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SUMÁRIO
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ................................................................................................................................ 2
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE ........................................................................................................ 2
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE .................................................................. 2
TIPOS DE PENAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO ...................................................................................... 3
REGRAS DO REGIME ABERTO ........................................................................................................................ 7
PRISÃO DOMICILIAR .................................................................................................................................. 7
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROGRESSÃO DE REGIME .............................................................................. 8
REGRESSÃO DE REGIME ................................................................................................................................ 9

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LEI DE EXECUÇÕES PENAIS


DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
Com o fim da fase de instrução, temos a necessidade de se efetivar a sentença criminal, ou
seja, executar a pena aplicada em concreto. Com isso o juiz ordenará a expedição da chamada
guia de recolhimento para execução, esteja o condenado preso ou solto. Esse é o documento
que determina o início do cumprimento da pena.
Mas antes de tratarmos dele (guia de execução) especificamente, temos que conversar um
pouco sobre outros assuntos introdutórios para facilitar nosso conhecimento global do assunto.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Como dito, com a sentença transitada em julgado, ou seja, quando não há mais
possibilidade de recurso para o réu, automaticamente temos que executar aquela “dívida” que
o indivíduo tem com a sociedade. Ocorre que sempre houve grande discussão tanto na doutrina
quanto na jurisprudência da possibilidade de se executar de maneira provisória, ou seja, sem o
trânsito em julgado da sentença, a condenação seja de primeiro ou segundo grau, em especial
nesse último caso.
O tema tem ganhado relevância nos últimos anos, principalmente com as prisões da
“Operação Lava Jato”. Vamos de maneira sintética tentar explicar do que se trata, a despeito de
já termos brevemente comentado o tema anteriormente.
Isso tem sido muito discutido pelo fato de nosso sistema recursal processual penal ser
extremamente generoso, somado ao fato de o Poder Judiciário ser lento e não conseguir
processar todos os recursos em tempo razoável. Dessa fórmula, exsurgem processos que se
arrastam por anos e, infelizmente, muitos acabam culminando em prescrição, que é sinônimo
de impunidade (extinção da pretensão punitiva).
O dilema é travado principalmente na interpretação do Art. 5º, LVII, da CF/88 que diz:
“Art. 5º (...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;”
Assim, parte da doutrina entende que só se pode iniciar a execução penal com o trânsito
em julgado, de modo inverso estaríamos contrariando o estado de inocência do réu e
antecipando sua culpa.
Lado outro, parte da doutrina advoga que não culpabilidade não tem relação com
presunção de inocência. Ademais, pugna-se pelo início da execução da pena após condenação
em segundo grau de jurisdição (acordão condenatório), na medida em que qualquer discussão
após tal decisão não tem o condão de modificar as provas fáticas do fato, mas apenas discussão
da aplicação do direito no caso concreto (recursos para o STJ e STF).
Fato é que durante muitos anos, até fevereiro de 2009 o STF entendia que era possível a
execução provisória da pena.1
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição
e passou a entender que não era possível a execução provisória da pena.
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. Min. Teori Zavascki), retornou
para a sua primeira posição e voltou a dizer que era possível a execução provisória da pena.
Esse entendimento vigou até novembro de 2019. No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as
ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua segunda posição e afirmou que
o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos.
Assim, atualmente está proibida a execução provisória da pena.

1
STF. Plenário. HC 68726, Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 28/06/1991

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Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do
esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma
decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão
presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no Art. 312 do CPP.
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente
(preventivamente), e não como execução provisória da pena.
Nesse ponto, temos outra forma de executar provisoriamente a pena, que será benefício
ao condenado e é amplamente aceito pela doutrina e jurisprudência.
Trata-se da execução provisória quando não há mais recurso por parte da acusação e o
réu está preso preventivamente (de maneira cautelar). Nesse caso, pode-se iniciar a execução
da pena para que o réu tenha alguns benefícios como remição, progressão de regime, etc.2
TIPOS DE PENAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO
Nos termos do Art. 32 do Código Penal, temos as seguintes espécies de penas: a) privativas
de liberdade; b) restritivas de direitos; e c) multa.
O Art. 33 do CP traz as regras para cumprimento das penas privativas de liberdade. Temos
duas espécies básicas para crimes: reclusão e detenção.
Isso está contido no preceito secundário dos crimes (segunda parte) onde se indica a
pena. Por exemplo, no crime de lesão corporal leve – Art. 129, caput3, está prevista pena de
detenção de três meses a um ano. Já o crime de furto simples, Art. 1554, caput, prevê uma pena
de reclusão de 1 a 4 anos.
Temos ainda a figura da prisão simples aplicável apenas às contravenções penais. 5
Essa classificação tem suma importância para o tipo e regime de cumprimento da pena. O
Art. 33 traz tais regras, vejamos:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em
regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

2
Arts. 8°/11 da Resolução nº 113/10 do CNJ
3
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.
4
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
5
Decreto-lei nº 3.688/41: Art. 6º - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. § 1º - O condenado à
pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. § 2º - O trabalho é
facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias.

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§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-


se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais.
Vamos esquematizar para facilitar a memorização:

Pena

PRISÃO SIMPLES
RECLUSÃO DETENÇÃO
(contravenções)

cumprida regime deve ser cumprida, sem


cumprida em regime semiaberto, ou aberto, rigor penitenciário, em
fechado, semiaberto salvo necessidade de estabelecimento especial
ou aberto transferência a regime ou seção especial de
fechado prisão comum, em regime
semiaberto ou aberto

Pena superior
fechado
a 8 anos

Pena inferior 8
Regime semiaberto
e maior que 4

Pena menor
aberto
que 4 anos

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estabelecimento de
fechado segurança máxima ou
Regime
média

colônia agrícola, industrial


semiaberto
ou estabelecimento similar

casa de albergado ou
aberto
estabelecimento adequado

IMPORTANTE: Observem que o condenado à pena de detenção jamais iniciará


o cumprimento da pena em regime fechado. O que pode ocorrer é durante a execução
da pena ele ser regredido ao regime fechado, mas nunca iniciará no fechado, ainda
que seja reincidente.

As penas são cumpridas de forma progressiva, como determinado o §2º. Isso significa que
o preso inicia a pena em um regime mais gravoso e com o decorrer do tempo progride a um
mais brando. Isso visa atender justamente o caráter restaurador da pena, para inserir
novamente o condenado à sociedade. Iremos estudar com calma essa progressão mais adiante.
O tema foi alterado recentemente pelo Pacote Anticrime e você já sabe que isso significa muita
chance de cobrança nas próximas provas.
Antes de seguirmos com a aula, preciso que você conheça 3 súmulas importantes sobre a
definição do regime inicial de cumprimento pena:
Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do
que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do


crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do
que o permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 440 do STJ- Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

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O juiz competente para fixação do regime de cumprimento da pena é o juiz que dá a


sentença condenatória. Caso haja necessidade de unificação das penas ou aplicação das regras
de concurso de crimes ou crime continuado, quando não reconhecidos na sentença, a atribuição
fica a cargo do juízo da execução, como veremos mais à frente. 6

b) condenado por exercer o comando,


individual ou coletivo, de organização
-------- criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado; ou

c) condenado pela prática do crime de


---------- constituição de milícia privada;

VII - 60% (sessenta por cento) da pena,


se o apenado for reincidente na prática de
----------
crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em crime
---------- hediondo ou equiparado com resultado
morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só
terá direito à progressão de regime se
§ 1o A decisão será sempre motivada e ostentar boa conduta carcerária,
precedida de manifestação do Ministério Público e comprovada pelo diretor do
do defensor. estabelecimento, respeitadas as normas que
vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a
progressão de regime será sempre motivada
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na e precedida de manifestação do Ministério
concessão de livramento condicional, indulto e Público e do defensor, procedimento que
comutação de penas, respeitados os prazos também será adotado na concessão de
livramento condicional, indulto e comutação
previstos nas normas vigentes.
de penas, respeitados os prazos previstos
nas normas vigentes.
§ 5º Não se considera hediondo ou
equiparado, para os fins deste artigo, o crime
--------- de tráfico de drogas previsto no § 4º do art.
33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

6
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de
liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.

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§ 6º O cometimento de falta grave


durante a execução da pena privativa de
liberdade interrompe o prazo para a
obtenção da progressão no regime de
cumprimento da pena, caso em que o
reinício da contagem do requisito objetivo
terá como base a pena remanescente.

REGRAS DO REGIME ABERTO


Os Arts. 113 a 116 trazem regras específicas para o deferimento do regime aberto,
vejamos:
Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a
aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz.
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado
que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames
a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com
autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas
referidas no artigo 117 desta Lei.
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a
concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições
gerais e obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos
dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades,
quando for determinado.
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício,
a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa
ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem.
O regime aberto, como já estudamos, deve ser cumprido sem o rigor penitenciário em casa
de albergado. É a última fase da execução da pena e pressupõe que o indivíduo já está
praticamente pronto para volta ao seio social.
No caso do Art. 116, importante destacar que o juiz não pode determinar condições
especiais que importem em uma nova pena restritiva de direitos (ex.: determinar que o
condenado ao regime aberto pague cesta básica, preste serviços comunitários, etc.) sob pena
de se punir o indivíduo duas vezes. Inclusive há Súmula do STJ nesse sentido:
Súmula 493 do STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do
CP) como condição especial ao regime aberto.

PRISÃO DOMICILIAR
O Art. 117 da LEP estabelece a hipótese em que se admite o recolhimento domiciliar aos
presos em regime aberto:

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Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de


regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
A despeito de o dispositivo legal ser aplicável apenas a condenados no regime aberto, a
jurisprudência tem aceitado a aplicação da prisão domiciliar quando comprovado que não há
vaga em estabelecimento penal compatível com o regime semiaberto ou aberto, já que a este
não se pode impor o cumprimento de pena em local mais severo que o determinado na decisão
executória. Esse é o tema de Súmula Vinculante recentemente aprovada:
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não
autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se
observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

Superior Tribunal de Justiça, em hipóteses excepcionais, tem admitido também o


benefício a condenados portadores de doenças graves, que estejam cumprindo pena em
regimes semiaberto e fechado, desde que demonstrada a impossibilidade de receberem o
tratamento adequado no estabelecimento prisional.7
ATENÇÃO: Não podemos confundir a prisão de albergue domiciliar disposta
aqui na LEP com a prisão domiciliar substitutiva da prisão preventiva (cautelar) que
está tratada nos artigos 317 e 318 8 do Código de Processo Penal!

Outro ponto importante aqui é que de acordo com o artigo 146-B9, da LEP, com
dispositivo inserido pela Lei nº 12258/10, o juiz poderá definir a fiscalização por meio de
monitoração eletrônica quando determinar a prisão domiciliar. Estudaremos o monitoramento
eletrônico melhor mais à frente.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROGRESSÃO DE REGIME
Antes de estudarmos a regressão de regime, quero fazer mais algumas observações sobre
a progressão em situações específicas.
a) Crimes contra a Administração Pública.
Conforme o Art. 33, §4º10 do Código Penal, só se defere a progressão de regime em crimes
contra a Administração Pública, quando houver prejuízo ao erário, com a integral reparação do
dano ou devolução do produto ilícito, salvo comprovada incapacidade de fazê-lo.
b) Progressão de regime antes do trânsito em julgado.

7
HC 365.633/SP, j. 18/05/2017
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Art. 317 do CPP: A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo
dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318 do CPP: Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for: I – maior de 80 (oitenta) anos; II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; III –
imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV – gestante a partir
do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. Parágrafo único. Para substituição, o juiz exigirá prova idônea
dos requisitos estabelecidos neste artigo.
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Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: IV - determinar a prisão
domiciliar;
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§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

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Como já dito, é possível a execução da pena antes do trânsito em julgado, atualmente, no


caso de haver apenas recurso por parte da defesa e o réu estiver preso cautelarmente (prisão
preventiva). Nesse caso, a jurisprudência entende que se pode progredir de regime caso
estejam presentes os requisitos legais, com base na pena aplicada. Trata-se de uma
interpretação lógica. Ora, se a situação do réu não pode piorar, não se pode prejudicá-lo
mantendo-o em regime mais gravoso, apenas pelo fato de ainda não ter transitado em julgado
a condenação. Há duas Súmulas do STF nesse sentido:
Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento de
pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória.

Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da


pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato e o réu se encontrar em
prisão especial.

c) Progressão de regime e condenado em estabelecimento penal de segurança máxima


(penitenciária federal).
Como já estudamos, a regra é que o preso cumpra pena em um presídio estadual. Contudo,
em caso de interesse da sociedade ou da segurança pública, pode o detento ser transferido à
esfera federal, a jurisprudência do STJ11 e STF12 vem entendendo que não é compatível com a
progressão de regime, por ausência do requisito subjetivo (mérito carcerário, bom
comportamento). Assim sendo, enquanto o preso estiver cumprindo pena em penitenciária
federal, não pode ser agraciado com a progressão de regime.
d) Progressão per saltum.
Progressão “por saltos” seria o mesmo que o preso sair do regime fechado e ir para o
regime aberto. Isso não pode ocorrer, inclusive há súmula do STJ nesse sentido:
Súmula 491 do STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de
regime prisional.

Todavia, isso não impede que o preso seja colocado em prisão domiciliar, como já
comentamos anteriormente, no caso de ausência de vagas no regime correto, nos moldes da
Súmula Vinculante 56.

REGRESSÃO DE REGIME
Da mesma forma que pode progredir, o preso também pode regredir de regime, caso
demostre que não tem aptidão para fazer jus do benefício. O tema é tratado nos Arts.118,119 e
146-C (que estudaremos mais adiante), I. Vejamos:
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à
forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes
mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

11
STJ. 3ª Seção, CC 137.110/RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em 22/4/2015
12
STF. 2ª Turma. HC 131.649/RJ, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, rel. p/ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/9/2016 (Info 838)

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II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao


restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das
hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução
ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser
ouvido previamente o condenado.
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
complementares para o cumprimento da pena privativa de liberdade
em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal).
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que
deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres:
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste
artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o
Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime
O primeiro ponto que podemos destacar aqui é que, ao contrário da progressão, podemos
ter a chamada regressão per saltum, ou seja, “por saltos”. Pode o preso sair do regime aberto e
ir para o regime fechado, por exemplo.
Ademais, lembro a você que, como já falamos, pode o condenado a pena de detenção ser
regredido ao regime fechado.
Quanto ao inciso I, observem que não é necessário, como já estudamos também, o trânsito
em julgado do crime. O artigo fala em fato definido como crime doloso, nos termos da já citada
Súmula 526 do STJ:
Súmula 526 do STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do
cometimento do fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde
do trânsito em julgado de sentença condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato.

Se no curso da execução penal, o preso for condenado por novo crime, deve-se somar
àquela pena a que ele está cumprindo. Nesse caso, pode ocorrer de haver alteração do regime.
Ex.: o preso está cumprindo pena em regime aberto e é condenado a 10 anos de reclusão, deverá
ser regredido ao regime fechado, é o caso do inciso II.
Com relação ao §1º, a primeira parte diz respeito ao regime aberto e ocorre quando o
apenado não demostra cumprir os requisitos determinados pelo juiz. Já a segunda parte que
diz não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta foi tacitamente revogada pela Lei
9.286/96, pois depois de tal Lei a multa não pode mais ser convertida em pena privativa de
liberdade.
Veja que o preso deve ser ouvido antes de ter o regime regredido. Essa oitiva é chamada
de audiência de justificação. Contudo, apesar de não haver disposição expressa na Lei, há a
possibilidade de o juiz regredir cautelarmente o preso e depois realizar sua oitiva, no caso de
situações excepcionais.
O caso de regressão do Art. 146-C é quando o preso que está sendo monitorado
eletronicamente não cumpre os deveres a ele impostos com relação ao equipamento. Veremos
melhor quais são esses deveres mais à frente.

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