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UNIVERSIDADE SAVE

INTERFACE COM CARGAS ELÉCTRICAS

Licenciatura em ensino de Química com Habilitações em Gestão de Laboratórios

Aissa Martins Nhombe


Bento João Naiene
Diocleta Diamantino Mabote
Naimo José Neve

Massinga
2021
UNIVERSIDADE SAVE
FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

INTERFACE COM CARGAS ELÉCTRICAS

Trabalho de Química Coloidal apresentado a


Faculdade de Ciências Naturais e Exactas,
para efeitos de avaliação.

Docente: MSc. Fernando Comé

Aissa Martins Nhombe


Bento João Naiene
Diocleta Diamantino Mabote
Naimo José Neves

Massinga
2021
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Índice Página
CAPITULO I..........................................................................................................................4

1.0.INTRODUÇÃO..............................................................................................................4

1.1.Objectivos.........................................................................................................................4

1.1.1.Geral:.............................................................................................................................4

1.1.2.Específicos:....................................................................................................................4

1.2.Metodologias....................................................................................................................4

CAPITULO II.......................................................................................................................5

INTERFACE COM CARGAS ELÉCTRICAS......................................................................5

2.0.Conceitos fundamentais....................................................................................................5

2.1.Campo Eléctrico...............................................................................................................5

2.2.Dupla camada eléctrica (DCE).........................................................................................5

2.3.Teoria de Helmholtz-Perrin..............................................................................................6

2.4.Teoria de GOUY-CHAPMAN (modelo da camada difusa).............................................7

2.5.Teoria de STERN.............................................................................................................7

2.6.Importância da Dupla Camada Eléctrica em Colóides.....................................................7

2.6.Iões determinantes de potencial (IDP).............................................................................8

2.6.1.Iões indiferentes.............................................................................................................8

2.6.2.Iões específicos..............................................................................................................8

2.7.Potencial na superfície......................................................................................................9

2.7.1.Potencial electrocinética................................................................................................9

2.8.Fenómenos electrocinéticas..............................................................................................9

CAPITULO III...................................................................................................................10

3.0.CONCLUSÃO................................................................................................................10

4.Bibliografia........................................................................................................................12
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CAPITULO I

1.0.INTRODUÇÃO
Por meio de um experimento simples envolvendo a aplicação de uma diferença de potencial
eléctrico em sistemas contendo água e partículas sólidas electricamente carregadas, Reuss, em
1808, descobriu a presença de carga eléctrica em um sistema polidisperso, em que as
propriedades eléctricas das interfaces são estudadas com auxílio do modelo da dupla camada
eléctrica (DCE) de um movimento relativo entre as fases líquidas e sólidas. Esta é assim
denominada por formar uma dupla camada electricamente carregada nas proximidades de
superfícies (ATKINS, 2007).

A fonte mais importante da estabilidade cinética dos colóides é a carga eléctrica na superfície
das partículas. Graças a essa carga, os iões com cargas de sinais opostos tendem a se
agruparem em tornos delas e forma se uma atmosfera iónica, de maneira semelhante ao que
acontece com iões (ATKINS, 2007).

Quando a força iónica é elevada, a atmosfera iónica é densa e o potencial exibe um mínimo
secundário em suspensões grandes. Esta Acção é a base da regra de Schulze-Harday (uma
regra empírica) que afirma serem os colóides hidrofóbicos floculados com maior eficiência
por iões de carga oposta e com número de carga elevado (SHAW, 1992).

1.1.Objectivos

1.1.1.Geral:
 Compreender a ocorrência da interface com cargas eléctricas

1.1.2.Específicos:
 Explicar o processo de formação da dupla camada eléctrica;
 Caracterizar a dupla camada eléctrica;
 Mencionar a importância da dupla camada eléctrica.

1.2.Metodologias
Para a realização do presente trabalho, constituiu como metodologia básica a pesquisa
bibliográfica. Esta pesquisa consistiu na consulta de várias obras literárias e de alguns artigos
em Internet e que as tais referências bibliográficas se encontram na última página do trabalho.
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CAPITULO II

INTERFACE COM CARGAS ELÉCTRICAS

2.0.Conceitos fundamentais
Interface: fina camada limite entre duas fases, com dimensão coloidal (1nm) possui
propriedades químicas e físicas diferentes das propriedades das fases constituintes
(SHAW,1975).

2.1.Campo Eléctrico
Segundo ATKINS (2007), Uma carga elétrica puntiforme (Q) gera no espaço ao seu redor um
campo elétrico. Esse campo, em um ponto P qualquer, depende da intensidade da carga
geradora (Q), da distância do ponto P em relação à carga (r) e do meio que envolve a carga
fonte.

2.2.Dupla camada eléctrica (DCE)


Segundo SHAW (1992), a presença dos contra iões nas proximidades da superfície dá origem
à formação da chamada dupla camada eléctrica (DCE), onde uma das camadas tem excesso de
carga positiva e a outra tem excesso de carga negativa. Quase todos os materiais
macroscópicos ou particulados em contacto com um líquido adquirem uma carga eléctrica em
sua superfície. Essa carga pode aparecer através da:

 Dissociação de grupos ionizava na superfície da partícula;

 Adsorção diferencial de iões da solução na superfície da partícula.

Segundo Atkins (2007), na dupla camada eléctrica, existem duas regiões que devem ser
distinguidas:

 Camada de iões quase imóvel, que adere firmemente á partícula coloidal e que pode
incluir moléculas de águas (nos meios aquosos). O raio da esfera que captura essa camada
rígida é chamado de raio cisalhamento e é o factor principal na determinação da
mobilidade das partículas.

 Atmosfera de iões móveis, atraídos pelas unidades carregada e com sinal de carga oposto
ao da partícula. A camada interna da carga e atmosfera iónica externa constituem a dupla
camada eléctrica.
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Segundo SHAW (1992), a teoria da estabilidade das dispersões liofobico foi desenvolvida
por B. Derjaguin e L. Landau e, independentemente, por E. Verwey e J.T.G. Overbeek, é
conhecida como a teoria de DLVO. O modelo teórico admite que há um equilíbrio entre a
interacção repulsiva das cargas das duplas camadas eléctricas sobre as partículas vizinhas e a
interacção atractiva das forcas de Van Der Waals entre as moléculas nas partículas

A energia potencial da repulsão das duplas camadas sobre as partículas de raio tem a fórmula:

−s
• + A a2 .Ϛ 2 r
V repulsao = e D

Onde o A é uma constante, ϛ é o potencial zeta, R é a separação entre os centros, s a


separação entre as superfícies das duas partículas (s = R – 2a, no caso de partículas esféricas
de raio a) e rD a espessura da dupla camada. Quando a forca iónica é elevada, a atmosfera
iónica é densa e o potencial exibe um mínimo secundário em suspensões grandes. A
agregação de partículas provocada pelo efeito estabilizador desse mínimo secundário é
chamada de floculação. Esta Accão é a base da regra de Schulze-Harday (uma regra
empírica) que afirma serem os colóides hidrofóbicos floculados com maior eficiência por
iões de carga oposta e com número de carga elavado ( SHAW,1992).

Segundo Atkins (2007), a forma como os contra iões são distribuídos em torno do sólido
durante muito tempo foi o principal alvo das investigações sobre o assunto, Contudo, para
estudar a dupla camada elétrica, vários foram os modelos propostos ao longo da história,
entre eles destacam-se os de Helmholtz-Perrin, de Gouy-Chapman e de Stern-Grahame.

2.3.Teoria de Helmholtz-Perrin
Segundo ATKINS (2007), Em 1879, Helmholtz-Perrin destacam contra íões solvatados, que
contrabalançam a carga da superfície, fixos em um plano paralelo que se encontram
próximos à superfície da partícula. Neste modelo, a dupla camada seria equivalente a um
capacitor de placas paralelas. Entretanto, não considerava o movimento Browniano dos contra
iões e estabelecia uma queda brusca do potencial que atingia o valor zero a uma pequena
distância da superfície.

O conceito original de HELMHOLTZ foi modificado por GOUY em 1910 e CHAPMAN em


1913 que conceberam a existência de uma camada difusa de contra iões movimentando-se sob
a influência da energia térmica (ATKINS, 2007).
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2.4.Teoria de GOUY-CHAPMAN (modelo da camada difusa)


Neste modelo, a dupla camada teria espessura variável, não sendo compacta, o que permitiria
que os iões pudessem se mover livremente. Flutuações térmicas afastam os contra iões da
interface e permitem a formação de uma camada difusa (ATKINS, 2007).

2.5.Teoria de STERN
Logo após propostas feitas por Helmholtz e Gouy-Chapman, em 1924 STERN uniu os dois
conceitos, tratando os iões como entidades de tamanho finito e sujeitos à movimentação
térmica. Para Stern, o centro de cargas de um íão não pode aproximar-se da superfície sólida
a uma distância menor que a do seu próprio raio. Ete modelo estabelece duas regiões para a
variação de potencial:

 Uma linear: relacionada aos contra iões que permanecem fixos nas proximidades da
superfície sólida (como no modelo de Helmholtz).

 Outra exponencial: correspondendo aos iões que se movimentam na camada difusa sob a
influência da energia térmica (como no modelo de Gouy-Chapman).

2.6.Importância da Dupla Camada Eléctrica em Colóides


A dupla camada eléctrica presente nos colóides é de extrema importância, pois através da
densidade superficial de carga é possível monitorar a estabilidade coloidal, a indução de
transições de fase e o controle das propriedades estáticas e dinâmicas do sistema. Além disso,
permite o monitoramento da estabilidade de uma grande variedade de colóides, como as
tintas, dispersões farmacêuticas, colóides alimentares. As forças electrostáticas actuantes na
dupla camada permitem a organização estrutural de macromoléculas como polímeros,
polieletrólitos e proteínas (ATKINS, 2007).

Segundo Shaw (1992), a importância da DCE na flotação se dá, principalmente, em três


formas:

 Influencia a adsorção por atracção electrostática (o que ocorre com alguns colectores);
 Um elevado valor de potencial pode dificultar a adsorção de iões específicos com mesmo
sinal da superfície;
 Afecta fortemente o estado de dispersão das partículas.
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2.6.Iões determinantes de potencial (IDP)


Segundo SHAW (1975), para cada espécie mineral existe um selecto grupo de espécies
iónicas que tem a possibilidade de se movimentar livremente da fase líquida para a fase sólida
e vice-versa, dependendo das condições electroquímicas da suspensão. Considerando-se que o
excesso de carga na superfície de um sólido depende da concentração dos iões determinantes
de potencial, se torna evidente a importância do pH na formação da carga eléctrica da maioria
dos minerais.

Quando a actividade dos iões determinantes de potencial na superfície corresponde a uma


neutralização da carga eléctrica da superfície considera-se que a superfície está em seu ponto
de carga zero (PCZ). O PCZ define as condições em que não há excesso de carga eléctrica na
superfície e, consequentemente, o potencial é nulo, e como a carga eléctrica de um sólido é
controlada pelos iões determinantes de potencial, o PCZ é sempre relacionado à concentração
desses iões (SHAW, 1975).

2.6.1.Iões indiferentes
Segundo SOUZA (2007), são aqueles atraídos apenas por atracção electrostática, como
consequência natural do excesso de carga eléctrica na superfície do sólido. Os iões que têm
carga contrária à superfície são denominados de contra iões. Como deve prevalecer a
neutralidade eléctrica na região de influência da partícula carregada, a quantidade de contra
iões atraídos deve ser exactamente a que corresponde ao excesso de carga eléctrica da
superfície do sólido.

Nas proximidades da partícula, observa-se também a presença de iões com o mesmo sinal da
superfície, denominados de co-iões. Os iões indiferentes não podem passar para a rede
cristalina do mineral nem formar compostos químicos com as espécies que estão na superfície
do sólido. Dessa forma, esses iões não afectam o potencial da superfície, mas alteram a valor
do potencial zeta (SOUZA, 2007).

2.6.2.Iões específicos
São aqueles que têm afinidade por alguma espécie química componente do mineral, formando
um composto químico na superfície do sólido. Desidratados e localizam-se no plano interno
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de Helmholtz. Também podem adsorver-se por atracção electrostática em superfícies com


carga contrária (SOUZA 2007).

2.7.Potencial na superfície
De acordo com FONSECA (2000), minerais que tem os iões H + e OH como IDP’s tendem a
apresentar a superfície:

 Positiva em meio ácido (altas concentrações de H+)


 Negativa em meio alcalino (baixas concentrações de H+).

Uma pequena partícula com excesso de carga em sua superfície movimenta-se, em relação ao
líquido, sob acção de um campo eléctrico. No movimento da partícula, os iões adsorvidos na
camada de Stern, juntamente com moléculas de água localizadas nas proximidades da
superfície, acompanham o sólido, gerando um potencial electrocinética (surge a partir do
movimento de cargas eléctricas) conhecido como potencial zeta.

2.7.1.Potencial electrocinética
Segundo SOUZA (2007), esse potencial é definido no plano de cisalhamento "slipping plane"
(plano zeta), ou seja, no plano que separa o líquido da camada de Gouy do conjunto em
movimento (o sólido juntamente com moléculas de água e iões aderidos). A uma determinada
concentração de IDP e de electrólitos corresponderá uma situação em que todo o excesso de
carga, representado pelos contra iões, estão comprimidos na camada de Stern.

Nessa situação, o potencial zeta é nulo caracterizando-se o ponto piroeléctrico (PIE). Na


ausência de iões adsorvidos especificamente, o PIE coincide com 0 PCZ. Como ambos são
mensuráveis, pode-se inferir a ocorrência de adsorção específica pela comparação desses
valores. A concentração de IDP altera o potencial de superfície e o potencial zeta,
modificando o ponto isoeléctrico. Por sua vez, a concentração de iões indiferentes influencia
apenas o potencial zeta, não alterando o ponto isoeléctrico.

2.8.Fenómenos electrocinéticas
Os fenómenos electrocinéticos são uma família de vários efeitos diferentes que ocorrem em
fluidos heterogéneos, ou em corpos porosos cheios de fluido, ou em um fluxo rápido sobre
uma superfície plana. O termo heterogéneo aqui significa um fluido contendo partículas
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podendo ser sólidas, liquidas ou gasosas com tamanhos na escala de um micrómetro ou


nanómetro (FONSECA, 2000).

O potencial zeta pode ser determinado a partir dos fenómenos electrocinéticas, os quais estão
relacionados ao movimento relativo entre a superfície (com o líquido aderido) e à fase líquida
representada pela camada de Gouy. Consideram-se as seguintes possibilidades dos fenómenos
electrocinéticas:

 Electroforese: quando a aplicação de um campo eléctrico provoca a movimentação de


partículas carregadas (juntamente com os iões adsorvidos na camada de Stern) em relação
a um líquido estacionário;
 Eletrosmose: quando o líquido movimenta-se, por efeito de um campo eléctrico, em
relação a uma superfície estacionária com excesso de carga superficial;
 Potencial de Escoamento: quando a movimentação de um líquido em torno de uma
superfície estacionária carregada gera um campo eléctrico;
 Potencial de sedimentação: quando é gerado um campo eléctricos como consequência da
movimentação (sedimentação) de partículas em um líquido estacionário.

2.9.Manipulação da interface sólido-líquido


Segundo FONSECA (2000), a adição de um reagente, geralmente, provoca um desequilíbrio
electroquímico do sistema que resulta em uma alteração na configuração da DCE. Exemplos:

A adição de CaCl2 implica no aumento da concentração de um ião determinante de potencial


(Ca2+) da fluorita. Após o novo equilíbrio electroquímico do sistema, a superfície da fluorita
vai apresentar uma maior densidade de catiões (diminui o excesso de aniões). Dessa forma, o
cloreto de cálcio modifica o potencial de superfície da fluorita provocando uma alteração no
seu PCZ. A adição de AlCl3 (o Al3+ não é ião determinante de potencial da fluorita) vai apenas
provocar a compressão da DCE, ou seja, o cloreto de alumínio modifica o potencial zeta da
fluorita, mas não tem influência na carga eléctrica superficial e, por conseguinte, no potencial
da superfície.

CAPITULO III

3.0.CONCLUSÃO
A presença dos contra iões nas proximidades da superfície dá origem à formação da chamada
dupla camada eléctrica (DCE), onde uma das camadas tem excesso de carga positiva e a outra
tem excesso de carga negativa. Há duas regiões nessa atmosfera que devem ser distinguidas.
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A dupla camada eléctrica (DCE) possui cargas fixas na superfície que estão ligadas à fase
sólida dispersa que, por sua vez, são iões determinantes de potencial, e os contra iões,
carregados com cargas opostas, que estão presentes no seio da dispersão, próximos à
interface. Contudo, para estudar a dupla camada eléctrica, vários foram os modelos propostos
ao longo da história, entre eles destacam-se os de Helmholtz-Perrin, de Gouy-Chapman e de
Stern-Grahame.

A dupla camada eléctrica presente nos colóides é de extrema importância, pois através da
densidade superficial de carga é possível monitorar a estabilidade coloidal, a indução de
transições de fase e o controle das propriedades estáticas e dinâmicas do sistema. Além disso,
permite o monitoramento da estabilidade de uma grande variedade de colóides, como as
tintas, dispersões farmacêuticas, colóides alimentares. As forças electrostáticas actuantes na
dupla camada permitem a organização estrutural de macromoléculas como polímeros,
polieletrólitos e proteínas.
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4.Bibliografia
1. ATKINS, Peter. Físico-Química-Fundamentos. 3ª Edição, editora LTC. 2007.
2. FONSECA, M. R. M. Química: físico-química. São Paulo: FTD, 2000.
3. SHAW, D. J. Introduction to Colloid and Surface Chemistry. 4a Ed. Burlington:
Butterworth - Heinemann, 1992.
4. SHAW, D. J. Introdução à Química dos colóides e de suas superfícies. São Paulo: Edgard
Blucher, 1975.
5. SOUZA,W et al. Técnicas de microscopia electrónica aplicadas as ciências biológicas.
Rio de Janeiro. 2007.

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