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DOCENTE
___________________________________
Lic. Edivaldo de Assunção Chelionho Liz
LUANDA, 2022.
DISCENTES
1. Alkenia de Almeida Martins Nº 20201291
2. Ariclene Maria do Amaral José Nº20201096
3. Afrodith Milena Carvalho Soares Borges Nº 20200120
4. Belsa João Alberto Bumba Nº 20200658
5. Clementina Bentinho Kanjamba Nº20201376
LUANDA, 2022.
Resumo
Pretende-se com este trabalho compreender a importância de Angola na África austral, o
seu papel e o contributo na resolução dos vários problemas que afligem esta mesma região,
quer político, militar, económico e social. Sendo que Angola possui uma vasta experiência na
resolução de vários conflitos bem como na gestão de vários recursos minerais.
Com a criação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Angola
tem usado a sua diplomacia como um dos instrumentos da sua Política externa de forma a
garantir uma boa relação com os estados membros.
Abstract
The aim of this work is to understand the importance of Angola in southern Africa,
its role and contribution to solving the various problems that afflict this same region,
whether political, military, economic and social. Since Angola has a vast experience in
resolving various conflicts as well as managing various resources minerals.
Acrónimos
CapítuloI…………………………………………………………………………7
Capítulo II………………………………………………………………...……..12
Capítulo III……………………………………………………………………..17
Capítulo IV……………………………………………………………………..18
4. O papel de Angola na resolução de Conflitos na Região da África Austral…………18
4.1. Angola na Resolução de Conflitos em África………………………………...…19
4.2. Região dos Grandes Lagos……………………………………………………….20
4.2.1. O papel Desempenhado por Angola na Resolução dos Conflitos na Região
dos Grandes Lagos………………………………………………………21
4.2.2. Presidência de Angola na CIRGL…………………………………….…23
5. Conclusão………………………………………………………………………….….25
6. Referência Bibliográfica………………………………………………………….…..26
Introdução
O nosso trabalho está dividido em quatro capítulos, onde no seu primeiro capítulo
abordamos sobre a caracterização da África austral, seus objetivos e suas políticas
adoptadas, no segundo capítulo foi referenciado sobre a organização da cimeira dos chefes
de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral tal como o
sistema de troika entre os membros da região austral e os princípios da política externa da
República de Angola na África Austral. No terceiro capítulo falamos sobre as relações
bilaterais de Angola e já no quarto capítulo foi retratado o papel de Angola na resolução
dos conflitos na Região da África Austral tal como na região dos grandes lagos.
Capítulo I
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Abaixo é possível observar-se o quadro com as classificações das regiões da Africa
Austral.
No âmbito da divisão da ONU, tal como a tabela nº1, a África Austral compreende
apenas os cinco países apontados. Sendo uma visão restrita da geografia da África Austral,
ela é contrariada por uma perspetiva mais ampla e que faz coincidir a região austral do
continente com a da SADC, incluindo a RDC, Tanzânia e as ilhas de Madagáscar e
Maurícias. Porém, esta delimitação parece exagerada ao incluir não só aqueles dois países,
mas também as Ilhas Seicheles que se encontram no extremo oriental da parte sul do
continente. Assim sendo, a posição intermédia é a que melhor atende à divisão geográfica
da região austral, uma vez que inclui um conjunto de países a sul da bacia do Rio Congo,
passando pelos dois oceanos e abarcando as ilhas do Madagáscar, Maurícias e Seicheles.
[1]
A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), é uma
organização sub-regional de integração e cooperação económica dos países desta região.
Teve a sua criação a 17 de agosto de 1992, na Cimeira de Windhoek, na Namíbia, tendo
como membros atuais: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do
Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia,
Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué e Seicheles. A sua sede encontra-se em Gaborone, no
Botswana, e as suas línguas oficiais são o inglês, francês e o português.
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desse período, a Zâmbia e a Tanzânia, recentemente independentes, manifestaram através
dos seus respetivos presidentes a preocupação face à situação política no Zimbabwe. No
entanto, essa onda de solidariedade ganhou outro ímpeto depois da independência de
Angola e Moçambique, abrindo mais possibilidades de ajuda coordenada aos países ainda
sob o jugo colonial. [1]
Este quadro Este quadro foi fundamental para a consciência política e de defesa na
região, contribuindo para a independência do Zimbabwe e da Namíbia. No primeiro caso,
foi possível à ZANU-PF conduzir a luta armada que culminou com a independência do
Zimbabwe em 1980, com o apoio logístico e de preparação militar da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO), partido no poder em Moçambique. No segundo caso, a
Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO) dirigiu a luta de libertação contra o
regime do apartheid que vigorava na África do Sul com o apoio do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola. O fim do regime do
apartheid foi também resultado da luta desencadeada pelo Congresso Nacional Africano
(ANC), com intervenção do MPLA, quer no domínio logístico e militar, quer na arena
diplomática, através dos fóruns internacionais e de uma corrente de solidariedade com o
povo sul-africano. [1]
Neste âmbito, a política de defesa e segurança na África Austral orientou-se para a
coordenação da luta contra essa ameaça, ou seja para a abolição do regime do apartheid e
consequente independência da Namíbia e para a redução da sua influência nos países
limítrofes, como a Swazilândia e Lesotho. Direcionando-se ainda para o reforço da
capacidade dos Estados recentemente independentes, para assim diminuir a influência dos
principais mentores da Guerra-Fria, sobretudo dos EUA e da Europa Ocidental. [1]
8
Desenvolvimento da África Austral, onde é possível verificar os estados membros da
região que fazem fronteira com a República de Angola.
9
• A agenda Comum da SADC está definida no artigo 5.º do Tratado (com a redação
que lhe foi dada em 2009), assim como na revisão das operações das instituições
da SADC, e comporta políticas estratégias da organização. [3]
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Capítulo II
A cimeira da SADC é responsável pela direção geral das políticas e pelo controlo das
funções da comunidade, tornando-se, por fim a instituição de políticas da SADC. É
composta por todos os chefes de estado e de governo da SADC e é gerido por um sistema
de Troika que inclui o Presidente da Cimeira da SADC, o próximo presidente (o Vice-
Presidente na altura) e o presidente imediatamente anterior. [3]
O sistema de Troika, confere autoridade a este grupo para tomar decisões rápidas em nome
da SADC que são normalmente tomadas em reuniões de políticas agendadas em intervalos
regulares, bem como para proporcionar orientação de políticas às instituições da SADC
entre as cimeiras regulares. Este sistema tem sido eficaz desde que foi estabelecido pela
cimeira, durante a sua sessão anual, realizada em Agosto de 1999, em Maputo,
Moçambique. Outros estados membros podem ser cooptados pela Troika, sempre que
necessário. [3]
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• Solução pacífica,
• Respeito dos direitos humanos,
• Não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados,
• Reciprocidade de vantagens,
• Repúdio e combate ao terrorismo, narcotráfico, racismo, corrupção e tráfico de
seres e órgãos humanos,
• Cooperação com todos os povos para a paz, justiça e progresso da humanidade
Angola defende a abolição de todas as formas de colonialismo, agressão, opressão,
domínio e exploração nas relações entre os povos. [4]
A República de A República de Angola empenha-se no reforço da identidade africana
e no fortalecimento da ação dos Estados africanos em favor da potenciação do património
cultural dos povos africanos. O Estado angolano não permite a instalação de bases
militares estrangeiras no seu território, sem prejuízo da participação, no quadro das
organizações regionais ou internacionais, em forças de manutenção da paz e em sistemas
de cooperação militar e de segurança colectiva. [4]
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um sentimento de medo, é apenas uma esperança vã de derrotar o inimigo. Os Estados
organizam-se em alianças para salvaguardar os seus interesses, de modo a protegerem-se
dos seus eventuais inimigos na Sociedade Internacional. Nunca se sabe o que esperar de
um Estado com objectivos contrários ao de outrem . [5]
É visível uma proeminência de organizações internacionais e regionais, assim
como os acordos bilaterais. Com o desenvolvimento das comunicações, deu-se um
deslocamento facilitado de indivíduos, nomeadamente através do turismo, desenvolveu- se
de igual modo o comércio e as relações económicas, surgiram novos actores no Sistema
Internacional, muitas das vezes, uns mais poderosos e influentes do que muitos estados,
juridicamente constituídos. [5]
Deste modo há na esfera internacional, uma composição muito maior de um
conjunto de sujeitos para além do tradicionalmente conhecido, o Estado. Passam a existir
como actores internacionais, o sistema de alianças, organizações internacionais, serviços
públicos intergovernamentais, organismos ideológicos ou profissionais, organizações não-
governamentais, grandes empresas multinacionais, bancos e consórcios de bancos de
alcance internacional. [5]
Cada estado tem as suas Relações Internacionais no sistema político internacional,
e estes procuram definir as estratégias da sua política externa, das quais podem resultar em
aproximação ou distanciamento, com os demais Estados do Sistema Internacional. [5]
A sociedade internacional, para além dos elementos jurídicos e éticos, e das
instituições internacionais ou supranacionais que criou. Continua a ser ainda, basicamente,
uma relação de forças entre potências, as grandes, médias ou pequenas. Cada uma destas
potências procura ocupar os espaços livres ou vácuos que vão surgindo, ou que a cúria de
outros países deixa abertos. A sociedade internacional procurou adotou diferentes formas
de organização regional e os modelos de convivência. Em certas partes do globo avançou-
se mais do que outras, quer na organização da sociedade regional, quer na definição de
princípios e regras de cooperação pacífica. Tal como a África Austral, cuja arquitetura
política hoje tanto se debate, em que já se tem adoptado formas de organização nos
campos político, económico e de segurança. A África Austral tem atuado por vias da
SADC, que tende a assegurar regras de convivência pacífica, da cooperação, de
esbatimento de conflitos, que dão uma dimensão totalmente nova à ação diplomática. [5]
Para um estado as janelas para se olhar ao mundo ao seu redor é a diplomacia e as
suas Relações Internacionais. Através da política externa, pode se olhar mundo de um
ponto mais elevado, pautando o pensamento realista, as relações dos países desenvolvidos
com os países em vias de desenvolvimento. Assim como todos os estados independentes, e
como todos os Estados independentes e com alguma “notoriedade” na esfera
internacional, Angola também possui um impulsionador de política externa, o Ministério
das Relações Exteriores em coordenação com os diversos ministérios. Esta é a instituição
estadual que zela pelos interesses políticos e económicos do país fora da sua zona de
atuação, do seu território nacional, com os demais Estados do Sistema Internacional, com
o qual mantém boas relações, no intuito de alcançar um determinado objectivo benéfico ao
seu território nacional. [5]
Deste modo a Política Externa de Angola consiste no posicionamento adoptado
pelo estado para alcançar os seus objectivos devidamente tracejados de acordo com a sua
estratégia racionalmente escolhida. Esta não é se não a continuação da política interna do
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Estado angolano. Ou seja, visa consolidar a ordem social existente no próprio Estado
através da afixação das suas disposições na ordem jurídica internacional, e defender no
Sistema Internacional os interesses do Estado. [5]
Um exemplo, a cerca das relações de Política Externa, é a situação em que o país
atualmente atravessa. Vive uma crise económica, e tem indagado mecanismos, fora do seu
território nacional, para suprimir esta mesma crise, fazendo acordos com Estados que
possam de algum modo coadjuvar nessa situação. Acordos esses, sobretudo com a China,
que tem sido um grande parceiro económico. Pode-se dizer que a diplomacia é o elo de
ligação entre Angola e os demais países com quem este pretende expandir a sua política
externa, ou seja manter relações políticas e não só com estados terceiros. [5]
É a partir da mudança do sistema político e económico monopartidário para o
sistema multipartidário, tendo início com as eleições em Setembro de 1992 que
apresentamos a política externa de Angola aos dias atuais. De uma política externa
nacionalista e socialista, seja em termos de desenvolvimento económico, quanto social, a
política externa de Angola evoluiu de um país colonial para uma política externa com
ideais socialistas iniciada com a proclamação da independência do país e ao retorno ao
sistema de livre mercado em 1992.
Neste contexto Angola elaborou a sua Política Externa, preparando-se assim para
estabelecer relações políticas com outro estados do Sistema Internacional. Traçou os seus
objectivos nacionais, que como já referi anteriormente culminam muitas das vezes com as
estratégias globais. Sendo Angola membro da SADC, e esta tem objectivos próprios aos
objectivos nacionais de cada estado membro. Um dos objectivos da SADC prevê a livre
circulação de bens e a abertura dos mercados. Não constitui um objectivo benéfico para
Angola assim como para determinados Estados que têm uma economia ainda em
ascensão. [5]
Do ponto de vista político, o estado angolano empreendeu uma luta pela afirmação da sua
independência, igualdade de direitos com relação aos outros Estados, segurança, paz e
coexistência pacífica, cooperação mutuamente vantajosa na base da igualdade e respeito
mútuo e defesa dos Direitos Humanos. [5]
14
Capítulo III
É importante Angola traçar uma boa política interna regional, de modo a suprir
eventuais constrangimentos que possam acontecer ao seu redor, tornando-se consistente e
pouco vulnerável aos acontecimentos externos à sua fronteira. Um Estado com bases
sólidas e devidamente estruturado a nível político e securitário, dificilmente é apanhado de
surpresa por eventuais constrangimentos externos. O terrorismo é uma das questões em
que Angola tem dado uma especial atenção. O combate do mesmo tem vindo a ser
analisado com bastante profundidade, uma vez que assola diversos países da região, e
tendo em consideração, sempre, de que o uso da violência não é aceitável na resolução dos
problemas. [5]
O alargamento e reforço dos mecanismos mecanismos internacionais na luta contra
o terrorismo, com o apoio dos serviços de inteligência, visando instaurar um clima de paz,
concórdia e boa vizinhança, estende-se a todos os países membros da África Austral. A
relação regional de Angola tem que ser vista de dois modos, de um lado em relação as
relações bilaterais e do outro lado em detrimento das relações aos agrupamentos regionais.
[5]
Angola, assim como os restantes países que compõe a SADC, têm dado especial
atenção ao tema da segurança. Na África Central, uma análise atenta relativa aos novos
organismos que passaram a integrar a CEEAC (Comunidade Económica dos Estados da
África Central), integrativos mostra claramente a importância prática decorrente da
criação de sectores de segurança na instituição. As questões de foro da segurança passarão
a ter um maior destaque em relação aos países limítrofes de Angola. Segundo o ex.
Ministro das Relações Exteriores, George Chicoti, o estado angolano teria maior atenção
por parte da diplomacia sendo que a política externa de angola, auxilia relações de boa
vizinhança, fundamentadas em princípios de respeito pela soberania, igualdade e
integridade territorial dos estados, dentro de uma cooperação reciprocamente vantajosa, e
continuará a defender estes princípios para uma boa conduta da política externa, e
salvaguarda da sua imagem no exterior. [5]
Capítulo IV
15
É um estado bastante rico em recursos naturais, e é entre os Estados da África
central e África Austral o que melhor estabilidade apresenta, com a exceção da África do
Sul, que possui a maior economia da África Austral e apresenta um desenvolvimento a
nível político e económico bastante considerável. Angola tem um papel fundamental na
manutenção de paz em determinadas zonas do continente africano, sobretudo na região da
África Central. [5]
Angola perfila-se na África Austral como uma potência que tem alguma
estabilidade. Tem melhores hipóteses do que África do Sul, que tem dificuldades que não
existem nas ex-colónias portuguesas, nomeadamente o da propriedade dos solos. Angola é
um país rico, que se vê que está com ambição e que tem todos os elementos para a prazo,
se transformar numa democracia normal naquela região. [5]
Angola privilegia-se da geoestratégia e da geopolítica da região dos Grandes
Lagos, não esquecendo que é um dos poucos países que pertence à região da África
Austral e dos Grandes Lagos. Angola, pelas suas características, apresenta as melhores
condições para assegurar as divergências e o bom andamento político dos Estados na
região dos Grandes Lagos. [5]
A presença de Angola no conflito da RDC teve uma conotação positiva. Reuniu
mecanismos estratégicos para conter a expansão do conflito fora das suas fronteiras, que
era uma das maiores preocupações dos Estados vizinhos. Inicialmente a RDC, não fazia
parte da SADC, esta passou a integrar a organização sub-regional por iniciativa do Estado
angolano como uma estratégia política, para se proteger de um eventual descuido dos
conflitos, e consequentemente o transbordo para lá das suas fronteiras. [5]
Foi nesta sequência que a RDC passou a membro da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral, durante os conflitos ocorridos nesta região, que
Angola sugere a entrada da RDC para a comunidade dos países da África Austral. A
partilha da fronteira entre Angola e a RDC é uma das razões que explicam o empenho
do Estado angolano na resolução do conflito no Grandes Lagos. [5]
Esta foi uma estratégia que Angola encontrou para salvaguardar o seu território
nacional e dos demais Estados-membros. A RDC, fazendo parte da SADC, passaria a ser
mais fácil conter o alastramento do conflito, e quem controlasse a RDC controlaria a parte
da Região dos Grandes Lagos. Que por sua vez é uma região de grande interesse
estratégico. Angola não tem medido esforços para levar a paz e a estabilidade à região dos
Grandes Lagos, sobretudo na pacificação dos conflitos da RDC, embora seja uma
conjuntura bastante complexa, os resultados têm sido positivos e apesar da sua
complexidade. Paz e estabilidade têm sido prioridade na diplomacia angolana nesta região.
[5]
Angola aos poucos foi ganhando notoriedade no sistema internacional, passa a
integrar organizações sub-regionais e internacionais de modo activo. Angola e África do
Sul são as maiores economias e potências militares na SADC, por esta razão, os dois
países têm nos seus ombros a responsabilidade da integração económica, preservação da
paz, segurança e estabilidade na Comunidade. [5]
Angola não mais cairia no dissabor de se envolver num outro conflito semelhante
ao que vivenciou no passado, porque ainda hoje se podem notar os vestígios deixados. Por
isso, adota uma Diplomacia pacífica com os membros da África Austral, ainda que
determinados Estados estejam a vivenciar conflitos duradouros, Angola de tudo tem feito
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para que estes não se espalhem pelas fronteiras angolanas e tem tido um papel mediador
na resolução destes conflitos. [5]
Angola faz parte de duas sub-regiões em África, não se limitando somente a região
da África Austral, mas também à região centro-africana, fazendo parte de igual modo, das
organizações regionais destas sub-regiões. [5]
Enquanto estado da África centro-austral, com capacidade de decisão na gestão
dos conflitos, terrorismo e diversificações políticas, que assumem na região, sucede como
um dos vértices geradores de estabilidade no triângulo centro-africano, onde a Comissão
do Golfo da Guiné (CGG), a Comunidade Económica dos Estados da África Central
(CEEAC) e a Comissão Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), emergem
como os pontos de ligação desse triângulo. [5]
São inúmeros os acontecimentos políticos que marcam a região de África. Grande
parte dos conflitos políticos têm a mesma base. Lideres no poder há muitos anos, eleições
pouco transparentes, insatisfação dos partidos da oposição, que acabam por desestabilizar
o país, ou seja, acaba gerando um descontentamento que culmina na grande maioria em
sucessivos golpes militares. Não foi muito diferente na Guiné- Bissau, aonde Angola teve
um papel de mediador do conflito numa fase inicial. [5]
A 12 de Abril de 2012, deu-se um Golpe de Estado na Guiné-Bissau. Dezenas de
militares tomaram a sede do partido PAIGC (Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo Verde) e da Radio Nacional. Esteve na génese deste conflito, o
descontentamento da oposição nas eleições de 18 de Março de 2012. Houve denúncias por
parte oposição, de “fraude generalizada” na primeira volta das eleições presidenciais,
antecipadas devido ao passamento físico do anterior presidente, Malam Bacai Sanhá, em
Janeiro de 2012. Diante da instabilidade do país, deu-se a necessidade de haver uma
intervenção política e militar por parte das organizações regionais, de modo a repor a
legalidade. Nesta altura, a SADC e a ECOWAS, mostraram-se dispostas a regularizar a
situação. [5]
Por parte da SADC, interveio Angola, através da Missang, mas havia uma disputa
da ECOWAS de também se fazer presente na resolução deste conflito, representada pela
Nigéria. No fundo estes dois lutavam pela supremacia da região. As tropas da Missang
acabaram não tendo o desfecho que pretendia e permaneu a ECOWAS no território. [5]
Angola tem dado o seu apoio no que concerne a resolução de conflitos na região da África
Austral dado o longo período do conflito armado que o país viveu.
A SADC confirma a sua fidelidade aos objectivos e princípios da Carta das Nações
Unidas, bem como prevê a observância dos princípios da igualdade, interesse e respeito
mútuo pela independência, soberania, integridade territorial, não ingerência nos assuntos
internos de cada Estado e reciprocidade de vantagens. [5]
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A região dos Grandes Lagos é uma área geopolítica composta pela República
Democrática do Congo, Ruanda, Uganda e Tanzânia. É uma região marcada pelos maiores
lagos do continente africano, por uma proximidade cultural e linguística. Porém, esta
região é fortemente assolada por conflitos étnicos e políticos regulares. Os conflitos nesta
região são tão frequentes que põem em causa a paz internacional e estabilidade regional.
Deste modo, em 2000, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, graças às resoluções
1291 e 1304, criou a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos. [6]
Para Angola a geometria transfronteiriça a norte é complexa e potencialmente
perigosa para a segurança de Angola por este motivo, Angola tem desempenhado todos os
seus esforços no sentido de proteger os seus interesses dos perigos que pode enfrentar por
causa da sua partilha, ao norte, de uma vasta fronteira com a RDC, atual epicentro dos
conflitos na região dos Grandes Lagos. A posição geoestratégica de Angola, obriga o país
a estar dentro de um processo integrado. A questão da segurança na Região dos Grandes
Lagos é fundamental uma vez que a estabilidade desta região permitirá explorar
devidamente as potencialidades dos países membros em benefício do seu povo. Angola é
um país que se pacificou mas cuja estabilidade depende muito da vizinhança próxima e
imediata e da vizinhança afastada. [6]
Além de zelar pela segurança, Angola está também interessada em aumentar a sua
influência na Região dos Grandes Lagos e consequentemente na RDC. Durante a guerra
de 1996-1997, na RDC, que opôs Mobutu Sese Seko à Laurent Kabila, Angola, o Ruanda
e o Uganda foram dos países que apoiaram Laurent Kabila. Quando estes dois últimos
países se viraram contra Kabila em 1998, Angola continuou a apoiá-lo, o que criou uma
certa rivalidade entre Angola e o Ruanda. Com a sua presidência na CIRGL, Angola
aproveitou para corroborar a sua influência nas tomadas de decisões políticas da região.
Acredita-se que para ambos os países, os próximos acontecimentos políticos na RDC terão
um papel fulcral para a Região dos Grandes Lagos e por isso não querem ficar de fora das
mudanças vindouras e dos eventuais benefícios que estas possam trazer. [6]
18
Annan, então Secretário-geral das Nações Unidas preferiu falar de uma conferência que
debateria os diferentes problemas podendo encontrar um consenso entre os Estados-
membros. [6]
As primeiras iniciativas começaram com a realização de relatórios sobre a situação
na Região dos Grandes Lagos a partir de 1997. A seguir, com a resolução 1291 de 24 de
Fevereiro de 2000 e a resolução 1304 de 16 de Junho de 2000, o Conselho de Segurança
das Nações Unidas chegou a conclusão que a situação política e de segurança na RDC
constituía uma verdadeira ameaça para a paz e segurança de toda a região da África
central. A União Africana e a ONU decidiram trabalhar em colaboração para preparar esta
conferência. De 2001 a 2003 foram organizadas missões de exploração na região lideradas
por Ibrahima Fall, nomeado representante especial de Kofi Annan na Região e reuniões
para preparar a primeira cimeira. No processo preparatório, houve uma certa dificuldade
em fixar os participantes da conferência. Em Novembro de 2004, em Kigali, os ministros
tinham estipulado que a conferência teria quatro tipos de participantes: o grupo do champ
ou core group, o grupo dos cooptés, o grupo dos Amigos da região e as diferentes
organizações internacionais. Países como Angola, a
RCA e República do Congo, a quem lhes tinha sido proposto pertencerem ao de
observadores (cooptés) manifestaram o seu interesse em fazer parte do core group pois
teriam mais peso. De facto, os países do champ e os países observadores teriam o direito
ao debate, porém, apenas o primeiro grupo poderia tomar decisões. Os três países que
tinham sido atingidos diretamente pelos efeitos da crise no leste da RDC e pelos efeitos do
genocídio do Ruanda tornaram-se então membros plenipotenciários da CIRGL. A
primeira cimeira dos chefes de Estado decorreu no Golden Tulipes’ Hotel de Dar-es-
Salaam, na Tanzânia, aos 19 e 20 de Novembro de 2004 onde foi assinada a Declaração
de Dar-es-Salaam que permitiu o enquadramento diplomático, político e técnico da
conferência. No seu preâmbulo, os onze Estados membros (Angola, Burundi, Quénia,
República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, Sudão, Tanzânia,
Uganda, Zâmbia) comprometeram-se a lutar contra o genocídio na Região dos Grandes
Lagos, a neutralizar, desarmar, encarcerar e julgar os autores de crimes contra a
humanidade diante dos tribunais internacionais. [6]
Dois anos depois, a 15 de Dezembro de 2006 foi organizada a segunda cimeira da
CIRGL em Nairobi (Quénia), que se concluiu como previsto pela Declaração de Dar-
essalaam, com a adoção do Pacto de Nairobi pelos onze estados-membros da CIRGL. Este
pacto tem por objectivo auferir um enquadramento jurídico às relações entre os Estados
membros. O Pacto de Nairobi é constituído por dez protocolos que compreendem quatro
domínios que são a paz e segurança, a democracia e boa governança, o desenvolvimento
económico e integração regional e por fim, as questões sociais e humanitárias (Ministério
das Relações Exteriores, 2017). Os objectivos deste pacto servem também como
objectivos para a própria CIRGL. A fim de alcançar estes objectivos, foi criado um fundo
especial para a reconstrução e o desenvolvimento, o pacto também foi reiterar a
necessidade de respeitar os princípios fundamentais consagrados pela Carta das Nações
Unidas e pelo Ato Constitutivo da União Africana, a integridade territorial, a soberania
nacional, a não-ingerência, a não-agressão e a proibição para todos os Estados-membros
de permitir a utilização do seu território como base para a agressão ou para a subversão
contra um outro Estado-membro. Outrossim, o pacto de Nairobi preconiza a busca
conjunta de soluções pacíficas para os diferendos, a confiança mútua e reafirma os
princípios diretores da Declaração de Dar-es-Salaam. A Declaração de Dar-es-Salaam e o
Pacto de Nairobi foram complementadas pelo AcordoQuadro assinado em Adis-Abeba em
19
Fevereiro de 2013 pelos Estados-membros da CIRGL e contou com o apoio da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da Comunidade Económica
dos Estados da África Central (CEEAC), da UA e da ONU. Todos estes acordos
permitiram estabelecer os objectivos da CIRGL que hoje preconiza uma resolução pacífica
dos conflitos, transformar e região dos Grandes Lagos em um espaço de paz e segurança
sustentável. [6]
4.2.2. Presidência de Angola na CIRGL
20
mútua e da cooperação institucional, visando a consolidação da democracia, crescimento
económico, prosperidade e o bem-comum. [7]
Angola a nível político, com a promoção da reconciliação nacional através da
unidade e da coesão nacional e da consolidação da democracia e das instituições do
Estado Democrático e de Direito, tendo realizado a capacitação de técnicos da
componente civil da SADC, no processo de Planeamento Estratégico a nível operacional e
prepará-los com ferramentas para elaboração de planos em missões de intervenção, em
situações de risco na região da SADC. [7]
21
5. CONCLUSÃO
22
6. Referência Bibliográfica
[6] Miranda, Maria Alice, “Angola e a Relação dos Conflitos na Região dos Grandes
Lagos”, Dissertação Mestrado 2018
23