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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Meio Ambiente

Educação Ambiental
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Material Didático
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Francisco José Pinheiro

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola


Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Thereza Maria de Castro Paes Barreto
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UNIDADE I – INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1 Histórico da Educação Ambiental.

Apenas um ano após o contundente ensaio de Thomas Huxley sobre a interdependência dos
seres humanos com os demais seres vivos (Evidências sobre o lugar do homem na natureza, 1863), o
diplomata George Perkin Marsh publicava o livro O homem e a natureza: ou geografia física
modificada pela ação do homem, documentando como os recursos do planeta estavam sendo
esgotados e prevendo que tais ações não continuariam sem exaurir a generosidade da natureza.
Analisava as causas do declínio de civilizações antigas e previa um destino semelhante para as
civilizações modernas, caso não houvesse mudanças.
A preocupação com o meio ambiente, entretanto, restringia-se ainda a um pequeno número de
estudiosos e apreciadores da natureza – espiritualistas, naturalistas e outros.
Nesse período, o Brasil recebia a visita de ilustres naturalistas – Darwin, Bates (inglês que
recolheu e levou 8 mil espécimes de plantas e animais da Amazônia), Warning (dinamarquês que
conduziu os estudos do ambiente de cerrado em Lagoa Santa, Minas Gerais) -, despertando a atenção
dos estudiosos para a exuberância dos recursos naturais brasileiros, tão apregoada pelos
colonizadores.
Havia, entretanto, na época, uma excessiva preocupação com aspectos meramente descritivos
do mundo natural, destacando-se a botânica e a zoomorfologia. As interrelações eram pouco
abordadas e a noção do todo ficava circunscrita a análises filosóficas.
Percebendo essa lacuna, o biólogo Ernst Haeckel, em 1869, propôs o vocábulo “ecologia” para
os estudos de tais relações entre as espécies e destas com o meio ambiente.
Ao passo dessas manifestações, o livro de Marsh suscitara um movimento em prol da
preservação, materializando a criação do primeiro Parque Nacional do Mundo – Yellowstone National
Park, nos Estados Unidos (1872). Enquanto isso, no Brasil, a princesa Isabel autorizava a operação da
primeira empresa privada de corte de madeira (o ciclo econômico do pau-brasil encerrar-se-ia em
1875, com o abandono das matas exauridas, e, em 1920, o pau-brasil seria considerado extinto).
Patrick Geddes, escocês, considerado o “pai da Educação Ambiental”, já expressava a sua
preocupação com os efeitos da revolução industrial, iniciada em 1779, na Inglaterra, pelo
desencadeamento do processo de urbanização e suas consequências para o ambiente natural. O intenso

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crescimento econômico do pós-guerra acelerara a urbanização, e os sintomas da perda de qualidade


ambiental começavam a aparecer em diversas partes do mundo.
No Brasil, essa preocupação ainda não havia transposto o círculo restrito de poucos intelectuais
que cuidavam do assunto – a exemplo de André Rebouças, que propusera a criação dos parques nacionais
da Ilha do Bananal e de Sete Quedas -, e nem mesmo a recém-promulgada Constituição Brasileira de
1891 referia-se ao tema, apesar da forte pressão extrativista dos europeus sobre nossos recursos naturais.
A primeira grande catástrofe ambiental – sintoma da inadequação do estilo de vida do ser humano
– viria a acontecer em 1952, quando o ar densamente poluído de Londres (smog) provocaria a morte de
1.600 pessoas, desencadeando o processo de sensibilização sobre a qualidade ambiental na Inglaterra, e
culminando com a aprovação da Lei do Ar puro pelo Parlamento, em 1956. Esse fato desencadeou uma
série de discussões em outros países, catalisando o surgimento do ambientalismo nos Estados Unidos a
partir de 1960.
A década de 60 começava, exibindo ao mundo as conseqüências do modelo de desenvolvimento
econômico adotado pelos países ricos, traduzindo em níveis crescentes de poluição atmosférica nos
grandes centros urbanos – Los Angeles, Nova Iorque, Berlim, Chicago, Tóquio e Londres, principalmente
-, em rios envenenados por despejos industriais- Tâmisa, Sena, Danúbio, Mississipi, e outros-, em perda
da cobertura vegetal da terra, ocasionando erosão, perda de fertilidade do solo, assoreamento dos rios,
inundações e pressões crescentes sobre a biodiversidade. Os recursos hídricos, sustentáculo de muitas
civilizações, estavam sendo comprometidos a uma velocidade sem precedentes na história humana.
Enquanto os governos não conseguiam definir os caminhos do entendimento, a sociedade civil
movimentava-se em todo o mundo. Em março de 1965, durante a Conferência em Educação nas
Universidade de Keele, Grã-Bretanha, surgia o termo Environmental Education (Educação Ambiental).
O Clube de Roma e o Crescimento Zero – Em 1968 é fundado o Clube de Roma pelo industrial
italiano Aurélio Peccei e pelo químico inglês Alexander King, que agregou cem empresários, políticos e
cientistas sociais preocupados com as conseqüências do modelo de desenvolvimento predatório adotado
pelos países ricos do ocidente e que rapidamente se espalhava por todo o globo terrestre. Em 1971, o
Clube encomenda ao MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets, Estados Unidos – um estudo sobre
a situação do Planeta.
Como resultado, é publicado no ano seguinte um relatório cujo nome é “Limites do Crescimento”,
que recomenda crescimento zero da atividade econômica e da população como forma de garantir a
continuidade da existência da espécie humana do Planeta. Tal documento é duramente criticado,
principalmente porque congelava desigualdades e não previa mudanças nos padrões de produção e
consumo adotados pela sociedade, nem tampouco propunha uma redistribuição de riquezas entre os países
e as diferentes camadas da população.
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De qualquer modo, foi a primeira vez que um sério instituto de pesquisa, financiado por poderosos
empresários do primeiro mundo, apontava a situação a que o planeta estava exposto. Por fim, o mundo
tomava conhecimento, oficialmente, das limitações ambientais ao crescimento.
A Conferência de Estocolmo – No mesmo ano da publicação, 1972, e como consequência direta,
aconteceu a Conferência das Nações Unidas em Estocolmo, debatendo o tema “Crescimento Econômico e
Meio Ambiente”, com a presença de 113 países.
Esta Conferência é considerada um marco político internacional para o surgimento de políticas de
gerenciamento ambiental. Ali foram propostos novos conceitos como o do Ecodesenvolvimento, uma
nova visão das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento; gerados e criados novos importantes
programas como o das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); gerados documentos da
relevância da Declaração sobre o Ambiente Humano, uma afirmação de princípios de comportamento e
responsabilidade que deveriam governar as decisões relativas à área ambiental e o Plano de Ação
Mundial, uma convocação à cooperação internacional para a busca de soluções para os problemas
ambientais.
A Conferência também instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, a ser comemorado no dia 05
de junho de cada ano.
A partir dela, a atenção mundial foi direcionada para as questões ambientais, especialmente para a
degradação ambiental e a poluição interfronteiras, popularizando o conceito da dispersão, de grande
importância para evidenciar o fato de que a poluição não reconhece limites políticos ou geográficos e
afeta países, regiões e pessoas para muito além do ponto em que foi gerada.
A Posição Brasileira – O Brasil, a esta época, em plena vigência do regime militar, havia adotado
o chamado modelo econômico “nacional-desenvolvimentista”, em que o crescimento a qualquer custo era
visto como ferramenta fundamental para o progresso e para a melhoria da qualidade de vida da população
e vinha acumulando sucessivos índices positivos de crescimento do Produto Interno Bruto.
Era a década do “milagre brasileiro”, tempo em que os investimentos governamentais em grandes
obras eram consideradas prioritários. A rodovia Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, a Usina de Energia
Nuclear de Angra, entre outros, ampliavam a infraestrutura que, por sua vez, possibilitava o crescimento
desenfreado que exigia ainda mais infraestrutura de base.
Novas estradas, novos portos, novas fronteiras agrícolas, imensos conjuntos habitacionais e assim,
consecutivamente. Não era de se estranhar, portanto que, diante das discussões em Estocolmo, os
representantes brasileiros não tenham reconhecido a gravidade dos problemas ambientais.
Mesmo enfrentando discordâncias, a Conferência de Estocolmo representou um avanço nas
negociações mundiais e tornou-se um marco para o entendimento dos problemas planetários e para a
emergência de políticas ambientais em muitos países, adotando o slogan “Uma única Terra” e propondo a
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busca de uma nova forma de desenvolvimento para o mundo. No mesmo Plano de Ação foi recomendado
o desenvolvimento de novos métodos e recursos instrucionais para a Educação Ambiental e a capacitação
de professores.
Congresso de Belgrado – Três anos mais tarde, o Congresso de Belgrado propõe a discussão de
nova ética planetária para promover a erradicação da pobreza, o analfabetismo, a fome, a poluição,
exploração e dominação humanas.
Censurava o desenvolvimento de uma nação à custa de outra e propõe a busca de um concenso
internacional. Sugeriu também a criação de um Programa Mundial em Educação Ambiental.
Como resultado, a UNESCO cria, então, o Programa Internacional de Educação Ambiental
(PIEA), que até os dias de hoje tem continuamente atuado na Educação Ambiental internacional e
regionalmente. O PIEA mantém uma base de dados com informações sobre instituições de Educação
Ambiental em todo o mundo, além de projetos e eventos que envolvem estudantes, professores e
administradores.
A Conferência de Tbilisi – A reunião internacional que de fato revolucionou a Educação
Ambiental foi a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO e
realizadas em Tbilisi, na Geórgia, em 1977. Embora o evento fosse governamental, participantes não-
oficiais se fizerem presentes, marcando posições e interferindo nas discussões. Conseguiram grandes
avanços e estratégias, e pressupostos pedagógicos foram adicionados aos seus documentos.
A declaração final de Tbilisi estabelece os princípios orientadores da Educação Ambiental e
remarca seu caráter interdisciplinar, crítico, ético e transformador. Anuncia que a Educação Ambiental
deveria basear-se na ciência e na tecnologia para a tomada de consciência e adequada compreensão dos
problemas ambientais, fomentando uma mudança de conduta quanto à utilização dos recursos ambientais.
Nosso Futuro Comum – Durante toda a década subsequente, a humanidade buscou
conhecimentos e acordos para propor uma nova sociedade, de caráter local e global.
Em 1983, por decisão da Assembléia Geral da ONU, foi criada a Comissão Mundial de Meio
Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD. Presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland, tinha como objetivo analisar a interface entre a questão ambiental e o
desenvolvimento e propor um plano de ações com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”.
É nesse relatório que se encontra a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita e
difundida em todo o Planeta: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”.
Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas
de decisões econômicas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e
global.
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Conferência de Moscou – A conferência seguinte foi a de Moscou (capital da antiga União


Soviética), que reuniu cerca de trezentos educadores ambientais de cem países. Visou fazer uma avaliação
sobre o desenvolvimento da Educação Ambiental desde a Conferência de Tbilisi em todos os países
membros da UNESCO.
A Educação Ambiental, nessa conferência não-governamental, reforçou os conceitos consagrados
pela de Tbilisi, a saber: a Educação Ambiental deveria preocupar-se tanto com a promoção da
conscientização e transmissão de informações, como com o desenvolvimento de hábitos e habilidades,
promoção de valores, estabelecimento de critérios padrões e orientações para a solução de problemas e
tomada de decisões. Portanto, o objetivo era realizar modificações comportamentais nos campos
cognitivo e afetivo.
Rio-92 – A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), oficialmente denominada de “Conferência de Cúpula da Terra” e informalmente de Eco-92
ou Rio-92, foi realizada no Rio de Janeiro entre 03 e 14 de junho de 1992, 20 anos após a Conferência de
Estocolmo, e teve grande importância para reforçar e ampliar essa nova abordagem ambiental que já
vinha sendo discutida em documentos anteriores. Fez história ao chamar a atenção do mundo para uma
questão nova na época: a compreensão de que os problemas ambientais são intimamente ligados às
condições econômicas e à justiça social.
Reconheceu a necessidade de integração e equilíbrio entre as questões sociais e econômicas para a
sobrevivência da vida humana no planeta. Reuniu 103 chefes de estado e um total de 182 países e
centenas de organizações da sociedade civil cuja ação teve relevante impacto ao demonstrar claramente os
limites da exploração dos recursos naturais.
A Conferência aprovou cinco acordos oficiais internacionais: a Declaração do Rio sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento; a Declaração de Florestas; a Convenção-quadro sobre Mudanças
Climáticas; a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Agenda 21, um documento que propõe novos
modelos políticos para o mundo em busca do desenvolvimento sustentável.
Paralelamente, as organizações não-governamentais reunidas no Fórum Internacional das ONGs e
dos Movimentos Sociais, finalizaram e aprovaram o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Assim, no âmbito governamental e no da sociedade civil, o conceito de sustentabilidade ganha
força e esta nova visão implica na implantação de um modelo de desenvolvimento que garanta a
manutenção da Vida no Planeta sob todos os aspectos.
Carta Brasileira para a Educação Ambiental – Paralelamente à Rio-92, o governo brasileiro,
através do Ministério da Educação e Desporto – MEC – organizou um workshop, no qual foi aprovado
um documento denominado “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”, enfocando o papel do Estado,
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estimulando, em particular, a instância educacional como as unidades do MEC e o Conselho de Reitores


das Universidades Brasileiras (CRUB) para a implementação imediata da Educação Ambiental em todos
os níveis.
Conceitos de Educação Ambiental – Na Conferência de Tbilisi (1977), a Educação Ambiental
foi definida como:
“Uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos
problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques multidisciplinares e de uma participação
ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”.
Atualmente, podemos encontrar uma gama imensa de conceitos, práticas e metodologias que, por
sua vez, ora se subdividem, ora se antagonizam, ora se mesclam. Não é, pois, tarefa fácil analisar,
qualificar e adjetivar a educação ambiental. Suas práticas têm sido categorizadas de muitas maneiras:
Educação Ambiental popular, crítica, política, comunitária, formal, não-formal, para o desenvolvimento
sustentável, para a sustentabilidade, conservacionista, sócio-ambiental, ao ar livre, entre tantas outras.

1.2 As Diferentes Abordagens da Educação Ambiental

1.2.1 Abordagem Conservacionista


Com significativa presença nos países mais desenvolvidos, ganha grande impulso com a
divulgação dos impactos sobre a natureza causados pelos atuais modelos de desenvolvimento. Sua
penetração no Brasil se dá a partir da atuação de entidades conservacionistas como a UIPA e a FBCN, e
da primeira tradução para o português de um livro (Tanner, 1978) sobre educação ambiental.
A partir de então, esta corrente é mantida no país especialmente por ONGs de origem internacional
que se dedicam à proteção, conservação e preservação de espécies, ecossistemas e do Planeta como um
todo; à conservação da biodiversidade; às questões do aquecimento global e do efeito estufa; ao
enfraquecimento da questão da rápida deterioração dos recursos hídricos; ao diagnóstico a análise dos
grandes fenômenos de degradação da natureza, incluindo a espécie humana como parte da natureza ; ao
estudo e formulação de banco de dados que sirvam de base para a conservação e utilização dos recursos
naturais.
Na última década, no entanto, a atuação dessas instituições no Brasil tem se alterado
substancialmente. Com frequência, elas mantêm programas de Educação Ambiental com as comunidades
do entorno de suas áreas de atuação; com caráter prioritário de disponibilizar informações sobre os
ecossistemas em estudo, mas também agregando projetos de inclusão social e emancipação política.

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1.2.2 Abordagem Socioambientalista


Tem suas raízes mais profundas fincadas nos movimentos de resistência aos regimes autoritários
na América latina. No Brasil, esses ideais foram constitutivos da educação popular que rompe com a
visão tecnicista, difusora e repassadora de conhecimentos. Paulo Freire teve papel preponderante na
defesa deste tipo de educação e inspirou centenas de educadores brasileiros e em todo o mundo que
romperam coma a visão tecnicista e reprodutora de conhecimentos para construir uma educação
emancipatória, transformadora e libertária.
Uma importante vertente da Educação Ambiental se inspira nos ideais democráticos e
emancipatórios da Educação Popular e lhe acrescenta a dimensão ambiental buscando compreender as
relações entre sociedade e natureza para intervir nos conflitos socioambientais.
Entre as principais expressões desta corrente estão o histórico seringalista Chico Mendes e sua
discípula Marina Silva, ex-Ministra do Meio Ambiente do Governo Lula. Seus pressupostos apontam para
o fomento de uma cultura de procedimentos democráticos; de estímulo a processos participativos e
horizontalizados; de formação e aprimoramento de organizações, de diálogo na diversidade; de auto-
gestão política; de inclusão social e de uma organização social mais justa e equitativa.

1.2.3 Desenvolvimento Sustentável e/ou Economia Ecológica


Vertente que surge na década de 70, inspirada no conceito de ecodesenvolvimento (Ignacy Sachs,
1986) e em “O negócio é ser pequeno” (Schumacher, 1981), ganha grande impulso na segunda metade da
década de 80 quando governos e organismos internacionais começam a se preocupar com o futuro da vida
no Planeta e passam a publicar documentos como “Nosso futuro comum”, a propor mecanismos de
regulação do uso dos recursos naturais e a criar novas legislações.
Expressa-se hoje sobretudo no chamado “Capitalismo Natural” (Lovins, 2002) e no Ecodes,
entendido como planejamento das intervenções antrópicas no ambiente, utilizando tecnologias e materiais
desenhados ecologicamente.
De grande influência nos países do hemisfério norte, esta corrente representa um grande avanço no
uso racional dos recursos naturais, na redução do consumo de energia, na minimização de emissão de
gases poluentes, na redução e no tratamento dos resíduos, na ecoeficiência, etc. Exerce grande influência
nos bancos internacionais e nos organismos multilaterais e em especial em documentos do PNUMA,
FAO, UNESCO, entre outros.
Seu sucesso está intimamente relacionado ao surgimento dos conceitos de “responsabilidade social
e desenvolvimento sustentável”, frutos de décadas de trabalho dos movimentos da sociedade civil,
especialmente o movimento feminista, de direitos humanos e o ambientalista.
Surge um grande número de fundações, institutos e associações governamentais, privadas e mistas

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que passam a trabalhar a educação ambiental sob a ótica da construção de um novo modelo de produção,
distribuição, consumo e descarte.
Algumas ONGs ambientalistas, que tradicionalmente trabalham a questão da Educação Ambiental,
associam-se e/ou firmam parcerias com instituições de pesquisas nacionais e internacionais e passam a
atuar fortemente com tais conceitos e práticas.

1.2.4 Abordagem Ecopedagógica


Tem como fundamento a concepção de Paulo Freire da educação como ato político que possibilita
ao educando perceber seu papel no mundo e sua inserção na história.
A ecopedagogia prega um olhar global a partir das práticas do cotidiano. Nela a noção de natureza
está embasada na Hipótese Gaia, de James Lovelock, e no pensamento de Fritjof Capra e Leonardo Boff e
está associada a elementos espirituais.
Assim, os referenciais teóricos que fundamentam suas práticas são: o holismo, a complexidade e a
pedagogia freireana. As duas últimas características, especialmente, dão o tom da abordagem
metodológica desta vertente que busca contribuir para a formação de novos valores para uma sociedade
sustentável.
Compreende a educação a partir de uma concepção “dinâmica criadora e racional onde a harmonia
ambiental supõe tolerância, respeito, igualdade social, cultural, de gênero e aceitação da biodiversidade”
(Gutierrez e Prado, 2000).
A ecopedagogia se afirma como movimento social em torno, principalmente, da formulação e
discussão da Carta da Terra.

1.3 Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nunca na história da humanidade houve tanto progresso quanto no século XX. No entanto, nunca
o homem pôs tanto em risco sua própria sobrevivência. Com seus inventos e descobertas, o homem tem
produzido e desfrutado de um grande número de bens para o seu conforto, como a energia elétrica, o
telefone celular, o automóvel, o avião, o computador.
Mas para produzir e consumir esses bens ele precisa de minerais, das águas dos rios, das chuvas,
do ar, do calor da atmosfera, do clima, das plantas, do solo e das florestas, enfim, dos mais variados
recursos naturais provenientes da Terra.
Ao produzir esses bens, o homem acaba destruindo os recursos naturais, provocando grandes
problemas ambientais que afetam toda a forma de vida no Planeta. A atividade industrial, principalmente,
é responsável por boa parcela dos problemas do meio ambiente, tornando, cada vez mais, insustentável a

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vida humana. Além disso, a velocidade com que essa destruição vem ocorrendo pode apressar o fim do
Planeta se o homem não mudar sua maneira de produzir e distribuir a riqueza.
É preciso entender que é necessário mudarmos a nossa maneira de nos organizarmos, a fim de que
possamos progredir: preciso preservar os recursos naturais, pois a vida na Terra é solidária, como o
metabolismo de um organismo vivo. Cada parte influencia e depende de outras partes, cada homem
depende de outros homens, cada planta e cada animal de outras plantas e animais. A Terra é um
organismo vivo e, ao perturbar uma dessas partes, acabamos afetando o todo.
Assim, falar em desenvolvimento sustentável significa falar em progresso para todos preservando
a natureza. Para que isso aconteça, é necessário realizar profundas mudanças na maneira como o homem
vem realizando o seu progresso material e partilhando seus benefícios, de forma justa e sem ameaçar a
paz da humanidade.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é formada por quase todos os países do mundo. É uma
organização única de países independentes que se juntaram voluntariamente a fim de conseguirem a paz
mundial e o progresso econômico e social. Foi formalmente constituída em 24 de outubro de 1945 com 51
países-membros. Atualmente, o número de países-membros aumentou para 191.
As reuniões da ONU, nas quais seus representantes se encontram para discutir temas importantes
para a humanidade como o meio ambiente, são chamadas Conferência e batizadas com o nome da cidade
onde se realizam. Dois destes eventos foram importantes para a questão ambiental no mundo: a
Conferência de Estocolmo (1972) e a Conferência do Rio de Janeiro (1992).
A de Estocolmo (1972) foi a primeira a tratar das relações do homem como meio ambiente e teve
por objetivo conscientizar os países sobre a importância de limpar os grandes centros urbanos, os rios e os
oceanos.
Após essa Conferência, criou-se um mecanismo institucional para tratar das questões ambientais
no âmbito das Nações Unidas: surge o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente produziu o importante relatório Nosso
Futuro Comum. Ele convoca as nações a buscar o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação dos
recursos naturais. Porém, sua aplicação no dia-a-dia exige mudanças na produção e no consumo, em
nossa forma de pensar e viver. Isso significa que, além das questões ambientais, tecnológicas e
econômicas, o desenvolvimento sustentável envolve mudanças no ponto de vista cultural e político,
exigindo a participação de todos.
Após a divulgação do relatório Nosso Futuro Comum, a ONU convocou uma conferência no
Brasil em 1992. O objetivo foi discutir conclusões propostas do relatório, que introduziu o conceito de
desenvolvimento sustentável, e comemorar os 20 anos da Conferência de Estocolmo. A Conferência do
Rio dividiu-se em dois principais eventos:
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a) a Conferência das Nações Unidas (governamental), com a presença de 179 países e 112 Chefes de
estado;
b) o Fórum Global, uma conferência paralela, que reuniu os setores independentes da sociedade.
Dez anos após a ECO-92, a ONU realizou a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, a chamada Rio+10 ou conferência de Joanesburgo. O objetivo principal da
Conferência seria rever as metas propostas pela Agenda 21 e direcionar as realizações às áreas que
requerem um esforço adicional para sua implementação, porém, o evento tomou outro direcionamento,
voltado para debater quase que exclusivamente os problemas de cunho social. Houve também a formação
de blocos de países que quiseram defender exclusivamente seus interesses, sob a liderança dos EUA.
Tinha-se a expectativa de que essa nova Conferência Mundial levaria à definição de um plano de
ação global, capaz de conciliar as necessidades legítimas de desenvolvimento econômico e social da
humanidade, com a obrigação de manter o planeta habitável para as gerações futuras. Porém, os
resultados foram frustrados, principalmente, pelos poucos resultados práticos alcançados em Joanesburgo.
O Brasil teve uma importante iniciativa: Iniciativa Latino-americana e Caribenha para o DS –
ILAC e Iniciativa de Energia – global. Em conclusão, a vanguarda ambientalista elencou centenas de
propostas para os 21 objetivos da Agenda. Entre elas figuram universalizar o saneamento básico nos
próximos dez anos, implantar redes de metrô e trens rápidos nas grandes aglomerações, democratizar a
Justiça, universalizar o ensino em tempo integral e reestruturar o Proálcool, desvinculado dos interesses
do velho setor sucroalcooleiro.
 Mas o que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento
de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento
econômico, que leva em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do
consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável,
pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos
países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio
crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do
uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.
 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não
pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível.
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Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a


quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais,
200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir
os níveis observados nos países industrializados.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por
disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta,
eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85%
da produção de madeira mundial.

1.4 Atividades Econômicas, Meio Ambiente e Educação Ambiental


A proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado constitui um direito consagrado em
nossa Constituição Federal, nos estritos termos do artigo 225. A constitucionalização deste direito faz
nascer o problema de sua harmonização com outros valores e direitos que também se encontram
reconhecidos, dentre eles o desenvolvimento econômico, disciplinado no artigo 170 e seguintes da CF/88.
Trata-se de dois valores que parecem colidir entre si, mas que estão intimamente relacionados,
tanto que a defesa do meio ambiente vem a ser princípio que balizará a ordem econômica (cf. art. 170, VI,
da CF).
O interesse em realizar a análise destes dois bens juridicamente protegidos está na questão de que
o homem, para se manter, obrigatoriamente interfere na natureza. E, quanto maior o desenvolvimento de
uma sociedade, maior o impacto gerado pelo homem sobre o meio natural em que vive. Ou seja, a ação
econômica pode afetar danosamente o meio ambiente, passando a preservação deste a ser um problema
econômico.
Diante do encontro obrigatório entre estes dois institutos, nasce o que podemos denominar de
economia ambiental. Os objetivos deste novo instituto vêm a ser o de demonstrar que o desenvolvimento
de atividades econômicas, entendidas estas como produção, distribuição e consumo, produzem a
degradação do meio natural, apresentando algumas medidas e propostas para tentar solucionar este
problema, baseada em uma visão multidisciplinar da questão.
“A economia ambiental deve-se pautar entre dois extremos. Se é inaceitável a renúncia aos
benefícios econômicos a fim de garantir a manutenção da natureza sem qualquer tipo de alteração, não
menos errônea será uma proposta de sacrificá-la com o único intento de alcançar o maior crescimento
econômico possível".
Mas o elemento mais importante para definir o meio ambiente como um bem econômico é a sua
escassez, uma vez que todo aquele bem que é útil e escasso tem valor econômico. E, quanto maior a sua
utilidade e escassez, maior será o seu valor.

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A busca por um desenvolvimento econômico, a longo prazo, implica na preservação dos espaços
naturais e na sua utilização racional. É o que se denomina de desenvolvimento sustentável. E esse só se
concretiza se as medidas de proteção em matéria de meio ambiente não venham a impingir gravames tais
que impeçam o desenvolvimento econômico, obstando o atendimento às necessidades da presente, e das
futuras gerações.
O objetivo por todos almejado, de uma digna qualidade de vida, exige, necessariamente, a relação
entre estes dois bens jurídicos ora confrontados.
As forças do mercado, caso venham a se reger sozinhas, resultarão incapazes de prover as
necessidades humanas sem colocar em perigo o meio ambiente. Quando um agente econômico realiza
uma atividade de produção, em regra não aporta para a sua atividade os custos ambientais que ela
provoca. Esta não internalização dos custos gera a maximização da utilidade ou do benefício que dirige as
suas atividades, tendendo a explorar ao máximo o meio ambiente, olvidando-se da preservação futura dos
recursos naturais.
Para corrigir esta disfunção do mercado é preciso adotar medidas que, aplicando o princípio do
“quem contamina paga”, permita a internalização dos custos sociais derivados da tutela ambiental, ou,
dito de outro modo, que os custos sociais derivados da deterioração ambiental passem a fazer parte dos
preços dos produtos e recaiam sobre os sujeitos que contaminam. Esta imputação dos custos resultantes
da contaminação aos seus produtores estimulará, tanto a redução das contaminações, como a busca por
produtos e tecnologias menos contaminantes, obtendo-se, assim, uma utilização mais racional dos
recursos ambientais.
E, como instrumentos de aplicação deste princípio, sempre tendo em vista o desenvolvimento
sustentável, que nada mais é do que a convivência harmônica entre economia e meio ambiente, é possível
apontar, sem qualquer pretensão de esgotar o tema, a aplicação prática das regras de imputação de
responsabilidade civil por danos ambientais, a utilização de instrumentos de incentivo de caráter
econômico, e a restrição de ajudas e subvenções públicas. Ou seja, incentivo de caráter econômico a quem
respeita e protege o meio ambiente; e a restrição de subvenções públicas a quem o degrada.
Encontrar alternativas de desenvolvimento que tragam melhoria da qualidade de vida das
populações locais aliadas à preservação do patrimônio ambiental e cultural tem sido um desafio para
todos os envolvidos nesse processo. Aliar desenvolvimento e sustentabilidade dos recursos não é uma
tarefa fácil de se executar.
Entre as diversas atividades econômicas que hoje se vislumbra como alternativa de
desenvolvimento sustentável para comunidades inseridas em um contexto de necessidade de
desenvolvimento em ambientes frágeis está a atividade do ecoturismo, tendo em vista ser uma atividade

Meio Ambiente - Educação Ambiental 12


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econômica que se caracteriza por promover o uso sustentável dos recursos buscando a consciência
ambiental envolvendo no processo as populações locais.
Porém, no mercado ecoturístico pode-se identificar atividades nem sempre comprometidas com
seus objetivos, pois os aspectos econômicos imediatistas se sobrepõem aos aspectos sociais, culturais e
ambientais. Em decorrência disso, a educação ambiental torna-se importante ferramenta para a promoção
do desenvolvimento sustentável do ecoturismo sem que, contudo, essa atividade deixe de ser valorizada
economicamente.
Uma experiência verdadeiramente ecoturística além de necessitar do meio ambiente natural como
cenário, dos atrativos naturais e culturais, depende do comprometimento com o manejo, a conservação e a
sustentabilidade dos espaços através da participação efetiva de comunidades locais, por meio da difusão
de uma consciência ecológica proporcionada pela educação ambiental.
Os termos ecoturismo e educação ambiental não são novos, mas evoluíram de acordo com a
evolução do conceito de meio ambiente, assim como, com a formação de uma consciência ambiental que
elucida a inter-dependência do ser humano com o meio natural.
A educação ambiental constitui uma possibilidade de conter os impactos negativos ocasionados
pelo ecoturismo, pois possui como objetivo a implementação de um processo sistemático de educação que
induz o indivíduo (educando) a uma ação – reflexão – ação, com o objetivo de compreender as
consequências ocasionadas por seus comportamentos e por suas atitudes perante a natureza, sendo que o
ato de refletir sobre uma dada situação, possivelmente, levará o indivíduo a agir em prol de benefícios que
este possa oferecer à conservação da natureza.
Portanto, o ecoturismo deve ser compreendido não somente como um segmento turístico, mas
como uma atividade que se afina aos ideais ambientalistas e promove experiências privilegiadas de
educação, que estimulam a elucidação de valores e incentivam atitudes em prol da conservação da
natureza e da consolidação de um novo comportamento social, o qual pode ser alcançado pela adoção das
modalidades de educação ambiental.
Quando bem praticado, pode ser uma alternativa sustentável de exploração e conservação dos
recursos naturais dos destinos selecionados, oferece experiências únicas e autênticas ao turista,
proporcionando uma vivência real como novas culturas e ambientes, além de oferecer ao mercado
oportunidades de pequenas iniciativas locais, valorizando a especialização em determinados segmentos.
É importante que fique bem claro que o ecoturismo não é a salvação, mas sim uma alternativa para
as pequenas comunidades carentes de melhores condições de vida em um ambiente frágil, em que a
preservação da natureza seja propulsora de desenvolvimento proporcionando aumento da qualidade de
vida.

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1.5 Educação Ambiental, Ensino Formal e Não-formal e ONGs

1.5.1 Educação Ambiental Formal


Todas as vezes que são feitas reflexões sobre os conceitos fundamentais da Educação Ambiental,
detecta-se a necessidade de uma reavaliação profunda do processo de formação do próprio sistema de
educação de base em nosso país e em grande parte do Planeta.
No ensino formal ainda se prioriza a disponibilização de uma enormidade de conteúdos e
conceitos aos alunos de diferentes graus e diversas realidades geográficas, sociais e ambientais, de forma
segmentada e desintegrada do cotidiano e da realidade local dos educandos.
Mais do que meramente informativa ou uma imposição de regras de bom comportamento
ecológico, a educação ambiental deve permitir que cada pessoa explore o seu potencial, adquirindo
habilidades necessárias para determinar e buscar soluções para sua emancipação.
No Brasil, o Ministério da Educação – MEC, lança em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais
com o objetivo de reorganizar e modernizar o instrumento de orientação ao ensino de base. Os PCNs
trazem orientações para o ensino dos chamados”temas transversais na escola”, meio ambiente e saúde,
ética e cidadania, orientação sexual, pluralidade cultural, trabalho e consumo.
A transversalidade é um termo que, na educação, é entendido como uma forma de organizar o
trabalho didático na qual alguns temas são integrados nas áreas convencionais de forma a estarem
presentes em todas elas. O conceito de transversalidade surgiu no contexto dos movimentos de renovação
pedagógica, quando os teóricos conceberam que é necessário redefinir o que se entende por aprendizagem
e repensar também os conteúdos que se ensinam aos alunos. É uma estratégia de trabalho em que o
educador se coloca de forma aberta, com vontade de dialogar e integrar o seu trabalho criativo ao trabalho
em equipe.
Desta forma, a temática ambiental deve fundamentar e enriquecer a prática pedagógica do
educador, com a absorção da dimensão ambiental nos conteúdos ambientais,uma vez que advinham de
práticas de ensino fragmentado e o tema meio ambiente tradicionalmente era responsabilidade dos
professores de Ciências.
As exigências e princípios traçados para a Educação Ambiental e a orientação para que ela seja
adotada como eixo transversal, no contexto do projeto pedagógico de cada curso, possibilitaram a
discussão e a análise do tema meio ambiente em diferentes áreas do conhecimento, demandando a adoção
de uma visão sistêmica e possibilitando discussões e práticas que congreguem diferentes saberes,
transcendendo as noções de disciplinas, matéria e área.
Independentemente da exigência em nível das diretrizes curriculares, a questão ambiental deve,
por expressa previsão legal, obrigatoriamente integrar todos os níveis e modalidades do processo
Meio Ambiente - Educação Ambiental 14
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educacional no denominado eixo transversal.


Essa obrigatoriedade atinge, portanto, de forma integral, todos os níveis e modalidades da
educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio) e da educação superior (cursos
seqüenciais, de graduação, de pós-graduação e de extensão), uma vez que a degradação ambiental tem
alcançado níveis jamais vistos e vivemos hoje uma crise ambiental sem precedentes.
Nesse sentido,cabe à educação um papel de fundamental importância: formar cidadãos
comprometidos e capacitados para a preservação do meio ambiente, melhorar a qualidade de vida e
garantir a saúde de todos.
Para Reigota (1994), uma educação ambiental crítica, desta forma, apresenta-se impregnada da
utopia de mudar de forma radical as relações que hoje conhecemos, tanto entre a humanidade, como entre
esta e a natureza. Trata-se, portanto, de uma educação de natureza política em que se enfatiza primeiro a
questão do “porque fazer” depois a questão do “como fazer”.

1.5.2 Educação Ambiental Não-Formal


Educação não-formal é, em geral, o processo que se destina à comunidade como um todo.
Contemplando desde a parte da população cuja faixa etária obrigaria está no processo formal de educação
até a outra parte que não está envolvida. Em geral, são atividades educacionais que estão voltadas mais
para tecnologias, como por exemplo: a digitação eletrônica, pintura em cerâmica, aula de violão, hortas
em pequenos espaços, entre outros.
É evidente que há também espaço para atividades que envolvam capacidade de reflexão, de , de
elevação espiritual, etc. O formato de curso é o presencial e são desenvolvidas por associações de bairros,
organizações não-governamentais e até por instituições públicas de ensino, como os cursos de extensão
universitária.
A Educação Ambiental foi logo sendo apropriada para esses grupos. Primeiro porque a ideia de
envolvimento com a natureza apresenta um lado muito popular; segundo, porque muitas atividades
poderiam ser desenvolvidas pela comunidade, o que resulta em uma melhor qualidade de vida do grupo
envolvido. Desta forma, estão as propostas de coleta seletiva de lixo e as propostas de compostagem com
restos da elaboração dos alimentos.
O espaço ocupado pela educação não-formal, com suas características próprias, é um excelente
ambiente para o desenvolvimento da racionalidade ambiental.
Muitas empresas logo perceberam este viés e procuraram orientar uma ordenação de pensamento
que viria a facilitar a venda de sua imagem, mesmo quando as empresas não estivessem relacionadas
diretamente com o meio ambiente.
Assim, principalmente a partir dos anos 90, surge o conceito de redução de custos empresariais
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pela diminuição do gasto dos recursos naturais, pela aplicação do slogan “5 menos que são 5 mais”, em
que são propostas cinco atitudes:
a) economia de energia;
b) combate ao desperdício;
c) economia de água;
d) redução da poluição do ar (de partículas ou de som);
e) coleta seletiva e reciclagem do lixo.
É importante lembrar que estas propostas de atitudes valem tanto para o uso doméstico, do lar,
quanto para o uso industrial, pois um dos segredos deste slogan é que para cada uma das atitudes, há a
necessidade de desenvolver ações simples que, com o passar do tempo, isolada ou conjuntamente, devem
se transformar em hábitos.
A Educação Ambiental não-formal apresenta diversas modalidades como por exemplo Educação
para a Gestão Ambiental dos Recursos, que tem desempenhado um papel importante na sensibilização de
parte da sociedade brasileira e gerando o seu envolvimento com as questões ambientais.
A educação informal é aquela que é transmitida por veículos de comunicação e que, embora sejam
meios coletivos, agem em cada um dos indivíduos de uma forma muito particular. As formas de
transmissão usuais podem ser: o rádio, a televisão, o jornal, os cartazes, os outdoors, etc.
A Educação Ambiental tem como se utilizar deste processo, obviamente desenvolvendo um senso
crítico sobre as matérias veiculadas pela mídia em geral. É, acima de tudo, uma forma que valoriza as
falas e, às vezes, inclusive de faixas etárias restritas – como a linguagem entre os jovens. É uma forma
que valoriza o saber popular, o que, de certa maneira, vem a facilitar a construção de um saber ambiental.

1.5. 3 A Atuação das ONGs.


O marco do surgimento das ONGs ambientalistas no Brasil pode ser datado de 1971 com a
criação, no Rio Grande do Sul, da Agapan – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente natural. A
sociedade civil aos poucos se organiza em torno das questões naturais e/ou socioambientais e passa a
cumprir um papel fundamental na defesa dos recursos naturais e na mobilização pela elaboração de novas
leis ambientais, na elaboração e financiamento de projetos que visem à conservação dos ecossistemas, na
denúncia dos abusos cometidos e na melhoria da qualidade de vida da população.
Organizações ambientalistas se colocam, desde sua formação, como instrumentos de resistência
democrática e de vanguarda conceitual. Agrupam intelectuais, acadêmicos, artistas, ativistas e aos poucos
se aproximam de lideranças populares, sindicalistas e populações tradicionais. Desta forma se fortalecem
a ponto de terem um alto grau de mobilização, passando a influenciar as políticas públicas e a legislação
vigente.
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Um importante momento para o fortalecimento das ONGs foi o ano de 1992, quando,
paralelamente à RIO-92, realizou-se o FÓRUM GLOBAL, um significativo evento onde a participação da
sociedade civil foi altamente expressiva, reunindo milhares de ativistas de todo o Planeta em uma grande
tenda armada cidade do Rio de Janeiro.
Este evento assinalou o avanço da sociedade civil organizada e sua preocupação com as questões
ambientais, sobretudo pela ampla participação de entidades de diferentes natureza, como universidades,
organizações sindicais, associações comunitárias e ONGs de todo o mundo que ali defenderam
conjuntamente seu direito de ter voz nas decisões governamentais cujas implicações interferem no
cotidiano dos homens e na construção do futuro da humanidade.
Imbuídas do desejo de contribuir para uma mudança de paradigma em nosso processo
civilizatório, diversas instituições ambientalistas, fundadoras da Rede Brasileira de Educação Ambiental –
a REBEA -, vinham elaborando o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global”, e durante a Rio-92, centenas de mãos, finalizaram sua redação e o aprovaram
em assembléia.
Este documento passou a inspirar e orientar as ações da sociedade civil organizadas nos anos
seguintes e até hoje, ao lado da Agenda 21 e da Carta da Terra, é considerado um dos documentos mais
fundamentais para educadores, formais e não formais de todo o Planeta.
Apesar dos esforços realizados pelas ONGs para divulgar estes documentos e difundir seus
princípios, pode-se avaliar que ainda muito pouco se cumpriu das propostas traçadas no Fórum Global.
Este fato não invalida os princípios ali estabelecidos que continuam em plena vigência e atuam como
orientadores gerais de grande parte das ações ambientalistas.
A construção da Agenda 21 local, por exemplo, apesar de não ter se transformado em política
pública de âmbito nacional, vem sendo realizada por diversas ONGs brasileiras, em consórcio com
governos municipais, fóruns intersetoriais, etc.
Há que se destacar, como importante atuação das ONGs no Brasil, os Fóruns Nacionais de
Educação Ambiental que a REBEA vem realizando desde 1989,com o objetivo de possibilitar a formação
de um campo de diálogo, disponibilizar informações, debater o papel da Educação Ambiental frente ao
atual modelo de desenvolvimento, entre outros.
Inúmeros encontros de Educação Ambiental, além dos Fóruns nacionais, têm acontecido em todo
o país, mas é preciso destacar a Conferência Nacional do Meio Ambiente realizada em Brasília em 2003,
que congregou 5.660.000 pessoas em todo o país e em especial a Conferência Infanto-Juvenil que contou
com a participação de jovens de 15.452 escolas, em uma iniciativa dos Ministérios do Meio Ambiente e
da Educação.
Pode-se dizer que as ONGs têm sido pioneiras nos processos de formulação e aplicação da
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Educação Ambiental não-formal e têm colaborado fortemente na procura de alternativas metodológicas e


realização de experiências inovadoras na Educação Ambiental formal e na capacitação dos professores.

1.6 Sociedade de Consumo e Desperdício

Um dos valores que se opõem à preservação do ambiente é o Consumismo, um impulso


incontrolável de possuir bens dispensáveis, pelo simples prazer de ter, mesmo que já tenhamos algo
parecido ou equivalente. A vítima da febre consumista torna-se um indivíduo massificado, porque busca
produtos oferecidos por habilidosos sistemas de propaganda, que manipulam a vontade de multidões,
hipnotizando-as e estimulando-as com fúteis necessidades.
A malícia do consumismo não se restringe apenas à pessoa, mas estende-se ao ambiente, que sofre
grave impacto decorrente da ávida necessidade de energia e matéria-prima. Ele é a verdadeira raiz de
todos os problemas de poluição e destruição da natureza, e não a superpopulação ou o
subdesenvolvimento econômico, como querem alguns países do Desenvolvidos.
Uma consequência imediata disso é o esgotamento dos recursos não-renováveis, como o petróleo e
o carvão mineral. Outra é o desperdício. Nosso país, por exemplo, joga no lixo anualmente cerca de
US$11 bilhões. Só da safra de arroz e milho, 15% são perdidos. Sem contar os alimentos que seguem
diretamente para o lixo. Nossa própria indústria incentiva o desperdício, ao produzir bens de péssima
qualidade e pouco duráveis. Naturalmente, uma conduta consumista, voltada ao desperdício , também
produz muito lixo, cujos componentes nem sempre são biodegradáveis, permanecendo no ambiente por
longos períodos.
O caminho para a solução de todos esses problemas passa, sem dúvida, por uma revolução moral,
pela qual aprenderemos a desprender-nos de bens supérfluos, para redescobrir o nosso autêntico valor,
dignidade e papel da natureza: não o de dominador tirânico e despótico, mas o de fiel administrador que
zela por algo que não é obra sua, mas que deve estar a seu serviço. Trata-se, fundamentalmente, de uma
tarefa educativa. Esse é o contexto e o objetivo final de todos os verdadeiros programas de educação
ambiental.
 Consumidor Verde
O consumo é o motivo pelo qual um bem é produzido. Normalmente, um consumidor comum
compra determinados produtos que agridem ao ambiente. Aquele consumidor que seleciona os produtos
que compra e usa em sua casa, dando prioridade aos que menos contaminam, privilegiando as empresas
que investem na preservação ambiental, é chamado de consumidor verde.

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Os consumidores “verdes” preocupam-se não só com a compra e o processo de consumo dos bens,
mas também com o processo produtivo, em termos dos recursos escassos consumidos, e com o uso dado
aos desperdícios dos produtos.
Neste sentido, o consumidor “verde” preocupa-se em praticar um consumo sustentável, definido
pelo International Institute for Sustainable Development (Instituto Internacional para o Desenvolvimento
da Sustentabilidade) como a utilização de bens e serviços que respondam às necessidades básicas e
tragam melhor qualidade de vida, enquanto minimizam o uso de recursos naturais, materiais tóxicos,
emissões de lixo e poluição para o ciclo de vida, para que não prejudiquem as necessidades das gerações
futuras.
Alguns investigadores defendem que a transformação do consumo para o consumo sustentável,
mais responsável, requer tanto uma nova atitude para a ideologia do consumo, como uma nova
organização social o que implica um exame das necessidades e consequências que a sua satisfação produz
nas sociedades industriais. Este consumo sustentável, responsável ou “verde” é um conceito que denota
responsabilidade ambiental nas compras e no consumo, assentando na rejeição dos bens que reflitam
insensibilidade ambiental nas suas características e produção.

1.7 Recursos Renováveis e Reciclagem

Uma maneira concreta de preservar a natureza e conter o consumo de matéria-prima é incentivar o


uso de recursos renováveis em substituição aos não-renováveis. Recursos renováveis são aqueles que,
uma vez usados, podem ser reaproveitados (como a celulose, o ferro, e alguns outros metais) ou formados
em curto espaço de tempo (madeira e alimentos, por exemplo). Em geral, são de origem biológica e,
portanto, biodegradáveis, fazendo parte de algum ciclo biogeoquímico. Outra vantagem do seu uso é a de
serem facilmente reciclados, permitindo seu melhor aproveitamento e produzindo menos lixo permanente.
A reciclagem é o termo geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais
beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os
exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da reciclagem são
a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da
quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração.
O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e ser
transformado novamente em um produto igual em todas as suas características. O conceito de reciclagem
é diferente do de reutilização.
O reaproveitamento ou reutilização consiste em transformar um determinado material já
beneficiado em outro. Um exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do

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papel.
O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira
vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido a não
possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original e sim transformá-lo em uma massa
que ao final do processo resulta em um novo material de características diferentes.
Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja "derretido", nunca irá ser feito um outro com as mesmas
características tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se de uma mistura
formulada a partir da areia. Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida de volta ao estado
em que estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser uma
lata com as mesmas características.
A palavra reciclagem difundiu-se na mídia a partir do final da década de 1980, quando foi
constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando
rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de resíduos e de outros dejetos na natureza. A
expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).
Como disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reaproveitamento,em
alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acontece, por exemplo, com o papel,
que tem algumas de suas propriedades físicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao
inevitável encurtamento das fibras de celulose.
Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por exemplo, não
acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser reciclado continuamente.
Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental, como nos campos
econômico e social. No meio-ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos
da produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores; as
emissões de gases como metano e gás carbônico; as agressões ao solo, ar e água; entre outros tantos
fatores negativos.
No aspecto econômico a reciclagem contribui para uma utilização mais racional dos recursos
naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de re-aproveitamento.
No âmbito social, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas,
através das melhorias ambientais, como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para
pessoas que vivem nas camadas mais pobres.

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UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2.1 Contextualização

A Educação Ambiental deve estar presente em todos os espaços que educam o cidadão e a cidadã.
Desta forma, ela pode estar presente nas Escolas, nas Associações de Bairro, nas Universidades, nos
Meios de Comunicação de Massa, Sindicatos, Parques e Reservas Ecológicas, enfim... de modo que cada
um desses contextos possa contribuir com suas peculiaridades para a diversidade e criatividade da mesma,
na busca de soluções possíveis para a problemática do meio ambiente.
Segundo Reigota (1994), a escola pode ser considerada como um dos locais privilegiados para a
consecução da Educação Ambiental, que com a perspectiva de educação, deve permear todas as
disciplinas, enquanto enfocar as relações entre a humanidade e o meio natural. Cada disciplina tem sua
contribuição a dar nas atividades de Educação Ambiental, envolvendo professores de todas as áreas de
conhecimento. Entretanto, a busca de soluções de problemas ambientais carece de uma maior integração
interdisciplinar para a busca do conhecimento.
Percebe-se que esta concepção pedagógica (interdisciplinaridade) ainda necessita de um maior
entendimento para ser efetivada e produzir a consecução dos objetivos da EA. O que se espera, pelo
menos, é a produção de um conhecimento que não esteja fragmentado e que contribua para a solução da
problemática ambiental e uma qualificação da vida planetária.

2.2 Influência da Constituição de 1988 sobre o meio ambiente

A Constituição tem como função organizar o poder do Estado de forma racional e os princípios
fundamentais, criando uma ordem coercível, fator indispensável à estrutura estatal e ao Estado
Democrático de Direito. É a lei superior na hierarquia das leis de um Estado.
A Constituição “é algo que tem, como forma, um complexo de normas (escritas ou costumeiras);
como conteúdo, a conduta humana motivada pelas relações sociais (econômicas, políticas, religiosas etc.);
como fim, a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade; e, finalmente, como causa
criadora e recriadora, o poder que emana do povo. Não pode ser compreendida e interpretada, se não se
tiver em mente essa estrutura, considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que integra um
conjunto de valores.”
A Constituição brasileira foi criada de forma muito rica e ampla, sendo atualmente uma das que
contemplam, com maior detalhamento, os direitos humanos dentre os ordenamentos do mundo,
abordando, inclusive, a proteção ambiental.

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É necessário, inicialmente, analisar o significado da expressão “meio ambiente”.


Ambiente, segundo as concepções a seguir reproduzidas, quer dizer:
a) lugar, espaço, recinto, do latim ambiens, entis”; “o ar que nos rodeia. O meio material ou moral
em que vive”; “lugar, espaço, recinto; roda; esfera em que vivemos. (do lat. ambiente = que cerca).
b) Ambiente significa o espaço, o meio em que se vive, é nele que a vida se realiza.
c) A definição jurídica para meio ambiente foi estabelecida através da promulgação da Lei n.º
6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, conceituando-o, no inciso I do art. 3º,
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”
A Constituição protege o meio ambiente com os seguintes artigos:
O art. 1º trata dos princípios de organização do Estado brasileiro e da democracia como meio da
dignidade da pessoa. Nesse sentido, para assegurar uma vida digna, o ser humano precisa habitar um
ambiente sadio, o que é essencial para a saúde e o bem-estar.
O art. 5º consagra direitos humanos fundamentais e instrumentos para sua garantia, como o direito
à vida, à igualdade, direitos esses que salvaguardam a dignidade humana, e nos incisos XVII e XVIII trata
do direito à propriedade e sua função social.
Os artigos. 23 e 24 definem as competências nas várias esferas de fiscalização e proteção, falando
sobre as questões de legislação e meios de proteção ao meio ambiente como fator fundamental nas várias
esferas do Município, Estado-membro, Distrito Federal e União.
O art. 30 aborda especificamente a competência municipal de complementar a legislação federal
conforme necessidades específicas, inclusive a questão da ocupação do solo e a proteção do patrimônio
histórico-cultural.
O art. 170 trata da ordem econômica e da seguridade de uma existência digna, as quais consagram
princípios como o da proteção ao meio ambiente e o da função social da propriedade.
O art. 182 trata da propriedade urbana, do papel do Município na garantia da função social da
cidade e do bem-estar de seus habitantes e do aproveitamento do espaço urbano.
O art. 184 aborda a questão da propriedade rural e a reforma agrária, objetivando que seja
respeitada a função social e sua regulamentação.
O art. 186 trata da questão rural e define a função social da propriedade através da exigência do
aproveitamento adequado dos recursos naturais, observando os preceitos da preservação ambiental para o
favorecimento do bem-estar do proprietário e dos trabalhadores.
Os artigos 215 e 216 consideram, na esfera global, a proteção do meio ambiente natural e do meio
ambiente construído, na forma de conjuntos de diversos valores que contam a história de um povo e o
identificam culturalmente.
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O art. 225 especifica o dever de proteção do meio ambiente pela sociedade e pelo poder público.
O meio ambiente é fator essencial à dignidade e à qualidade de vida. Restaurar, manter e proteger
o meio ambiente em todas as suas formas é necessário para manter o equilíbrio da vida no planeta, como
está definido no referido art. 225 da CRFB/88.
A Constituição de 1988 foi inovadora ao estabelecer a possibilidade de utilização da Ação Popular
para tutelar o meio ambiente. No art. 5º, inciso LXXIII da CRFB/88, encontra-se previsto esse instituto da
seguinte forma:
Art. 5º “(...)
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”

Dessa forma, o cidadão tem um remédio constitucional para assegurar o respeito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
No art. 129, inciso III da CRFB/88, consta a previsão da Ação Civil Pública para tutela do meio
ambiente:
Art. 129 “São funções institucionais do Ministério Público:
(...)
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”

Em síntese, os artigos constitucionais, em conjunto, tratam da dignidade da vida humana, da


necessidade de proteção a fatores indispensáveis a essa dignidade e do bem-estar com a proteção
ambiental. Estabelecem, assim, instrumentos para assegurar um meio ambiente saudável e a preservação à
cultura, exigindo o uso racional dos recursos do meio ambiente, a fim de garantir, dessa forma, o bem-
estar para todas as pessoas, sem que haja degradação dos ecossistemas e do patrimônio ambiental. O
direito ao meio ambiente equilibrado é considerado inalienável, e sua proteção é justificada por trazer o
desenvolvimento econômico, a redução da pobreza e a melhoria da qualidade da vida humana.

2.3 Ética e Meio Ambiente


Com a industrialização, muitas mudanças nos ecossistemas ocorreram de maneira perigosa para o
planeta e a humanidade. Daí a necessidade de serem revistos conceitos morais e valores éticos, com a
finalidade de explicar, esclarecer ou investigar essa nova realidade.
Os governos precisam desempenhar um grande papel, trabalhando dentro de suas fronteiras e

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cooperando além delas. As empresas terão de assumir muitos dos riscos, gerar muitas das inovações e
criar novos empregos. E para pressioná-los, todos, estará a sociedade civil em suas muitas formas,
embasadas numa cidadania esclarecida.
Como qualquer revolução econômica, esta envolverá tumulto e sacrifício. A fim de abrir caminho
para novas indústrias, e assim novos empregos, oportunidades de investimento e produtos, outras deixarão
de existir. Mas, os benefícios serão um ar mais saudável, água potável, um suprimento de alimentos
seguro e proteção à diversidade das espécies do planeta. Em resumo, um planeta que possamos nos
orgulhar em deixar para os nossos filhos. A escolha é nossa.
A ética é compreendida como todo o esforço do espírito humano para formular juízos tendentes a
iluminar a conduta das pessoas, sob a luz de um critério de bem e de justiça.
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na
produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência moral”,
estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas,
justas ou injustas.
A ética concebida como o respeito ao meio ambiente não pode ser só um capricho individualista,
mas, sim, um conjunto de regras e protocolos que geram atitudes em prol de toda a sociedade. Hoje, a
velocidade com que as coisas acontecem e o acesso democrático à informação, frutos da globalização e do
conhecimento, trouxeram mais liberdade e, com ela, maiores responsabilidades.
Cada empresário deve enxergar a sua empresa como parte de um mundo não formado apenas pelo
seu público alvo, mas por seres humanos que sabem claramente distinguir os que são honestos em seus
propósitos dos que oferecem apenas ilusões. É necessário e urgente que as empresas acordem para o fato
de que a mudança de mentalidade é inadiável e indispensável. Vamos de uma vez por todas abolir o
conceito de que levar vantagem é o maior ganho do esperto, pois o lucro de hoje poderá ser o prejuízo de
amanhã.
O empresário atualizado deve ter a ética como via única para atingir seus objetivos de lucro e
crescimento. O relacionamento com seus pares, fornecedores, consumidores e funcionários deve se basear
no respeito mútuo, na preservação ecológica e na integridade de suas ações.
A busca do lucro a qualquer preço, sem escrúpulo ou inteligência, não pode mais existir. A
evolução dos processos de produção mais limpa, a democratização do fornecimento de matérias primas
alternativas e a acessibilidade aos serviços, estão fazendo com que os produtos “verdes” e serviços
disputem o mercado com vantagens de condição. A visão ecológica transformará o empresário numa
pessoa melhor aceita e, também, fará com que ganhe mais mercado ou até nele se mantenha.

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2.4 Política Nacional de Educação Ambiental

LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999.


Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-
formal.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que
incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento
da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas
educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação
ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de
informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à
capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como
sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que
propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas
ambientais.
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o
sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

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V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;


VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas
relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais
e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio
do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da
cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à
construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade,
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o
futuro da humanidade.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
o
Art. 6 É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 7o A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e
entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e
privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.
Art. 8o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na
educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:
I - capacitação de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliação.
§ 1o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e
objetivos fixados por esta Lei.
§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

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I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos


os níveis e modalidades de ensino;
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas
as áreas;
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;
V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática
ambiental.
§ 3o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão ambiental, de
forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;
II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados na
formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
o
Art. 9 Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das
instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e
permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação
ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado
conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

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Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e
em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de
atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política
Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes
pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.
Seção III

Da Educação Ambiental Não-Formal

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da
qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e
campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e
execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental
em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na
forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor:
I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;
II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em
âmbito nacional;
III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de educação
ambiental.

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Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua
jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos
da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política
Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental;
II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado
pelo plano ou programa proposto.
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa,
os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.
Art. 18. (VETADO)
Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação, em níveis
federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o
Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
José Sarney Filho
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 28.4.1999

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UNIDADE III – DIFERENTES TEMÁTICAS EM EDUCAÇÃO


AMBIENTAL

3.1 Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável

A biodiversidade é o complexo resultante das variações das espécies e dos ecossistemas existentes
em determinada região, e seu estudo tem importância direta para a preservação ou conservação das
espécies, pois entendendo a vida como um todo teremos mais condições de preservá-la, bem como é de
suma importância para o nosso desenvolvimento, resultando o aproveitamento dos recursos biológicos
para que sejam explorados de maneira menos prejudicial à natureza, conservando-a o mais possível,
permitindo a harmonia entre o desenvolvimento das atividades humanas e a preservação, chamando-se
isso modernamente de desenvolvimento sustentável.
Sem a biodiversidade conservada não há garantia de sobrevivência da grande maioria das espécies de
animais e vegetais, e consequentemente não poderá haver um desenvolvimento sustentável, pois com a
destruição dos ambientes naturais a humanidade perderá fontes vitais de recursos para a sua sustentação,
de forma que devemos desenvolver métodos e ações concretas para a conservação da biodiversidade.
Para isso é necessário conjugar esforços de toda a sociedade, sem a exclusão de qualquer de seus
segmentos, discutindo-se temas importantes como: explosão demográfica, controle da natalidade,
desenvolvimento industrial e depredação, nova política educacional etc.
Alguns programas ou atividades para um efetivo desenvolvimento sustentável:
- desenvolver uma adequada educação ambiental nas escolas públicas e privadas do país;
- estabelecer um plano nacional e mesmo internacional de intercâmbio de conhecimentos técnicos
específicos na área ambiental;
- fortalecer as instituições públicas que tem o poder-dever de fiscalizar a preservação do meio ambiente; -
- rever a legislação, adequando-a à nova realidade e aos anseios mundiais de preservação ambiental;
- desenvolver amplos estudos dos recursos naturais existentes, instituindo parques e reservas ecológicas,
conservando e dando meios aos já existentes, fortalecendo suas condições de sustento;
- estimular os meios de comunicação no sentido de divulgação de matérias ambientais ou correlatas;
- direcionar o desenvolvimento industrial mediante incentivos fiscais, propiciando a criação de pólos
industriais em áreas de menos impacto ambiental possível;
- desenvolver uma educação sexual adequada aos parâmetros atuais de ocupação demográfica;

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- incentivar práticas agrícolas que preservem o meio ambiente, fornecendo condições especiais de
financiamento e escoamento dos produtos, criando simultaneamente órgãos fiscalizadores efetivos e
atuantes para a realização dos projetos, evitando assim desvio de finalidade.
- utilizar na agricultura o sistema de rodízio de áreas pré-determinadas, evitando o esgotamento da terra e
a desertificação;
- elaborar planos nacionais de ocupação territorial para as comunidades marginalizadas e carentes,
observando as regras básicas de preservação;
- estudar e refazer a política indigenista para que os "povos da floresta" possam viver em seus ambientes
naturais, sem que sejam afetados ou desrespeitados em sua dignidade, bem como respeitada a sua cultura;
- desenvolver o turismo ecológico com visitas monitoradas às áreas naturais, incentivando a atividade
privada na criação de projetos conservacionistas neste sentido;
- diminuir gradativamente as agressões dos agentes poluidores ao meio ambiente, mediante estudos
técnicos e específicos, utilizando as mais modernas tecnologias;
- incentivar no meio social a criação de sociedades não governamentais de proteção ambiental (ONGs),
com incentivos fiscais.
Essas são algumas das providências que podem ser tomadas na tentativa de se desenvolver uma
sociedade mais saudável e garantida em seu futuro, cabendo a cada um de nós dar sua contribuição para
que isso ocorra, já que o futuro da humanidade depende da criação de uma nova sociedade; de uma nova
filosofia de vida, sem a qual a raça humana estará fadada a sucumbir.
Se não houver uma conscientização global da gravidade do problema ambiental, o próprio lixo
criado pelo homem o sufocará. É necessário que se tomem providências urgentes no sentido de
desenvolver em todos os cidadãos do mundo uma consciência ecológica, voltada para a efetiva e concreta
criação de uma sociedade moderna, porque sem o conhecimento real da biodiversidade da terra e projetos
concretos e aplicados de desenvolvimento sustentável, as chances de sobrevivência da humanidade
estarão totalmente comprometidas.

3.2 A Água e Suas Implicações no Desenvolvimento

Utilizar os recursos naturais na atualidade e assegurar que as futuras gerações tenham o mesmo
direito é a síntese do desenvolvimento sustentável, um conceito que faz toda diferença na hora de pensar e
agir em relação ao meio ambiente. Neste cenário, a água e a gestão das bacias hidrográficas
desempenham um papel preponderante.
A oferta de água é um fator fundamental tanto para a manutenção dos ecossistemas naturais
(dependentes da produção primária/fotossintética) como também para os ecossistemas produtivos. A

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produtividade primária sofre oscilações com o tempo, decorrentes das variações climáticas, mas
permanece em equilíbrio dinâmico fruto das interações entre atmosfera, biosfera e litosfera. Vale ressaltar
que as ações antrópicas provocam alterações climáticas que perturbam esse delicado equilíbrio.
A água, como fator limitante para o desenvolvimento sustentável, exige a preservação dos recursos
hídricos tanto em quantidade como em qualidade. Historicamente a água sempre foi uma imprescindível
para o desenvolvimento das civilizações. Atualmente a água é um recurso ainda mais limitante, não
apenas pela quantidade mas principalmente pela qualidade. Infelizmente, a poluição, contaminação e
degradação dos aquíferos é uma realidade muito comum em quase todas as regiões do planeta e provocam
enormes problemas socioambientais.
No futuro, com a escassez de água, provavelmente veremos uma disputa entre os usuários
domésticos, industriais e agropecuários. O desperdício de água em vários níveis, as técnicas obsoletas de
irrigação e as poucas práticas de tratamento e reutilização dos recursos hídricos, formam uma perigosa
bomba relógio que pode fazer implodir o equilíbrio socioeconômico e ambiental do planeta.
Segundo o professor Eneas Salati - autor de vários livros e artigos sobre o tema - “o grande desafio
é fazer com que a comunidade internacional reconheça a escassez de água como uma poderosa e
crescente força de instabilidade social e política e atribua à crise de água a prioridade devida na agenda
política internacional”.
Salati cita dois processos dinâmicos para tratar com seriedade das questões relacionadas à água:
gestão de suprimentos e de demanda. A gestão de suprimentos de água inclui políticas e ações destinadas
a identificar, desenvolver e explorar de forma eficiente, novas fontes de água. Já a gestão de demanda
trata de mecanismos e incentivos que promovam a conservação da água e a eficiência do seu uso.
O professor alerta que “o nível de importância das gestões de suprimentos e de demanda vai
depender do nível de desenvolvimento do país e do grau de escassez da água.” É sensato avaliar que
quanto maior for o preço da água e mais difícil for encontrá-la em quantidade e qualidade, mais
importante torna-se adotar os métodos de gestão de suprimentos e demanda.
A vida nos apresenta vários casos reais que comprovam a relação entre crescimento da população,
degradação ambiental e escassez de água. Em todos os exemplos fica claro a responsabilidade do homem
diante da amplificação deste problema e as nefastas consequências que a população já sente.
Existem boas práticas no trato dos recursos hídricos: no caso da gestão de suprimentos, há o
reaproveitamento da água das chuvas, o uso de dessalinizadores, tratamento e reutilização da água em
processos industriais, tratamento de esgotos domésticos e a exploração sustentável dos aquíferos
subterrâneos. Dentro da gestão de demanda podemos destacar a maior eficiência nos sistemas de irrigação
e distribuição urbana, o aumento da utilização da água perdida e a redução da poluição das águas.
Os tempos atuais exigem que ampliemos os horizontes do conhecimento, transportando nossa
Meio Ambiente - Educação Ambiental 32
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responsabilidade para uma dimensão global. Perceber e entender os fatores que fazem da água um fator
limitante para o desenvolvimento sustentável, é uma rica lição que pode irrigar as consciências humanas
na busca do equilíbrio ambiental como prática diária e inadiável.
A água é fundamental para a vida na Terra, seja do ponto de vista da sobrevivência humana básica,
seja do ponto de vista do sistema produtivo. Esse bem se distribui no planeta de forma diferenciada, e por
razões naturais algumas regiões o têm em abundância e outras não.
Independente de sua distribuição natural, vários fatores restritivos impedem que todos tenham
acesso ao mínimo necessário desse recurso. E sua falta compromete não só uma vida saudável, mas
também as possibilidades de desenvolvimento de uma região.
O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), estima que até 2025 a
disponibilidade per capita de água fique em torno de apenas 5 mil metros cúbicos, colocando 3 bilhões de
pessoas em situação de grave estresse hídrico. Essa possibilidade de escassez se deve não só ao
crescimento populacional, mas também ao mau uso e ao não gerenciamento da água disponível.
No caso do Brasil, temos o privilégio de deter em nosso território cerca de 8% da água doce
disponível para o consumo no planeta. Isto, contudo, não tem significado uma vantagem comparativa ao
longo de nossa história. O que ocorreu de um modo geral foi a falta de cuidado com essa riqueza, já que
se pressupunha que não se sofreria com sua escassez.
Com exceção do semi-árido nordestino, acreditou-se por muito tempo que no Brasil não faltaria
água e, portanto se poderia usufruir sem cuidado das fontes subterrâneas e superficiais disponíveis.
Fenômenos recentes vêm demonstrando que a natureza cobra pelo seu mau uso. Secas constantes
no Sul do país e a surpreendente seca na Amazônia são eloquentes recados aos tomadores de decisão, para
que revejam seu modo de lidar com os recursos naturais. Regiões assoladas pela falta periódica de água,
como o Nordeste, por razões claras partiram na frente na tomada de uma posição diferenciada. Ou seja,
começaram mais cedo a buscar alternativas para garantir o abastecimento de água para a população e para
o sistema produtivo.
No âmbito dessas iniciativas, o estado do Ceará, em 1992, promulgou a chamada lei das águas;
que define os critérios de uso dos recursos hídricos em seu território. Também o estado de São Paulo se
antecipou a esse problema, aprovando lei semelhante no mesmo ano.
Toda legislação desses estados se baseou no modelo francês de gestão de águas, o que se repetiu
na Lei Federal (no.9433, de 1997). É bom lembrar que essa legislação trata do uso da água bruta, não
tratada, que é diferente da água que chega às nossas casas e já é cobrada. Alguns dos fundamentos das
políticas de recursos hídricos podem ser destacados:
 a água um bem de domínio público, ou seja, sua gestão cabe ao Estado ou a que este delegar;

Meio Ambiente - Educação Ambiental 33


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 a água, como recurso limitado que desempenha importante papel no processo de desenvolvimento
econômico e social, impõe custos crescentes para sua obtenção, tornando-se um bem econômico de
expressivo valor. A cobrança deve ser feita pelo uso da água para fins produtivos e para diluição,
transporte e assimilação de esgotos urbanos e industriais. O cálculo do preço da água deve ter como base
o chamado Principio Poluidor Pagador - PPP, conceito básico na gestão ambiental clássica, que é
facilmente explicado pela teoria econômica.
 sendo os recursos hídricos bens de uso múltiplo e competitivo, a outorga de direitos de seu uso é
considerada instrumento essencial para o seu gerenciamento.
 a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e atuação do Sistema nacional de Gerenciamento de recursos hídricos. Essa definição significa
que a gestão das águas extrapola os limites geopolíticos e deve obedecer aos limites naturais dos rios;
 a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público,
dos usuários e das comunidades. Os Comitês de Bacia constituem a primeira instância de tomada de
decisão sobre o uso da água.
Do ponto de vista do planejamento a legislação brasileira significa um grande passo, pois a partir
do principio de gestão das águas, estados conseguiram estabelecer programas permanentes de reforço de
sua infra-estrutura hídrica, garantindo o mínimo de segurança não só para a população, mas também para
investidores. O problema da escassez de água está longe de ser resolvido, especialmente do ponto de vista
do acesso democrático a esse bem, mas caminhamos para uma postura madura e sensata no âmbito das
políticas públicas e do uso privado da água.

3.3 O Clima Como Consequência da Devastação

Uma das principais atitudes que prejudica e destrói as florestas é o desmatamento. Este processo
de destruição, em grande escala, das florestas, que já atinge a metade das matas nativas do mundo.
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), as florestas cobrem atualmente cerca de 33.000.000
de km² (12.000.000 são tropicais, 21.100.000 são temperadas e 200.000.000 são mangues), número que
corresponde a 22% das terras emersas do planeta. A Organização de Alimentação e Agricultura (FAO)
estima que, entre 1981 e 1990, foram derrubados 150.000.000 de ha de matas tropicais no mundo.
Na Amazônia, segundo dados do governo brasileiro, a taxa de desmatamento cresceu 34% depois
de 1992: a extensão devastada, que até 1991 totalizava 11.130 km², passou a 14.896 km² no ano de 1996.
As regiões de proteção ambiental abrangem apenas 6% das florestas remanescentes, área equivalente à do
México. Em poucos anos a floresta Amazônica já perdeu cerca de 10% do seu domínio original. Quando

Meio Ambiente - Educação Ambiental 34


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os portugueses chegaram ao Brasil, 61% das terras que hoje pertencem ao nosso país eram ocupadas por
matas. Desde então, simultaneamente à ocupação do território e à expansão do povoamento, o território
brasileiro começou a ser desmatado.
OS MOTIVOS DA DEVASTAÇÃO - Eles têm sido diversos: obtenção de lenha para as fornalhas
dos engenhos de açúcar, limpeza do terreno para a instalação de lavouras ou de pastagens para o gado,
exploração da madeira etc. A primeira floresta a ser devastada foi a mata Atlântica e, restam hoje apenas
5% daquilo que ela era originalmente. A extensão das florestas brasileiras corresponde atualmente a
menos de 30% da superfície do país.
FORMAS DE DESMATAMENTO – Uma das principais formas de desmatamento têm sido as
queimadas de extensas áreas para a prática de agricultura e pecuária. A expansão dos centros urbanos, a
construção de estradas e a implantação de grandes projetos agrominerais e hidrelétricos também motivam
as devastações. Outra causa importante é a comercialização da madeira e, em menor grau, o extrativismo
de inúmeras outras espécies de interesse econômico. Segundo a WWF, em 1991 a exploração mundial dos
recursos florestais rendeu cerca de US$ 400 bilhões. A extração de madeira – matéria-prima para a
construção de moradias e importante fonte de energia – responde por grande parte desse valor. Em países
como Zaire, Tanzânia e Gabão, a atividade corresponde a até 6% do PIB. Em Camarões, o desmatamento
aumentou 400% desde 1993.
CONSEQÛENCIAS DO DESMATAMENTO - As principais são:
 Destruição da biodiversidade;
 Genocídio e etnocídio das nações indígenas;
 Erosão e empobrecimento dos solos;
 Enchentes e assoreamento dos rios;
 Elevação das temperaturas;
 Desertificação;
 Proliferação de pragas e doenças.
Ilha de Calor
Na realidade é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda
natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba
apresentando variações modificações provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles, o
chamado clima urbano, um tipo específico de microclima constitui um exemplo disso. Nas grandes
aglomerações urbanas faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas; além disso,
nessas áreas são também mais comuns as enchentes após algumas chuvas.
Nos espaços altamente urbanizados, é significativa a diferença de temperatura entre a região
central, mais quente, e a periferia, com menor temperatura. Em alguns casos, a diferença pode chegar a
Meio Ambiente - Educação Ambiental 35
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9ºC. Isso ocorre porque nas áreas centrais os automóveis e indústrias lançam poluentes, que provocam o
aumento da temperatura. O concreto e o asfalto absorvem rapidamente o calor, cuja dispersão é
dificultada pela poluição.
Uma das formas de evitar a formação dessas ilhas de calor é a manutenção de áreas verdes nos
centros urbanos pois a vegetação altera os índices de reflexão do calor e favorece a manutenção da
umidade relativa do ar.
O clima recebe influência de fatores naturais e do impacto provocado por algumas atividades
humanas. As grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, apresentam hoje o
chamado clima urbano, resultante da poluição industrial e da emissão de monóxido de carbono (CO) dos
automóveis. Os gases formam nuvens que permanecem perto da superfície, retendo parte da radiação
infravermelha responsável pelo aumento da temperatura e formando "ilhas de calor".
As cidades também são mais sujeitas a enchentes, já que o solo impermeabilizado não absorve
com rapidez a água da chuva. Outra característica do clima dos centros urbanos são as inversões térmicas,
que resultam no agravamento da poluição do ar. O fenômeno acontece no inverno, quando as camadas
atmosféricas próximas da superfície estão mais frias que as camadas superiores, o que dificulta a
dispersão dos gases, intensificando a poluição atmosférica.
Alterações climáticas graves são provocadas ainda pelo desmatamento. A derrubada e a queimada
de florestas aumentam a temperatura do ar e deixam a superfície devastada, sem condições de reter a
energia do sol nem de gerar fluxos ascendentes de ar. Assim, as nuvens não se formam e não chove, o que
prejudica a agricultura e ameaça a vegetação. Ilha de calor: é um dos fenômenos típico que afeta as
grandes cidades, colabora para aumentar os índices de poluição nas regiões urbanizadas.
A ilha de calor resulta da elevação das temperaturas médias nas zonas centrais da mancha urbana,
em comparação com as zonas periféricas ou com as rurais. As variações térmicas podem chegar até 7ºC e
ocorrem basicamente devido às diferenças de irradiação de calor entre as regiões edificadas e as florestas
e também à concentração de poluentes, maior nas zonas centrais da cidade.
A grande quantidade de casas e prédios, ruas e avenidas, pontes e viadutos e uma série de outras
construções, que é tanto maior quanto mais se aproxima do centro das grandes cidades, faz aumentar
significativamente a irradiação de calor para a atmosfera em comparação com as zonas periféricas ou
rurais, onde, em geral, é maior a cobertura vegetal. Além disso, na atmosfera das zonas centrais da cidade,
é muito maior a concentração de gases e materiais particulados, lançados pelos automóveis e pelas
fábricas, responsáveis por um "efeito estufa" localizado, que colabora para aumentar a retenção de calor.
Sem contar com os milhares ou, dependendo da cidade, milhões de automóveis, que são uma grande fonte
de produção de calor, a cal se soma ao calor irradiados pelos edifícios, acentuando o fenômeno da ilha de
calor.
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Deve-se salientar, no entanto, que uma cidade pode ter vários picos de temperatura espalhados
pela mancha urbana, caracterizando assim várias ilhas de calor. Uma região fortemente edificada e
industrializada como o eixo da marginal Tietê apresenta picos de temperatura mais elevados do que a
região do Morumbi, ainda com bastante áreas verdes.
As cidades apresentam temperaturas médias maiores do que as zonas rurais de mesma latitude.
Dentro delas, as temperaturas aumentam das periferias em direção ao centro. Em casos externos, a
diferença de temperatura entre as zonas periféricas e o centro pode atingir até 10ºC. Esse fenômeno,
resulta em muitas alterações humanas sobre o meio ambiente.
O uso de grande quantidade de combustíveis fósseis em aquecedores, automóveis e indústrias
transforma a cidade em uma fonte inesgotável de calor. Os materiais usados na construção, como o asfalto
e o concreto, servem de refletores para o calor produzido na cidade e para o calor solar. De dia, os
edifícios funcionam como um labirinto de reflexão nas camadas mais altas de ar aquecido. À noite a
poluição do ar impede a dispersão de calor.
As áreas centrais de uma cidade concentram a mais alta densidade de construções, bem como
atividades de emissoras de poluentes. A massa de ar quente carregada de material particulado que se
forma sobre essas áreas tende a subir até se resfriar. Quando se resfria, retorna a superfície, dando origem
a intensos nevoeiros na periferia da mancha urbana. Daí, volta a região central. É um verdadeiro círculo
vicioso de fuligem e poeira.
Apesar de todo esse calor, as grandes cidades recebem em média menos radiação solar do que as
áreas rurais. É que a poeira suspensa no ar absorve e reflete a radiação antes que ela atinja a superfície.
Entretanto, a produção de calor e a conversão do calor latente realizadas pelas construções urbanas mais
do que compensam essa perda.
As áreas metropolitanas costumam apresentar vários "picos" de temperatura. As atividades que
causam esse afeito podem estar concentradas em várias regiões do tecido urbano, que funcionariam como
o "centro". Bairros fabris pouco arborizados tendem a ser mais quentes que bairros residenciais de luxo,
com baixa densidade de construção e muitas áreas verdes.
Mas quais são as conseqüências desse leve aumento das temperaturas? Quais são as conseqüências
do surgimento desses microclima urbano? A elevação da temperatura nessas áreas centrais da mancha
urbana facilita ascensão do ar, quando não há inversão térmica, formando uma zona de baixa pressão. Isso
faz com que, os ventos soprem, pelo menos durante o dia, para essa região central, levando muitas vezes,
maiores quantidades de poluentes. Assim, sobre a zona central da mancha urbana forma-se uma "cúpula"
de ar pesadamente poluído. No caso de São Paulo, os ventos que sopram de zonas industriais periféricas –
cidades do ABC, Osasco, Guarulhos, etc. – rumo as zonas centrais da metrópole concentram ainda
maiores quantidades de poluentes. Quando se chega à cidade, pode-se ver nitidamente uma "cúpula"
Meio Ambiente - Educação Ambiental 37
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acinzentada recobrindo-a.
Os fenômenos descritos acima são impactos produzidos pela sociedade urbano-indústrial em
escala local. Mas a sociedade moderna produz sérios impactos também em escala regional e global, que
não se limitam às cidades. Estamos falando fundamentalmente do efeito estufa, da destruição da camada
de ozônio e das chuvas ácidas.

3.4 Desertificação e suas conseqüências.

A Desertificação é definida como processo de destruição do potencial produtivo da terra nas


regiões de clima árido, semi-árido e sub-úmido seco. O problema vem sendo detectado desde os anos 30,
nos Estados Unidos, quando intensos processos de destruição da vegetação e solos ocorreram no Meio
Oeste americano.
Muitas outras situações consideradas como graves problemas de Desertificação foram sendo
detectadas ao longo do tempo em vários países do mundo. América Latina, Ásia, Europa, África e
Austrália oferecem exemplos de áreas onde o homem, através do uso inadequado e/ou intensivo da terra,
destruiu os recursos e transformou terras férteis em desertos ecológicos e econômicos.
DESERTO - Região de clima árido; a evaporação potencial é maior que a precipitação média
anual. Caracteriza-se por apresentar solos ressequidos; cobertura vegetal esparsa, presença de xerófilas e
plantas temporárias.
DESERTIFICAÇÃO - origina-se pela intensa pressão exercida por atividades humanas sobre
ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa.
PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO - diz respeito a atividade predatória que irá conduzir a
formação de desertos.
ÁREA DE DESERTIFICAÇÃO - é a área onde o fenômeno já se manifesta.
ÁREA PROPENSA À DESERTIFICAÇÃO - área onde a fragilidade do ecossistema favorece o
processo de instalação da Desertificação.
DESERTO ESPECÍFICO - a Desertificação já se manifesta em grau máximo.
As causas mais freqüentes da Desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água
no desenvolvimento de atividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal planejada e no
desmatamento indiscriminado.
PRINCIPAIS PROBLEMAS - vulnerabilidade às secas, que impactam diretamente a agricultura
de sequeiro e pecuária, fraca capacidade de reorganizar a estrutura produtiva do sertão, desmatamento
resultante da pecuária extensiva e do uso de madeira para fins energéticos, problemas graves de
Desertificação já identificados, sinalização dos solos decorrente do manejo inadequado na agricultura e no

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pastoreio, perda de dinamismo de atividades industriais e comerciais precária conservação da infra-


estrutura rodoviária precário atendimento dos serviços de comunicação precário sistema de difusão
tecnológica, baixa produção científica e tecnológica para as necessidades do semi-árido, deficiência nos
níveis de capacitação da mão-de-obra rural, industrial e do comércio, fragilidade institucional, gestão
municipal sem planejamento e comprometimento com objetivos a longo prazo.
A Desertificação ocorre em mais de 100 países do mundo. Por isso é considerada um problema
global. No Brasil existem quatro áreas, que são chamadas núcleos de Desertificação, onde é intensa a
degradação. Elas somam 18,7 mil km² e se localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio
Grande do Norte; Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco.
As regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, também chamadas de terras secas, ocupam mais
de 37% de toda a superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pessoas, ou seja, 1/6 da população
mundial, cujos indicadores são de baixo nível de renda, baixo padrão tecnológico, baixo nível de
escolaridade e ingestão de proteínas abaixo dos níveis aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde -
OMS. Mas a sua evolução ocorre em cada lugar de modo específico e apresenta dinâmicas influenciadas
por esses lugares.
As regiões sul-americana e caribenha têm inúmeros países com expressivas áreas de seus
territórios com problemas de Desertificação. Os mais significativos são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Cuba, Peru e México.
Possíveis causas da Desertificação podem ser apuradas. O desmatamento, que além de
comprometer a biodiversidade, deixa os solos descobertos e expostos à erosão, ocorre como resultado das
atividades econômicas, seja para fins de agricultura de sequeiro ou irrigada, seja para a pecuária, quando a
vegetação nativa é substituída por pasto, seja diretamente para o uso da madeira como fonte de energia
(lenha e carvão).
O uso intensivo do solo, sem descanso e sem técnicas de conservação, provoca erosão e
compromete a produtividade, repercutindo diretamente na situação econômica do agricultor. A cada ano,
a colheita diminui, e também a possibilidade de ter reservas de alimento para o período de estiagem. É
comum verificar-se, no semi-árido, a atividade da pecuária ser desenvolvida sem considerar a capacidade
de suporte da região, o que pressiona tanto pasto nativo como plantado, além de tornar o solo endurecido,
compacto.
A irrigação mal conduzida provoca a salinização dos solos, inviabilizando algumas áreas e
perímetros irrigados do semi-árido, o problema tem sido provocado tanto pelo tipo de sistema de
irrigação, muitas vezes inadequado às características do solo, quanto, principalmente, pela maneira como
a atividade é executada, fazendo mais uma molhação do que irrigando.
Além de serem correlacionados, esses problemas desencadeiam outros, de extrema gravidade para
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a região. É o caso do assoreamento de cursos d'água e reservatórios, provocado pela erosão, que, por sua
vez, é desencadeada pelo desmatamento e por atividades econômicas desenvolvidas sem cuidados com o
meio ambiente.
CONSEQÜÊNCIAS DA DESERTIFICAÇÃO
 Natureza ambiental e climática
Como perda de biodiversidade (flora e fauna), a perda de solos por erosão, a diminuição da
disponibilidade de recursos hídricos, resultado tanto dos fatores climáticos adversos quando do mau e a
perda da capacidade produtiva dos solos em razão da baixa umidade provocada, também, pelo manejo
inadequado da cobertura vegetal.
 Natureza social
Abandono das terras por partes das populações mais pobres, a diminuição da qualidade de vida e
aumento da mortalidade infantil, a diminuição da expectativa de vida da população e a desestruturação
das famílias como unidades produtivas. Acrescente-se, também, o crescimento da pobreza urbana devido
às migrações, a desorganização das cidades, o aumento da poluição e problemas ambientais urbanos.
 Natureza econômica
Destacam-se a queda na produtividade e produção agrícolas, a diminuição da renda do consumo
das populações, dificuldade de manter uma oferta de produtos agrícolas de maneira constante, de modo a
atender os mercados regional e nacional, sobretudo a agricultura de sequeiro que é mais dependente dos
fatores climáticos.
 Natureza político institucional
Há uma perda da capacidade produtiva do Estado, sobretudo no meio rural, que repercute
diretamente na arrecadação de impostos e na circulação da renda e, por outro lado, criam-se novas
demandas sociais que extrapolam a capacidade do Estado de atendê-las.
As áreas desertificadas brasileiras apresentam características geoclimáticas e ecológicas, as quais
contribuíram para que o processo fosse acelerado.
O processo de recuperação de uma área desertificada é complexo, pois necessita de ações capazes
de controlar, prevenir e recuperar as áreas degradadas. Paralelamente a estas ações, cabe uma maior
conscientização política, econômica e social no sentido de minimizar e/ou combater a erosão, a
salinização, o assoreamento entre outros.

3.5 O Reflorestamento como Fonte Econômica e Social

O termo reflorestamento tem sido utilizado para todo o tipo de implantação de florestas, porém
não é correto falar em reflorestamento em uma área que nunca foi coberta por floresta. Por isso, o termo

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aplica-se apenas à implantação de florestas em áreas naturalmente florestais que, por ação antrópica ou
natural, perderam suas características originais. Chama-se "florestamento" à implantação de florestas em
áreas que não eram florestadas naturalmente.
Os objetivos podem ser comerciais (produção de produtos madeireiros e não-madeireiros) ou
ambientais (recuperação de áreas degradadas, melhoria da qualidade da terra etc.)
O reflorestamento é um ato de consciência ambiental que deve ser realizado com muita cautela,
pois os resultados das intervenções, muitas vezes, podem ser contraproducentes.
Reflorestar significa: Replantar em um lugar onde houve devastação uma mata diferente da mata
nativa da região.Tem seu lado positivo: O solo nunca fica sem nutrientes. E tem seu lado negativo: Aquela
região fica sem sua mata nativa. Mas o melhor é a Regeneração, que é plantar em um lugar onde a mata
foi desmatada, a mesma mata que foi devastada
Área reflorestada tem produtividade 30 vezes maior do que a da floresta nativa:
Um dos grandes benefícios do reflorestamento é sua elevada produtividade média, que hoje atinge
30 metros cúbicos por hectare ao ano, superando a produtividade da floresta nativa, que é de um metro
cúbico por hectare ao ano, de acordo com pesquisas da Embrapa Amazônia Oriental. Isto significa que
um hectare reflorestado resulta, em média, na proteção de 20 hectares de floresta nativa.
Isso acontece porque a mata nativa se modifica somente pela morte natural de árvores e outros
componentes naturais, aleatoriamente. Já o reflorestamento, que pode ser feito com espécies de
crescimento rápido, como eucaliptos e pinheiros, acaba oferecendo um retorno muito mais veloz,
configurando-se como uma importante fonte de renda, além de gerar benefícios ambientais e contribuir
para o declínio do êxodo rural.

3.6 Economia Ambiental

Hoje em dia fixou-se patente, como conseqüência de uma crescente conscientização ecológica, a
necessidade de ter em conta as múltiplas relações entre a economia e o meio ambiente. O novo paradigma
que se reformula está baseado na sustentabilidade global do desenvolvimento, através do uso de uma
economia ecológica. Esta nova estrutura econômica permitirá manter um equilíbrio econômico-ecológico
a nível mundial e obter assim mesmo um maior conhecimento da realidade.
Na Agenda 21 da Conferência Rio-92 sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, afirmou-se
que: “ um primeiro passo para a integração da sustentabilidade na gestão econômica é a determinação
mais exata da função fundamental do meio natural como fonte de capital natural e como sumidouro dos
produtos gerados pela produção de capital feito pelo homem e por outras atividades humanas”. Sem
dúvida e em datas mais recentes, o crescimento econômico esteve centrado num incremento do Produto

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Nacional Bruto (PNB), descuidando-se de aspectos sociais e ambientais.


Esta visão não considerou a dependência do subsistema econômico dos recursos naturais. A
produção de bens e serviços necessita de inputs dos recursos ambientais e de seus efeitos sobre o meio
ambiente. Estes efeitos são o esgotamento dos recursos naturais e a produção de resíduos que se
devolvem no meio natural. Devemos ter em conta que enquanto qualquer produto incluído no PNB fixa o
uso de um bem natural como um recurso ou como depósito de resíduos, qualquer sistema de contabilidade
que não tenha em conta o capital natural será incompleto e pode ser errôneo.
A destruição contínua de florestas, solos e águas, recursos básicos na economia de um país,
representa uma perda no valor produtivo da economia que não se vê refletido nas contas nacionais. Por
exemplo, quando uma floresta é desmatada e a madeira vendida, a região ou país parece que se faz mais
rico, mesmo quando a depreciação do capital natural possa criar futuras perdas muito maiores que as
ganâncias presentes.
O sistema de contas nacionais das Nações Unidas, projetado de uma visão keynesiana, não reflete
exatamente o valor dos recursos naturais. Este paradigma mostrou-se ecologicamente depredado,
socialmente injusto e economicamente inviável, é dizer, insustentável. No marco da gestão integral dos
recursos naturais, a economia é uma ferramenta fundamental na busca de soluções equilibradas aos
dilemas que se formulam entre a conservação e o desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável
implica necessariamente na consideração da economia ambiental. A paisagem, a água ou a proteção da
biodiversidade careceu de preços de mercado para comparar-se a outros recursos.
Sem dúvida, a sua valoração é essencial para a tomada de decisão na gestão do meio natural. As
múltiplas riquezas da natureza têm um valor muito superior ao econômico. Representam ao mesmo tempo
riquezas sociais, culturais, científicas e estéticas que são um patrimônio que temos a obrigação moral de
empregar com cuidado e acerto, de forma que se possa transmitir de geração em geração. O objetivo é
compartilhar a ação do homem com a necessária preservação dos recursos para evitar que a sua
deterioração motive perdas irreversíveis.
Uma perspectiva ambiental deve partir da consideração do meio natural, tanto no seu aspecto de
conservação como na de suporte de um desenvolvimento sustentável. O crescente interesse despertado
por estudiosos do meio ambiente tem induzido a cenários inusitados, muitos relativos às inúmeras
aplicações a bordo da Economia Ambiental.

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UNIDADE IV – CONSTRUÇÃO POLÍTICA DAS BASES DO


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

4.1 A AGENDA 21 e a estratégia participativa

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio
de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se
comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações
não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os
problemas sócio-ambientais.
Cada país desenvolve a sua Agenda 21 e no Brasil as discussões são coordenadas pela Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS). A Agenda 21 se constitui
num poderoso instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige
a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o
todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.
Com a Agenda 21 criou-se um instrumento, que tornou possível repensar o planejamento. Abriu-
se o caminho capaz de ajudar a construir politicamente as bases de um plano de ação e de um
planejamento participativo em âmbito global, nacional e local, de forma gradual e negociada, tendo como
meta um novo paradigma econômico e civilizatório.
As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira são os programas de inclusão social (com o acesso
de toda a população à educação, saúde e distribuição de renda), a sustentabilidade urbana e rural, a
preservação dos recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao
desenvolvimento sustentável. Mas o mais importante ponto dessas ações prioritárias, segundo este estudo,
é o planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício.
A adoção formal por parte da ONU do conceito de desenvolvimento sustentável parte da criação
em 1972 da Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento (WCED) que em 1987 publicou um
relatório intitulado "Nosso futuro comum", também conhecido como o relatório Brundtland. Esse
relatório indicou a pobreza nos países do sul e o consumismo extremo dos países do norte como as causas
fundamentais da insustentabilidade do desenvolvimento e das crises ambientais. A comissão recomendou
a convocação de uma conferência sobre esses temas.
O desenvolvimento da Agenda 21 começou em 23 de dezembro de 1989 com a aprovação em
assembléia extraordinária das Nações Unidas uma conferência sobre o meio ambiente e o
desenvolvimento como fora recomendado pelo relatório Brundtland e com a elaboração de esboços do

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programa, que, como todos os acordos dos estados-membros da ONU, sofreram um complexo processo
de revisão, consulta e negociação, culminando com a segunda Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92 ou Eco-92, entre 3 e 14 de junho de
1992 no Rio de Janeiro, onde representantes de 179 governos aceitaram adotar o programa.
A Agenda 21 teve um estreito acompanhamento a partir do qual foram feitos ajustes e revisões.
Primeiro, com a conferência Rio+5, entre os dias 23 e 27 de junho de 1997 na sede da ONU, em Nova
Iorque; posteriormente com a adoção de uma agenda complementária denominada metas do
desenvolvimento do milênio (Millenium development goals), com ênfase particular nas políticas de
globalização e na erradicação da pobreza e da fome, adotadas por 199 países na 55ª Assembléia da ONU,
que ocorreu em Nova Iorque entre os dias 6 e 8 de setembro de 2000; e a mais recente, a Cúpula de
Johannesburgo, na cidade sul-africana entre 26 de agosto a 4 de setembro de 2002. Este termo, contou
com a assinatura de 179 países.
No Fórum Mundial de Educação Ambiental realizado e Dakar em 2000, o documento que ficou
conhecido como COMPROMISSO DE DAKAR considerou a educação para a sustentabilidade ambiental
"um meio indispensável para participar nos sistemas sociais e econômicos do século 21afetados pela
globalização.
Sendo então a educação ambiental um processo permanente de conhecimento e interação entre
homem e natureza e possuindo um papel essencial na consolidação deste meio e da agenda 21 como
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, requer dos educadores um
aprofundamento teórico na luz da sustentabilidade, na qual se reconhece como necessária a mudança de
hábitos de consumo e de comportamentos. Nesse sentido a educação ambiental contribuindo para a
construção de sociedades sustentáveis necessita do incentivo a uma cultura mais participativa,
transparente onde todos devem ser responsável pelos direitos de todos.

4.2 Os resíduos sólidos e suas consequências econômicas, políticas e sociais.

O atual modelo de desenvolvimento, baseado no consumo acentuado, é predatório e coloca em


segundo plano a preservação dos recursos naturais. Assim, a problemática ambiental vem ganhando cada
vez mais destaque como um dos grandes problemas a ser enfrentado.
O estímulo ao consumo é cada vez mais reforçado, aumentando assim a necessidade de captação
de matéria prima. Esta ao alcançar o final da cadeia produtiva transforma-se em resíduo, que na maioria
das vezes, é descartado de forma irresponsável, caracterizando assim um dos problemas ambientais para a
população mundial. Torna-se, portanto, emergente a necessidade de ações que visem reverter essa
situação.

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A incorporação do marco ecológico nas decisões econômicas e políticas implica reconhecer que as
consequências ecológicas do modo como a população utiliza os recursos do planeta estão associadas ao
modelo de desenvolvimento. O nosso atual modelo de desenvolvimento é predatório e não se preocupa
com a possibilidade de esgotamento de matéria-prima, assim torna-se clara a necessidade de repensar as
formas de consumo já que o planeta dá evidentes sinais de cansaço e esgotamento de algumas fontes.
Nota-se que nas três ultimas décadas, tanto nas grandes cidades como nas demais, houve um
acentuado crescimento da população (IBGE, 2000). Com isso o consumo de alimentos e outros bens
aumentaram de forma significativa. Ao lado do crescimento do consumo, vê-se a conseqüente produção
de lixo que, para o seu destino final, encontra uma série de dificuldades.
A geração de resíduos apresenta um papel importante dentro da atual preocupação ambiental, que
passou a ganhar maiores destaques na década de 1970, a partir das transformações no debate “meio
ambiente - desenvolvimento” que passaram então a apontar a finitude no interior do modo de produção
capitalista e seus impactos globais.
A vertente que trata dos resíduos sólidos dentro da problemática ambiental surge juntamente com
os inúmeros problemas provocados pelas crises econômicas e políticas que afetam grande parte das
cidades brasileiras de médio e grande porte, como os altos índices de desemprego que leva a população a
procurar um mercado informal de trabalho e também a supervalorização do consumo que resulta em um
aumento crescente da geração de resíduos sólidos.
Assim a problemática ambiental que trata dos resíduos sólidos evidencia-se de forma transversal,
abrangendo o problema social em interface com o ambiental. Isto se deve ao fato de que a cadeia
produtiva é permeada pelo homem em todas as suas fases desde a produção (geração de resíduos) até o
pós-consumo (descarte).
O lixo é um indicador da qualidade de vida da sociedade. Quanto mais uma sociedade produz
desperdícios sob a forma de resíduos sólidos, resíduos líquidos e gases tóxicos, pior será sua qualidade de
vida, uma vez que o solo, a água e o ar dos quais depende para sobreviver estarão contaminados (REIS,
2001).
A natureza possui uma determinada capacidade de absorver os impactos negativos que ocorrem no
planeta, porém atualmente, essa capacidade tem se mostrado insuficiente para assimilar todos esses
impactos negativos provocados pelo desperdício advindo das atividades humanas, considerando o
crescente aumento de volume de sua produção.
Atualmente vivemos em um modelo de desenvolvimento no qual a preocupação com a
preservação dos recursos naturais e com a capacidade de absorção do impacto produzido pelas atividades
humanas é uma questão secundária.
Sendo assim, torna-se clara a necessidade de repensar as formas de consumo já que o planeta dá
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evidentes sinais de cansaço e esgotamento de algumas fontes. É preciso modificar a maneira como as
pessoas se relacionam com o ambiente, já que muitas vezes o ser humano não se percebe integrado ao
meio que o cerca e também é necessário que ele reveja e altere o a visão simplista da natureza, que nos
diz que o homem é algo externo a ela e isso é reforçado a cada vez que nos liberamos das nossas
responsabilidades ambientais.
Desta forma uma necessidade emergente no cenário mundial que busca a alteração do modo como
os resíduos são tratados e também a forma como a população em geral se relaciona e se posiciona diante
desta situação vem se tornando uma crescente, evidenciando a necessidade de ações sensibilizadoras de
cunho transformador.
As mobilizações ambientais vinculadas às atividades educativas tornam-se uma possibilidade já
que a educação é uma ferramenta importante, se não essencial, para a eficiência e efetividade de qualquer
programa que busque uma compreensão da realidade e alterações da postura e da forma como os
indivíduos se relacionam com o meio, propostas em programas de sensibilização. Assim a educação
ambiental surge de maneira atual e transversal como uma possibilidade de formação e transformação.
A atual situação ambiental mundial, demonstrado claramente por estudos científicos, indica que os
ecossistemas continuam sendo impactados por padrões insustentáveis de produção e de urbanização.
Além disso, durante a última década, muitos países aumentaram sua vulnerabilidade a uma série mais
intensa e frequente de fenômenos que tornam mais frágeis os seus sistemas ecológicos e sociais (JACOBI,
2005).
A falta de comportamentos responsáveis gera um crescente aumento da produção de resíduos que
por sua vez são lançados no ambiente com grande descaso e descuido. Ocasionando um crescimento do
ciclo produtivo, para atender uma demanda consumista, que passa, cada vez mais, a extrair matéria prima
e consequentemente a explorar de modo não criterioso o meio ambiente, gerando assim danos ambientais
desde o início da cadeia produtiva.
A relação dos danos ambientais pós-consumo muitas vezes é desconhecida ou ignorada, nesse
sentido é importante salientar a importância do aumento da geração de resíduos. O lixo atual é diferente
em quantidade e qualidade, em volume e composição (GRIPPI, 2006). O termo qualidade parece
contraditório, em um primeiro momento, quando se refere ao lixo, já que este pode ser definido, segundo
Logarezzi (2006) como:
“Aquilo que sobrou de uma atividade qualquer e é descartado sem que seus valores (sociais, econômicos
e ambientais) potenciais sejam preservados, incluído não somente resíduos inservíveis, mas também,
incorretamente do ponto de vista ambiental, resíduos reutilizáveis e recicláveis.”
A qualidade do lixo produzido atualmente é muito grande, sendo que grande parte dos resíduos
lançados indiscriminadamente no meio ambiente são passíveis de reaproveitamento e reciclagem. Assim,
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muito do material que é descartado livremente poderia ser reutilizado, evitando a exploração predatória da
matéria prima, já que os rejeitos podem retornar à cadeia produtiva reiniciando um ciclo de produção.
O ideal seria que toda a população mundial se comprometesse com uma nova forma de consumo -
o consumo responsável. Entretanto a adoção desta prática de forma consistente e real demanda tempo, já
que ela deve ser tomada a partir da transformação de hábitos e construção de um posicionamento crítico.
Como cada indivíduo necessita de um tempo particular para sensibilizar e transformar suas ações,
outra opção que pode ser utilizada, concomitantemente enquanto se trabalha para reverter os hábitos
sociais com relação ao consumo e descarte de resíduos é a reutilização do material gerado, evitando dessa
maneira, o desperdício dos materiais que possuem capacidade de uso.
Alguns materiais como o papel, o plástico, o vidro e o metal são muito importantes para a redução
da exploração ambiental, já que estes na atualidade são os principais componentes dos produtos mais
consumidos, desta forma, o consumo destes materiais são os responsáveis pela grande exploração dos
ambientes naturais.
A reciclagem é uma das formas de se minimizar os impactos produzidos ao ambiente, porém a
quantidade de material que retorna ao ciclo produtivo é ainda consideravelmente pequena.
De acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) em 2007 cerca 38,1%
do papel que circulou no país retornou à produção através da reciclagem, em relação ao plástico o
percentual varia de acordo com o tipo especifico em que o material é classificado, no mesmo período,
cerca de 22,0% dos plásticos rígidos e filme, aproximadamente 53% das embalagens pós-consumo de
PET e cerca de 21,2% dos plásticos rígidos e filme também foram reciclados.
O metal apresenta o maior percentual de retorno, já que ainda de acordo com dados do CEMPRE
em 2007, no Brasil, aproximadamente 96,5% da produção nacional de latas alumínio e 49% das latas de
aço consumidas foram recicladas, já para o vidro no mesmo período cerca de 47% das embalagens foram
recicladas.
Como pode se observar os índices percentuais de quantidade de material reciclado no país é
bastante baixo, uma vez que essas médias variam de acordo com regiões especificas, assim em algumas
regiões esses índices podem ser ainda menor.
Os ganhos com a reciclagem são imensos não apenas na redução de impactos nos ecossistemas
naturais, isto é, aqueles onde não se observa a presença de atividade antrópica, observa-se também um
ganho de qualidade de vida e inserção social da população excluída nos sistemas urbanos, já que essas
passam a garantir o seu sustento e o de suas famílias a partir da cata.
Sabe-se que o problema ambiental gerado pelos resíduos sólidos transcende a questão da
exploração desenfreada do meio natural; ela alcança a sociedade como um todo já que o aumento da
produção de lixo só foi possibilitado a partir do aumento do consumo desordenado e crescente. Diante
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desse fato surge de maneira emergencial à necessidade de se repensar e reformular uma nova maneira de
como toda a sociedade deve se relacionar com o ambiente.
Assim torna-se crescente as discussões no entorno da educação ambiental que surge como uma
possibilidade de ferramenta transformadora, que de acordo com Leff (2001), nos permite enfatizar que o
processo educativo deve ser capaz de formar um pensamento crítico, criativo e sintonizado com a
necessidade de propor respostas para o futuro, capaz de analisar as complexas relações entre os processos
naturais e sociais e de atuar no ambiente em uma perspectiva global, respeitando as diversidades
socioculturais.

4.3 Ecoturismo, Educação Ambiental e Geração de Renda

A atual importância do ecoturismo na sociedade não está apenas baseada na variável econômica,
mas principalmente em seu potencial educativo e de conservação da natureza, advindos das experiências e
sensações vivenciadas em meio à natureza.
O caráter educativo do ecoturismo baseia-se no fato de que esta atividade, comprometida com a
conservação da natureza, prevê o seu desenvolvimento a partir da participação responsável dos
‘ecoturistas’ em ambientes de elevada importância tanto para essa atividade quanto para a humanidade.
No mercado ecoturístico pode-se identificar atividades nem sempre comprometidas com seus
objetivos, pois os aspectos econômicos imediatistas se sobrepõem aos aspectos sociais, culturais e
ambientais. Em decorrência disso, a educação ambiental torna-se importante ferramenta para a promoção
do desenvolvimento sustentável do ecoturismo sem que, contudo, essa atividade deixe de ser valorizada
economicamente.
O ecoturismo caracteriza-se por um tipo de viagem realizada em meio à natureza, que utiliza
predominantemente recursos naturais como forma de atração turística, os quais se constituem como
matérias-primas para o desenvolvimento do ecoturismo.
A discussão atual sobre o ecoturismo envolve duas preocupantes questões: sua relação com a
proteção da natureza, entendido o ecoturismo como um instrumento de proteção ambiental pela via do
mercado, focando sobretudo as questões relativas à capacidade suporte do ambiente para receber uma
quantidade de visitantes adequada que não gere impactos ambientais negativos; e sua relação com a
dinâmica cultural, entendido o ecoturismo como um vetor de aceleração de trocas culturais entre o
viajante e o residente do espaço visitado pelo ecoturista, focando sobretudo as questões relativas às trocas
culturais desiguais entre os visitantes e os moradores locais.
É satisfatório considerar o ecoturismo como uma possibilidade concreta tanto de proteção da
natureza, como de fortalecimento cultural das comunidades habitantes no destino do ecoturista. Essa

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perspectiva não só é considerada como um dos princípios básicos norteadores do ecoturismo, ao


referirem- se ao respeito à conservação ambiental e às comunidades locais, como também foi incorporada
no próprio conceito de ecoturismo, que afirma ser esse um:
“Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.”
Porém, estabelecer a preocupação com a proteção do patrimônio ambiental e cultural como
princípio do ecoturismo pode ser satisfatório mas não é suficiente. Há uma outra questão, igualmente
preocupante, que o ecoturismo envolve: é a sua relação estabelecida com fatores socioeconômicos, fato
que, afinal de contas, poderia chamar a atenção para se levantar a discussão a esse respeito, já que dois
argumentos em defesa desse segmento da indústria do turismo mencionam diretamente a dimensão
econômica.
O primeiro deles diz respeito às oportunidades de negócio oriundas do novo mercado ecoturístico,
que pode movimentar vultosas quantias de recursos financeiros. Frente às estimativas que consideram
esse segmento do turismo como o que mais cresce no mundo, a uma taxa de mais de 20% ao ano, não há
dúvidas que esse novo mercado altamente promissor seja capaz de gerar riquezas como poucas indústrias
conseguem fazer.
O mercado do ecoturismo brasileiro movimenta algo em torno de meio milhão de turistas e cerca
de 500 milhões de reais ao ano, criando por volta de 30 mil empregos diretos. Contudo, como serão
distribuídos os benefícios da riqueza gerada por essa indústria é uma questão que não está muito bem
definida. Com quem ficará a volumosa movimentação econômica desse mercado ainda é uma
preocupante incógnita.
Essa dúvida nos remete então à segunda justificativa da importância econômica do ecoturismo
para o Brasil, fornecendo indícios sobre a expectativa do mercado ecoturístico a respeito da distribuição
dos benefícios econômicos do ecoturismo: afirma-se que o ecoturismo é um segmento do turismo capaz
de ser um fator de geração de emprego e renda, que poderá beneficiar inúmeras comunidades rurais que
possuem por culturais ações intactas de natureza com forte apelo estético capaz de se constituir num
atrativo turístico.
Diante das condições sociais brasileiras, que apresentam um preocupante quadro histórico de
concentração de renda, e dado o potencial econômico desse novo mercado, o ecoturismo sobressai com
uma importante função social a cumprir: ele pode ser considerado um relevante instrumento de
distribuição de renda, mais engajado do que as tímidas menções que se referem à geração de emprego e
renda ou melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas, como benefícios econômicos indiretos
do ecoturismo.
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UNIDADE V – FUNDAMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

5.1 Gestão Ambiental Urbana, Rural e Desenvolvimento Sustentável

O artigo 225 da Constituição Federal estabelece o “meio ambiente ecologicamente equilibrado”


como direito dos cidadãos deste país, definindo-o como “bem de uso comum e essencial à sadia
qualidade de vida”. Atribui ainda, ao “Poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
No entanto, o processo de uso e gestão dos recursos ambientais é, em sua essência, conturbado,
dado os interesses em jogo e os conflitos que podem existir entre atores sociais que atuam sobre o
mesmo ambiente, físico/natural ou construído. Os que objetivam a posse e o controle do recurso
natural brigam entre si e com os grupos que defendem o ambiente como patrimônio da humanidade.
A tensão entre a necessidade de assegurar às populações o direito ao meio ambiente saudável e
equilibrado, como bem público, e a definição de como, por quem e para que devem ser usados os
recursos naturais na sociedade, tem sido uma constante ao longo da história de nosso modelo
civilizatório.
Com a rápida degradação e até mesmo extinção de muitos desses recursos naturais, cada vez
mais a humanidade tende a deflagrar conflitos pelos que restaram. A escassez da água doce potável
é, por exemplo, questão potencialmente geradora de grandes disputas entre as comunidades e as
nações.
Fica claro, portanto, a importância da educação no processo de Gestão Ambiental. Só o
entendimento contextual mais amplo pode fazer com que os atores envolvidos, os protagonistas e os
que sempre ficaram com o ônus histórico da degradação ambiental, possam compartilhadamente
pensar alternativas de soluções harmônicas e apropriadas para o bem de todos.
Ao se falar em Educação no processo de Gestão Ambiental, está se falando de uma concepção
de educação ambiental que tem como foco a organização e a capacitação das partes interessada para
a interlocução qualificada e para a gestão conjunta do ambiente comum.
O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é freqüentemente usado para designar
ações ambientais em determinados espaços geográficos, como por exemplo: gestão ambiental de
bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção
ambiental, gestão ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que
incluam aspectos ambientais.
A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para organizações, ou seja,
companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições e pode ser definida como sendo um conjunto
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de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a


segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de impactos
e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou
desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um
produto.
O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de melhoria da qualidade
ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização pública ou privada. A
busca permanente da qualidade ambiental é portanto um processo de aprimoramento constante do
sistema de gestão ambiental global de acordo com a política ambiental estabelecida pela organização.
A gestão ambiental rural é entendida como o ordenamento dos recursos ambientais dos territórios,
por meio de ações físicas, econômicas, investimentos, providencias institucionais e jurídicas, com a
finalidade manter ou recuperar a qualidade de vida do meio ambiente e promover o desenvolvimento rural
sustentável.

A situação atual do meio rural no país se constitui um motivo de preocupação das autoridades e da
população em geral porque os impactos antrópicos negativos são cada vez mais prejudiciais à população
do país.
A sustentabilidade implica na consideração de várias dimensões, as quais devem ser contempladas
no seu conjunto e de forma interdependente. As dimensões da sustentabilidade são: econômica, política,
social, cultural, ambiental e institucional.
Para a implementação da sustentabilidade dos recursos renováveis, a taxa de colheita não pode
exceder à taxa de regeneração (capacidade de campo) e a taxa de degradação provocada não pode exceder
a capacidade de assimilação do meio ambiente (disposição de sustentação para a degradação).
Para recursos não renováveis, a taxa de degradação não poderá exceder a capacidade de
assimilação do meio ambiente, e a exploração dos recursos não renováveis requererá desenvolvimento
comparável de substitutos renováveis para cada recurso. Isso garantirá um padrão de sustentabilidade
mínima.

5.2 Gerenciamento Ambiental Aplicado aos Recursos Naturais: Conservação e Manejo.

Gestão dos recursos naturais, entendida como uma particularidade da gestão ambiental, preocupa-
se em especial com o conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações determinadas e conceituadas
pelos agentes socioeconômicos, públicos e privados, que interagem no processo de uso dos recursos
naturais, garantindo-lhes sustentabilidade.

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Gestão integrada dos recursos naturais consiste no estabelecimento de um conjunto de ações de


natureza administrativa, em um determinado espaço ou unidade de planejamento, que considere as inter-
relações entre os recursos naturais e as atividades socioeconômicas. Gestão é, em outras palavras, o
modus operandi cuja premissa básica é manter os recursos naturais disponíveis para o desenvolvimento,
hoje, amanhã e sempre.

A gestão sustentável dos recursos naturais requer posturas mais abrangentes do governo e da
sociedade como condições indispensáveis à sua implementação. Tais como:

I) PARTICIPAÇÃO

A gestão dos recursos naturais somente poderá ser implementada com a participação dos
diferentes atores sociais que, direta ou indiretamente, atuam no processo de utilização dos recursos
naturais. É essencial estabelecer mecanismos que permitam essa participação, desde a definição do objeto
da gestão até a execução das atividades de monitoramento e fiscalização, passando pelos processos de
licenciamento e pelos critérios e limites a serem adotados.

II) DISSEMINAÇÃO E ACESSO À INFORMAÇÃO

Para a efetivação dessa participação, é preciso que as informações derivadas do exercício da gestão
possam ser adaptadas aos diferentes públicos a que se destinam, criando as condições de comunicação
necessárias ao entendimento dos meios e dos objetivos da gestão pretendida.

III) DESCENTRALIZAÇÃO

Descentralizar decisões e ações no âmbito da gestão de recursos naturais significa, acima de


tudo, criar espaços de oportunidade para que as soluções dos problemas possam ser equacionadas local e
regionalmente. Trata-se de permitir que agentes governamentais locais, com poder de decisão, assumam,
em conjunto com os agentes sociais, a construção de uma pauta de atividades que leve à gestão
sustentável dos recursos naturais.

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UNIDADE VI – PRÁTICAS EM EDUCAÇAO AMBIENTAL

6.1 Desenvolvimento e Preservação Ambiental

A questão ambiental nos revela um fato que deveria estar no centro da formulação de qualquer
política econômica de longo prazo: é inquestionável a necessidade de desenvolvimento de novas
tecnologias para que se garanta a preservação da espécie humana. Se dependermos tão-somente das atuais
fontes de água, alimentos e energia, seremos alcançados pela lógica de Malthus em um curto espaço de
tempo. Assim, ou evoluímos tecnologicamente, ou nossos descendentes próximos testemunharão o fim da
espécie.
Neste quadro, a tendência será a existência de duas espécies de nações: as tecnologicamente
evoluídas e as que pagarão com todas as suas forças o preço pela utilização das tecnologias de
sobrevivência. O grau de dependência estabelece condições de troca, em qualquer sistema econômico. A
partir do momento em que nossa sobrevivência passe a depender de aplicação de certas tecnologias, não é
difícil perceber que o preço a ser pago será elevadíssimo.
Diante deste quadro, tão (ou mais) importante do que concentrar esforços no sentido da
preservação ambiental é o desenvolvimento de novas tecnologias de sobrevivência. A degradação
ambiental é internacional. Haverá uma cisão entre países detentores de tecnologias de sobrevivência e
países devedores de royalties.
Neste quadro, não é necessário muito senso crítico para percebermos que o papel que parece
destinado ao Brasil não é dos mais relevantes, e não é preciso muito esforço retórico para que se constate
a necessidade de uma imediata reversão desta tendência, o que somente poderá ocorrer se houver a
implantação de um grande esforço governamental de estímulo à pesquisa.
Tome-se o exemplo francês. Lá, a maior parte da energia consumida provém de usinas nucleares,
que, nos últimos anos, foram alvo de ferozes ataques como reação a acidentes ocorridos. Mas a postura do
governo foi a de manter os investimentos em novas pesquisas, não caindo na tentação de ceder à tentação
populista de voltar as costas à energia nuclear. Os resultados serão colhidos em breve.
Em consórcio com uma empresa alemã, os franceses construíram em Olkiluoto, na Finlândia, a
primeira usina nuclear de terceira geração, em que a produção de resíduos é mínima, e o risco de
acidentes está muito próximo do zero absoluto. A usina está em fase de testes. Não é difícil projetar os
ganhos que eles terão quando começarem a receber os royalties derivados da nova tecnologia.
E o Brasil, o que pode fazer? Partindo da premissa quase ilusória de que haverá alguma espécie de
planejamento consistente, o primeiro passo para buscarmos a realização desta estratégia seria o custeio de
pesquisa e desenvolvimento de produtos e tecnologias mais limpos.

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Outra medida, menos óbvia é de complexa dosagem, seria a taxação sobre atividades poluidoras.
Dimensionar esta taxação é um problema de elevada complexidade. Não se pode pensar na manutenção
do princípio do poluidor-pagador. Os custos sociais da degradação ambiental não são compensáveis com
a imposição de uma tributação. Também não se pode adotar um modelo que impeça o desenvolvimento
da atividade empresarial. A pobreza, pessoal e estatal, derivada do desestímulo ao desenvolvimento
econômico, também tenderá a produzir danos ambientais. Assim, a taxação deve ser utilizada de forma
que os agentes econômicos sejam estimulados ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Michael A. Jacobs, norte-americano especialista em aspectos jurídicos das novas tecnologias e
importante autor de obras sobre propriedade intelectual, afirma que "as medidas para apoiar a maior
produtividade ambiental precisam ser sustentadas por regimes de regulamentação que assegurem que a
ineficiência não seja uma opção atraente. O novo campo de taxação ambiental é a chave aqui. Ao elevar o
custo de atividades ambientalmente nocivas, a taxação oferece às empresas um incentivo contínuo para
melhorar sua produtividade. Quando mais eficientes e inovadoras elas se tornarem, mais baixos serão seus
custos."
Não se trata de uma estratégia fácil. Mas ela é necessária. Afinal, o desenvolvimento sustentável
não será obtido pela simples preservação. É preciso mais. É preciso criar para reverter a marcha rumo à
redução das condições de sobrevivência em nosso planeta. E, se não formos nós os criadores, deles
seremos dependentes.

6.2 Vivências em Educação Ambiental

A Educação Ambiental, segundo a lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, é um componente


essencial e permanente da educação Nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades
do processo educativo formal e não-formal.
Por seu caráter humanista, holístico, interdisciplinar e participativo a Educação Ambiental pode
contribuir muito para renovar o processo educativo, trazendo a permanente avaliação crítica, a adequação
dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos educandos em ações concretas de transformação
desta realidade.
Um programa de Educação Ambiental, para ser efetivo, deve promover simultaneamente o
desenvolvimento do conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da
qualidade ambiental. Utiliza-se como laboratório o metabolismo urbano e seus recursos naturais e físicos,
iniciando pela escola, expandindo-se pela circunvizinhança e sucessivamente até a cidade, a região, o
país, o continente, o planeta.

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Para realmente abordar estes princípios e atingir seus objetivos a Educação ambiental precisa de
uma ampla gama de métodos e do preparo dos educadores neste sentido.
 Ações para a prática da educação ambiental:

 Assessorias em Educação Ambiental:


Orientação e acompanhamento de projetos de Educação Ambiental em escolas, empresas,
comunidades, prefeituras ou grupos em geral. Estes projetos são baseados na realidade local e em um
processo participativo que estimula o comprometimento de todos os participantes. Inclui visualização,
análise ambiental e planejamento coletivo de ações práticas segundo a realidade local.
 Seminários sobre temas específicos:
Atividades de um ou dois dias, elaboradas de acordo com as demandas do grupo requerente,
possibilitando o aprofundamento e a vivência prática de temáticas específicas.
 Oficinas de Educação Ambiental:
Momentos teórico-práticos, com a duração de meio turno, abordando temas específicos do
processo de Educação Ambiental, de acordo com as demandas do grupo requerente. Podem ser
direcionadas para a resolução prática de problemas ambientais locais, ou para aspectos metodológicos e
filosóficos da educação ambiental.
 Vivências orientadas:
Vivências, incluindo atividades práticas relativas a agricultura ecológica, criação de animais,
plantas medicinais e/ou educação ambiental, sob orientação permanente e acompanhadas por momentos
de reflexão e de aprofundamento teórico de temas específicos e da base filosófica que orienta estas
atividades.
 Visitas a museus, criadouro científico de animais silvestres;
 Passeios em trilhas ecológicas:
Normalmente as trilhas são interpretativas; apresentam percursos nos quais existem pontos
determinados para interpretação com auxílio de placas, setas e outros indicadores.
 Parcerias com secretarias de educação de municípios:
Formar Clube de Ciências do Ambiente com o objetivo de executar projetos interdisciplinares que
visem solucionar problemas ambientais locais (agir localmente, pensar globalmente). Os temas mais
trabalhados são: reciclagem do lixo, agricultura orgânica, arborização urbana e preservação do ambiente.
 Publicações periódicas:
Abordagem de assuntos relativos aos recursos naturais da região e às atividades da área de
ambiência da empresa.

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 Atividades com a comunidade e campanhas de conscientização ambiental:


Com o intuito de incrementar a participação da comunidade nos aspectos relativos ao
conhecimento e melhoria de seu próprio ambiente, são organizadas e incentivadas diversas atividades que
envolvam a comunidade da região, como caminhadas rústicas.

6.3 Oficinas e Elaboração de Projetos em Educação Ambiental

6.3.1 Guia para elaboração de projetos em Educação Ambiental


 O planejamento das etapas do projeto
A primeira coisa que temos que fazer é o que sempre fazemos na escola antes de iniciarmos
qualquer trabalho. Temos que planejar. Como este é um trabalho diferente, porque significa um novo
molde de fazer, deve ser planejado de um modo diferente também.
O nosso planejamento deve ser coletivo, porque o nosso projeto vai ser executado de modo
coletivo. Você já viu que não se faz Educação Ambiental individualmente, não é? Então, vamos definir
quem é o coletivo.
Obviamente, o coletivo são todos. E aí não estamos propondo nenhum jogo de palavras, são todos
aqueles que fazem parte do nosso "nicho": os professores, o pessoal de apoio, a direção da escola, os
alunos, a comunidade.
Se você está pensando como chamar este povo todo para planejar em cima de uma coisa ainda não
muito clara e está achando a tarefa difícil, eu concordo com você, em todos os aspectos.
- Como Fazer?
Vamos chamar primeiro algumas pessoas representativas destes segmentos e distribuir a tarefa
para que cada uma, junto ao seu segmento, recolha sugestões para o projeto. Estas sugestões servirão de
ponto de partida para o diagnóstico. Na realidade, esta primeira abordagem já pode ser considerada um
pré-diagnóstico, pois é a partir daí que faremos o nosso primeiro recorte, ou seja, teremos as primeiras
linhas selecionadas.
Marque as datas de retorno. E não pare por aí.
Definido o seu coletivo e os parceiros, vamos começar a elaborar o projeto.
 O diagnóstico
O projeto requer sempre uma fase que o antecede, que é a fase de diagnóstico.
O objetivo de se fazer um diagnóstico é que, por meio dele, podemos fazer um recorte de nossas
ações. Ou seja, podemos fazer um levantamento dos problemas ambientais que mais afligem a nossa
comunidade.

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Nós já vimos, pelas nossas conversas com os diversos segmentos da comunidade, que existem
alguns temas que têm um significado maior ou são motivo de preocupação para a maioria. É justamente
nesta fase que você já pode envolver os seus parceiros, ou seja, você pode elaborar um pré-projeto para o
levantamento do diagnóstico. E o que significa isso?
Precisamos, antes de qualquer coisa, saber o que está acontecendo no nosso ambiente, para isso o
diagnóstico. Existem vários modos de se fazer um diagnóstico. Você pode fazer uma reunião, promover
discussões em grupo, fazer entrevistas, e inúmeros outros modos de conseguir levantar os dados que você
precisa.
Um modo eficiente de conseguir diagnósticos pode ser por intermédio de um questionário simples,
para ser respondido pelos diversos parceiros.
Este instrumento (questionário), não precisa ser único. Você pode elaborar um para os alunos e
outro para os adultos, ou os outros colaboradores. O importante é que o grau de complexidade das
perguntas deve estar diretamente relacionado com o nível de compreensão do grupo. Não queremos dizer
que você deva subestimar ninguém. Cada membro da sua comunidade vai estar igualmente envolvido
com o seu entorno, alguns mais sensibilizados, outros menos, mas todos com possibilidade de contribuir.
 O resultado do diagnóstico
Uma vez feito o diagnóstico, organize ou tabule os dados e faça uma apresentação para os seus
parceiros. A partir daí, faça uma hierarquização dos elementos levantados (que podem ser problemas ou
potencialidades).
A partir desta hierarquização, então já temos elementos para elaborar o nosso projeto.
Observe que a escolha do tema não está amarrada ao diagnóstico. Este deve ser um elemento balizador.
Quem vai efetivamente definir qual o tema e quando deve ser estudado é a comunidade escolar.
 O projeto em educação ambiental
Uma vez escolhido o nosso tema, vamos começar a detalhar o nosso projeto.
Não se esqueça de incluir as questões relativas à história da sua comunidade, como ela surgiu, há
quanto tempo, suas manifestações culturais, seus membros de referência. Estas informações são tão
importantes quanto o ambiente físico que as suporta, como o relevo, o clima, a vegetação, as construções,
e o traçado urbano.
Como ressaltamos anteriormente, este projeto deve ser coletivo. Seria muito interessante se todos
os professores se engajassem. O ideal, quando se trata de educação sobre o meio ambiente, educação
ambiental, é que faça parte do projeto político pedagógico da escola. Se esta não é a sua realidade neste
momento, se só uma pequena parcela da escola está mobilizada, que bom que já temos um grupinho.
Paciência, e quem sabe, a partir dessa experiência concreta você não consiga inserí-la futuramente?

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Uma vez eleito o tema, temos agora o desafio: como fazer o projeto?
Para ajudá-lo, sugerimos as seguintes etapas:
1 - Título do projeto
O nome do projeto deve ser atrativo e estar relacionado com o tema.
2 – Objetivo
É onde eu quero chegar com o meu projeto coletivo. O que eu espero obter depois do projeto
realizado. Quais mudanças eu espero que ocorram na minha comunidade?
3 – Justificativa
Vai mostrar a importância do estudo a partir do diagnóstico. Cada um dos professores da escola,
bem como a direção e o pessoal de apoio, e naturalmente os alunos, devem ter um papel bem definido.
Este papel não é o de mero espectador. Cada um tem uma função a realizar, à luz de cada disciplina (ou
conteúdo programático). É aqui, na justificativa, que você "vende" o seu projeto, ou seja, que você motiva
as pessoas que compartilharem em grupo uma mesma idéia, e é aí também que você apresenta os
elementos para ganhar novos parceiros, como por exemplo, aqueles que poderão ajudar a financiar o
projeto. É aqui, na justificativa do projeto, que você deve apresentar toda a fundamentação teórica do
trabalho.
4 - O tempo do projeto
É muito importante que eu defina em quanto tempo eu vou realizar o meu projeto. Esse tempo vai
depender do tipo de atividades que eu vou desenvolver. Não elabore projetos com duração muito curta,
nem muito longa. Os curtos tendem a ser pontuais e os longos podem gerar desinteresse durante o
processo.
5 - O público-alvo
A quem se destina o projeto?
Vou envolver a escola toda, ou vou fazer um piloto com uma única série?
6 - As atividades
A importância da participação de todos os docentes aqui é indiscutível.
De modo coordenado, cada um pode fazer o seu planejamento mensal ou bimestral para tratar do
tema em questão. A participação dos demais membros da comunidade escolar também é importante. (Não
adianta estar falando em inserção de todos se a faxineira da escola jamais participou de uma atividade
com o corpo docente).
Para o planejamento das atividades docentes é interessante que estas sejam feitas em duas etapas.
- Uma geral, envolvendo todo o coletivo de professores da escola. É aí efetivamente que vamos
traçar o que fazer dentro da escola. Dentro do tema escolhido, o que deve ser tratado de modo integral e

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significante para a comunidade. Temos que ter claro que podem acontecer, e devem acontecer,
intervenções concretas na realidade da comunidade.
- A outra etapa é a específica, para cada uma das áreas de estudo. Isto quer dizer que ainda nesta
etapa eu posso fazer um trabalho coletivo com os outros professores da mesma disciplina ou da mesma
série, para ajustar o conteúdo e como ele deve ser trabalhado. Dentro do conteúdo a ser desenvolvido,
como eu posso inserir o tema do projeto (cada professor deve procurar a melhor estratégia para a
abordagem disciplinar do tema e depois discutir no coletivo, para somar idéias e atividades).
Não se esqueça de que o aporte teórico para desenvolver a atividade (ou módulo, ou tema) é muito
importante.
A grande diferença que se propõe agora é que o que antes era desconectado e que não tinha
sentido, nem para o aluno, nem para a comunidade, agora passa à ter um vínculo real.
Como é isso? Você pode perguntar, então vamos tentar exemplificar.
Até um tempo atrás, decorar tabuada era situação corriqueira. Todo menino e menina decorava,
não sabia porque, muito menos para que, mas tinha que decorar, para "recitar" e logo dar um jeito de
esquecer aquilo tudo. Era um sofrimento só. Agora reflita, se você tem que trabalhar em matemática uma
unidade que fale das operações matemáticas, e se você consegue vincular esta tarefa com o que o outro
professor está trabalhando, o aluno já começa a ver alguma conexão no que está acontecendo. Se você e
os seus colegas conseguem, além de vincular uma disciplina com a outra, ainda conseguem transportar o
que estão falando para a realidade concreta do aluno, inserindo-o no contexto, e fazendo com que ele seja
o sujeito da análise, então teremos conseguido que ele tenha um vínculo neste processo, que ele se sinta
importante, participativo e determinante (sujeito) do processo.
No planejamento das atividades devem ser contempladas as reuniões de acompanhamento e
elaboração. Esses encontros serão fundamentais para que se façam os ajustes ao longo do processo.
7 - A avaliação
Fora o processo de avaliação já em andamento na escola, o processo de avaliação dos projetos sob
a ótica da Educação Ambiental não são excludentes, ou seja, ele não procura o que não se sabe, ou o que
não se fez. Muito pelo contrário, ele vai sempre realçar a ação positiva. Quais foram as mudanças? Como
podemos avançar mais? Qual o nosso nível de ação? Onde conseguimos chegar e como vamos fazer para
ir mais além. Por isso falamos que a Educação em Meio Ambiente, assim como todo o processo
educativo, é contínuo. Ele não acaba em si só.
8 - Ações Futuras
Além de onde chegamos, se nosso projeto realmente atingiu os objetivos, sempre teremos os
desdobramentos. As ações não precisam necessariamente continuar em seguida, e se tornarem temas

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recorrentes e exaustivos, mas teremos que entender e planejar as ações futuras e os acompanhamentos
periódicos ou os reforços ao nosso projeto.
9 - Vamos mostrar o que fizemos
A propaganda é a alma do negócio! Se alcançarmos os objetivos do nosso projeto, temos que dar
uma satisfação para os nossos parceiros. Então vamos mostrar o que fizemos. Uma exposição, uma festa,
uma culminância. Este é o momento ideal para trazermos mais gente para partilharmos nosso próximo
projeto. Este também é o momento para explicitarmos o nosso compromisso com as mudanças e
sensibilizar um maior número de pessoas mostrando como a escola está preocupada e atenta ao que
acontece na comunidade e no mundo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, F. P.; PIRES, P. S. Ecoturismo e Educação Ambiental: possibilidades e potencialidades de


conservação da natureza. IV SeminTUR. Caxias do Sul, RS, 2006.

COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM – CEMPRE. Lixo Municipal: manual de


gerenciamento integrado. São Paulo/SP.

DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 4.ed. São Paulo: Gaia, 1992.

IBAMA. Referências conceituais e metodológicas para gestão ambiental em áreas rurais/


Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. – Brasília:
MMA, 2006.28 p. : il.

MONTEIRO, R.N.T. Educação Ambiental. Fortaleza: SENAI/CE, 2008. 135p.:il.

SARIEGO. J.C. Educação Ambiental – As ameaças ao planeta azul. São Paulo. SP. Editora Scipione.
208p. 2001.

Meio Ambiente - Educação Ambiental 61


Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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