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Absorção apostila 2

1 - BALANÇOS DE MASSA PARA TORRES DE CONTATO CONTÍNUO

Existem quatro fundamentos importantes que constituem a base para o


projeto/design de equipamentos de contato contínuo:
- Balanços de massa e entalpia, envolvendo equações de conservação de massa e
energia.
- Relações de equilíbrio entre as fases (interface).
- Equações de transferência de massa.
- Equações de transferência de momento.

As relações de equilíbrio na interface entre as fases são definidas por leis da


termodinâmica. As equações de transferência de momento são utilizadas para definir a
queda de pressão no equipamento. Os balanços de massa e entalpia são importantes,
uma vez que fornecem expressões para avaliar as composições globais das duas
fases em contato em qualquer plano da coluna, bem como a mudança destas
composições entre dois de seus planos. As equações de transferência de massa
serão desenvolvidas na forma diferencial, combinadas com um balanço de massa
diferencial, e integradas sobre a área de contato interfacial, para fornecer a área total
de contato requerida no equipamento.

I - Fluxo Contracorrente

Considere qualquer operação que envolva a transferência de massa em fluxo


contracorrente de duas fases insolúveis identificadas como fase gasosa/gás (G) e fase
líquida (L), Figura 1. No fundo da coluna, os fluxos (vazões) e concentrações são
definidas da seguinte forma:
G1 - número total de moles da fase G entrando na coluna, por tempo e por área da
seção transversal.
L1 - número total de moles da fase L saindo da coluna, por tempo e por área da seção
transversal.
yA1 - fração molar do componente A em G1 - moles de A pelo número total de moles na
fase G.
xA1 - fração molar do componente A em L1 - moles de A pelo número total de moles
fase L.

De forma similar, no topo da coluna, o número total de moles em cada fase


será G2 e L2, e as composições de cada corrente, yA2 e xA2. Um balanço de massa

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global no estado estacionário, onde não há geração nem consumo do componente A,
determina que:

[moles de A entrando na torre] = [moles de A saindo da torre]

Desta forma:
G1 yA1 + L2 xA2 = G2 yA2 + L1 xA1 (1)

Já um balanço de massa para o componente A, entre um plano qualquer z = z


e, por exemplo, o fundo da coluna, permitiria a análise da variação das vazões e/ou
das concentrações das fases ao longo da coluna. Este balanço é dado por:

G1 yA1 + LZ xAz = GZ yAz + L1 xA1 (2)

Entretanto, pelas próprias definições das vazões e concentrações das fases, a


Equação 2 é a equação de uma curva (relação não linear), já que as vazões GZ e LZ
variam ao longo da coluna em função da transferência do soluto da fase gás para a
fase líquida.
Relações simples e equações mais fáceis de serem utilizadas podem ser
expressas em vazões e unidades de concentração livres ou isentas de soluto, i.e.,
tendo como base apenas a quantidade de inerte presente em cada fase (diluente -
fase G e solvente – fase L). Desta forma a concentração em cada fase será definida
como segue:

Os fluxos (vazões) tornam-se GS e LS , definidos em base livre/isenta de soluto,


ou seja, GS , moles do diluente de arraste na fase G, por tempo e por área da seção
transversal da coluna e LS , moles do solvente de arraste na fase L, por tempo e por
área da seção transversal da coluna. Desta forma, o balanço global do componente A
pode ser escrito como:

GS YA1 + LS XA2 = GS YA2 + LS XA1 ou GS (YA1 – YA2 ) = LS (XA1 – X A2 ) (5,6)

Reordenando, têm-se:

LS / GS = (YA1 – YA2 ) / (XA1 – XA2 ) (7)

A Equação 7 é a equação de uma reta que passa pelos pontos (XA1 , YA1 ) e
(X A2 , YA2 ) e com inclinação (LS / GS). Já o balanço de massa para o componente A,
entre um plano qualquer z = z e o fundo da coluna, é dado por:

GS YA1 + LS XA,z = GS YA,z + LS XA1 ou GS (YA1 - YA,z ) = LS (XA1 - XA,z ) (8,9)

Reordenando têm-se: L S / GS = (YA1 - YA,z ) / (XA1 - XA,z ) (10)

Da mesma forma, esta equação é a equação de uma reta que passa pelos
pontos (XA1 ,YA1 ) e (XA,z , YA,z ) e com inclinação (LS / GS). As duas retas, Equações 7 e
10, possuem a mesma inclinação e um ponto em comum, (XA1 , YA1 ). A Equação 10 é
uma expressão que relaciona as composições das duas fases em qualquer plano da
coluna e, uma vez que define as condições operacionais do equipamento, é
denominada equação da linha/reta de operação. A Figura 2 ilustra a localização da

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reta de operação em relação à curva de equilíbrio, quando a transferência é da fase G
para a fase L (Absorção) e quando a transferência é da fase L para fase G
(Esgotamento - “Stripping”).

Exemplo 1
Amônia é absorvida do ar a 68°F e 1atm em um processo contracorrente
usando água a 68°F como absorvente em uma torre empacotada. Para uma entrada
de gás de 1540 ft3/h será usada uma vazão de 75 lbm/h de água. Se a concentração
da amônia é reduzida de 3,52 para 1,29 %, determine a razão (LS/GS)/(LS/GS)min.
Dados de equilíbrio para o sistema a 68°F e 1 atm:

O número total de moles/hora de gás entrando na torre pode ser calculado usando a
lei
dos gases ideais.

II - Fluxo Concorrente ou Paralelo

Para operações de transferência de massa envolvendo fluxo concorrente ou


paralelo entre duas fases insolúveis, Figura 4, o balanço de massa global para o
componente A é dado por:

GS YA2 + LS XA2 = GS YA1 + LS XA1 ou LS (XA2 - XA1 ) = GS (YA1 - YA2 ) (11)

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Já o balanço de massa para o componente A, entre um plano qualquer z = z e
o fundo da coluna (z = z1), é dado por:

GS YA,z + LS XA,z = GS YA,1 + LS XA1 ou LS (XA,z - XA1 ) = GS (YA1 - YA,z ) (12)

Ambas as equações são linhas retas que passam pelo ponto comum (XA1 , YA1),
e têm a mesma inclinação, (LS/GS). A Equação 12 é uma expressão que relaciona as
composições das duas fases em qualquer plano da coluna e é denominada equação
da linha/reta de operação concorrente. A Figura 5 ilustra a localização da reta de
operação em relação à curva de equilíbrio, quando a transferência é da fase G para a
fase L (Absorção) e quando a transferência é da fase L para fase G (Esgotamento -
“Stripping”).

Exemplo 2
A corrente amônia-ar descrita no Exemplo 1 é alimentada concorrente com
uma corrente de água livre de amônia. A concentração da amônia é reduzida de 3,52
para 1,29 %, usando uma vazão de água 1,37 vezes a mínima. Determine a razão
(LS/GS)/(LS/GS)min. , a vazão de água a ser alimentada e a sua concentração na
corrente de saída. Dados de equilíbrio para o sistema, a 68°F e 1 atm, no Exemplo 1.

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2 - BALANÇOS DE ENTALPIA PARA TORRES DE CONTATO CONTÍNUO

Muitas operações de transferência de massa são isotérmicas. Isto é


especialmente verdade com soluções diluídas. Entretanto, quando maiores
quantidades de soluto são transferidas, o calor de solução (ou de mistura) pode
produzir uma variação (quase sempre um aumento) de temperatura na fase que
recebe o material. Se a temperatura da fase muda, a solubilidade do soluto no
equilíbrio é alterada e, desta forma, as forças motrizes do processo de transferência
de massa também são alteradas.
Considerando um processo contracorrente no estado estacionário, Figura 1, um
balanço de energia entre o topo da coluna e o plano z = z é dado por:

G HG + L2 HL2 = G2 HG2 + L HL (13)

Onde H é a entalpia molar da corrente em sua respectiva temperatura, pressão e


concentração. As entalpias são baseadas normalmente sobre uma referência de
solvente puro (livre do soluto) e de soluto puro, a uma dada temperatura (T0 ). Para
uma temperatura qualquer, a entalpia de uma mistura/solução líquida é calculada pela
relação:

HL = cpL ( TL – T0 ) PMmed + ∆HSOL (14)

Onde HL é a entalpia da corrente líquida, Btu/lbmol ou kJ/kgmol ; cpL , a


capacidade calorífica da mistura em base mássica, Btu/lbºF ou kJ/kgK ; TL é a
temperatura da mistura, ºF ou K ; PMméd , o peso molecular médio da mistura ; ∆HSOL
(Btu/lbmol ou kJ/kgmol) é o calor de solução, em função da temperatura (T0 ) e da
concentração. A entalpia molal de uma mistura de gases, na mesma base de
temperatura e estado de referência para o soluto, é expressa como:

HG = [yA cpA MA + (1 – yA)cpB MB ](TG –T0) + yA ∆H(VAP)A MA (15)

A = soluto B = fase G livre de soluto


HG - entalpia da corrente G , (Btu/lbmol) cpA ; cpB - calor específico , (Btu/lbmol F)
TG - temperatura da corrente G , (ºF) T0 - temperatura de referência , (ºF)
MA ; MB - Pesos moleculares de A e B , (lbm/lbmol)
∆H(VAP)A - calor de vaporização do soluto A, na temperatura T0 , (Btu/lbm)

O calor de mistura/solução, ∆HSOL , é zero para soluções ideais e


aproximadamente zero, para misturas de gases. Para soluções não ideais, é um valor
negativo quando o calor é cedido pela mistura/solução, e positivo, quando absorvido.
A equação do balanço de energia, Equação 13, pode ser utilizada para o
cálculo da temperatura de uma determinada fase, em qualquer plano/seção do
equipamento. Os cálculos envolvem sua aplicação simultânea com o balanço de
massa, para a determinação/conhecimento das vazões das correntes envolvidas no
processo e, desta forma, associá-las as suas respectivas entalpia.

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