponto de vista atômico, pode-se resumir o pro-
cesso de difusão, como um simples movimento de troca de posição de átomos ao longo
da estrutura ou rede cristalina existente. A seguir, veremos as distintas formas que esse
processo pode ocorrer.
sistemas possuem uma concentração máxima possível dos átomos de soluto que podem
ser dissolvidos no solvente e formar uma liga que constitui o material. O limite de solubili-
dade é justamente este valor limite de concentração de soluto, dada uma temperatura e/
ou pressão específica. Se for extrapolado este valor, a partir da adição de soluto se obterá
uma outra solução sólida ou outro material, que, apesar de ser formado pelos mesmos
Para que você entenda melhor de que se trata o limite de solubilidade, imagine
uma solução comum entre água e açúcar. Tendo a princípio a água, a partir do momento
que se adiciona açúcar a mesma, vai se formando uma solução que podemos chamar de
xarope água-açúcar. Quanto mais açúcar for introduzido, mais concentrada estará a solu-
estando assim a solução saturada. Se adicionarmos mais açúcar, ao invés deste seguir se
e teremos assim, não mais só uma substância, mas sim duas: o xarope água-açúcar e o
dade para exemplificar como um gráfico pode ser útil no entendimento do comportamento
longo do eixo horizontal, sendo este segundo expresso em percentual de peso de açúcar.
nado a estes dois parâmetros. Note que, a composição de uma solução que tem somente
dois componentes (água e açúcar para o caso em análise), será obtida da soma entre tais,
2.2 Fase
Desde o início desta seção nós temos falado sobre os diagramas de fases, sua
importância e aplicação, com um breve exemplo introdutório do diagrama da Figura 3.
Entretanto, você pode estar se perguntando ainda do que se trata o conceito de fase.
Iremos agora tentar trazer de forma clara a sua definição.
Como o próprio título desta seção sugere, o conceito de fase deve ser bem en-
tendido para que possamos compreender os diagramas que as representam. Uma boa
definição utilizada trata fase como uma parte ou parcela que apresenta uniformidade em
suas características físicas e químicas, sendo assim uma porção homogênea dentro de
um sistema. Assim, qualquer material puro constitui uma fase, bem como as soluções
sólidas, líquidas e gasosas.
2.3 Microestrutura
A microestrutura de um material diz respeito a organização das moléculas e átomos
que formam um padrão que se repete em parte ou em toda a estrutura. Para observar essa
microestrutura é necessário o auxílio de equipamentos ópticos de sofisticação e, por vezes,
alguns aparelhos eletrônicos, sendo em alguns casos também possível a visualização di-
retamente através de um microscópio. Esse aspecto tem grande relevância, pois em várias
ocasiões, o comportamento mecânico e também algumas outras propriedades físicas estão
intimamente atreladas a microestrutura.
Observe que o gráfico da figura indica uma separação da substância em três di-
ferentes fases – gelo, água e vapor d’água – que representam respectivamente o estado
sólido, líquido e gasoso da água. Através das faixas de pressão-temperatura apresentadas,
estão dispostas as fases existentes, que se apresentam sob condições de equilíbrio corres-
pondentes a estes dois parâmetros.
As fronteiras existentes entre cada uma das fases são representadas pelas curvas
destacadas em vermelho no gráfico (curvas aO, bO e cO). Sobre qualquer ponto que seja
escolhido em uma dessas curvas, as fases que são por elas limitadas coexistem, ou seja,
ambas as fases de cada um dos lados da curva se encontram em equilíbrio no mesmo
ponto escolhido sobre tal curva. Assim, tomando a curva cO como exemplo, todo ponto
sobre tal representa um estado de equilíbrio entre as fases líquida e gasosa.
É possível extrair também a partir do diagrama de fases em questão, que quando a
pressão e/ou temperatura são alteradas, tendo por consequência o cruzamento de uma das
fronteiras, ocorre uma transformação de fase, passando da atual para aquela cuja fronteira
foi ultrapassada.
REFLITA
Vimos que o gelo, a água e o vapor d’água constituem distintas fases para a mesma
substância formada pelo H2O. Pelo diagrama de fases, vimos que há uma combinação
de temperatura e pressão na qual coexistem as três fases da água. Sendo assim, as re-
giões polares, onde se vê simultaneamente a presença de nuvens (vapor), gelo e água
apresentam sempre essa mesma combinação? A resposta é não, pois mesmo apresen-
tando as três fases da água, o equilíbrio dessas fases não é atendido, portanto, todas
elas estão constantemente em estado de transformação.
Chegando ao final de mais uma unidade, você já passou até aqui por uma intro-
dução e classificação geral sobre os materiais, conheceu a estrutura atômica e também
as estruturas cristalinas presentes em diversos sólidos, sendo nesta unidade apresentado
a alguns dos principais mecanismos presentes na estrutura microscópica dos materiais,
como a difusão e a transformação de fases.
Vimos inicialmente nesta unidade, que as imperfeições dos sólidos permitem a
ocorrência do mecanismo de difusão, que consiste basicamente na movimentação dos
átomos dentro das estruturas e arranjos, ocasionando as trocas de posições e a formação
de novas estruturas com diferentes composições. Vimos que este mecanismo se dá geral-
mente de duas formas, por lacunas e por espaços intersticiais.
Na sequência, apresentamos os conceitos de fase, microestrutura, equilíbrio
e componentes, que são essenciais para o entendimento dos diagramas de fases que,
por sua vez, são representações gráficas largamente utilizadas para o entendimento do
comportamento das fases dos materiais. Utilizamos análises práticas para consolidar o
seu entendimento sobre o funcionamento e a lógica desta ferramenta, a partir da qual
você pôde notar que um mesmo material ou substância pode variar suas características de
acordo com a alteração nas condições de diferentes parâmetros, sendo os mais analisados
nos diagramas a temperatura, a composição e a pressão.
Vimos que os diagramas que descrevem o comportamento de um material puro são
chamados unários, enquanto aqueles que descrevem o comportamento para materiais com
dois componentes são chamados de binários. Fizemos também uma abordagem sobre o
sistema ferro-carbono, que abrange praticamente todos os principais tipos de materiais me-
tálicos utilizados em tecnologias estruturais atualmente, vendo, portanto, a importância de
entender o comportamento de suas fases para manipular o seu desenvolvimento, obtendo
assim materiais cada vez mais apropriados para as finalidades planejadas.
Por fim, fizemos uma sucinta análise sobre o processo de transformação de fases,
a importância do seu entendimento e as etapas em que este processo ocorre, desde a
nucleação ao crescimento, obtendo assim as novas fases para os materiais.
Fonte: RITONI, M. et al. Efeito do tratamento térmico na estrutura e nas propriedades mecânicas
de um aço inoxidável superaustenítico. Metalurgia Física Rem: Revista Escola de Minas, V.60, n.1, Março,
LIVRO
Título: Transformações de fases em materiais metálicos
Autor: Rezende Gomes dos Santos.
Editora: Unicamp; 1ª edição.
Ano: 2007.
Sinopse: Embasado em sua experiência de mais de 20 anos de
atuação na área de Concentração de Materiais e Processos de
Fabricação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Rezende Go-
mes dos Santos apresenta nesta obra conceitos básicos relativos
às transformações de fases que ocorrem em materiais metálicos
fazendo-o de forma didática clara e detalhada facilitando assim
a compreensão do assunto por parte dos alunos de graduação
pós-graduação e especialização em Engenharia Metalúrgica e de
Materiais ou mesmo de graduados em outras Engenharias ou de
profissionais que atuem em indústrias metalúrgicas.
FILME / VÍDEO
Título: Diagrama de fases
Ano: 2012.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=aTKfUjKvYyI.
Sinopse: O vídeo apresenta uma explicação prática da interpreta-
ção do diagrama de fases, descrevendo todas as partes do diagra-
ma, as condições que são consideradas, os parâmetros utilizados,
pontos de importância específica dentro do gráfico trabalhado e a
explicação dos fenômenos que o diagrama descreve.
Plano de Estudo:
● Estudo das propriedades dos materiais;
● Propriedades mecânicas;
● Propriedades elétricas;
● Propriedades térmicas;
● Propriedades magnéticas e ópticas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Entender as principais propriedades mecânicas, térmicas, elétricas,
magnéticas e ópticas dos diversos tipos de materiais;
● Relacionar a presença destas propriedades com as
aplicações dadas aos materiais.
80
INTRODUÇÃO
Ao longo das unidades anteriores fizemos uma viagem sobre o estudo dos materiais,
desde a sua classificação, evolução histórica, conceitos básicos sobre a sua microestrutura
até as transformações a que eles estão suscetíveis. Aqui, iremos seguir utilizando tudo o
que vimos, analisando mais diretamente o comportamento dos diferentes materiais, através
do estudo das suas propriedades.
Entendendo que as propriedades correspondem a forma como os materiais res-
pondem aos distintos tipos de estímulos a que são submetidos, abordaremos inicialmente
os estímulos mecânicos e a forma como os corpos respondem a tais. Na nossa discussão,
apresentaremos primeiramente os conceitos básicos, com uma introdução ao estudo das
propriedades dos materiais e sobre as propriedades mecânicas dos mesmos.
Em seguida, trataremos das propriedades elétricas dos materiais, a classificação
que é feita a seu respeito e quais os principais parâmetros usados para representar e
medir estas propriedades. Você verá que o conhecimento sobre a forma como os distintos
materiais se comporta sob estímulos elétricos é de grande importância nos mais diversos
setores da ciência e tecnologia.
As propriedades térmicas também serão abordadas, apresentando exemplos prá-
ticos que podem ser percebidos a nossa volta e explicando como a microestrutura dos
materiais, estudada em unidades anteriores, influi também nesse aspecto. Você perceberá
que existem materiais que apesar de aparentarem não possuir determinadas propriedades,
apenas as apresentam de formas distintas.
Por fim, iremos também abordar as propriedades magnéticas e ópticas dos mate-
riais, apresentando os conceitos básicos necessários para a compreensão de fenômenos
atrelados as variações existentes nas características dos materiais.
Vimos na primeira unidade de nossa disciplina uma breve introdução sobre a ciên-
cia e engenharia dos materiais, área na qual se consideram alguns componentes principais,
dentre os quais está o conceito de propriedade.
Revisando de maneira breve, você deve lembrar que as propriedades são as carac-
terísticas de um certo tipo de material, em termos da resposta deste aos estímulos que lhe
são empregados. Estes estímulos variam, e recebem classificações de acordo com essa
variação, sendo assim, as propriedades também classificadas em grupos.
Iremos então apresentar aqui as principais propriedades dos materiais e qual a
importância de entendê-las para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novos produtos,
úteis ao nosso dia-a-dia. Estudaremos a seguir as propriedades mecânicas, térmicas, elé-
tricas, magnéticas e ópticas, observando também a sua variação para os diferentes tipos
de materiais, que, como vimos também na primeira unidade, é um dos principais fatores
influentes na sua divisão e classificação (cerâmicas, metais e polímeros).
O primeiro grupo que iremos estudar é o das propriedades mecânicas, que possuem
uma elevada variedade de diferenciações, que por vezes podem parecer insignificantes,
mas na verdade, têm o papel de apresentar, cada uma delas, distintas explicações sobre a
resposta a estímulos mecânicos impostos aos materiais. Para que se possa entender o que
cada propriedade corresponde, iremos também estudar estes distintos esforços que podem
ser causados a um material.
A compreensão das propriedades mecânicas dos materiais é competência exigida
de muitos ramos da ciência e engenharia. O entendimento do comportamento, a identificação
dos seus pontos de variação, a reação do material sob a presença de mais de um esforço
simultâneo, entre outros aspectos, são essenciais para que, na produção e desenvolvimen-
to dos materiais (cientistas e engenheiros de materiais, engenheiros químicos, engenheiros
de produção, etc.) ou na aplicação e avaliação prática (engenheiros aeronáuticos, civis,
mecânicos, etc.), possa se escolher e utilizar os materiais em sua proporção e dimensão
corretas, evitando assim as falhas ou deformações excessivas e indesejadas.
Para a análise e verificação das propriedades mecânicas dos materiais, os experi-
mentos e ensaios com equipamentos de laboratório são planejados e realizados de forma
muito cuidadosa, com o intuito de submeter os protótipos analisados às condições reais em
que serão aplicados, de maneira a reproduzir da forma mais idêntica possível a realidade,
essas condições de serviço dos materiais.
Outras propriedades elétricas que merecem ser citadas são a mobilidade eletrônica
e algumas peculiaridades como a ferroeletricidade.
SAIBA MAIS
Uma das combinações mais usadas atualmente na construção civil é o que chamamos
de concreto armado, que consiste numa combinação do concreto puro e de barras de
aço, agindo em conjunto na estrutura. Essa aplicação, no entanto, em termos históricos,
não é tão antiga, dada o uso há séculos do concreto puro. Você já pensou o que levou
a aplicação de outro material junto ao concreto, para reforçar as estruturas? Justamente
as propriedades do aço que, combinadas as do concreto, mostraram que essa junção é
muito proveitosa para os fins estruturais.
lodo de estação de tratamento de água. Matéria (Rio J.). V. 21 (04), Dez. 2016. Disponível em: https://doi.
LIVRO
Título: Ensaio dos materiais
Autor: Amauri Garcia, et. al.
Editora: LTC.
Ano: 2012.
Sinopse: Mostra as principais técnicas do tema e sua aplicação
em exercícios. Seus eminentes autores reúnem vasta experiência
em ensino e pesquisa, repassando-a ao texto com conceitos e
metodologias utilizadas para caracterizar, por meio de ensaios,
propriedades mecânicas e comportamento mecânico em con-
dições estáticas e dinâmicas de aplicação de carga, bem como
a conduta de materiais durante processos de fabricação como a
conformação plástica, entre outros. Didaticamente organizado,
este livro-texto contém ainda informações adicionais sobre temas
específicos e cinco apêndices que servem à consulta imediata
permitindo ao estudante acesso mais aprofundado a esses temas.
FILME / VÍDEO
Título: Propriedades mecânicas – Ciência dos materiais
Ano: 2020.
Sinopse: O vídeo fornece um resumo sobre as propriedades
mecânicas dos materiais, abrangendo os conceitos básicos que
regem o seu entendimento e apresentando também aplicações
práticas que mostram a importância de se entender o comporta-
mento apresentado pelos materiais no seu aspecto mecânico.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=7WdI4YgTmSg
EXPLICA Professor. Aula 01 - Introdução à Ciência dos Materiais. Youtube. 2020. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=U-3XFhrXs9k. Acesso em: 13 set. 2021.
EXPLICA Professor. Aula 20 - Imperfeições nos sólidos (introdução). Youtube, 2021. Dispo-
nível em: https://www.youtube.com/watch?v=NHJYIUkNluo. Acesso em: 26 set. 2021.
SOUZA, Líria Alves de. “Linus Pauling”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.
uol.com.br/quimica/linus-pauling.htm. Acesso em: 14 set. 2021.
104
CONCLUSÃO GERAL
105
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br