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Impasses contemporâneos do protagonismo lésbico: para além da inversão da sigla

Guilherme Silva de Almeida

O objetivo deste artigo é ser uma breve descrição da progressiva autonomização

do movimento brasileiro de lésbicas e bissexuais ocorrida a partir dos anos 90 e analisar

alguns dos impasses contemporâneos enfrentados por este movimento no contexto mais

amplo do movimento LGBT.

O caminho que pretendo percorrer neste artigo não é simples e já começa com

um desafio: o de precisar com alguma clareza o que venho concebendo como

movimento de lésbicas e bissexuais. Apesar de considerar que este movimento social

experimentou ao longo dos anos 90 um processo de progressiva autonomização em

relação ao movimento LGBT, não é possível conceber aquele de forma totalmente

dissociada deste, pois como é sabido, ambos os movimentos compartilham uma

trajetória histórica em grande medida comum. Eles são, de forma semelhante, dispostos

a reversão da situação de preconceito e discriminação em função das convenções de

gênero e da sexualidade. Desta forma, pode-se conceber o movimento de lésbicas e

bissexuais como em - alguma medida - correlato e concorrente do movimento LGBT e,

em outra direção, um braço dele1.

Foi característico dos últimos anos o surgimento de vários neologismos, cujo

pano de fundo foi o reclame da especificidade das identidades sexuais e de gênero,

como lesbofobia e transfobia. Mais que outros aspectos do movimento, esta progressiva

diferenciação interna e seus efeitos políticos começa a ser explorada na literatura das

ciências sociais2.

1
Para o aprofundamento desta discussão, ver ALMEIDA (2005), ao discutir o surgimento do movimento
de lésbicas no Brasil.
2
Ver Fachini (2005).
1
1- A autonomização do movimento de lésbicas/bissexuais

Se desde os primórdios do então chamado movimento homossexual3, as lésbicas

participaram da formação dos grupos e da concretização de diferentes ações políticas,

também é verdade que a relação delas com os demais sujeitos políticos abrigados sob o

guarda-chuva “homossexual”, sempre foi marcada pela tensão (eventualmente

convertida em conflito), motivada quase sempre pela denúncia do não-reconhecimento

da especificidade das necessidades lésbicas e do seu poder decisório nas instituições do

próprio movimento. Freqüentemente, esta tensão redundou em rupturas das lésbicas

com os grupos mistos e também (de forma menos freqüente) na obtenção de espaços

autônomos de poder no interior de grupos mistos.

Assim, embora tenha havido uma origem política e um corpo de reivindicações

comum entre lésbicas e o movimento homossexual, a partir da década de 1990, as

lésbicas - através de grupos, ações e eventos específicos - passaram a forjar um conjunto

de demandas específico e um modus operandi político próprio, por vezes mais próximo

do feminismo que do movimento homossexual.

Com as feministas, a relação do movimento de lésbicas e bissexuais foi marcada

pela ambigüidade. Tal ambigüidade se dava porque, se de um lado, ocorria uma

significativa identificação lésbica com as demandas feministas, de outro havia um

nebuloso contradiscurso que afirmava a existência de um algo mais que distinguiria

aquelas das “mulheres em geral”. Este algo mais esteve no centro de infindáveis

discussões e os limites da suposta diferença, até hoje, nem sempre são suficientemente

3
Utilizarei a expressão “movimento homossexual” sempre em referência ao movimento histórico,
descrito por vários autores e que nas décadas de 1980 e 1990 se auto-referia desta forma, antes que
surgisse o reclame pela especificação das identidades. Entende-se que, já naquele momento co-existiam
no movimento diferentes identidades sexuais que se satisfaziam, todavia, com o termo genérico.
2
claros para o próprio movimento, sobretudo quando o plano da discussão é o das

políticas públicas.

Na cena pública brasileira foi possível observar a formação de dezenas de

grupos exclusivamente formados por lésbicas e bissexuais a partir dos anos 90. Grande

parte deles se constituiu sob a forma de ONGs. A maioria vinculou-se a entidades

aglutinadoras exclusivamente lésbicas, como a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e a

Associação Brasileira de Lésbicas (ABL). Outros grupos vincularam-se a ABGLT4 e a

outras entidades supra-regionais mistas.

Tais entidades do movimento de lésbicas e bissexuais serão aqui chamadas de

ONGs lésbicas5. Elas foram se autonomizando em resposta a freqüentes conflitos

ocorridos no interior das organizações mistas, mas também devido a uma variedade de

condicionantes econômicos, políticos e culturais6.

Do ponto de vista econômico, a década de 1980 terminou com uma forte crise a

que comprometeu o conjunto das condições de vida da população brasileira e também

teve impactos na disposição dos diversos segmentos sociais para a ação política. A

maioria dos movimentos sociais no período – sobretudo os de conformação classista,

como os sindicatos e partidos – experimentam um refluxo naquele período7.

O movimento homossexual também foi impactado, mas a exemplo de outros

movimentos de base culturalista8 (como os movimentos negro, feminista e o feminismo

negro), sobreviveu graças à forma que assumiram a partir de então, a de ONGs. A

militância homossexual perdeu com o novo formato, em grande medida, o caráter

informal e se institucionalizou em entidades civis sem fins lucrativos, com um corpo


4
Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais.
5
Para o acesso a um pequeno histórico do fortalecimento dos grupos de lésbicas nos anos 90, ver o
terceiro capítulo de Almeida (2005:188-203).
6
Para uma análise mais detida da participação das lésbicas na primeira onda do movimento homossexual,
ver Fry & MacRae (1985) e Macrae (1990).
7
Sobre o refluxo dos movimentos sociais, ver Gohn (2000).
8
Para o aprofundamento da discussão acerca dos movimentos sociais do Brasil dos anos 90 e as
principais transformações em suas características, ver Gohn (2000).
3
estável de funcionários e orçamentos próprios. Elas passaram se movimentar sob a

lógica do financiamento de projetos.

O cenário da globalização e do aumento do fluxo das comunicações

(possibilitado pela difusão da internet), também contribuiu para o acesso dos

movimentos sociais brasileiros a experiências internacionais, possibilitando o

desenvolvimento de experiências locais também diferenciadas. Este foi um aspecto

importante para o surgimento de ONGs a partir da identidade sexual9.

Em âmbito nacional, a ascensão de governos de orientação neoliberal 10 a partir

do final dos anos 80, que transferiram parte das atribuições do Estado brasileiro na

execução de políticas sociais para a sociedade civil11, favoreceu a expansão das ONGs

de um modo geral, o que também incidiu sobre as novas ONGs nascidas no movimento

homossexual.

A participação do governo brasileiro nas conferências da ONU e a crescente

necessidade de incorporação da temática dos direitos humanos pelos governos federais,

especialmente os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, proporcionaram por

outro lado o reconhecimento pioneiro de novos sujeitos políticos na arena política

brasileira, como as lideranças gays, lésbicas, travestis e transexuais12.

O surgimento na década anterior da epidemia de Aids e das ONGs Aids13,

possibilitou que nos anos 90 muitas entidades do movimento homossexual incluíssem

9
Para a discussão da incorporação das diferenças pela cultura global, ver Appadurai (1990:311-327).
10
Para uma discussão acerca do neolberalismo e sua incidência nos Estados latino-americanos nos anos
90, ver Laurell (2002).
11
Para o aprofundamento deste processo de transferência de responsabilidades e o estímulo à participação
da sociedade civil pelo Estado, ver Montaño (2003).
12
Vianna & Lacerda (2004) apresentam como um marco importante da incorporação dos direitos
humanos e da afirmação de direitos e políticas sexuais no Brasil os dois Programas Nacionais de Direitos
Humanos (PNDHs), o primeiro em 1996 e o segundo em 2002.
13
Sobre as ONGs Aids, ver Silva (1998) e Zaquieu (2002).
4
entre suas atividades a prevenção do HIV e a lógica de “educação entre pares” 14. Este

trabalho foi efetivamente financiado por diferentes instâncias públicas que subsidiaram

a realização destas atividades (em especial o Ministério da Saúde, através do Programa

Nacional de DST/Aids). Além de contribuir para a emergência deste novo modelo

organizativo no cenário nacional, a Aids propiciou uma discussão da sexualidade sem

precedentes, o que também favoreceu a emergência de manifestações políticas de

sexualidades diversas da heterossexual.

Reunido em torno de ONGs lésbicas e a partir do trabalho de lideranças quase

sempre forjadas no interior de outros movimentos (classistas e culturalistas), a partir da

década de 1990, tornou-se possível ao movimento de lésbicas e bissexuais, a obtenção

de fomento internacional e, sobretudo, a produção de uma estratégica interlocução com

o Estado, via Ministério da Saúde e secretarias estaduais e municipais de saúde, em seus

projetos de combate ao HIV/Aids. Especialmente o diálogo com o Programa Nacional

de Combate à Aids iniciado ainda na década de 1980, foi descrito pelas próprias

ativistas do movimento de lésbicas e bissexuais como estratégico. A princípio, a atenção

do referido programa foi devotada aos gays, bissexuais masculinos, travestis e mulheres

transexuais mas, sobretudo por força do empenho político da gestora federal Lair

Guerra, as lésbicas foram em alguma medida incluídas na discussão. O relato de

diferentes ativistas – algumas já organizadas em grupos autônomos – é o de que elas

foram convidadas por aquela gestora federal para uma conversa. Da conversa

resultaram os recursos financeiros para a organização do primeiro Seminário Nacional

de Lésbicas (SENALE), no começo da década de 199015.

O primeiro SENALE foi um marco fundamental na história do movimento, pois

nele as lideranças começaram a esboçar um discurso comum e criou-se um campo de

14
A esse respeito ver Parker (2000).
15
Para o detalhamento deste processo, ver Almeida (op.cit).
5
luta por uma política de saúde sexual para lésbicas e bissexuais, até então inédito no

Brasil. Este campo de discussão foi desencadeado, mesmo que na ausência de uma

literatura científica nacional que legitimasse cientificamente a afirmação da

vulnerabilidade lésbica. Para afirmá-la, as ativistas pautaram-se na própria experiência

de militância e nos relatos de vivências coletados em oficinas de discussão e prevenção

de DST. Algumas o fizeram também a partir da tradução e reprodução de literatura

científica internacional (norte-americana, canadense e australiana principalmente)

obtida a partir da conexão com grupos de ativistas estrangeiros. Começou também

naquele período a participação de médicos/as, especialmente de ginecologistas, nas

ONGs lésbicas, em eventos, ou ainda estabelecendo convênios para o atendimento das

participantes em consultas realizadas durante os eventos.

O apoio dos programas de resposta a aids para as ONGs lésbicas não se

restringiu à logística dos Senales, viabilizou também, a partir deles a constituição de

fóruns de debate e projetos educativos desenvolvidos por estas entidades. Por isso, em

certa medida, é possível dizer que o Estado fomentou aquele movimento social16,

invertendo o caminho mais comum da produção de políticas sociais: nascem como

“resposta às necessidades sociais” e acabam por se traduzir em políticas públicas mais

ou menos coerentes com as necessidades que lhes deram origem. Naquele contexto, o

Estado deu uma importante contribuição na produção da necessidade social de inclusão

das lésbicas nas ações governamentais.

A interlocução do movimento de lésbicas/bissexuais com o Ministério da Saúde

– pela via da aids – tornou-se mais ou menos constante ao longo de todos os governos

da década de 1990 e dos anos 2000. Uma das formas que esta interlocução tomou foi o

trabalho do Grupo Matricial, formado por ativistas lésbicas e bissexuais de diferentes

16
Em seu novo formato, a partir de ONGs lésbicas.
6
estados da Federação e por técnicos da Coordenação do Ministério. Aquele Grupo

reuniu periodicamente ativistas e gestores durante alguns anos em Brasília e teve como

resultado um conjunto de ações educativas na área da prevenção às doenças

sexualmente transmissíveis, embora de alcance quantitativa e qualitativamente limitado.

Tais ações educativas foram principalmente a elaboração de folhetos, cartilhas e vídeos

com instruções sobre sexo seguro entre mulheres e a distribuição por algumas ONGs

lésbicas de um kit de prevenção (com preservativos masculinos, tesourinha e aparador

de unhas, entre outros acessórios que poderiam ser adaptados para uma prática sexual

“mais segura” entre mulheres17).

A interlocução com o Ministério da Saúde, embora instigante pelo seu

ineditismo, recebeu críticas em duas direções: pela modéstia dos recursos econômicos

dispensados (se comparados ao volume dispensado às organizações masculinas e a

outros grupos). Uma segunda direção da crítica foi a preocupação do Matricial com a

aids, mesmo sem estudos epidemiológicos que no contexto brasileiro investigassem o

assunto. O formato da prevenção proposta pelo Grupo Matricial também foi criticado,

pois seria inadequado às especificidades lésbicas. Ainda foi criticada a forma vitalícia

da representação no Grupo Matricial pelas lideranças lésbicas: algumas ativistas teriam

se beneficiado apenas pessoalmente daquela inserção privilegiada.

De qualquer forma, o movimento de lésbicas e bissexuais cresceu a partir da

interlocução com o Ministério, adquirindo características próprias. Como parte destas

características encontra-se a prática das reuniões confessionais ou da ajuda mútua, pela

troca de experiências. Esta característica propiciou o surgimento de ações um tanto

tautológicas no interior dos grupos: volta-se muitas vezes às mesmas discussões nos

17
Não é consenso entre as próprias ativistas que o resultado do Grupo Matricial tenha sido satisfatório,
tanto em função de sua limitada incidência sobre a política de saúde, quanto em função da escassa
distribuição do kit e da qualidade dos materiais que ele continha.
7
encontros promovidos, sem que ocorram encaminhamentos políticos de qualquer uma

delas.

A impressão que se tem no convívio dos grupos de lésbicas/bissexuais é que seu

potencial político passa prioritariamente pelo fortalecimento subjetivo dos indivíduos,

quase sempre pressionados por processos discriminatórios nas famílias, nas relações

comunitárias ou em outros espaços, ou ainda, são pessoas movidas pelo desejo de

entretenimento e de colisões afetivo-sexuais. Em contextos assim, sobra pouco espaço

para ações políticas de médio e longo prazo, já que a principal motivação é a busca do

conforto imediato das freqüentadoras.

O caminho dominante para garantir eficácia às ONGs lésbicas tem sido

predominantemente a execução de projetos com apoio financeiro de agências de

cooperação internacional e/ou de outras ONGs, além de financiamentos estatais

circunstanciais. A lógica dos projetos mantém as organizações, portanto, na

dependência dos recursos externos disponíveis - abundantes ou escassos conforme a

conjuntura econômica e política nacional e internacional. Ela também acirra os

mecanismos de competição entre os grupos e impõe a necessidade de dar visibilidade

aos trabalhos desenvolvidos, imprimindo a eles um certo pragmatismo expresso na

preocupação com a qualificação dos produtos e com a prestação de serviços para o

público-alvo18.

Uma característica forte da composição interna dos grupos e que trouxe

conseqüências para a capacidade organizativa do movimento de lésbicas e bissexuais, é

que muitos tiveram sua origem num casal fundador, que agregava outros casais ou

amigas para o empreendimento. Uma vez que a relação afetiva/sexual se esgotava (o

que ocorria algumas vezes com rupturas violentas), o grupo se dissolvia ou era

18
Ver Gohn (op.cit: 57-58)
8
fragilizado pela permanência de apenas uma das integrantes do casal, que nem sempre

estava preparada ou com condições de manter o grupo. Durante o trabalho de campo

levado a termo na construção da tese, ouvi de uma das integrantes do casal fundador de

um grupo extinto, que com a saída de sua ex-companheira e a sua do grupo, outras

pessoas assumiram a liderança provisoriamente, mas não conseguiram mantê-lo em

atividade por muito tempo. A entrevistada a partir da saída, perdeu o controle sobre o

destino do grupo, inclusive sobre o que foi feito do precioso acervo de cartas (algumas

centenas) enviadas por lésbicas de todo o Brasil. As decorrências políticas do “casal

fundador” são potencializadas em função do personalismo que marca o movimento.

Muitas lideranças são carismáticas e atraem de forma quase exclusiva para si os

holofotes da causa, encarnando a identidade do grupo19.

O personalismo é visto por algumas ativistas como uma necessária compensação

pelo ônus decorrente tanto da constante exposição pública a que são submetidas as

lideranças quanto pelas dificuldades inerentes à posição de líder: constantes viagens,

disponibilidade muitas vezes integral à causa e prejuízo do tempo de lazer.

No entanto, o personalismo e a organização interna dominante nas ONGs não

são um ponto pacífico, constituem ao invés disso, um ponto de tensão que às vezes

aflora de maneira abrupta nos eventos do movimento. Trata-se de um conflito que,

grosso modo, opõe as militantes que participam do movimento sem remuneração e as

que participam como dirigentes e/ou parte do corpo técnico das ONGs, sendo

remuneradas para o exercício da militância. Por este e por outros motivos existe

rivalidade interna entre os grupos. Pairam no ar denúncias de corrupção, bem como de

“promoção pessoal”, de centralismo decisório e autoritarismo nas relações intragrupais.

19
O que ademais não é uma característica perceptível apenas no movimento de lésbicas e bissexuais, mas
pode ser observada no movimento homossexual, em alguns âmbitos do feminismo e dos movimentos
raciais.
9
Foram também enunciadas pelas ativistas (embora como minoritárias) novas

formas de organização dos grupos, diversas do modelo do casal fundador. A construção

de outros modelos passa todavia pela repactuação das relações internas dos grupos

numa direção mais democrática, o que implica em relações menos hierárquicas entre a

diretoria e a “base”.

Reconhecendo pelo menos um destes elementos, o centralismo decisório, alguns

grupos têm feito um esforço de, oficialmente, alternar as freqüentadoras nos cargos de

direção, substituindo as lideranças mais antigas pelas mais jovens. Também este

processo nem sempre se dá tranqüilamente: ocorrem por vezes rupturas das novas

lideranças com a organização, após um período de embate com as antigas militantes.

Novas lideranças às vezes ocupam o posto de direção oficial, mas eventualmente sem

poder decisório de fato. Noutra direção, lideranças antigas no movimento queixam-se

de não encontrar nas novas freqüentadoras dos grupos, mulheres com perfil de

liderança.

A rivalidade entre os grupos (que às vezes transborda para um plano pessoal),

não elimina um certo espírito de corpo entre eles: existe respeito entre as “lideranças

históricas”, que se manifesta principalmente em momentos em que se insinua um

adversário comum.

2- A crise de um modelo

É possível afirmar que a atualidade traz ao movimento de lésbicas e bissexuais

um caráter de expansão20. Contudo, é preciso refletir sobre o alcance desta expansão do

movimento. O formato de ONGs exclusivamente lésbicas baseadas na lógica de

projetos, no casal fundador e na ajuda mútua, está em crise. Esta crise se expressa ao

menos em dois níveis: o financeiro e o da reprodução interna.

20
Basta que se veja a crescente expressão pública da participação das mulheres - lésbicas ou não - nas
manifestações anuais de rua do movimento LGBT.
10
No plano financeiro, as ONGs em geral experimentaram uma certa escassez das

linhas de financiamento européias e norte-americanas, especialmente do ano 2000 em

diante. O recrudescimento de perspectivas conservadoras no cenário norte-americano

que marcou a Era Bush, contribui para que especialmente as ONGs que trabalhavam a

sexualidade encontrem dificuldades de sustentação financeira a partir destas fontes. A

opção encontrada pela maioria delas foi uma aproximação maior dos financiamentos

estatais para execução de projetos. Estes financiamentos são mais escassos e

contribuem para um tenso e discutível atrelamento político das organizações à dinâmica

estatal.

Pode-se considerar que a irregularidade e a escassez destes financiamentos - que,

no caso das ONGs exclusivamente lésbicas é quase um componente inalienável da sua

trajetória histórica - também tenha cooperado para que não haja no interior destas

organizações uma suficiente composição de quadros profissionais. Em contrapartida,

estes são hoje indispensáveis para que as ONGs ocupem um lugar de conforto e de

destaque na disputa por financiamentos em que necessariamente estão inscritas.

Assim, não é comum encontrar nas ONGs lésbicas um corpo técnico estável,

estabelecido a partir das regras do mercado de trabalho. Em tais organizações, o que

prevalece é a presença de voluntárias (que eventualmente tornam-se remuneradas)

atraídas por convergirem ideologicamente com a causa. Algumas vezes, estas

voluntárias dispõem de formação educacional superior e disponibilizam seus

conhecimentos técnicos para a construção e execução de projetos, em geral de curta

duração. Outras vezes, as voluntárias têm nível médio, mas atuação prévia em outros

movimentos sociais, o que lhes permite uma fluência no plano das relações políticas que

também disponibilizam às organizações. Mas há as voluntárias que não dispõem de

11
formação técnica ou política compatíveis com as exigências a que estas organizações

são submetidas e sua presença numerosa, não assegura a sobrevivência do grupo.

Especialmente esta última característica, projeta algumas ONGs lésbicas numa

condição precária de sustentação. Os grupos mistos (formados concomitantemente por

gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais) parecem ter sido uma alternativa

histórica encontrada pelas lésbicas e bissexuais para o enfrentamento desta fragilidade

no aspecto da gestão dos grupos. Tal alternativa financeira e politicamente mais viável

(porque otimizadora do capital cultural e político de todas as “letras da sigla”) colide,

entretanto, com a insatisfação das próprias freqüentadoras dos grupos em dividirem o

espaço político e institucional com indivíduos que se afirmam gays, bissexuais, travestis

ou transexuais21. O impasse, portanto, persiste.

No plano da reprodução interna dos grupos, ainda que hoje o casal fundador

seja eventualmente posto de lado e grupos já sejam estruturados por redes de

relacionamento não totalmente afetivo-sexuais, a lógica da ajuda mútua ainda

permanece no centro de um paradoxo enunciado por ativistas mais antigas. Ela se

manifesta sob a forma da partilha de situações discriminatórias, de debates sobre a

produção política e cultural lésbica internacional (filmes, livros, revistas, festas) e

através de festas que permitem estruturar relacionamentos de amizade e/ou afetivo-

sexuais. A ajuda mútua teve eficácia política ao longo da história do movimento,

contribuindo para que os grupos pudessem surgir e se manter por algum tempo.

Um dos limites da ajuda mútua, entretanto, é que findos alguns meses ou até

anos, parece ser comum o esgotamento da fórmula para garantir a atratividade do

mesmo grupo e é muito comum que quando isto acontece, o grupo se encerre ou entre

numa fase de baixa freqüência e ausência de novos quadros.

21
Desde o tempo do Somos, as lésbicas reclamavam de uma certa hostilidade dos homens de qualquer
orientação sexual no interior dos grupos mistos. Este foi o motivo inclusive que gerou a primeira ruptura
do Somos.
12
A saturação da ajuda mútua não é um problema se o desejo do movimento for

manter-se em um permanente devir, mas se o desejo de muitas ativistas é a estruturação

de grupos e organizações mais sólidas e duradouras, guiadas por um maior pragmatismo

e continuidade nas frentes de luta estabelecidas, a ajuda mútua não dá conta. Pelo

contrário, ela parece dificultar a inclinação de grupos que já têm uma trajetória mais

longa em direção ao advocacy, uma prática político-institucional com produtos políticos

mais claros e objetivos. É possível observar que a chegada de novos membros (ansiosos

por falarem de si e darem conta de suas questões existenciais, que a dinâmica da ajuda

mútua reforça), imprime aos grupos uma recorrente volta a temas que, embora possam

ser significativos, permanecem abordados de forma superficial, subjetivista e sem que

se converterem em ferramentas técnicas e/ou políticas com objetivos claros. Em outras

palavras, no interior dos grupos, temas como discriminação, saúde, sexo seguro,

violência, religião, família, estão sempre em voga, mas evoluem com muita dificuldade

para a forma de demandas e proposições.

O paradoxo é que a ajuda mútua foi e é necessária à sobrevivência do grupo,

mas esta lógica determina uma estrutura interna frágil e repelente das freqüentadoras

que procuram não apenas discutir suas questões subjetivas e/ou buscar colisões, mas

realizar ações políticas eficazes.

Pelos motivos brevemente discutidos, considero que o atual formato das ONGs

lésbicas vive uma crise. Todavia, considera-se que a eficácia de um movimento social

se mede também pelo seu impacto nas políticas públicas. Pode-se afirmar a realização

de experiências regionais de ocupação dos espaços públicos por algumas lideranças

lésbicas, em conselhos de saúde, de educação, dos direitos da mulher e os fóruns e

câmaras técnicas de saúde da mulher. Já ocorre o estabelecimento de parcerias com

diferentes instâncias estatais na execução de projetos de treinamento de profissionais de

13
saúde e de educação para o enfrentamento do heterossexismo, o que tende a se ampliar a

partir da incorporação pelo Estado dos resultados das Conferências LGBT realizadas no

primeiro semestre de 2008. Cresceu no âmbito legislativo a aprovação de medidas de

saúde, previdenciárias, educacionais, entre outras, destinadas à garantia dos direitos da

população LGBT, assim como o esforço de alguns governos de traduzirem no nível

local o programa público Brasil sem Homofobia. No âmbito judiciário, importantes

conquistas têm sido obtidas e as lésbicas/bissexuais também têm sido protagonistas

destes processos judiciais, organizadas em grupos ou não.

3- Os impasses contemporâneos

Dada a crise do modelo que informa o movimento de lésbicas/bissexuais e que

procuramos minimamente discutir acima, mas tendo em perspectiva a evidente e

significativa ação política desse movimento, um conjunto de questões precisam ser

refletidas e algumas delas tomam a forma de impasses.

Quanto à prevenção de DST/Aids, já não é possível tratá-la sem que haja

mudanças no formato cotidiano das práticas de saúde. Não há como permanecer na

retórica de que “lésbicas são mais avessas à prática do Papanicolaou” e, por isso,

“correm mais risco de câncer cervical”, se a qualidade da atenção dispensada nas

unidades públicas e privadas de saúde não é compatível com o acolhimento efetivo

deste público. É necessário ainda enfrentar com seriedade a escassez de pesquisas em

saúde sobre o adoecimento das lésbicas e bissexuais por DST/Aids no país, que

promovam a ultrapassagem das discussões esporádicas e dos aforismos.

Por outro lado, em tese desenvolvida em 2005, pude observar a necessidade de

extrapolar o domínio da saúde sexual quando o que se tem em mente é o enfrentamento

do heterossexismo dirigido às mulheres. Trata-se aqui de fomentar um campo de

discussão sobre os efeitos da discriminação na conformação de outras expressões da

14
vulnerabilidade em saúde, mas isto é difícil num contexto em que apenas a saúde sexual

fica em perspectiva.

Para além da política de saúde, trata-se de enfrentar as assimetrias de poder

aquisitivo e renda associadas à subordinação econômica das mulheres, assim como os

processos de desfiliação e ruptura com as famílias e redes de sustentação primárias, que

muitas mulheres vivem em decorrência da orientação sexual, com ou sem afirmação

identitária. Neste sentido, há alguns anos, organizações cariocas, por exemplo, têm

realizado trabalhos no sistema penitenciário e em regiões periféricas da cidade e surgem

grupos em regiões mais pobres do estado, como a Baixada Fluminense, mas, em

contrapartida, durante a Conferência Nacional LGBT surpreendeu a ausência de um

espaço de debate das propostas LGBT para a Política Nacional de Assistência Social.

Mediante a contestação de poucos indivíduos, tais propostas foram relegadas ao grupo

de trabalho e renda, o que foi um indicador da pouca importância dada as mesmas pelo

movimento.

Um outro impasse digno de nota é o que gira em torno da relação do movimento

de lésbicas/bissexuais com os demais movimentos em defesa de sexualidades não-

normativas - as “outras letras”- pois, se o movimento de autonomização foi importante

para questionar um certo “totalitarismo gay” presente desde os anos 70, ele também

vem contribuindo para esgarçar os vínculos de solidariedade entre as “letras”. O desafio

colocado é como reconhecer especificidades e, simultaneamente, garantir a unidade da

luta pela não-discriminação numa perspectiva plural?

A estratégia de composição do movimento de lésbicas/bissexuais com o

feminismo ocorreu e foi importante para ambos, mas esta proximidade por vezes vem

acompanhada do aforismo um tanto ingênuo de que uma forte diferenciação expressa na

gramática corporal dos componentes de alguns pares lésbicos, necessariamente

15
signifique assimetria de poder. Mais ingênua ainda é a crença de que a existência de

uma estética igualitária do casal de mulheres possa neutralizar por si só os efeitos

danosos da suposta assimetria.

Em certa medida associada a esta aproximação do movimento de

lésbicas/bissexuais com o feminismo, cresce o constrangimento pela existência de

lésbicas com uma gramática corporal associada ao masculino, face à crescente pressão

pelo modelo igualitário de relacionamento22, mas não ocorrem discussões consistentes

sobre os possíveis significados da masculinização/feminilização nos espaços políticos

do movimento. Como conseqüência, sob a mesma rubrica, “lésbica”, são abrigados

sujeitos que - talvez em ambientes políticos mais propícios ao debate - poderiam se

identificar de maneiras diversas, como butches, ladies, queer, fanchonas, sapatas,

sapatilhas, bissexuais, homens transexuais e até (quem sabe?) mulheres t-lovers. É desta

maneira, restritiva a rubrica “lésbica”, por se fundar no achatamento de eventuais

diferenças entre os sujeitos ou perceber tais diferenças como apenas cosméticas.

Outro impasse digno de nota - e que é parte desta dificuldade de construção de

uma cultura de acolhimento à diversidade no próprio movimento de lésbicas brasileiro -

é a notória dificuldade de incorporar as bissexuais tanto no interior dos grupos quanto

nas demandas do movimento. Elas encontram por vezes dificuldades para simplesmente

enunciarem seus pontos de vista nas discussões.

A cultura de acolhimento das diferenças pressupõe estudos e reflexões que

propiciem a este movimento um olhar sobre os marcadores sociais de diferenças, pois é

sabido que a classe social, o gênero, a geração, a cor e a orientação sexual, recombinam-

se de formas diversas, não operando de forma mecânica na história dos indivíduos e

grupos, ainda que estes se apresentem sob a mesma inscrição identitária. A produção

22
Para uma discussão de igualitarismo em díades femininas, ver HEILBORN (2004) .
16
destes estudos colide ainda com uma forte resistência cultural23 à produção de estudos

sobre homossexualidade feminina que apenas nas últimas décadas começou a ser

rompida por um pequeno número de pesquisadoras/es24, em sua maioria comprometidas

com o movimento organizado.

Sob outro prisma, um aspecto a ser ressaltado é que o movimento de

lésbicas/bissexuais, como outros movimentos sociais, enfrenta o dilema de ocupar a

esfera pública pela via da ação política, num contexto contemporâneo em que o cidadão

ou cidadã se exprime muito mais pelo uso do CPF (Cadastro de Pessoa Física) do que

nos espaços tradicionais da política e trafega mais pela web do que nas ruas da cidade

onde vive. Em outras palavras, trata-se do impasse de convidar à ação política num

contexto histórico em que a política é esvaziada progressivamente de significado e em

que as soluções individualistas propostas pelo mercado são mais fortemente enfatizadas

como via de acesso à cidadania. Assim, permanece a questão: como forjar espaços

políticos atraentes como os bares, as boites, as festas pagas ou o ciberespaço? E ainda,

como articular ajuda mútua e advocacy?

4- Considerações finais

Um dos flagrantes da Conferência LGBT em Brasília foi que por força do

critério de inscrição dos/as participantes a partir da identidade de gênero25, homens gays

e bissexuais ficaram com 50% das vagas da Conferência e mulheres, algumas travestis e

transexuais femininas confinados na cota dos outros 50%. Tal questão foi discutida e

aprovada em reuniões preparatórias da Conferência. Todavia, em reunião durante a

Conferência, algumas ativistas lésbicas e bissexuais presentes declararam seu repúdio

23
Em artigo de 1995, Carole Vance descreve a freqüente “desconfiança” que, mesmo no meio
universitário, ronda os pesquisadores da sexualidade, dificultando os estudos neste campo. Os estudos da
homossexualidade tornam-se assim agravantes deste preconceito.
24
Alguns pioneiros nacionais na construção de estudos acadêmicos sobre homossexualidade feminina nas
décadas de 80 e 90 foram DANIEL & MICCOLIS (1983), MOTT (1987), PORTINARI (1988),
MACRAE (1990), MUNIZ (1992), CARVALHO (1994) e VARGAS (1995).
25
Feminino ou masculino.
17
ao que consideraram uma manobra política dos gays, dada a disparidade numérica que

aí se desenhou entre as “identidades de gênero”. Sub-representadas, tudo o que as

lésbicas/bissexuais conseguiram para reverter o processo, foi a inversão da sigla no

relatório final.

Outro episódio marcante da Conferência Nacional foi a conquista da

possibilidade de realização de cirurgias de trangenitalização nas unidades comuns do

SUS para as transexuais. Ela representou uma grande conquista para o movimento

LGBT, mas para as mulheres lésbicas e bissexuais foi também uma derrota, porque

permaneceram excluídos da possibilidade de realização de cirurgias no SUS, os homens

transexuais. Apesar das cirurgias mais freqüentemente requisitadas26 por estes serem de

fácil realização nas unidades regulares do SUS, como a mastectomia e a histerectomia,

isso sequer foi cogitado. É uma perda política substantiva num momento em que no

interior do movimento de lésbicas/bissexuais os homens transexuais27 e até os homens

travestis, começam a se expressar28 politicamente.

Os episódios da Conferência foram ilustrativos de que, tanto a dinâmica interna

do movimento LGBT, quanto a do movimento de lésbicas/bissexuais experimentam

fortes tensões internas que precisam ser melhor avaliadas. Eles também contribuem para

a discussão acerca de como vem se dando e vai se dar (a partir dos desdobramentos da

Conferência principalmente) a relação do movimento com o Estado brasileiro em suas

diferentes instâncias (federal, estadual e municipal).

26
O caráter experimental da cirurgia de neofalo não tem sido alvo de qualquer questionamento no âmbito
das ações governamentais e do movimento, o que deveria ocorrer pelo menos incentivando-se pesquisas
científicas sobre o assunto com recursos públicos. Todavia, é comum que os homens transexuais não
façam do neofalo uma exigência e tenham mais interesse na mastectomia, na histerectomia e na terapia
hormonal. Para melhor compreensão desta questão, ver BENTO (2006 e 2008).
27
Nascidos com genitália feminina.
28
Alguns homens transexuais e travestis se apresentaram em encontro articulado na Conferência que
reuniu lésbicas e bissexuais. E outros, embora participassem da Conferência optaram por não participar
da reunião de mulheres. É recente a veiculação de um instigante documentário produzido por Márcia
Cabral, integrante de um grupo de lésbicas negras paulista sob o título “Eu sou homem”, onde quatro
homens transexuais brasileiros falam de suas vidas.
18
O Estado parece ter perdido, sobretudo a partir dos últimos dez anos, o lugar de

um interlocutor (para a maior parte do movimento LGBT) que precisa ser interpelado,

cobrado e controlado. Ele tem sido mais identificado como financiador a ser atendido ou

ainda, como aliado a ser preservado de qualquer crítica mais contundente. Além disso, o

reconhecimento da cidadania LGBT precisa se manifestar não apenas no plano federal,

mas na postura cotidiana das secretarias estaduais e municipais de saúde, educação,

assistência social, habitação etc, o que efetivamente não ocorre na maioria das cidades e

estados brasileiros. Fica evidente que um dos pontos nevrálgicos dessa conjuntura é a

relação com o Estado: é possível a assimilação das demandas sem perda da autonomia e

sem descaracterização? É possível interferir na dinâmica das políticas públicas sem a

boa vontade dos gestores? É possível cooperar com as gestões sem se imiscuir? Há, sem

dúvida, muitas possibilidades de avanços dos limites da cidadania LGBT a partir das

proposições oriundas das Conferências. Contudo, nesse contexto há também a

necessidade de repensar rumos, demandas, relações de poder internas, antagonismos,

estratégias políticas e mesmo a dimensão deste movimento, a partir de suas bases. O

enfrentamento crítico da relação com o Estado pode contribuir para ações mais efetivas

do movimento e do próprio Estado.

Este enfrentamento crítico da ação do próprio movimento de mulheres lésbicas e

bissexuais pode contribuir para o crescimento quantitativo e qualitativo deste braço do

movimento LGBT, para que nele ocorra de fato maior diversidade interna e maior

eficácia política. Isto pode contribuir para que o papel das mulheres nos movimentos em

defesa das sexualidades não-normativas se traduza cada vez mais em algo menos

simbólico e mais efetivo do que a inversão das letras da sigla.

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