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SUMÁRIO
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ................................................................................................................................ 2
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE ........................................................................................................ 2
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE .................................................................. 2
TIPOS DE PENAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO ...................................................................................... 3
REGRAS DO REGIME ABERTO ........................................................................................................................ 7
PRISÃO DOMICILIAR .................................................................................................................................. 7
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROGRESSÃO DE REGIME .............................................................................. 8
REGRESSÃO DE REGIME ................................................................................................................................ 9
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STF. Plenário. HC 68726, Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 28/06/1991
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do
esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma
decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão
presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no Art. 312 do CPP.
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente
(preventivamente), e não como execução provisória da pena.
Nesse ponto, temos outra forma de executar provisoriamente a pena, que será benefício
ao condenado e é amplamente aceito pela doutrina e jurisprudência.
Trata-se da execução provisória quando não há mais recurso por parte da acusação e o
réu está preso preventivamente (de maneira cautelar). Nesse caso, pode-se iniciar a execução
da pena para que o réu tenha alguns benefícios como remição, progressão de regime, etc.2
TIPOS DE PENAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO
Nos termos do Art. 32 do Código Penal, temos as seguintes espécies de penas: a) privativas
de liberdade; b) restritivas de direitos; e c) multa.
O Art. 33 do CP traz as regras para cumprimento das penas privativas de liberdade. Temos
duas espécies básicas para crimes: reclusão e detenção.
Isso está contido no preceito secundário dos crimes (segunda parte) onde se indica a
pena. Por exemplo, no crime de lesão corporal leve – Art. 129, caput3, está prevista pena de
detenção de três meses a um ano. Já o crime de furto simples, Art. 1554, caput, prevê uma pena
de reclusão de 1 a 4 anos.
Temos ainda a figura da prisão simples aplicável apenas às contravenções penais. 5
Essa classificação tem suma importância para o tipo e regime de cumprimento da pena. O
Art. 33 traz tais regras, vejamos:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em
regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
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Arts. 8°/11 da Resolução nº 113/10 do CNJ
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Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.
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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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Decreto-lei nº 3.688/41: Art. 6º - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. § 1º - O condenado à
pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. § 2º - O trabalho é
facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias.
Pena
PRISÃO SIMPLES
RECLUSÃO DETENÇÃO
(contravenções)
Pena superior
fechado
a 8 anos
Pena inferior 8
Regime semiaberto
e maior que 4
Pena menor
aberto
que 4 anos
estabelecimento de
fechado segurança máxima ou
Regime
média
casa de albergado ou
aberto
estabelecimento adequado
As penas são cumpridas de forma progressiva, como determinado o §2º. Isso significa que
o preso inicia a pena em um regime mais gravoso e com o decorrer do tempo progride a um
mais brando. Isso visa atender justamente o caráter restaurador da pena, para inserir
novamente o condenado à sociedade. Iremos estudar com calma essa progressão mais adiante.
O tema foi alterado recentemente pelo Pacote Anticrime e você já sabe que isso significa muita
chance de cobrança nas próximas provas.
Antes de seguirmos com a aula, preciso que você conheça 3 súmulas importantes sobre a
definição do regime inicial de cumprimento pena:
Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do
que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
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Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de
liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.
PRISÃO DOMICILIAR
O Art. 117 da LEP estabelece a hipótese em que se admite o recolhimento domiciliar aos
presos em regime aberto:
Outro ponto importante aqui é que de acordo com o artigo 146-B9, da LEP, com
dispositivo inserido pela Lei nº 12258/10, o juiz poderá definir a fiscalização por meio de
monitoração eletrônica quando determinar a prisão domiciliar. Estudaremos o monitoramento
eletrônico melhor mais à frente.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROGRESSÃO DE REGIME
Antes de estudarmos a regressão de regime, quero fazer mais algumas observações sobre
a progressão em situações específicas.
a) Crimes contra a Administração Pública.
Conforme o Art. 33, §4º10 do Código Penal, só se defere a progressão de regime em crimes
contra a Administração Pública, quando houver prejuízo ao erário, com a integral reparação do
dano ou devolução do produto ilícito, salvo comprovada incapacidade de fazê-lo.
b) Progressão de regime antes do trânsito em julgado.
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HC 365.633/SP, j. 18/05/2017
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Art. 317 do CPP: A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo
dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318 do CPP: Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for: I – maior de 80 (oitenta) anos; II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; III –
imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV – gestante a partir
do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. Parágrafo único. Para substituição, o juiz exigirá prova idônea
dos requisitos estabelecidos neste artigo.
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Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: IV - determinar a prisão
domiciliar;
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§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Todavia, isso não impede que o preso seja colocado em prisão domiciliar, como já
comentamos anteriormente, no caso de ausência de vagas no regime correto, nos moldes da
Súmula Vinculante 56.
REGRESSÃO DE REGIME
Da mesma forma que pode progredir, o preso também pode regredir de regime, caso
demostre que não tem aptidão para fazer jus do benefício. O tema é tratado nos Arts.118,119 e
146-C (que estudaremos mais adiante), I. Vejamos:
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à
forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes
mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
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STJ. 3ª Seção, CC 137.110/RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em 22/4/2015
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STF. 2ª Turma. HC 131.649/RJ, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, rel. p/ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/9/2016 (Info 838)
Se no curso da execução penal, o preso for condenado por novo crime, deve-se somar
àquela pena a que ele está cumprindo. Nesse caso, pode ocorrer de haver alteração do regime.
Ex.: o preso está cumprindo pena em regime aberto e é condenado a 10 anos de reclusão, deverá
ser regredido ao regime fechado, é o caso do inciso II.
Com relação ao §1º, a primeira parte diz respeito ao regime aberto e ocorre quando o
apenado não demostra cumprir os requisitos determinados pelo juiz. Já a segunda parte que
diz não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta foi tacitamente revogada pela Lei
9.286/96, pois depois de tal Lei a multa não pode mais ser convertida em pena privativa de
liberdade.
Veja que o preso deve ser ouvido antes de ter o regime regredido. Essa oitiva é chamada
de audiência de justificação. Contudo, apesar de não haver disposição expressa na Lei, há a
possibilidade de o juiz regredir cautelarmente o preso e depois realizar sua oitiva, no caso de
situações excepcionais.
O caso de regressão do Art. 146-C é quando o preso que está sendo monitorado
eletronicamente não cumpre os deveres a ele impostos com relação ao equipamento. Veremos
melhor quais são esses deveres mais à frente.