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Eletrónica - II

q Resumo

q Multivibradores: Bi-estável, Astável, Monoestável


q Circuitos com Amplificadores. Operacionais
q Oscilador de relaxação
q Geradores de ondas quadradas e triangulares
q Gerador de pulsos

q Circuito integrado 555


q Constituição e funcionamento
q Circuitos de aplicação
Pedro A. Amado Assunção
pedro.assuncao@ipleiria.pt
134
Multivibradores - definições

q Bi-estável: Tem dois estados estáveis, ou seja, pode-se manter


sempre em qualquer um desses estados. Necessita de um sinal externo
para mudar de estado. Exemplo típico de um bi-estável é um Flip-Flop.

q Astável: Comuta entre dois estados sem necessitar de nenhum sinal


externo (oscilador). A frequência de oscilação depende dos
componentes do circuito (e.g. condensadores, resistências, cristal
quartzo)

q Mono-estável: Tem apenas um estado estável, ou seja, apenas se


pode manter num dos estados. Ao ser forçado para o outro estado
através de um sinal externo (trigger), volta ao estado estável passado
um determinado tempo, definido pelos componentes do circuito (e.g.
condensadores, resistências)
135
Carga de Condensador (C) através de Resistência (R)
Equações do circuito
dVC (t )
i (t ) = C
dt
dVC (t )
V f = RC + VC (t )
dt

Equação Homogénea:
( RCD + 1)VC (t ) = 0

1
RCD = -1 Û D = -
RC Equação geral da carga de um
condensador, através de uma resistência,
Solução geral:
t usando uma fonte DC.
-
VC (t ) = K1e RC
+ K2

Condições particulares: t
-
VC (t = 0) = Vi ® K1 + K 2 = Vi VC (t ) = V f - (V f - Vi )e RC
(1)
VC (t = ¥) = V f ® K2 = V f

K1 = Vi - V f
K2 = V f
136
Oscilador de Relaxação (astável)

1. Considerando, por exemplo, que em t = 0, Vo = + Vcc,


então o condensador vai carregando até atingir uma
tensão igual ao terminal não inversor do Amp. Op.
2. Quando V1(t) atinge um valor superior à tensão no
terminal não inversor (VA), então Vo = -Vcc.
3. De seguida o condensador começa a carregar no
sentido da tensão negativa (-Vcc).
4. Quando V1(t) atinge um valor inferior ao terminal não
inversor (VB), então Vo = +Vcc.
5. Este ciclo repete-se
gerando um onda
quadrada em Vo(t).

VCC R2
VA =
R 2 + R1

VCC R2
VB = -
R 2 + R1

137
Análise do Oscilador de Relaxação

t
Aplicando a expressão da carga do -
condensador a ambos os períodos de VC (t ) = V f - (V f - Vi )e RC

tempo separadamente:
ì æ VCC R2 ö - RCL
T
ì VCC R2 æ VCC R2 ö - RCL
T

ïcaso TL : V1 (TL ) = -VCC - çç - VCC - ÷÷e ï- = -VCC - çç - VCC - ÷÷e


ï è R2 + R1 ø ï R1 + R2 è R2 + R1 ø
í Ûí
ï æ VCC R2 ö - RC
TH
ï VCC R2 æ VCC R2 ö - RCH
T

ïcaso TH : V1 (TH ) = VCC - ççVCC + ÷÷e ï = VCC - ççVCC + ÷÷e


î è R2 + R1ø R
î 1 + R 2 è R2 + R1ø

Dado que os tempos de carga são iguais


nos dois sentidos (duty-cycle de 50%),
as duas expressões são equivalentes e
resulta: T
TL = TH = T 2
2 - R1
e RC
=
2 R2 + R1
T 2 æ 2 R + R1 ö
= lnçç 2 ÷÷
Desenvolvendo uma das expressões RC è R1 ø
de cima, e resolvendo em ordem a T:
æ 2R ö 1
T = 2 RC lnçç 2 + 1÷÷ f =
è R1 ø æ 2R ö
2 RC lnçç 2 + 1÷÷
è R1 ø 138
Oscilador de Relaxação (outras configurações)

Circuito capaz de produzir duty-cycle Circuito com schimtt-trigger – porta NOT


diferente de 50% CMOS (pode oscilar na ordem dos MHz)

O condensador carrega e descarrega


através de resistências diferentes e
por isso os respectivos tempos são
diferentes

A expressão da
frequência de oscilação 1
obtém-se de forma f =
semelhante ao oscilador æ V V -V ö
RC lnçç TH DD TL ÷÷
de relaxação anterior è VTL VDD - VTH ø 139
Gerador de Ondas Quadradas e Triangulares

Funcionamento do circuito

q Neste circuito A1 é um integrador e A2 é um comparador com histerese


q Quando V2(t) = +V, a tensão V1(t) é uma rampa descendente até que se atinge o
ponto de comutação do comparador, ou seja, V2(t) = -V
q Quando V2(t) = -V, a tensão V1(t) é uma rampa ascendente até que se atinge o
ponto de comutação do comparador, ou seja, V2(t) = +V

q Este ciclo repete-se, gerando assim uma onda triangular em V1(t) e uma onda
quadrada em V2(t)

140
Análise do Comparador

Cálculo dos pontos de comutação de A2

A saída do comparador comuta quando


V+ = V- = 0
2R R 2 1
V+ = V1 + V2 = V1 + V2
3R 3R 3 3
2 1
V1 + V2 = 0
3 3

1
2V1 = -V2 Û V1 = - V2
2

Dado que: V2 = +V ou V2 = -V
se V2 = +V se V2 = -V
Formas
1 1
V1 = - V V1 = V de onda
2 2
De onde se conclui que:
1 1
VB = - V e VA = V
2 2
141
Análise do Integrador

V1(t) é a saída de um integrador, então:


V2 (t ) dV (t )
i (t ) = = -C 1
R dt
t
1
RC ò0
V1 (t ) = - V2 (t )dt + VC (0)

Atendendo às formas de onda e


considerando os casos da rampa
ascendente e descendente,
separadamente.
Da expressão geral de V1(t) resulta:
ì V 1 V ì TL
ïcaso TL : = VT L - 1 =
ï RC
2 RC 2
ï ï
í Û í
ï V 1 V ï T
ïcaso TH : - = - VTH + ï- 1 = - H
î 2 RC 2 î RC
De onde se conclui que: TL = TH = RC

V2(t) é um onda quadrada e ì Duty - Cycle = 50%


ï
V1(t) é uma onda triangular í Frequência = 1
ïî 2 RC 142
Monoestável - funcionamento

Estado estável: saída do Amp. Op satura em VA = L+


Estado instável: saída do Amp. Op satura em VA = L-

1. No estado estável: D1 conduz mantendo VB = Vg.


2. Escolhendo para R4 um valor mais elevado que R1, a
tensão VC será essencialmente determinada pelo
divisor de tensão R1-R2, i.e.,
R1
VC = L+ = bL+
R1 + R 2
3. Estado é estável porque VC > VB = Vg ➔ VA = L+

4. Se for aplicado um pulso negativo no trigger


(disparo) forçando a VC a descer abaixo de VB, então
a tensão de saída comuta para VA = L-
5. VC fica negativa, colocando D2 OFF (também isola da entrada de trigger): VC = bL-
6. D1 também fica OFF e C1 começa a carregar “no sentido” da saturação: i.e., VA = L-
7. VB é uma exponencial decrescente.
8. Quando VB desce abaixo de VC, a saída do Amp. Op comuta para VA = L+,
9. C1 carrega até VB = Vg, ficando nesse estado (que é o estado estável).
CONCLUSÃO: O trigger produz um único pulso em VA cuja duração depende de R3-C1
143
Monoestável – formas de onda

144
Monoestável - análise

Usando a equação (1) a duração do


pulso T pode ser obtida a partir do tempo
de descarga de C1 através de R3

VB (t ) = L- - ( L- - VD1 )e -t C1R3

Então, para t = T, VB (T ) = bL-


o que resulta em
bL- = L- - ( L- - VD1 )e -T C R 1 3

e resolvendo em ordem a T
æV -L ö
T = C1 R3 lnçç D1 - ÷÷
è bL- - L- ø

Dado que VD1 << L a equação

anterior pode ser aproximada por


NOTA: se for aplicado outro trigger logo após o pulso,
æ 1 ö mas antes de VB = VD1, então o pulso que for gerado a
T » C1 R3 lnçç ÷÷ partir desse trigger terá uma duração menor que T – por
è 1 - b ø isso deve-se garantir este período de recuperação 145
Eletrónica - II

q Circuito integrado 555


q Constituição e funcionamento
q Circuitos de aplicação

146
Temporizador integrado 555

O 555 é um circuito integrado dedicado, projetado para aplicações de


temporizador e oscilador.
Pino Nome Aplicação
1 GND Terra
2 TR Gatilho (Trigger) Um pulso curto inicia o temporizador
Durante um intervalo de tempo, a saída (Q) permanece
3 Q
em +VCC
Um intervalo de temporização pode ser interrompido pela
4 R
aplicação de um pulso de Reset
Controle de tensão (diferença de potencial-DDP) permite
5 CV
acesso ao divisor interno de tensão (2/3 VCC)

6 THR O limiar (threshold) no qual o intervalo finaliza

Ligado a um condensador, cujo tempo de descarga irá


7 DIS
influenciar o intervalo de temporização

A tensão (diferença de potencial-DDP) positiva da fonte,


Tabela do Flip-Flop RS 8 V+, VCC
que deve estar entre +5 e +15V
RESET R S Q
Mantém o
1 0 0 Q0 estado anterior
1 1 0 0

1 0 1 1

1 1 1 ?

0 X X 0
147
Temporizador com 555

2
Ø Se Vi = VK > 0.7V, então o TR está saturado e o VC (t = Delay) = VCC
condensador descarregado. 3
2
Ø Se Vi=0, então o TR fica ao corte e o condensador VCC = VCC - (VCC - 0)e - Delay RC
começa a carregar: 3
i. Enquanto Vc < Vcc/3 ► R=0, S=1, Q=1
Equação geral de
carga de condensador
ii. Quando Vcc/3 < Vc < 2Vcc/3 ► R=0, S=0, Q=1 (mantém o estado)
t
-
iii. Só quando Vc > 2Vcc/3 ► R=1, S=0, Q=0 VC (t ) = V f - (V f - Vi )e RC

Ou seja, após ativação do sinal de entrada Vi=0, decorre um certo tempo


de atraso até ocorrer a correspondente ativação da saída Q=1 → Q=0.
ì
ïVi = 0
ïï
Quando Vi voltar a VK (TR saturado), o condensador descarrega e pode-se íV f = VCC
iniciar novo ciclo. ï
ïVC (t = Delay ) = 2 VCC
Exemplo de aplicação: Temporizador para activar um alarme. ïî 3 148
Monoestável com 555 - gera um pulso com largura fixa (1)

VD

Estado de repouso
Q = 0ü ìTR1Saturado O estado de repouso corresponde a
ýÞí uma situação em que VD> VCC/3
Q = 1þ îVC = 0
(neste caso, VD = VCC)

Com ì 2 Demonstre que o estado de


<
ïï C 3 VCC
V
ìR = 0 A saída mantém o repouso é sempre Q = 0, Q = 1
VC = 0 Þ í Þí estado anterior,
ïV > V1 îS = 0 i.e., Vout = 0
mesmo que o estado inicial
ïî D 3 CC seja Q = 1, Q = 0
149
Monoestável com 555 - gera um pulso com largura fixa (2)

VD

Se aplicarmos um pulso
VD< VCC/3, então
Quando VC = 2VCC/3, então o
ìQ = 1 TR1 satura novamente e a saída ìQ = 0
S =1Þ í R =1Þ í
îQ = 0 Q passa para zero novamente îQ = 1
(entretanto o pulso VD já se
TR1 fica ao corte, a saída extinguiu)
Q passa a 1 e VC começa a
subir (condensador a
carregar) Então este circuito gera um pulso na
saída, cuja duração depende do
tempo de carga do condensador.
150
Monoestável com 555 - gera um pulso com largura fixa (3)

Como se referiu anteriormente,


quando VD < VCC/3, então
ìQ = 1
S =1Þ í
îQ = 0
TR1 fica ao corte permitindo
que o condensador carregue
até VC = 2VCC/3

Então, podemos usar a expressão geral da


carga de um condensador:
t
-
VC (t ) = V f - (V f - Vi )e RC
T: tempo que o condensador demora a
carregar desde VC=0 até VC = 2VCC/3
Neste caso temos:
T
2 -
ì VCC = VCC - (VCC - 0)e RC
ïVi = 0 3
ïï T T
íV f = VCC
2 - 1
= 1 - e RC Û = e RC
-
T » 1,1RC
ï 3 3
ïVC (T ) = 2 VCC T 1
ïî 3 - = ln
RC 3 151
Oscilador com 555 (astable) (1)

Inicialmente o condensador
Então TR1 satura e o
está descarregado, por isso: 1 ìR = 0 ìQ = 1
condensador começa a VC = VCC Þ í Þí
ìR = 0 ìQ = 1 descarregar através de R2, 3 î S = 1 îQ = 0
VC = 0 Þ í Þí até VC = VCC/3.
î S = 1 îQ = 0

Transístor ao corte
Neste caso TR1 fica ao Repete o processo
corte e o condensador 2 ìR = 1 ìQ = 0
carrega através de R1+R2, VC = VCC Þ í Þí Oscilador !!
até VC = 2VCC/3.
3 îS = 0 îQ = 1
152
Oscilador com 555 (astable) (2)

Formas de onda de VC e Vo

Equações relativas a TH e TL
ì 2 1 2 -
TL
V =
ï i 3 VCC VCC = 0 - (0 - VCC )e R2C
ï 3 3
ïV f = 0 1 2 - R2C
TL
TL : í = e Û TL = R2C ln(2)
ïV (T ) = 1 V 3 3
ï C L 3
CC

ïR = R
î 2
TL = 0,693R2C

ì 1 2 1 -
TH
V =
ï i 3 VCC VCC = VCC - (VCC - VCC )e ( R1 + R2 )C
ï 3 3
ïV f = VCC TH
1 2 - ( R1 + R2 )C
TH : í = e Û TH = ( R1 + R2 )C ln(2)
ïV (T ) = 2 V 3 3
ï C H 3
CC

ïR = R + R
î 1 2 TH = 0,693( R1 + R2 )C
153
Oscilador com 555 (astable) (3)

Frequência de oscilação
1 1 1,443
f = = =
TH + TL 0,693( R1 + 2 R2 )C ( R1 + 2 R2 )C

Duty Cycle
TH 0,693( R1 + R2 )C R + R2
Duty Cycle = = = 1 ´ 100%
TH + TL 0,693( R1 + 2 R2 )C R1 + 2 R2

Com a montagem anterior conseguem-se obter duty-cycles


na ordem de 55% - 95%, aproximadamente

154
Aplicações com 555 – gerador de PWM

Controlador de velocidade de motor DC Pulse Width Modulation

TH (saída ON): TH = 0,693.(RA+1).C


TL (saída OFF): TL = 0,693.RB.C

Período: T = TH + TL
Frequência: F = 1/T

RA+RB ≈ 50kW A tensão (média) aplicada ao motor é


proporcional ao duty-cycle

A soma do tempo de carga e


descarga do condensador C1 é
aproximadamente constante.

Ø Frequência constante

Ø Duty-cycle variável

Frequência: ?

Duty-cycle: ?
155
Bibliografia

• Design with Operational Amplifiers and Analog Integrated Circuits


Sérgio Franco - McGraw-Hill, 3rd Edition (secção 10.2)

• Microelectrónica, Sedra & Smith – Pearson Education, 5ª edição (secção 13.4,


13.5, 13.6)

• Design with Operational Amplifiers and Analog Integrated Circuits


Sérgio Franco - McGraw-Hill, 3rd Edition (secção 10.3)

• Microelectrónica, Sedra & Smith – Pearson Education, 5ª edição (secção 13.7)

156

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