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Sinopse

Trata-se de modelo de ação de usucapião ordinário de bem imóvel (CC, art. 1.241),
ajuizada conforme o Novo Código de Processo Civil de 2015, e, ainda, em consonância com
o art. 1.242 do Código Civile, igualmente, de forma subsidiária (art. 1.046, § 2º e 1.071,
ambos do CPC/2015) , do art. 9 e 12 do Estatuto da Cidades e Lei de Registros Públicos,
motivada em face do autor da ação haver celebrado um contrato de escrito de promessa de
compra e venda de imóvel urbano, o qual devidamente registrado no cartório pertinente, sem a
devida transcrição no registro imobiliário. 

O preço fora acertado para quitação em sessenta parcelas sucessivas e mensais. Mediante o
pagamento da parcela inaugural, o Autor, como convencionado no pacto, de logo imitiu-se na
posse do bem.

Quitada a última das parcelas, mediante depósito em conta corrente, o Promovente não logrou
êxito em encontrar a promitente-vendedora para assinar a escritura pública definitiva.

Diante disso, manteve-se na posse do imóvel, de forma contínua e mansa, pelo período
superior a dez(10) anos.
De outra banda, em obediência aos ditames da Legislação Extravagante (Lei de Registros
Públicos), utilizada subsidiariamente (CPC/2015, art. 1046, § 2º c/c art. 1.071), o Autor de
pronto acostara a planta do imóvel e memorial descritivo elaborada por profissional habilitado
junto ao CREA e com o devido rigor técnico, onde havia sua individualização completa,
maiormente quanto à sua confrontação, área e outras características. Acostou-se, ainda, ata
notarial que atestava o tempo de posse do Autor e, igualmente, certidões negativas dos
distribuidores da Comarca, as quais atestam inexistir litígios sobre o imóvel em questão.
Diante do lapso de tempo transcorrido desde a posse ao ajuizamento da ação, destacou-se
que era o caso de manejar-se a devida AÇÃO DE USUCAPIÃO ORDINÁRIO.( CC art 1242 )

Em tópicos próprios e individualizados, foram descritos a obediência a todos os requisitos


necessários a aquisição do bem pela prescrição, destacando-se que:
( i ) o bem era suscetível de prescrição aquisitiva, não sendo, pois, bem público (art. 2º, Dec.
22.785/33), não havendo, ademais, qualquer cláusula de inalienabilidade e nem figurava
incapaz como proprietário do bem (CC, art. 198, inc. I);
( ii ) quanto à posse, evidenciou-se que o autor a exerceu como se proprietário fosse,
exercendo, por todo o período, poderes inerentes à propriedade, destacando-se que era mansa
e pacífica;
( iii ) mostrou-se, mais, que a não houvera interrupção no exercício da posse;
( iv ) de forma mais demorada, evidenciou-se considerações doutrinárias e jurisprudencial
acerca do justo título, em se tratando de contrato de promessa e compra e venda;
( v ) evidenciou-se considerações sobre a boa-fé.
Por derradeiro, requereu-se a citação do réu e, além desse, a citação por edital dos eventuais
interessados (CPC/2015, art. 259, inc. I e art. 1.071c/c art. 216-A, § 4º, da Lei de Registros
Públicos), bem como a citação pessoal dos confinantes evidenciados na peça processual
(CPC/2015, art. 246, § 3º). 
Solititou-se, mais, fosse dada ciência à Fazenda Pública Municipal, Estadual e Federal, para
que se manifestem sobre eventual interesse na causa (CPC/2015, art. 1.046, § 2º e art. 1.071
c/c art. 216-A, § 3º, da Lei de Registros Públicos), assim como a intimação do órgão
ministerial para intervir no feito como fiscal da lei (CPC/2015, art. 178, inc. III e art. 176 c/c art.
5º, inc. XXII e XXIII c/c art. 183 da CF).
Pediu-se, por fim, fossem JULGADOS PROCEDENTES o pedidos formulados na ação,
declarando o autor como proprietário do imóvel em debate (CC, art. 1.241, caput), com o
devido registro (LRP, art. 168 c/c CC, art. 1.241, parágrafo único) junto ao Cartório de
Registro de Imóveis competente, expedindo-se, para tanto, o correspondente mandado de
averbação.
Inseridas notas de jurisprudência do ano de 2015.
Jurisprudência Atualizada desta Petição: 

AGRAVO DE INSTRUMENTO. BEM ADQUIRIDO POR CONTRATO PARTICULAR DE


COMPRA E VENDA. USUCAPIÃO OU AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO. LIBERDADE DE ESCOLHA
DA PARTE AUTORA. RECURSO PROVIDO.
1. A usucapião consiste no modo originário de aquisição de propriedade, pelo qual a pessoa
que exerce a posse do imóvel, por certo prazo previsto em Lei, adquire-lhe o domínio, desde
que sua posse tenha satisfeito certos requisitos, quais sejam, posse mansa e pacífica,
ininterrupta, sem oposição alguma do titular do domínio e com o animus domini. Já a
adjudicação compulsória é o procedimento adequado ao compromissário comprador do bem
imóvel contra o proprietário, visando à substituição da vontade individual, na relação
obrigacional recusada pelo devedor pela declaração judicial (art. 1.418 do CC/02). Ambas as
ações, portanto, têm como consequência acarretar o registro do imóvel em nome da parte
autora. 2. Apesar da ação de adjudicação ser, em tese, um meio processual mais simples,
célere e econômico para a obtenção do domínio, a escolha pela ação a ser proposta é da
parte, já que disso não se originará prejuízo algum a terceiros. As partes têm plena liberdade
de limitar a atuação do juiz aos fatos e aos pedidos que entendam necessários para compor a
lide. 3. O fato de os agravantes terem adquirido o bem por meio de contrato particular de
compra e venda com permuta somado à possibilidade de ingressarem com ação diversa para a
obtenção do mesmo resultado não constituem óbice à propositura da ação de usucapião, nos
termos do art. 1.242 e seguintes, do Código Civil. 4. O instrumento de promessa de compra e
venda insere-se na categoria de justo título apto a ensejar a declaração de usucapião ordinária.
Tal entendimento agarra-se no valor que o próprio Tribunal - E, de resto, a legislação civil -
Está conferindo à promessa de compra e venda. Se a jurisprudência tem conferido ao
promitente comprador o direito à adjudicação compulsória do imóvel independentemente de
registro (Súmula n. 239) e, quando registrado, o compromisso de compra e venda foi erigido à
seleta categoria de direito real pelo Código Civil de 2002 (art. 1.225, inciso VII), nada mais
lógico do que considerá-lo também como "justo título" apto a ensejar a aquisição da
propriedade por usucapião. A própria Lei presume a boa-fé, em sendo reconhecido o justo
título do possuidor, nos termos do que dispõe o art. 1.201, parágrafo único, do Código Civil de
2002: "O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário,
ou quando a Lei expressamente não admite esta presunção". Precedentes do C. STJ. 5. O
direito reclamado através da adjudicação compulsória é de propriedade, sendo imprescritível,
cabe aos agravantes a escolha da ação a ser proposta, não cabendo ao magistrado limitar o
direito de ação deles. Assim, eleito o rito de usucapião pelos agravantes, para consagrar a
propriedade do imóvel, rito que também demanda a comprovação de posse, através da
complexa instrução do feito, conclui-se que a decisão agravada viola o direito de ação,
estabelecido no art. 5º, inc. XXXV, da CF/88 e art. 3º do CPC. 6. Recurso provido para revogar
a decisão agravada. (TJES; AI 0039946-20.2014.8.08.0024; Primeira Câmara Cível; Rel. Des.
Fabio Clem de Oliveira; Julg. 14/04/2015; DJES 27/04/2015)

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