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ALHO

José Magno Queiroz Luz (2022)

O alho é uma olerícola condimentar e medicinal (diurético, depurativo, antisséptico e


estimulante do apetite) que apresenta uma substância denominada ALICINA que possui efeito
antibiótico. O alho possui também relativa quantidade de Ca e P, além de alta quantidade de Fe e
vitaminas do complexo B.

Alho – Allium sativum L.


• Origem: Ásia; Família Amaryllidaceae
• Planta tenra de aproximadamente 50 cm de altura;
• Folhas lanceoladas, cerosas, estreitas em forma de “V”;
• Caule verdadeiro = disco comprimido na base do bulbo
• Pseudocaule curto formado pela bainha das folhas (entre os
bulbilhos);
• Bulbo composto por bulbilhos envolvidos por uma túnica;
• As raízes são fasciculadas com aproximadamente 50 cm;
• Em temperaturas muito baixas a planta pendoa, formando
uma inflorescência do tipo umbela simples estéril.

O alho é uma das hortaliças mais importantes do mundo (Santos et al., 2017). No Brasil é a
quarta das hortaliças mais consumidas pelos brasileiros com consumo de 1,5 kg/habitante/an0. É,
também, um dos produtos que melhor representa a democracia da agricultura nacional, sendo
cultivado em quase todos os estados. O setor, que contribui para a subsistência de 4 mil famílias
da agricultura familiar e cerca de mil produtores, sendo responsável por 170 mil empregos diretos
no país. O produto movimenta mais de R$ 3 bilhões por ano na economia brasileira e vive uma
batalha com o alho importado, que entra no Brasil com valor bem abaixo do praticado no país. O
alho nacional, no entanto, tem mais qualidade que o importado. O produto brasileiro tem sabor
mais picante, aroma forte, textura macia e apresenta rendimento superior. Ele tem a casca de cor
roxa, um diferencial que já pode ser visto a olho nu quando confrontado com o produto importado,
de casca branca (Ribeiro, 2020; Corsino, 2019).
Diante do exposto tem grande importância econômica e social, sendo o cultivo, em sua
maioria, realizado por pequenos produtores e requer muita mão-de-obra durante o ciclo da cultura
(Luís et al., 2020) e está em franca expansão, pois segundo a ANAPA (2021) de estático por
vários anos, o crescimento do consumo passou, em 2020, de 30 milhões de caixas de 10 kg para
36 milhões. Os últimos anos também registraram o aumento da área plantada – em seis anos, o
País saltou de 9.500 hectares para 14 mil hectares, aproximadamente. Junte-se a esses números a
questão da produtividade que passou, no mesmo período, de nove toneladas para uma produção
próxima a 15 toneladas por hectare. Ainda com predominância do alho chinês em 2020 (53%), a
perspectiva é de que o alho nacional passe a substituir gradativamente o alho importado, e em
2021 participe com 44% e 11% do mercado – produção do Cerrado e do Sul, respectivamente,
reduzindo o volume de importação da China. Em 2021 foram 16mil hectares. Para continuar essa
expansão não há duvida que se faz necessário cada vez mais o uso de tecnologia como alho
semente livre de vírus, aumento do plantio de cultivares de alho tipo nobre (roxos) vernalizados
adequadamente e correto manejo incluindo a adubação.
O Estado de Minas Gerais é o maior produtor de alho do Brasil. Em 2016 o estado
apresentou uma produção de 48.139 toneladas da hortaliça. Na sequência para o mesmo ano, as
maiores ofertas foram registradas em Goiás, Santa Catarina e Rio grande do Sul como é possível
observar na Tabela 1.

Tabela 1. Evolução da produção brasileira de alho (em toneladas) do ano de 2012 a 2017.

O principal problema no setor de produção de alho nacional é a concorrência desleal com a


China. É o que afirma o presidente da Associação Nacional de Produtores de Alho (ANAPA),
Rafael Corsino. O mercado nacional tem sido prejudicado por decisões judiciais favoráveis a
importadores, que permitem que o alho chinês entre no Brasil com preços abaixo dos praticados
aqui. Ele lembra que a chamada política de antidumping é adotada para equilibrar a competição
entre os dois países. Trata-se de uma medida concebida para evitar que produtores nacionais sejam
prejudicados por produtos importados. Para Corsino, a política tem sido ineficaz, uma vez que, nas
últimas duas décadas, a relação produção/consumo no Brasil diminuiu. “Há 22 anos, produzíamos
80% a 90% do que consumíamos. Fomos perdendo a competitividade em função da abertura do
mercado e da competição desleal com a China e também com a entrada no Mercosul. Perdemos
espaço para Argentina e China”, disse. Agora, segundo o presidente da ANAPA, o país é muito
dependente do mercado internacional. 50% do que foi consumido em 2020 veio de importações.
Em 2021 as importações foram de 45%.
Corsino afirma que a Associação trava batalhas no Poder Judiciário e junto à Receita
Federal para tentar reverter a situação, que, segundo ele, não se limita apenas ao setor de alho. A
existência de empresas laranja que burlam o sistema tributário, revelou, é comum por aqui. “A
política de antidumping é feita para equilibrar a competição entre os dois países, mas ela não tem
sido eficiente. Quando as importadoras conseguem liminares na Justiça, prejudicam a
competitividade e isso faz com que os produtos cheguem aqui abaixo do custo de produção. Isso
acaba atrapalhando o crescimento e a estabilização do setor produtivo. Isso desestimula o plantio,
porque o produtor não consegue competir”.
Em resumo temos:
• Brasil grande consumidor de alho
• 1,5 Kg/habitante/ano
• Em 2018-19: 300 mil ton de alho (30 milhões de caixas de 10 Kg);
• 2018: 13,5 mi cxs / 11,5 mil ha
-10 milhões da região do Cerrado e 3,5 milhões da região sul.
• Em 2020: 36 milhões de caixas=20% a mais – metade importada
• Em 2021: Produção no Brasil: 20 milhões de caixas, contra 16,5 milhões produzidas em
2020.
• Minas Gerais é o maior estado produtor =quase metade do volume nacional.
- 2021: 45% importados da China, Argentina e Espanha

Segundo a ANAPA (2018-19) temos a realidade abaixo com relação os estados que
produzem a maioria do alho no Brasil:
Fonte: Conab, 2017.
Nessa questão de importação do alho Chinês os produtores a partir de 2002 começaram a se
organizar e após mais de uma década de trabalho tiveram recentes vitórias judiciais e o direito
antidumping está estabelecido de 2013. É adotado quando o produtor/exportador do país de
origem pratica preço de exportação considerado inferior ao “normal”, o que configura prática
desleal de concorrência com os produtores nacionais do país importador. Somente em 2013 que de
fato o antidumping se concretizou e em 2019 foi renovado. Veja abaixo a evolução dessa questão:
-1996: taxa de US$4,00 → 2001 → 2007 → 2013
-Resolução N° 80, de 03/10/2013, Portaria nº 4.593/2019 (03/10/19)
Taxa = US$7,80/caixa 10kg(até out/24)
Além da cobrança imposto de importação: 35%
Se não houver essa taxação a produção de alho no Brasil estaria seriamente comprometida,
pois a caixa de 10kg alho chinês, entra no Brasil a R$ 50,00, enquanto que a produção dos
mesmos 10kg alho custa no Brasil R$ 78,00.

Cultivares:
O alho plantado no Brasil pode ser dividido em dois tipos: alho nobre roxo, que exigem
vernalização-frio pra bulbificar, possuem“dentes” (bulbilhos) grandes e produtividade de até mais
de 20 toneladas por hectare e são típicos de grandes produtores; e aquele cultivado com pouca ou
nenhuma tecnologia, que não exigem vernalização-frio pra bulbificar e possuem mais de 20
dentes/bulbo, são de pequeno porte e produtividade média abaixo de 6 toneladas por hectare. Os
alhos comuns são cultivados desde o sul do RS até o nordeste e destinam-se basicamente aos
mercados regionais.
A diferença entre os dois tipos plantados é devido a fatores ligados à tecnologia de produção
utilizadas e à qualidade das sementes. Vale ressaltar que na cultura do alho em média, de 15 a
20% da produção é guardado para servir como semente para o plantio seguinte. Essa prática faz
com que muitas doenças causadas por fungos, bactérias e, principalmente, vírus possam ser
transmitidas por bulbilhos infectados e se intensificam entre os plantios sucessivos, acarretando
redução da produtividade e da qualidade do produto colhido. Não existe no Brasil uma legislação
e programa de produção de alho semente, mas uma tecnologia gerada pela Embrapa possibilita ao
agricultor multiplicar o alho-semente livre de vírus (LV) e, assim, gerar um fluxo contínuo de
produção de sementes sadias. Essa prática tem sido adotada por pequenos e médios produtores
rurais dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Goiás. Maiores
informações estão em https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-
servico/747/producao-de-alho-semente-livre-de-virus
De qualquer forma o Brasil deve pensar em ter o mais rápido possível um sistema de
produção e fiscalização do alho semente, pois além da questão dos riscos com a utilização do alho
consumo como semente. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho
(ANAPA, 2020) já está em estudo um estudo sobre esse sistema de certificação de alho semente.

As cultivares plantadas no Brasil são divididas em três grupos:

1. Cultivares precoces: São cultivares menos exigente em fotoperíodo e em frio, apresentando


boa adaptação em diversas regiões brasileiras de latitudes diferenciadas. O ciclo desde o
plantio até a maturação do bulbo é de quatro meses ou pouco mais longo. Os bulbos
apresentam grande número de bulbilhos; a coloração externa é branca ou arroxeada, tem
menor conservação pós-colheita e menor valor comercial. Alguns exemplos de cultivares
são Branco Mineiro e Cateto Roxo.
2. Cultivares de ciclo mediano: São mais exigentes em fotoperíodo e em frio e com adaptação
regional mais restrita que as cultivares anteriores. O ciclo é superior a cinco meses. O
bulbo apresenta menor número de bulbilhos, no entanto, são maiores, possui coloração
externa arroxeada, tem melhor conservação pós-colheita e tem melhor cotação comercial.
As cultivares desse ciclo são Lavínia e Amarante.
3. Cultivares Tardias (Nobres): São muito exigentes em fotoperíodo (mínimo 13 horas) e em
frio e são adaptadas à região sul do país, na região centro-sul pode plantar, contudo faz
necessário o uso da vernalização. Os bulbilhos são grandes e em pequeno número, a
coloração externa é esbranquiçada, com alta capacidade de conservação e tem melhor valor
comercial. As cultivares desse ciclo são Ito, Chonan, Roxo-Pérola-de-Caçador e Quitéria.
Ito e Quitéria são as variedades mais plantadas.

Propagação:
Quando as condições climáticas se tornam favoráveis em questão de fotoperíodo e
temperatura (variando para cada cultivar), ocorre o desenvolvimento das gemas do caule,
originando os bulbilhos, também conhecidos popularmente como “dente”. O conjunto de
bulbilhos forma o bulbo, ou “cabeça”, material de maior interesse na planta (Trani, 2009). Os
bulbilhos são constituídos de folha de proteção, folha de reserva e folha de brotação. A folha de
reserva é a responsável por conter os componentes nutricionais e medicinais, os quais são muito
valorizados na alimentação (Souza & Macedo, 2009). O bulbilho é também o único material de
propagação do alho, chamado então de “alho semente” e com isso segundo Nardini (2016) há um
aumento gradativo na incidência de vírus, capaz de reduzir consideravelmente o rendimento da
cultura, afetando possivelmente, a viabilidade dos bulbilhos armazenados.
Portanto, a propagação é por meio de bulbilhos e são plantados, geralmente, em torno de
500-700 kg/ha de bulbinhos selecionados. O tamanho do alho-semente afeta a produtividade e o
tamanho dos bulbos colhidos, então recomenda-se bulbilhos com peso igual ou superior a uma
grama, além disso, são eliminados aqueles chochos ou com outros danos e o estado fitossanitário é
levado em conta.
A padronização dos bulbilhos uniformiza a emergência, o desenvolvimento e a maturação
das plantas. A classificação é feita com o uso de peneiras especiais e obtém cinco tipos de dentes
para plantio a serem plantadas em talhões distintos.
O bulbilho é plantado inteiro de forma manual sendo colocado com o ápice voltado para
cima. Porém pode também ser lançado no campo ou plantado mecanicamente.
IVD = Índice Visual de superação da dormência. Só se planta se o IVD for maior ou igual a 90%.

IVD = a/b x 100

Canteiros: 5 a 6 fileiras ou 2 a 3 (irrigação por sulco).


20-25 cm x 8-10cm ou linhas duplas 10cm x 20-25 cm x 18-10cm.

Época de plantio:
A época de plantio varia com a cultivar, por exemplo: cultivares de ciclo precoce e
mediano são plantadas de fevereiro a maio, já as cultivares de ciclo tardio não produzem ou não
bulbificam na região centro-sul por exigirem frio, então utiliza-se a técnica da vernalização e
planta próximo ao mês de maio para que estas sejam submetidas ao período invernal. O alho exige
temperaturas mais baixas do que a cebola.
Devido sua origem na Ásia Central (Afeganistão), região fria, necessita de horas de frio e
dias longos (13 a 14 horas) para que ocorra a diferenciação dos bulbilhos. Para se cultivar alhos
nobres no Brasil, nas regiões do sul do país, os materiais que são plantados, após sofrerem
mutações genéticas, não são tão exigentes em temperaturas baixas, sendo as temperaturas
reinantes da região, suficiente para ocorrer a diferenciação dos bulbilhos. No entanto, esses
materiais quando trazidos para serem cultivados na região sudeste, centro-oeste e nas
microrregiões do nordeste brasileiro, necessitam da técnica de vernalização pré-plantio, que
consiste em submeter o alho-semente em câmara fria com temperatura de 3 a 5 °C, por um período
de 40 a 60 dias (Souza & Macedo, 2009). Esse tempo é necessário para proporcionar um manejo
de diferenciação (folha de reserva) sem maiores dificuldades e, ao mesmo tempo, possibilitar que
o cultivo atinja um ciclo capaz de garantir boa produtividade e qualidade da produção para cada
local, época de plantio e material genético cultivado.
Segundo Resende et al (2018) o processo de vernalização tradicional do alho ocorre apenas
na faixa de temperatura entre 3 a 5°C e umidade relativa (UR) de 65 a 70%. UR abaixo de 65%
pode causar a morte da gema de brotação por ressecamento e acima de 70% favorece o
aparecimento de fungos como Penicillium spp. O período de armazenamento na câmara fria é
definido em função das variações de temperatura de cada região e época de plantio, podendo
variar de 45 a 60 dias. Antes da introdução do alho vernalizado em determinada região, deve-se
adequar a tecnologia de vernalização ao local, por meio de testes de combinação de tempo em
câmara fria com épocas de plantio.
Várias pesquisas concluíram que antes mesmo que o alho seja submetido à câmara de
vernalização, é necessário que o mesmo atinja um Índice Visual de Superação de Dormência
(IVD) de 25% de modo que no momento do plantio esse índice seja igual ou maior que 90%, onde
a dormência já não representa problema e a planta se torna menos exigente em fotoperíodo longo
para bulbificação, ou seja, enchimento dos bulbilhos (Nardini, 2016). Desta forma, uma
recomendação mais geral para vernalização de bulbilhos com IVD baixo é manter a câmara fria
nos primeiros 10 dias a 15°C e, posteriormente reduzir para 4°C por 40 dias. A época de plantio e
o período de vernalização devem ser bem planejados, de maneira que os bulbilhos não fiquem fora
da câmara além de seis dias entre a retirada da câmara e o plantio. Deve-se iniciar o plantio
quando a temperatura média diária for menor que 20°C, sendo a temperatura ideal em torno de
15°C.
Atualmente, com algumas variações, os produtores têm trabalhado com dados balizados
para cada variedade e local, no que se refere duração, temperatura e umidade relativa da
vernalização. No entanto, a partir de 2015, produtores e técnicos da região de São Gotardo
tomaram a iniciativa de realizar testes práticos com tratamento de sementes de alho em
temperaturas negativas, sem qualquer caráter científico, onde as respostas também foram
promissoras. Em 2017 novos testes foram desenvolvidos e de fato verificou-se chance de que a
vernalização negativa fosse uma alternativa viável para o aumento da produtividade e qualidade
do alho o que se comprovou em trabalhos de pesquisa realizados de 2018 a 2020 em parceria da
ANAPA com a UFU, a Agrícola Wehrmann e a UFVJM-Campus Unaí. Atualmente boa parte dos
produtores vernalizam o alho semente em temperaturas de -1 a -3ºC, mantendo as mesmas
condições de umidade e tempo da vernalização tradicional.

Solo e Adubação:
É uma cultura muito exigente em solo, produz melhor em solos de textura média, com boas
propriedades físicas, rico em matéria orgânica, pH do solo entre 6,0 a 6,8 e com alta
disponibilidade de nutrientes. Saturação de bases normalmente é elevada para 80-95%.
O alho é altamente exigente em grandes quantidades de nutrientes, principalmente alhos
nobres (roxos) que tem maior potencial produtivo, portanto, a aplicação ideal de fertilizantes na
cultura do alho é importante para melhorar o crescimento, o rendimento e as proporções
comercializáveis dos bulbos, bem como a qualidade dos bulbos. Os fertilizantes minerais em
doses adequadas promovem incrementos na área foliar e na produtividade (Kenea & Gedamu,
2019). A ordem de extração dos nutrientes é: N, K, S, Ca, P, e Mg, apesar do fósforo ser requerido
em menor quantidade, é ele que aumenta a produtividade e o tamanho do bulbo. O nitrogênio
eleva a produtividade na dose recomendada, mas em excesso pode causar o superbrotamento, já o
potássio previne contra anomalias e está relacionado com a qualidade pós colheita do bulbo.
O ciclo relativamente curto, sistema radicular não muito desenvolvido e os altos
rendimentos por área justificam a elevada exigência quanto à presença de nutrientes,
essencialmente na forma prontamente disponível na solução do solo, no entanto, na maioria das
vezes os produtores excedem na quantidade de fertilizante aplicados principalmente no plantio. É
comum os produtores de alho nobre trabalharem com 1200-1300 Kg/ha de P2O5, 180 Kg/ha de
K2O e 50 Kg/ha de N no plantio.
Em cobertura a necessidade de N varia conforme a região de plantio (frio é o responsável
pelo desenvolvimento vegetativo do alho). 160 a 350 Kg de N antes da diferenciação e 120 a 240
pós-diferenciação. A Relação N/K deve ser 1:1 nas coberturas
Os micronutrientes são fornecidos em pequenas quantidades em fertirrigações semanais.
No cultivo de alho em Minas Gerais em 2020, as despesas com fertilizantes e corretivos
corresponderam a cerca de 12,80% dos custos de produção totais, de acordo com relatório da
CONAB (2021). Isso se deve ao emprego de mais insumos e tecnologia no alho produzido em
Minas assim como em Goiás quando comparado aos demais estados do Brasil.
A Adubação é realizada mediante a análise de solo e com relação a adubação
complementar deve levar em conta as exigências de cada cultivar, além disso, a cultura é exigente
em micronutrientes como boro e zinco e pode-se fazer uso de adubação orgânica em solos de
baixa fertilidade natural.
O preparo do solo é efetuado por meio da aração profunda (35-40 cm) e, por conseguinte
incorporaçãoda metade do calcário três meses antes do plantio, depois aplica a outra metade de
calcário e incorpora o mesmo com grade. Dias antes do plantio, faz uma segunda aração
superficial seguida por uma gradagem e finalmente prepara os canteiros com um leito de 100 cm
de largura.

Tratos Culturais:

Irrigação: A cultura desenvolve no período de outono-inverno, época de seca, então é


necessário irrigar. A forma mais utilizada é a aspersão, pois apresenta boa distribuição da água
sobre as fileiras de plantas, efeito de arrefecimento no solo e na planta, e relativo controle de
ácaros e tripes. O turno de rega varia de três a sete dias, dependo do estádio da cultura e do solo.
Em culturas tardias a irrigação é moderada ao longo do ciclo e sugere-se 60-70% de água
útil no solo durante os dois meses iniciais da cultura, depois da diferenciação dos bulbilhos reduz
a umidade e na fase final do ciclo a quantidade de água fornecida deve ser mínima, sendo
suspensa uns dias antes da colheita. Para as cultivares de ciclo precoce é a mesma coisa, agora
para as cultivares de ciclo mediano manter 90% de água útil no solo ao longo do ciclo até as
vésperas da colheita.
A irrigação é um dos fatores que mais contribui para o aumento da produtividade na
cultura do alho, porém, o excesso de água, principalmente após o início da bulbificação é um dos
principais fatores que contribuem para o aumento da porcentagem de bulbos pseudoperfilhados.
Deve-se evitar o excesso de água, pois a associação entre água disponível e os fitormônios
(principalmente giberelina) é um possível fator de indução do pseudoperfilhamento. As
giberelinas apresentam efeito sobre o crescimento, estando relacionadas com a absorção osmótica
de água promovendo o alongamento celular. Uma das práticas adotadas atualmente pelos
produtores de alho nobre é a suspensão da água de irrigação por um período de 10 a 20 dias, no
início da fase de bulbificação, visando submeter à cultura a um estresse hídrico e minimizar o
superbrotamento.

Cobertura Palhosa: A cobertura é feita para manter o teor de água no solo, com economia de
irrigação, temperatura do solo menor que a do ar sem flutuação térmica, favorece o brotamento
dos bulbilhos e controla as plantas infestantes. As desvantagens são o custo elevado da operação e
a dificuldade de obtenção do material. O material utilizado são palhas da haste de arroz e os capins
secos.

Controle de Plantas Infestantes: A cultura é altamente prejudicada pela competição das plantas
infestantes no período crítico, pois esse período abrange os 100 primeiros dias da cultura e o
controle é difícil devido os espaçamentos serem estreitos e a possibilidade de danos nos bulbos é
grande. A aplicação de herbicidas é melhor opção para o controle de plantas infestantes, no
entanto, há poucos herbicidas registrados e para agravar esse problema se agravou a partir do
inicio do ano de 2020, pois o Totril® (ioxynil) único herbicida registrado para controle de plantas
daninhas de folhas largas em pós-emergência no alho e cebola em semeadura direta foi
descontinuado no país. O Ronstar® que é outra opção teve sua fabricação paralisada e pode
retornar no final de 2021. Trabalhos desenvolvidos pelo prof Marcelo Reis, da UFV-Campus Rio
Paranaíba, tem buscado alternativas.

Anomalia Fisiológica:

A principal anomalia é o superbrotamento que surge durante a bulbificação, ocorrendo


crescimento vegetativo das bainhas foliares que constituem o bulbo. A causa é o excesso de água e
de nitrogênio no solo, conjunta ou isoladamente. As cultivares tardias, vernalizadas, bem como
aquelas de ciclo precoce, são as mais sucetíveis, enquanto as de ciclo medianos são menos
sensíveis. As medidas de controle são: controlar a irrigação, utilizar cobertura palhosa e evitar o
excesso de N.

Pragas e Doenças:

Doenças:
1. Queima-de-alternária: É a principal doença da cultura. O agente é o fungo Alternaria
porrie os sintomas são pequenas manchas foliares, brancas que evoluem para manchas
alongadas e marrons. Os meios de controle são: uso de cultivares tardias, mais resistentes,
rotação de culturas e pulverização com fungicidas.
2. Ferrugem: O agente é o fungo Pucciniaporrie caracteriza-se por pequenas pústulas
ferruginosas, cobrindo as folhas. O controle é por meio de plantio de cultivares de ciclo
mediano, mais resistente, rotação de culturas e pulverização com fungicidas.
3. Podridão branca: Ocasionada pelo fungo Sclerotiumcepivorum, os sintomas são
apodrecimento das raízes e do disco, amarelecimento e morte das folhas baixeiras, o bulbo
apresenta recoberto por micélio branco e escleródios negros. O controle é por meio de
plantio de alho-semente sadio, tratamento dos bulbilhos com fungicida específico.
4. Viroses: Os sintomas são drásticos, as plantas apresentam baixo vigor, os bulbos e
bulbinhos são menores e a produtividade é reduzida.

Pragas:
1. Afídeos: Os pulgões atuam como vetores de vírus e o controle é feito usando de medidas
preventivas como uso de alho-semente certificado, incorporar os restos culturais e
controlar plantas infestantes.
2. Ácado-do-chocamento: Pertence a espécie Aceriatulipae, sendo minúsculo e vermiforme.
No campomanifesta-se por folhas retorcidas e manchas cloróticas estriadas, nos bulbos
armazenados ocorrem o chocamento, destruição de bulbilhos e um aspecto melado. O
controle é o uso de produtos químicos e irrigação por aspersão.
3. Traça-do-alho: As traças são larvas de Cadra cautela, Plodiainterpunctella e
Ephestiaelutella e esses pequenos insetos fazem a postura nos bulbos estocados e as traças
penetram nosbulbilhos deixando excrementos secos. O controle é o uso de pulverização
nos bulbos, no local de armazenamento com inseticida e fumigação dos bulbos.
4. Nematóide: A espécie Ditylenchusdipsaciataca o alho e deixa os bulbos esbranquiçados e
com pouca consistência, raízes necrosadas e a parte aérea amarelecida ou murcha. O
controle é o plantio de alho-semente sadio. Em caso de suspeita, os pesquisadores
preconizam o tratamento dos bulbilhos pela imersão em água, durante quatro horas,
seguida de imersão em hipoclorito de sódio a 1%, também por quatro horas, e finalmente
expõe-se os bulbilhos por 15 minutos à água corrente.

Colheita e Comercialização:

O ciclo normalmente varia de 110 a 150 dias. O alho deve ser colhido quando aproximadamente
2/3 das folhas estiverem amarelas ou secas. Nesta fase, os bulbos encontram-se fisiologicamente
maduros e não haverá prejuízos à conservação dos mesmos após a colheita. A colheita pode ser
feita manualmente com auxílio de ferramentas, mecanizada com máquinas desenvolvidas
especificamente para este fim ou através de uma lâmina tracionada por trator que desprende os
bulbos e facilita a colheita manual (Resende et al., 2019).
A cura inicial rápida é feita no campo pela exposição indireta à luz solar, com as folhas de uma
fileira cobrindo os bulbos da fileira contígua. As plantas devem permanecer assim de por volta de
uma semana, dependendo do clima.
O processo ideal de cura é em galpões, pois é um processo mais lento onde o ambiente em meio
escuro, seco e arejado ainda permite a translocação de fotoassimilados das folhas remanescentes e
dá melhor qualidade a casca do bulbo, além de servir como uma forma de armazenamento.
Após a cura ocorre o beneficiamento, que consiste no corte do pseudocaule e raízes secos,
deixando 2 cm de talo aderido ao bulbo curado, o que evita a debulha. Aparam-se as raízes rente
ao bulbo, porém sem ferir o disco e finalmente elimina algumas túnicas sujas. A classificação é
baseada no diâmetro transversal sendo: classe 2 (menor que 35mm), classe 3 (mais de 35 até 40
mm), classes 4 (mais de 40 até 45 mm), classe 5 (mais de 45 até 50 mm), classe 6 (mais de 50 até
55 mm), classe 7 (mais de 55 até 60 mm) e classe 8 (mais que 60 mm). A classe Indústria refere-
se aos bulbos com algum tipo de deformação. O tipo Extra ocorre nas classes de maior valor (5 a
7) onde mesmo com as túnicas mais externas sujas sendo retiradas, ainda permanece pelo menos
uma casca/túnica limpa e intacta. Essa condição dá um maior valor alho.
A embalagem mais utilizada por produtores maiores é a caixa de papelão capacidade para 10Kg de
bulbos curados e limpos. Demais produtores utilizam saco telados vermelhos ou caixas de madeira
oitavada, ambos também com capacidade para 10kg.
A comercialização é feita nos Ceasas, ou diretamente para redes varejistas ou vai para a indústria
para a produção de alho em pasta e algumas regiões ainda comercializam alhos em réstias com 25
ou 50 bulbos.

Em termos de comercialização no Brasil temos duas safras:


-maior safra: Sudeste, Centro Oeste e Nordeste = abastece o mercado no segundo semestre
juntamente com os alhos importados da China.
-safra da região Sul = abastece a partir de Dezembro e Janeiro.
-1º semestre = entressafra no Brasil e normalmente é abastecido com alhos produzidos na região
Sul e importados da Argentina, embora nos últimos anos tenha-se da China que usam
antibrotantes e câmaras frigoríficas=0 ± 0,5°C para dar mais vida pós-colheita ao alho.
A média de produtividade no Brasil deve estar por volta de 12-13t/ha, mas produtores de
alho nobre com alta tecnologia produzem por volta de 20 ou mais t/ha a um custo atual de 100 a
110 mil reais por hectare.
A agroindústria de alho, pasta e flocos, não é comum no Brasil.

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