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Taubaté SP
2020
1
Taubaté SP
2020
Grupo Especial de Tratamento da Informação - GETI
Sistema Integrado de Bibliotecas - SIBi
Universidade de Taubaté - UNITAU
CDD – 155.633
0
2
Data: ___________________
Resultado: ______________
BANCA EXAMINADORA
Assinatura ____________________________
Assinatura ____________________________
3
Dedico este trabalho a todas as mulheres que antes de mim lutaram e deram suas
vidas para que hoje eu possa trabalhar, estudar, dirigir, ter o meu dinheiro, ir e vir,
dentre tantos outros direitos. Hoje desfruto dessa liberdade conquistada lutando
ainda mais pela liberdade que ainda não conquistamos e esta pesquisa é uma
dessas lutas pela nossa liberdade.
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
Nowadays, living in a capitalist society with high capital and financial independence
appreciation, it is very important women s financial independence. Although, not only
financial independence, but also emotional autonomy, since the emotional autonomy
of women refers to an autonomy to make decisions related to money, showing the
value of financial education. The present research goal is to identify and comprehend
how women s decision making with money affects their emotional autonomy. Further
goals are: identify and comprehend which decision making of women are related with
a financial education that promotes more emotional autonomy; identify and
comprehend which decision making of women hampers the financial education and
affects negatively the autonomy; identify and comprehend what are the differences
between the decision making of women with children and women with no children.
This research was quantitative and qualitative. The tools used were the quiz and the
semi structured interview. The research participants were 106 women to the quiz and
8 women to the interview. The criteria to the inclusion of these participants were: to
be woman; to be 20 to 40 years old; to belong to the middle class; to live in São
Paulo State. To the quantitative data collect was made the quiz divulgation through
the Google Forms. To the qualitative data collect was used the snowball sample
technique. The data analysis was made by categorization of the quantification and
the content. The mainly results were that the women s emotional autonomy is favored
when they make decisions like: doing a financial planning, making investments,
saving money monthly, having a money reservation, having an own income, making
financial education investments and having a family dialogue about money; and when
women make decisions like: being financially disorganized, not having a retiring
preparation, paying for debts and/or loans, spending more money than making, not
having a money reservation and not making a financial planning, their emotional
autonomy is negatively affected. It was also identified that the mainly difference
between women that are mothers and women that are not was the prioritization to
spend money with the child instead with themselves, affecting their emotional and
financial autonomy. Therefore, it is considered that women that have more financial
education knowledge and practice tend to make better decisions related to money,
collaborating to their autonomy development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
1.1 PROBLEMA ................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 15
1.2.2 Objetivos específicos................................................................................ 16
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................... 16
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .......................................................................... 16
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................. 17
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 18
2.1 A MULHER AO LONGO DA HISTÓRIA ......................................................... 18
2.1.1 A mulher na antiguidade........................................................................... 18
2.1.2 A mulher no século XX e a inserção no mercado de trabalho .............. 19
2.1.3 O direito da mulher à educação ............................................................... 21
2.2 UM OLHAR PARA A MULHER NO CICLO VITAL INDIVIDUAL E FAMILIAR 22
2.2.1 Ciclo vital individual no período da adolescência .................................. 23
2.2.2 Ciclo vital da família e da mulher ............................................................. 24
2.2.3 Fase de aquisição ..................................................................................... 25
2.2.4 Fase adolescente ...................................................................................... 26
2.3 O LUGAR DA MULHER NA ATUALIDADE .................................................... 27
2.3.1 A mulher no mercado de trabalho ........................................................... 27
2.3.2 A mulher no casamento de dupla carreira .............................................. 29
2.4 AUTONOMIA.................................................................................................. 32
2.4.1 Autonomia Emocional............................................................................... 33
2.5 PSICOLOGIA, DINHEIRO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA............................... 34
2.5.1 Uma breve história do dinheiro ................................................................ 34
2.5.2 Psicologia Econômica .............................................................................. 35
2.5.3 Teoria do prospecto .................................................................................. 37
2.5.4 Educação financeira.................................................................................. 39
3 MÉTODO........................................................................................................... 42
3.1 TIPO DE DELINEAMENTO ............................................................................ 42
3.2 PARTICIPANTES ........................................................................................... 42
11
1 INTRODUÇÃO
O Brasil, apesar de ser um país com uma vasta economia, com diversos
produtos e serviços produzidos e comercializados, apresenta um alto índice de
endividamento da população. Segundo a Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor realizada pela Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC) em 2019, 62,4% das famílias brasileiras possuem
dívidas, sendo que 23,4% dessas famílias estão inadimplentes, ou seja, com dívidas
em atraso (ABDALA, 2019).
A educação financeira, embora ainda seja um tema relativamente novo no
Brasil, vem sendo estudada e aplicada em diversas áreas. Essa modalidade de
educação está direcionada para as questões financeiras e econômicas do país, já
que o Brasil apresenta um crescente número de endividados, conforme os dados
apresentados por Abdala (2019).
Pensando nessa e em outras situações, o Comitê Nacional de Educação
Financeira (CONEF) criou, em 2010, a Estratégia Nacional de Educação Financeira
(ENEF), que busca promover a educação financeira e previdenciária da população
brasileira, contribuindo para o fortalecimento da cidadania e a eficiência do sistema
financeiro nacional, além de proporcionar à população tomadas de decisão mais
conscientes ao consumir bens e serviços, conforme é apresentado pela Assessoria
De Comunicação Social do Ministério da Educação (2019).
Dessa forma, o governo brasileiro já se movimenta para contribuir com as
decisões econômicas da população, o que nos mostra a importância de
compreender como tais decisões impactam no desenvolvimento da vida financeira
individual de cada cidadão.
Conforme afirma Savoia, Saito e Santana (2007, p. 1
precisam dominar um conjunto amplo de propriedades formais que proporcione uma
compreensão lógica e sem falhas das forças que influenciam o ambiente e suas
re . Em outras palavras, há a necessidade de os cidadãos saberem lidar com
as suas posses para que estas possam contribuir com a sua compreensão do
ambiente e das relações com os outros, evitando dificuldades financeiras. Para que
exista esse domínio de sua propriedade, faz-se necessária a educação financeira do
14
indivíduo para que ele possa tomar decisões mais seguras quanto ao gerenciamento
de suas posses e finanças (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).
Para a psicologia econômica, segundo Kirchler e Hölzl (2003 apud Ferreira,
2007), as decisões econômicas são o objeto de estudo dessa ciência e se referem
ao uso de recursos escassos, em que o indivíduo percebe que não poderá satisfazer
a todas as necessidades, restringindo-se a tomar decisões sobre o manejo de
recursos finitos baseando-se na premissa de racionalizar e maximizar a utilidade
desses recursos. Desse modo, a educação financeira estaria ligada intimamente à
formação do indivíduo, tornando-o mais preparado para tomar decisões conscientes
perante o dinheiro, o que, consequentemente, colabora para o seu bem-estar
individual, conforme afirma Kassardjian (2013).
Considerando que a desigualdade de gênero está presente na sociedade
desde os seus primórdios, como na Grécia Antiga, em que as mulheres não eram
consideradas cidadãs, e em várias sociedades em que a mulher não tinha direito à
herança (HEFFEL, SILVA e LONDERO, 2016), é inegável que essa desigualdade
esteja presente também nas questões voltadas ao dinheiro, como Santos (2008, p.
356) demonstra ao dizer sigualdade de gênero no trabalho e na renda
manifesta-se em praticamente . De acordo com o que
afirma Abbott (2000 apud SANTOS, 2008), gênero foi construído socialmente para
definir, explicar e justificar a desigualdade. Santos (2008, p. 356) prossegue dizendo
1.1 PROBLEMA
1.2 OBJETIVOS
Identificar e compreender:
Quais as tomadas de decisão das mulheres estão relacionadas com
uma educação financeira que promova mais autonomia emocional;
Quais as tomadas de decisão das mulheres dificultam uma educação
financeira e afetam negativamente a autonomia delas;
Quais as diferenças entre as tomadas de decisão na educação
financeira das mulheres que têm filhos e das que não têm filhos.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Nesta fase, o casal que está iniciando uma nova família passa pelo processo
de se preparar para essa nova fase, efetivamente pensando, discutindo e planejando
como será o estilo de vida, valores, metas e questões financeiras, como dito por
Berthoud (2010). Assim como todo o ciclo vital, planejamento e valores são
dinâmicos, podendo mudar ao longo da vida de acordo com as motivações e
necessidades, com aquilo que se vive e com o desenvolvimento humano, conforme
explicado por Schwartz e Bilsky (1987). Ainda sobre o planejamento financeiro do
casal, Berthoud (2010) assinala que a mulher é quem geralmente fica responsável
por gerenciar o dinheiro da família, independente se ela trabalha ou não, ou seja, a
mulher passa a ter um novo papel de fazer o controle de gastos da família sem que
ela seja necessariamente provedora. Porém, Tobias (2012) destaca que, em relação
26
tempo despendido para a educação (CAMARANO et al., 2003). Por conta das
demandas da realidade econômica e de mais anos serem necessários para se ter
sucesso profissional, tem se prolongado cada vez mais a saída dos jovens adultos
da casa parental.
Desse modo, Guimarães (2006) ressalta que a inserção no mercado de
trabalho é uma possibilidade para que a passagem da adolescência à vida adulta se
concretize. Outro aspecto importante nesta transição é que, para a maioria dos
jovens, ter uma identidade profissional é parte importante da formação da sua
identidade pessoal, pois o jovem, que possui um trabalho valorizado pela sociedade
e tem sucesso nele, provavelmente terá sua autoestima aumentada e isso fará com
que ele possa ingressar na vida adulta de maneira mais segura e estável (OSIPOW,
1986). Papalia e Feldman (2013) também ressaltam que antes da metade do século
XX era comum que um jovem mal saía do ensino médio e já procurava um emprego
estável, casava e iniciava uma família, já para as mulheres jovens da época, o que
definia o caminho para a vida adulta era o casamento, realizado assim que um
pretendente adequado aparecesse. A partir da década de 1950, assim que a
industrialização e revolução tecnológica ganharam força, a educação universitária ou
a formação especializada passou a ser cada vez mais essencial para que os jovens
ingressassem no mercado de trabalho, de acordo com Papalia e Feldman (2013),
fazendo com que, tanto homens quanto mulheres, casassem mais tarde, já que
buscavam uma educação ou oportunidades vocacionais superiores (FUSSELL;
FURSTENBERG, 2005).
Assim sendo, Nascimento (2006) aponta que a idade com que os adultos
jovens finalizam seus estudos tem se elevado consideravelmente em função da
obtenção de maiores conhecimentos e de especialização para enfrentar a atual
competitividade do mercado de trabalho.
Nas últimas décadas, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço no
mercado de trabalho, que antes era predominantemente de homens, em vista dos
diversos movimentos históricos já citados anteriormente. Segundo o Portal ODS
(2018), a participação da mulher no mercado de trabalho formal era de 44,58% em
2018 para o estado de São Paulo, evidenciando uma grande participação da mulher
no trabalho fora de casa.
Apesar da conquista crescente do espaço no mercado de trabalho, ainda hoje
a mulher enfrenta a desigualdade em diversos aspectos no âmbito do trabalho. Uma
29
Contudo, Meirelles (2001) aponta que ainda há evidências que indicam que
as mulheres enfrentam dificuldades para romper padrões tradicionais, considerando
que as mulheres ainda tomam para si a responsabilidade pelo espaço doméstico, o
que resulta em um acúmulo de trabalho para as elas. Um aspecto de peso para essa
questão de sobrecarga de responsabilidades da mulher se dá, conforme alerta
Lipovetsky (2000), pelo fato de as mulheres terem que fazer isso em detrimento de
seu papel familiar ao se comprometerem totalmente à carreira. Fazendo com que
essas mulheres tenham um sentimento de culpa e conflitos em relação às funções
31
de mãe, sentimento que não é compartilhado pelo homem, já que para ele não se
requer nenhum sacrifício de ser pai para exercer sua carreira.
Tendo em vista essas questões, Meirelles (2008) ressalta o paradoxo
vivenciado pelas mulheres da atualidade: ter o sucesso profissional em detrimento
da vida doméstica e materna ou, o seu oposto, com dedicação integral à vida de
mãe e esposa, renunciando a uma carreira profissional. A autora aponta que a
escolha de muitas mulheres de tentarem manter os dois ideais de vida (profissional e
materno) só aumenta as queixas de depressão, tristeza, ansiedade, angústia,
solidão e inseguranças. Por isso, há de se buscar construir uma realidade com
referências de sucesso, mas que não dependa de tantas exigências socioculturais,
reivindicando leis mais justas, salários melhores e que favoreçam mais tempo e
qualidade de vida a si mesmas e às suas famílias (MEIRELLES, 2008).
Este pode vir a ser um caminho para encontrar a tranquilidade que as famílias
vêm buscando, pois no universo da autonomia, como dito por Lipovetsky (2005),
diferente dos anos 60 e 70, não se garante a paz nas famílias. Porém, há de se
compreender a realidade que as mulheres construíram para si mesmas e identificar
recursos que possam solidificar e legitimar esta autonomia conquista (MEIRELLES,
2008).
Contudo, ainda há de se levar em conta a questão da efemeridade acentuada
na atualidade que, além de valorizar o individualismo, como já citado, está em
oposição à ideia de algo duradouro como um matrimônio. Segundo o conceito de
amor líquido apresentado por Bauman (2005), o casamento, como qualquer
relacionamento afetivo, pode ser volátil, como algo transitório. Com o crescimento do
capitalismo, o consumismo desenfreado não se fixou apenas em bens materiais,
mas nas relações humanas também. Bauman (2008) chama a atenção para a
mudança de mentalidade que, há algumas décadas, era de longo prazo, já que a
conquista patrimonial demandava muita persistência e cobrança, para uma
mentalidade de não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje . Nos
relacionamentos da modernidade líquida descrita por Bauman (2005), há uma
grande ambivalência, tendo em vista as pessoas têm o desejo de ter vínculos fortes
e intensos, mas que também possam ser extinguidos a qualquer momento sem
deixar vestígios.
Diante destas questões, constata-se que a mulher vem conquistando cada
vez mais lugar no mercado de trabalho e desenvolvendo sua própria carreira de
32
2.4 AUTONOMIA
ao mesmo tempo é reverenciado e temido, algo escondido que não se deve ver ou
falar.
que proporcione satisfação de forma imediata, sem se dar conta dos custos a mais
que possa vir a ter no futuro.
Desse modo, Ferreira (2014) salienta que há lacunas na educação financeira
quanto à sua forma mais adequada, já que suas intensões e ações precisam ser
mais elaboradas para que esta educação seja efetiva. A autora ainda chama a
atenção para o fato de que dificilmente uma educação financeira aconteceria em um
mundo à parte, isto é, sem considerar o componente psicológico para uma mudança
de atitude e de comportamento do indivíduo. Segundo Belsky e Gilovich (2002), ao
ter trapalhadas financeiras que resultaram em elevados gastos, as pessoas tendem
a evitar o que levou a esses tropeços financeiros e a ignorar formas de prevenção
para atitudes futuras relacionadas ao uso do dinheiro.
Ferreira (2014) também traz a ideia de que há influências que podem interferir
nas decisões econômicas, conhecidas como humor, detalhes irreverentes no
ambiente, emoções e dados distorcidos. Neste último ponto, a autora explica que se
origina de uma dificuldade em processar informações por limitações cognitivas e
emocionais, pelo fato de operações mentais não darem conta de ser tão minuciosas
quanto seria necessário ao examinar tudo meticulosamente.
Belsky e Gilovich (2002) também consideram que, com o uso de cartão de
crédito, a pessoa acaba por desvalorizar o dinheiro, levando-a a gastos mais
intensos do que normalmente seriam. Assim, as pessoas entram em um movimento
de ficar mais pobres por tenderem a gastar mais e por tenderem a gastar com
bobagens, ou seja, de maneira mais pobre. Ainda sobre o uso do cartão de crédito,
Furnham (2014) acredita que a maioria das pessoas não consegue imaginar a vida
sem um cartão de crédito/débito ou sem dinheiro, entendendo que as pessoas já se
acostumaram com a presença do dinheiro como forma de permitir que obtenham os
bens e serviços de que necessitam para viver.
Tendo em vista essas questões, a educação financeira pode promover
decisões mais conscientes para às pessoas, possibilitando melhor aproveitamento
de seus recursos financeiros. Sendo assim, Tobias e Cerveny (2012) afirmam que a
educação financeira também contribui para implicações éticas e morais que o
dinheiro pode envolver em um determinado contexto social. Sobre a questão ética,
as autoras explicam que a ética deve estar presente em uma educação que
proporcione consciência no uso do dinheiro sem subornos, sem desmoralizar
terceiros, como uma forma de exercer cidadania, respeitando a si e aos outros.
41
3 MÉTODO
3.2 PARTICIPANTES
A pesquisa quantitativa foi divulgada pela internet por meio de redes sociais
como Facebook, Linkedin, Instagram e WhatsApp e teve participantes apenas do
estado de São Paulo. A pesquisa qualitativa foi realizada na residência da
participante, a fim de que ela pudesse se sentir confortável para responder a
entrevista. Todos os cuidados foram tomados para que não houvesse intromissões
de outras pessoas durante a entrevista e foi esclarecido para a participante a
necessidade da entrevista ser em um local da casa em que ficasse garantida a não
passagem de pessoas durante sua execução.
44
3.4 INSTRUMENTOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
48
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
49
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
50
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Com relação ao tipo de moradia que a população relatou, 37% mora com
parentes, 33% mora em imóvel alugado, 23% possui moradia própria e apenas 7%
reside em moradia cedida. Podemos constatar, a partir destes dados, que menos de
um quarto da amostra (23%) reside em imóvel próprio, compondo o seu patrimônio,
e o restante (77%) reside em moradia de terceiros.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
51
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
52
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
88% das participantes, a maioria, informou não ter filhos(as), 8% informou ter
um filho(a) e apenas 4% informou ter dois filhos(as). Isto é, quase toda a amostra se
caracteriza por mulheres que não são mães.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
53
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
QUADRO 7 Idade
IDADE QTDE
De 20 a 25 anos 52
De 25 a 30 anos 21
De 30 a 35 anos 9
De 35 a 40 anos 8
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
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FIGURA 7 Idade
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
No que diz respeito à idade das participantes, 58% informou ter entre 20 e 25
anos; 23% informou ter entre 25 e 30 anos; 10% entre 30 e 35 anos; 9% entre 35 e
40 anos. Estes dados mostram que a maior parte da população que respondeu ao
questionário se caracteriza por mulheres na fase de juventude e início da vida
adulta, como é estabelecido pela WHO (1986). Um fator que pode ter colaborado
para o número elevado de participantes nesta faixa etária é que, geralmente, o
público mais jovem possui mais acesso e facilidade para lidar com os meios de
comunicações digitais.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
55
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Em relação à idade dos filhos das participantes, 75% tem entre 0 e 3 anos, ou
seja, a maioria. Dos outros 25% restantes, 13% tem filhos com idade entre 11 e 18
anos; 4% de 6 a 11 anos; e igualmente 4% para idades entre 3 e 6 anos e entre 18 e
25 anos. Este gráfico também confirma que a maior parte das participantes que são
mães estão na fase de aquisição proposta por Berthoud (2010), pois possuem ainda
bebês ou filhos ainda na primeira infância.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
56
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
QUADRO 10 Profissão
PROFISSÃO QTDE
Assalariado 45
Não trabalha 28
Autônomo 11
Profissional liberal 6
Aposentada 0
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
57
FIGURA 10 Profissão
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
58
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
59
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
60
Quatro participantes informaram que tem a renda familiar mantida pela mãe e
filhos. Diante desta situação, pode-se interpretar que há mulheres inseridas em
contextos familiares em que não há o provento de um homem para atender as
necessidades da família e os filhos participam desta questão de ajudar com as
questões financeiras da família. 3 participantes informaram que todos os membros
da casa auxiliam na renda familiar, sem especificar se são os pais, os filhos ou
outros. Uma participante informou que a renda é mantida por um casal de mulheres,
ou seja, uma família em que duas mulheres compõem a renda familiar. Uma
participante informou que a renda é mantida por pais e filha e uma outra participante
informou que é mantida por pais e irmãos, evidenciando mais uma vez que os filhos,
em alguns casos, também colaboram com a renda familiar.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
61
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
QUADRO 16 Quais as formas que você usa o seu dinheiro que leva a uma
educação financeira?
Quais as formas que você usa o seu dinheiro que leva a QTDE %
uma educação financeira?
No momento não estou guardando 2 1,3
Doa dinheiro 7 4,5
Empresto dinheiro a amigos e familiares 9 5,7
Tenho previdência privada 11 7,0
Guardo mais do que gasto 16 10,2
Faço investimentos em instituições financeiras e/ou em bancos 32 20,4
Guardo e gasto esporadicamente 39 24,8
Guardo e gasto todo mês 41 26,1
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
FIGURA 14 Quais as formas que você usa o seu dinheiro que leva a uma
educação financeira?
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
26,1% respondeeu que guarda e gasta todo mês; 24,8% respondeu que
guarda e gasta esporadicamente, 20,4% respondeu que faz investimentos em
instituições financeiras e/ou em bancos; 10,2% respondeu que guarda mais do que
gasta; 7,0% respondeu que tem previdência privada; 5,7% respondeu que empresta
dinheiro a amigos e familiares; 4,5% respondeu que doa dinheiro e 1,3% respondeu
que não está guardando dinheiro no momento.
64
A maior parte das participantes informou que guarda dinheiro, seja mensal ou
esporadicamente, além de fazer investimentos financeiros. Este dado mostra que a
população da amostra apresenta certo conhecimento sobre educação financeira,
fazendo escolhas mais críticas e a longo prazo, de acordo com o que diz Kahneman
(2012) sobre fazer escolhas utilizando o S2, planejando suas ações futuras por meio
deste dinheiro que é poupado. Apesar de terem uma porcentagem menor em
relação às outras alternativas, a presença das parcelas correspondentes a guardar
mais do que ganhar e ter uma previdência privada também enfatizam que as
mulheres dessa pesquisa possuem planejamento de longo prazo.
As atitudes de emprestar dinheiro, representada nesta pesquisa por 5,7%, e
de doar dinheiro, representada por 4,5 %, quando acontece com amigos e familiares
diz respeito ao que é apresentado por Tobias e Cerveny (2012) sobre as implicações
éticas e morais que o uso do dinheiro pode trazer. É importante que essas atitudes
sejam tomadas mediante escolhas conscientes dos indivíduos, tendo em vista o uso
do dinheiro sem subornos, sem desmoralizar terceiros, de forma que não venha
prejudicar a si e aos outros (TOBIAS; CERVENY, 2012).
QUADRO 17 O que faz você se sentir segura e confiante para tomar decisões?
O que faz você se sentir segura e confiante para
tomar decisões? QTDE %
Ter a ajuda de alguém 11 3,1
Ter investimentos financeiros 25 7,0
Não depender de ninguém 39 10,9
Ter prioridades e objetivos bem claros 48 13,4
Poder comprar/pagar por coisas que eu quero 53 14,8
Ter um planejamento de gastos 55 15,4
Ter uma renda própria 62 17,4
Ter uma reserva financeira 64 17,9
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
65
FIGURA 15 O que faz você se sentir segura e confiante para tomar decisões?
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
quanto a atender não apenas desejos que devem ser imediatos, mas a satisfação
futura também.
Quanto à opção de ter uma renda própria, podemos analisar essa questão
sob a ótica de Bowen (1978) ao falar sobre a diferenciação do self para
desenvolvimento da autonomia emocional. Ao adquirir uma renda própria, a pessoa
passa a ter mais autonomia sobre suas ações no mundo, algo que pode vir a
contribuir para a autonomia emocional da pessoa, pois este recurso financeiro lhe
proporcionará o poder de escolha de consumo. O aspecto de diferenciação do self
também se liga às alternativas de poder comprar/pagar por coisas que quer e de não
depender de ninguém, já que é a partir dessa diferenciação que o indivíduo passa a
ter a autocrítica de discernir quais serão suas escolhas, neste caso, que decisões irá
tomar com o uso do dinheiro. Dessa forma, ter o sentimento de poder adquirir algo e
não depender de ninguém para isso mostra que as mulheres desta amostra
possuem uma percepção de que é importante desenvolver a sua autonomia, ou
diferenciação do seu self, para então ter o sentimento de segurança e confiança de
suas escolhas.
Ter investimentos financeiros apareceu com uma das menores pontuações,
entretanto essa questão também enfatiza que as mulheres estão começando a
desenvolver de forma mais profunda sua autonomia, já que gerir seu próprio
patrimônio também traz uma demanda de sentimento de segurança diante de suas
atitudes.
Por fim, a alternativa com menor pontuação para esta pergunta foi ter a ajuda
de alguém. Neste ponto, pode-se constatar que ainda há um sentimento de
dependência por parte de algumas mulheres em relação ao seu sentimento de
segurança e confiança. Como também é dito por Kerr e Bowen (1988), há uma
atitude reativa quando a pessoa não possui uma autonomia emocional desenvolvida,
fazendo com que a pessoa tenha dificuldade de separar o sentimento, ou seja, seu
desejo imediato, do pensamento, que é a sua percepção racional perante as
situações de escolha. Por não conseguir fazer essa distinção, a pessoa acaba por
depositar a responsabilidade de suas escolhas sobre outro, gerando, assim, este
sentimento de dependência da ajuda do outro para se sentir segura.
67
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Uma das respostas foi controlar gastos, algo que também está relacionado ao
pensamento crítico e à educação financeira diretamente, conforme visto
anteriormente. Neste caso, a participante aponta que a atitude de controlar os gastos
proporciona a autonomia. Na segunda resposta, fazer um planejamento de gastos,
também se trata dos mesmos aspectos da primeira resposta, ressaltando mais uma
vez como o planejamento financeiro é visto como um fator importante para
desenvolvimento da autonomia. A terceira e última resposta nada mais é do que a
junção de todas as características citadas sobre educação financeira. Esta
participante provavelmente possui uma percepção mais ampliada acerca da
educação financeira e apresenta todas as características como promotoras da
autonomia.
QUADRO 20 Qual a forma que você usa o dinheiro que dificulta uma educação
financeira?
Qual a forma que você usa o dinheiro que dificulta uma
educação financeira? QTDE %
Esquecer de pagar contas 4 4,5
Não fazer orçamento familiar a cada mês 8 9,0
Outros 9 10,1
Gastar mais do que ganha 12 13,5
Pagar dívidas e/ ou empréstimos 15 16,9
Não ter uma preparação para a aposentadoria 18 20,2
Não ser organizado nas finanças 23 25,8
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
70
FIGURA 17 Qual a forma que você usa o dinheiro que dificulta uma educação
financeira?
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Sobre a forma que as mulheres usam o dinheiro e que dificulta uma educação
financeira, 25,8% respondeu que é não ser organizado nas finanças; 20,2% que é
não ter uma preparação para aposentadoria; 16,9% respondeu que é pagar dívidas
e/ou empréstimos; 13,5% respondeu que é gastar mais do que ganha; 10,1%
informou respostas específicas que serão analisadas abaixo; 9,0% respondeu que é
não fazer orçamento familiar a cada mês e 4,5% respondeu que é esquecer de
pagar contas.
Neste quadro, pode-se identificar que o fator organização com o uso do
dinheiro é destaque nas dificuldades de uma educação financeira. Diante do
comportamento financeiro, a organização está associada à atitude de fazer um
planejamento, bem como guardar e investir dinheiro, ações, estas, que
proporcionam ao indivíduo maior aproveitamento de seus recursos financeiros, tendo
em vista que o dinheiro é um fator de estruturação das relações que as pessoas
desenvolvem (WEATHERFORD, 2005). Neste caso, pouco mais de um quarto das
mulheres desta pesquisa compreende que não ser organizada nas finanças impacta
na forma como usam o seu dinheiro, dificultando a educação financeira. Mesmo com
pontuações inferiores, com 9,0% e 4,5% respectivamente, os comportamentos de
não fazer orçamento familiar a cada mês e de esquecer de pagar as contas também
71
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
72
Por fim, a última resposta específica diz respeito à dificuldade relatada pela
participante de manejar suas despesas com o orçamento que lhe é disposto. Sendo
assim, é evidenciado que há uma certa falta de organização por parte da participante
em relação ao seu orçamento, organização, esta, que viria da educação financeira
para colaborar no planejamento dos gastos de acordo com o seu orçamento.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
Para esta pergunta, 26,3% das participantes afirma que não ser organizada
nas finanças dificulta a sua autonomia; 22,5% afirma que é gastar mais do que
ganha; 14,4% afirma que é não fazer orçamento familiar a cada mês; 12,9% afirma
que é esquecer de pagar as contas; 12,0% afirma que é não ter uma preparação
74
para a aposentadoria; 9,6% afirma que é pagar dívidas e/ou empréstimos e 2,4%
informou outras respostas.
Diante do que foi exposto na análise do quadro 5, pode-se evidenciar uma
diferença clara na percepção das participantes quanto às dificuldades que
influenciam sua educação financeira e sua autonomia. Com relação ao aspecto de
organização nas finanças, este se mostrou como o aspecto de maior valor nas duas
questões, concordando que não ser organizada nas finanças é um fator de grande
dificuldade para desenvolver sua autonomia. Com isso, pode-se fazer uma
correlação do desenvolvimento da autonomia emocional, segunda a teoria de Bowen
(1978), com o conceito de S2 de Kahneman (2012), pois as mulheres desta
pesquisa compreendem que elas precisam possuir uma própria organização
financeira para serem pessoas autônomas e que esta organização financeira se dá
por meio de um posicionamento crítico de como usar o seu dinheiro. Ou seja, é por
meio do uso do S2 que elas terão embasamento crítico e racional para orientar suas
decisões em relação ao uso do seu próprio dinheiro, promovendo, assim, o
desenvolvimento de sua autonomia, tanto financeira quanto emocional.
Nas demais respostas, houve uma diferença quanto ao valor de cada
resposta para o desempenhar da autonomia. Nesta questão, gastar mais do que
ganha é o segundo fator que mais dificulta a autonomia das mulheres, o que mostra
que a saída de recursos financeiros desproporcional à entrada destes mesmos
recursos afeta diretamente a autonomia das mulheres. Para as respostas de não
fazer orçamento familiar a cada mês, esquecer de pagar as contas, não ter uma
preparação para a aposentadoria e pagar dívidas e/ou empréstimos pode-se
considerar a mesma análise apresentada na questão anterior, pois apenas mudou o
valor de cada resposta.
As respostas apresentadas como outros serão analisadas a partir do quadro
abaixo.
75
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
QUADRO 24 Você acredita que as decisões que você toma quanto ao uso do seu
dinheiro favorecem a sua autonomia?
Você acredita que as decisões que você
toma quanto ao uso do seu dinheiro QTDE %
favorecem a sua autonomia?
Sim 73 81,1
Não 17 18,9
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
FIGURA 19 Você acredita que as decisões que você toma quanto ao uso do seu
dinheiro favorecem a sua autonomia?
Fonte: dados obtidos por meio do questionário online elaborado pela autora.
81,1% das mulheres desta pesquisa afirma que suas decisões financeiras
favorecem a sua autonomia e 18,9% afirma o contrário. Diante deste dado, cabe
ressaltar o que foi discutido na análise da pergunta 4, pois, ainda que com diversas
dificuldades enfrentadas pela mulher no contexto da educação financeira e do
mercado de trabalho, grande parte delas dispõe do uso do S2 para tomar decisões
mais conscientes ao usar seu dinheiro.
77
disse ter doutorado. A renda familiar variou, metade informando ser de até 5 salários
e metade informando ser de 5 a 9 salários. Quatro informaram que a renda é
mantida pelo homem e complementada pela mulher, uma informou ser mantida por
ambos igualmente, uma informou ser complementada pelos filhos e uma informou
ser mantida pela mulher e complementada pelo homem.
educação financeira e favorece a sua autonomia pois passam a ter uma melhor
percepção de como manejam o seu próprio dinheiro.
De acordo com estas falas, podemos validar o que é dito por D Aquino (2001)
ao ressaltar que o planejamento e controle de gastos é parte crucial da educação
financeira para ajudar o indivíduo a alcançar suas satisfações. Apesar de muitas
mulheres não executarem um planejamento financeiro de fato, as mulheres
entrevistas apresentaram ter a consciência de que planejar e controlar os gastos é
um fator de grande importância para a educação financeira.
Levando em conta o que Ferreira (2014) coloca sobre as intenções e ações
da educação financeira serem mais elaboradas, pode-se constatar que as
entrevistadas se atentam às suas atitudes quanto ao seu dinheiro, pois precisam
analisar seu comportamento econômico para fazer um controle ou planejamento
financeiro. Ao falar de planejamento, pode-se dizer que as participantes fazem o uso
do S2 (KAHNEMAN, 2012), ou seja, fazem um uso crítico de seu dinheiro, quando
estabelecem limites para os gastos a fim de se habituarem ao uso mais consciente e
adequado do dinheiro, promovendo, assim, mais proveito de seus recursos
financeiros.
correspondente hoje a três meses das minhas despesas. Não é três meses do meu
salário, é das minhas despesas, então isso me deixa mais segura para estar
tomando mais decisões. P8.
A garantia de ter um salário fixo ou ter uma reserva financeira poupada
apareceu nas falas das participantes como uma questão recorrente. Esse dinheiro
faz com que as mulheres se sintam seguras, quando algum imprevisto acontecer,
terão o respaldo desse recurso financeiro para suprir necessidades.
Um dos fatores que apontam para esse sentimento de segurança em relação
aos seus ganhos é o que Osipow (1986) diz sobre o jovem procurar se especializar
profissionalmente e buscar um emprego valorizado para ingressar na vida adulta
com o sentimento de segurança e estabilidade. Essa garantia financeira também
está relacionada ao que Furnham (2014) afirma, que para aqueles que possuem o
dinheiro, há a possibilidade de se concentrar em seus próprios desejos,
necessidades e objetivos, sem a necessidade de envolver interações sociais
próximas ou analisar opiniões dos outros sobre o que poderia ser mais atraente ou
útil no momento da troca. Sendo assim, possuir o salário todos os meses e a reserva
financeira proporciona a essas mulheres a segurança de tomar decisões sem ter que
demandar da ajuda de terceiros.
Outro aspecto que pode ser analisado sobre esse sentimento de segurança é
sobre a influência do S2 nas atitudes das mulheres. Segundo a teoria proposta por
Kahneman (2012), o S2 é responsável por programar as ações planejados do ser
humano. De acordo com a fala das mulheres entrevistadas, elas apresentam a
consciência de que terão o recurso financeiro futuro e tomam atitudes para se
programar quanto ao uso mais adequado e seguro desse recurso. Com o aumento
da expectativa de vida de médio e longo prazo do ser humano, o S2 passa a ser
mais solicitado para lidar com demandas mais complexas (FERREIRA, 2015),
fazendo com que as mulheres também precisem pensar em um planejamento de
médio e longo prazo, percebendo que uma reserva é necessária para utilizarem em
um futuro mais distante.
82
(...) com o meu emprego, né ? ...por conta dele que eu tenho o meu salário,
(...) eu não vou precisar ficar precisando, dependendo de alguém, para eu ter as
minhas coisas. P1.
Porque autonomia pra mim vem sempre uma coisa assim... de fazer as
coisas que eu quero e sempre que vem na minha cabeça, entendeu? Com o meu
dinheiro. E assim eu tenho isso, eu tenho essa liberdade, entendeu? (...) As minhas
decisões financeiras... são o que eu quero fazer com o meu dinheiro mesmo, né ?
...tipo, não tem ninguém falando o que eu tenho que fazer. Eu tenho autonomia na
minha vida, eu faço o que eu quero, entendeu? Então, não tem ninguém pra ... que
eu tenha que esclarecer algum motivo do dinheiro que eu tenha, o que eu faço com
o meu dinheiro. Então isso já me deixa sendo uma pessoa autônoma, então eu faço
o que eu quero com o meu dinheiro... P2.
Primeiro, porque eu não dependo dos meus pais, né ? Eu tenho o meu
salário (...), eu posso gastar com o que eu quiser. (...) A gente [eu e meu marido] tem
muita liberdade entre nós para poder decidir o que a gente quiser, então é muito
tranquilo. P3.
É que autonomia eu vejo muito como liberdade financeira, (...) eu compro o
que eu sinto vontade (...) P4.
Eu separo a independência no sentido financeiro e a autonomia no conjunto,
financeiro mais emocional. Então, quando a gente fala sobre autonomia, a gente tá
falando sobre esse conjunto completo, né ? (...) Mas ser uma mulher que tem uma
independência financeira somado com uma independência emocional, eu acho que
isso sim chega no processo de autonomia. Isso não quer dizer que eu não tenha
vínculos, né ? Isso não quer dizer que eu queira perder pessoas ou relações, mas
eu não me vejo refém delas. P8.
Não precisar depender de recursos financeiros de terceiros, pode ser
correlacionado com o desenvolvimento da autonomia da mulher, sendo, este, um
fator positivo para a sua educação financeira.
Diante destas falas, pode-se confirmar os dados apresentados pelo Portal
ODS (2018), que apontam que grande parte da população feminina está inserida no
83
mercado de trabalho, tendo assim a sua própria renda. Como consequência disso,
há um forte estímulo para a autonomia da mulher, tendo em vista o que é
apresentado por Martins (2006), pois ao possuir um trabalho e uma renda, o
indivíduo passa a sustentar o seu próprio crescimento e desenvolvimento. Essa
situação também está de acordo com o que é dito por Diniz (2000) e Meirelles
(2001), já que, com a maior participação da mulher no mercado de trabalho, a
mulher ganhou aumento do seu poder aquisitivo e passa a ter mais influência sobre
as decisões financeiras da família e sobre sua própria vida.
Esse contexto também compõe o resultado histórico das conquistas das
mulheres que teve início na década de 1970 com os movimentos libertários que
buscavam espaço para a mulher no trabalho e na vida pública, a fim de que ela
tenha liberdade e autonomia para decidir sobre sua vida, como exposto por Pinto
(2010). A possibilidade de ter o seu próprio trabalho e, com isso, o seu próprio
salário, viabiliza à mulher mais oportunidades de se desenvolver pessoal e
profissionalmente, dando a ela o poder de escolha, seja no momento de adquirir
bens materiais ou de fazer uso do seu dinheiro de qualquer outra forma sem
depender da aprovação ou julgamento de outros. Essa possibilidade também dispõe
a ela o governo de si mesma por meio de uma posição profissional, reconhecendo o
com independência econômica, conforme Lipovetsky (2000).
Levando em conta também o que é exposto por Reichert e Wagner (2007), as
falas das mulheres apresentam a independência de agirem por conta própria em
relação ao uso do seu dinheiro. Pode-se dizer que, quando as falas das mulheres se
relacionam a ser capaz de tomar decisões financeiras a partir de suas próprias
opiniões e recursos financeiros, estas dispõem de um equilíbrio emocional e
intelectual de forma mais autônoma dentro de suas relações.
que nós vamos gastar, quanto que tem que gastar do dinheiro... que outras coisas a
gente pode fazer, né , tendo uma outra direção dentro da família que cada um pode
tomar, de profissional para tentar ganhar mais dinheiro... acho que isso é uma coisa
que a gente conversa também, eu sinto que eu tenho autonomia em relação a isso,
né , pra propor algumas alternativas, então às vezes eu falo pro meu marido: ah,
acho que a gente tem que abrir um... . P6.
Lógico que uma coisa mais cara a gente vai sentar, vai conversar, não, isso
agora não é o momento , você tem tanto para gastar no mês com a casa, então
vamos administrar o dinheiro, que é isso que tem pra gastar com gesso, com cola... .
então, assim, a gente tem um dinheirinho que é só pra... pras coisinhas da casa no
mês. A gente adaptou isso (...) P7.
Então, eu tenho uma independência financeira dentro da minha ralação, isso
pensando no sentido de casal, afetivamente falando, tá ? Eu participo, né , da
realidade financeira da minha família (...) P8.
Dentro da fase de aquisição da família, fase em que as participantes se
encontram, há o processo em que o casal efetivamente precisa pensar, discutir e
planejar como será o estilo de vida, valores, metas e questões financeiras como dito
por Berthoud (2010). Diante disso, pode-se notar, por meio das falas, que as
participantes conseguem manter um diálogo constante com seus parceiros e criar
acordos financeiros para contribuir com o bem-estar de toda a família, tanto do casal
quanto das necessidades dos filhos. A autora também assinala que geralmente é a
mulher a responsável por gerenciar o dinheiro da família, sem que necessariamente
ela tenha uma renda ou seja a provedora, mas ela possui esse papel de controle dos
gastos e necessidades de todos. Isso também pode ser identificado nas falas de P6,
P7 e P8, pois afirmam que conversam com seus parceiros sobre necessidades
futuras que precisam ser planejadas; que diante da compra de algo de valor maior,
há o diálogo e análise em conjunto; e que negociam a aquisição de bens em
conjunto e gastos que são permitidos dentro da relação, como é apontado por
Tobias (2012).
O diálogo sobre dinheiro dentro da família também indica que, mesmo que
implicitamente, as mulheres veem a importância de se desenvolver dentro do
contexto familiar à educação financeira, pois ao buscar planejar, negociar e analisar
os gastos, custos e necessidades futuras em conjunto, indicam o pensamento por
meio do S2, proposto por Kahneman (2012). Neste movimento, tanto as mulheres
87
ser o ensinamento que a gente tem dos meus pais, o que já é afetado porque eles
também não tiveram esse ensinamento na escola, né ? P1.
D Aquino (2001) apresenta que uma educação financeira desde a infância é
quando se ensina a criança a ter a tolerância necessária para conquistar a
satisfação de seus desejos, ajudando-a a perceber que o ato de poupar pode levá-la
à realização de objetivos. Quando essa educação financeira não acontece e o
indivíduo chega à vida adulta, passando a ter acesso a um dinheiro que é seu e
tendo a possibilidade de usá-lo da maneira que preferir, ocorre uma forte influência
do S1 (KAHNEMAN, 2012). Por não ter desenvolvido o pensamento crítico e
planejador em relação ao dinheiro, a pessoa passa a se orientar pelo S1, que visa
atender seus desejos e necessidades imediatas, sem racionalizar sobre qual o
melhor uso desse recurso financeiro que está a sua disposição. Por não estar
habituado ao ato de planejar criticamente, outros problemas surgem para atrapalhar
o desenvolvimento da autonomia da pessoa, problemas estes que serão tratados
nos próximos tópicos.
...Você gastar com coisas que não têm importância, você... não saber para
onde ele [o dinheiro] tá indo, gastar, só gastar, gastar, gastar... e não ter esse
controle. P4.
Tem algumas coisas que eu gosto mais, que daí eu não planejo muito, que é
parte de estudo, congresso, essas coisas... então dinheiro que é do trabalho assim,
é uma coisa que eu não penso muito. Parece que é uma coisa assim que passa fora
da educação financeira, se eu precisar gastar eu gasto, se precisar... porque são
coisas que eu gosto né... eu sempre gastei muito o meu dinheiro com isso, né, em
congresso, livro, em material e esse tipo de coisa. P6.
Caía o meu salário, quando chegava no dia 20... 25, eu tava dura, né?
...Contando [os dias] pra chegar o dia 30 de novo pra entrar o salário de novo, com
aquela ilusão que todo mês ia cair e, enfim... P8.
Eu não sou aquela pessoa que tem planilha... eu tento ter e a planilha não
dura 15 dias comigo, que eu paro de alimentar. Então, assim, nesse ponto, eu sou
muito desorganizada, eu sou muito insubordinada a mim mesma. Que eu sei que eu
preciso de planilha, eu sei que eu preciso acessar as informações, eu sei que eu
preciso anotar o que eu gasto e eu não faço. P8.
Gastar mais do que se ganha, ter dificuldade de controlar os gastos e não
seguir um planejamento são fatores ligados ao que se refere o S1 (KAHNEMAN,
2012). Por ser primitivo e tentar se satisfazer de forma imediata às sensações de
desconforto, a pessoa pode ter atitudes impulsivas diante de uma decisão de
compra. Assim, a pessoa pode agir de maneira impulsiva, intuitiva e sem esforço,
colaborando para que a pessoa tome decisões com poucas evidências e tirando
conclusões precipitadas, sem de fato analisar se fazer aquele determinado gasto irá
lhe trazer um retorno que compense o que foi gasto.
Ferreira (2015) também aponta o S1 como um desafio para a educação
financeira e, consequentemente, para a autonomia, já que as ações frente às
tomadas de decisão são automáticas quando orientadas pelo S1, voltadas a uma
impulsividade na execução das atividades, sem considerar as consequências.
Consequências, essas, que foram citadas pelas participantes, como gastar com
coisas sem im , extrapolar o limite de gastos e o limite de renda, não
conseguir distribuir o dinheiro disponível para ser usado ao longo do mês etc.
Outra questão é que as participantes podem não ter muito claro para si
mesmas a diferenciação de seus desejos e necessidades, fazendo com que não
90
educação financeira e... eu sei que é um dinheiro que vai e não volta, é realmente
para realizar um prazer momentâneo da vida. P2.
O que dificulta é o impulso de comprar, eu não tenho noção nenhuma. P4.
Muitas das vezes eu não penso. Se eu tenho dinheiro e quero comprar, eu
vou e compro. Daí dificulta um pouco, porque daí acontece alguma coisa que eu
preciso do dinheiro eu já gastei com outra coisa. P5.
Ah, na compra de roupas, cosméticos... ah, roupa é meio... você usa esse
mês, esse ano, ano que vem já saiu a moda, você já quer outra roupa, então é uma
coisa fútil, assim, né, se você pensar bem. Você se sente bonita, sente prazer
naquele momento que você tá ali, mas aí depois passa. É uma coisa... é uma
bobeira, uma bobagem de gastar, porém também não é, né ? Porque aí você
também aumenta a autoestima, né ? Você vai num cabelereiro, fazer a unha... sai
linda! P7.
Muitas vezes eu uso o dinheiro com compensações. Então, assim, se eu
tô ... se eu trabalhei muito, se eu tô muito cansada, se eu tô de saco-cheio...
muitas vezes, assim, eu não me preocupo em olhar preço da coisa, sabe? Eu vou
muito no merecimento. P8.
Ao tomarem a atitude de comprar algo por impulso, as participantes fazem
uso do S1 (KAHNEMAN, 2012), isto é, tomam uma decisão intuitiva, sem esforço,
sem muita clareza e sem pensar racionalmente nas consequências que essa compra
pode acarretar. Esse funcionamento mental de curto prazo busca atender
necessidades de forma imediata, para trazer conforto e satisfação o mais rápido
possível, fazendo com que as participantes não avaliem de forma clara e racional
essas compras. Considerando estas situações, as participantes possuem uma
dificuldade em relação à educação financeira de analisar com mais critérios suas
compras. Ferreira (2014) também ressalta que influências como humor, detalhes do
ambiente e emoções afetam a tomada de decisão com o dinheiro, o que pode ser
constatado nas falas acima, como comprar por compensações, por autoestima e
prazer momentâneo.
As atitudes impulsivas também estão ligadas com a relação de dependência
emocional das participantes, visto que, diante de situações de escolhas
estressantes, se a pessoa não tiver a capacidade de separar o sentimento do
pensamento, isso dificultará a sua percepção racional da situação. Com isso, elas
acabam por ter uma atitude reativa a fatores estressantes e comprando coisas para
93
(...) Uma boa parte do dinheiro deve ser destinada para os filhos e aí o
salário da mãe, por exemplo, diminui e acaba por não poder comprar as coisas para
ela mesma, né, não pode utilizar aquilo de uma forma para bem próprio, né ? P1.
Eu acho que é questão de prioridade, entendeu? Por exemplo, é... Do
mesmo jeito que eu posso pensar olha, esse dinheiro aqui será... tanto vai ser para
investimento, pra ... sei lá, qualquer outra coisa que eu queira . Quem tem filho já
não tem essa prioridade de fazer o que quiser com o seu dinheiro, porque, por mais
que tenha as suas responsabilidades financeiras, tem a responsabilidade financeira
da criança também, né ? P2.
Deve ser bem difícil, porque quando você tem um filho... Pelo menos todas
as mães que eu converso, a mulher nunca se prioriza, ela prioriza o filho né. Então,
tipo, é tudo o filho, é alguma coisa que o filho precisa, Então a casa fica de
lado, os gastos pessoais ficam de lado, é tudo pro filho. Digo, pequeno, , maior
não conta. P3.
95
Toda mãe acaba tirando a maior parte do dinheiro pra cuidar do filho. Ou é
educação, ou é coisa de casa, ou de comer... e, por exemplo, eu que não tenho
responsabilidade nenhuma, o meu dinheiro vai tudo pra mim. P4.
Sim, é diferente, com certeza. De diferença... Vamos lá: vamos supor,
quando eu não tinha ainda a filha, né, e queria passear, ia comprar alguma coisa,
comprava... Não tava nem aí, comprava. Dava pra comprar, a gente comprava.
Agora a gente tem que pensar, porque, ... Às vezes tem, é um remédio que
aparece que tem que comprar, né, alguma coisa... É mais isso, questão de remédio,
de ficar doente ou de ela querer alguma coisa e, ... e aí a gente tem que
maneirar um pouco no nosso pra ter mais pra ela. P5.
(...) Quem tem filhos, geralmente, acho que pensa um pouco nos gastos de
educação, tem muitos custos, ... então, antes as pessoas tinham mais filhos e
parece que... tinha menos... não que tinha menos necessidades, mas tinha menos
demanda, menos... então parece que as famílias não gastavam tanto, ? Não era
tão gasto ter um filho. P6.
Quando você não tem filho, você compra tudo pra você. Você vai em um...
na parte de roupa, de sapato, de bolsa e... Nossa, quando eu não tinha filha, era
bolsa, sapato... era os meus... Não podia ver uma bolsa diferente, que eu queria. E,
depois que você tem filho, você vai só pra parte infantil... aí , que lindo
esse, vai combinar com esse sapato, com essa tiara, com esse laço, com essa
tão, depois que você tem filho, sim, você não pensa muito em você.
P7.
Eu acho que as prioridades, às vezes, são muito diferentes, Então as
que têm filhos que vão tomar decisões financeiras, As prioridades, da maioria
pelo menos, é o bem-estar do filho. P8.
Conforme é apresentado nas falas acima, as mulheres que são mães
possuem uma atitude financeira diferenciada das mulheres que não tem filhos em
questão de prioridade de compra. Mesmo saindo para o mercado de trabalho, as
mulheres ainda enfrentam uma dificuldade de mudança dos padrões tradicionais da
sociedade e ainda tomam para si a responsabilidade pelo ambiente doméstico,
conforme dito por Meirelles (2011). Com isso, as mães também tiram de seus
recursos financeiros para atender às demandas dos filhos, muitas vezes em
detrimento de suas próprias vontades.
96
Acaba por não poder comprar as coisas para ela mesma né, não pode utilizar
aquilo de uma forma para bem próprio né, assim, digamos para a autoestima, né,
que tem que deixar de ir num cabeleireiro para pagar uma escola da criança. P1.
...Ela deixa de gastar muito com ela de vestuário, lazer, ginástica, coisas do
físico, né, de se cuidar, assim, pra deixar um pouco mais, né, pra atender as
necessidades das crianças... isso é muito comum, acho que acontece bastante.
P6.
Agora, sim, que as meninas estão maiores que eu tô voltando a falar: Não,
você tem bastante roupa, deixa a mamãe comprar pra mamãe ficar bonita também ,
entendeu? Então, elas já percebem: Nossa, mãe, você não comprou nada pra mim ,
ué, mas olha quanta coisa você tem, olha quanta coisa que eu compro pra você .
Mas é porque elas já meio que acostumaram ser tudo pra elas e nada pra mim,
P7.
De acordo com as falas acima, evidencia-se que as mulheres, ao priorizarem
os gastos com o(s) filho(s), têm como consequência uma diminuição da sua
autoestima. Isso se dá porque a mulher tende a usar o seu dinheiro para atender as
97
necessidades do(s) filho(s) e reduz os gastos não essenciais consigo mesma, como
com roupas, sapatos, acessórios e salão de beleza. As mulheres que são mães
tendem a analisar com mais calma os gastos e as suas consequências, priorizando
o uso do seu dinheiro para as despesas da casa e da família, que, deste modo, se
encaixa em um modelo patriarcal.
...Mas isso, de realmente, das mães pensarem, é... em, por exemplo, na
criança primeiro, não é o primeiro pensamento de um homem, entendeu? Se um
homem quiser investir, ele investe e ponto. E a gente que sobreviva com o resto do
dinheiro, entendeu? E uma mãe não, uma mãe sempre vai pensar primeiro na
criança para depois no investimento. P2.
Acho que as decisões devem mudar muito, porque, tipo, se eu tivesse um
filho agora, todas as metas que eu tenho agora, eu mudaria. Seria tudo pro meu
filho, seria um berço melhor, um brinquedo melhor, brinquedos educativos, a escola
que tem que pagar, quanto melhor escola, a escola mais cara é, fraldas e comida e
babá e, nossa, é muita coisa. P3.
Antes, antes do meu filho nascer, acho que a gente [eu e meu marido]
compartilhava mais a coisa da educação... do financeiro da família, o aspecto
financeiro. (...) E aí, depois, depois que você tem filho, acho que você... primeiro
você vai pensar, acho que nos gastos da criança... eu acho que isso, que a mulher,
ela retira um pouco os gastos dela, ... e se ela tem um bom diálogo com o
parceiro, ela tira um pouco dos dois, Então, isso é uma coisa que aconteceu na
minha família, a gente tira, tirou um pouco dos dois, ... do que eu gastava para
mim, meu marido gastava para ele, a gente fazia um gasto pro filho, Mas acho
que nem todas as mulheres conseguem fazer isso, quem tem parceiro, né , às
vezes, a mulher, ela tem que... ela deixa de gastar muito com ela de vestuário, lazer,
ginástica, coisas do físico, né , de se cuidar, assim, pra deixar um pouco mais, né ,
pra atender as necessidades das crianças... isso é muito comum, acho que
acontece bastante. P6.
98
Diante da tabela acima, pode-se evidenciar que, em relação aos aspectos que
favorecem, algumas decisões aparecem nas duas pesquisas (quantitativa e
qualitativa). Uma dessas decisões reincidentes é a de fazer um planejamento
financeiro, o que mostra que as participantes apresentam a percepção de que fazer
um planejamento financeiro é uma parte importante da educação financeira e
contribui para sua autonomia. Além do planejamento financeiro, ter uma reserva
financeira e ter uma renda própria também apareceram como questões fortes para
contribuir com a autonomia da mulher.
Em relação às questões que dificultam a educação financeira e a autonomia
da mulher, o planejamento financeiro também foi percebido como um fator relevante,
pois a falta dele acarreta consequências negativas à autonomia. Além disso, a falta
de organização financeira e a ausência de educação financeira na família também
foram percebidas pelas mulheres como sendo decisões negativas para a sua
autonomia. Outro ponto que apareceu nas duas pesquisas, mas com termos
diferentes, é a atitude de gastar mais do que ganha e o uso descontrolado do cartão
de crédito. Nestes dois casos, a pessoa tem dificuldade em estabelecer limite de
gastos, levando a consequências de dependência financeira de outros.
101
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
e/ou empréstimos, gastar mais do que ganha, não ter reserva financeira e não fazer
um planejamento financeiro. Na pesquisa qualitativa, essas decisões também
apareceram como questões que dificultam a autonomia da mulher, além de outras
decisões, tais como: pedir ajuda financeira de alguém, agir por impulso ou por
influência de outros e usar o cartão de crédito sem organização. Tais
comportamentos apresentam uma maneira impulsiva e não crítica do uso do
dinheiro, gerando situações em que a mulher não consegue dispor do seu dinheiro
de maneira próspera e com educação financeira, levando à necessidade de ajuda de
terceiros para se manter em suas condições.
No que diz respeito ao objetivo de identificar e compreender quais as
diferenças entre as tomadas de decisão na educação financeira das mulheres que
têm filhos e das que não têm filhos, foi constatado na pesquisa qualitativa que sim,
há diferenças nas decisões desses dois grupos de mulheres. A principal decisão
identificada como diferente para as mulheres que são mães foi a priorização dos
gastos com o(s) filho(s) e não consigo mesmas. Mulheres que têm filhos colocam as
necessidades destes como prioridade para gastos financeiros, independente se o pai
da criança provê recursos financeiros para tal. Essa decisão acaba trazendo para as
mulheres a maior responsabilidade sobre os gastos advindos de seus filhos,
provocando consequências para a sua autonomia, já que o dinheiro que seria
destinado para suas próprias necessidades e desejos acaba sendo redirecionado.
Diante do que foi constatado nesta pesquisa, entende-se que as mulheres
que possuem maior conhecimento e prática da educação financeira tendem a tomar
melhores decisões em relação ao uso do seu dinheiro, o que contribui para o
desenvolvimento da sua autonomia. Estas práticas de educação financeira das
mulheres desta pesquisa referem-se a: fazer planejamento financeiro, tomar
decisões conscientes de consumo, poupar dinheiro todo mês, ter uma reserva
financeira, ter uma renda própria, não depender de terceiros, investir em educação
financeira e ter um diálogo com família/cônjuge sobre dinheiro.
Sugere-se o aprofundamento de estratégias para aperfeiçoar a compreensão
das melhores maneiras de manusear o dinheiro. Além disso, investigar sobre o que
leva as mulheres a tomar para si toda a responsabilidade financeira dos filhos, uma
vez que os pais também têm essa responsabilidade. Uma outra sugestão para
futuras pesquisas seria investigar como essa autonomia emocional da mulher em
103
REFERÊNCIAS
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112
3- Estado civil:
( ) Solteira
( ) Solteira com filho(os)
( ) Noiva
( ) União estável. Há quanto tempo?_______________________________
( ) Vivendo o primeiro casamento. Há quanto
tempo?_______________________________________________________
( ) Vivendo o segundo casamento. Há quanto
tempo?_______________________________________________________
( ) Viúva. Há quanto tempo?_____________________________________
( ) Divorciado/ Separado. Há quanto tempo?________________________
4- Tipo de moradia?
( ) Moradia própria
( ) Moradia cedida
( ) Moradia alugada
( ) Moradia com parentes
8- Idade da mulher?_________________________________________________
Olá! Sou Agnes Beatrice dos Santos Rodrigues, R.A. 10040530, estudante
regularmente matriculada no último ano do curso de Psicologia da Universidade de
Taubaté (UNITAU), sob a orientação da Profa. Dra. Andreza Maria Neves
Manfredini, estou realizando uma pesquisa para o meu trabalho de graduação cujo
título A autonomia emocional das mulheres na educação finan Diante disso,
gostaria de convidar mulheres que estejam na faixa etária dos 20 aos 40 anos de
idade, que residam no estado de São Paulo, a participar da pesquisa, respondendo
o questionário. A pesquisa tem o objetivo de identificar e compreender como a
tomada de decisão das mulheres ao usar o dinheiro afeta a autonomia emocional
das mulheres. Para o indivíduo participante, essa pesquisa pode trazer como
contribuição, uma maior clareza sobre o uso que faz atualmente com o dinheiro e
com o que fez no passado. Para você participar da pesquisa, basta ler e aceitar o
que consta no termo de consentimento livre e esclarecido e, logo após o aceite, terá
acesso às perguntas e assim poderá responder ao questionário. Número do
CEP/CAAE (Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa): 29529720.2.0000.5501.
QUESTIONÁRIO
1. Em sua opinião, o que é uma educação financeira?
a. ( ) Saber administrar os bens
b. ( ) Poupar/economizar dinheiro
c. ( ) Investir dinheiro e bens
d. ( ) Ter um planejamento financeiro
e. ( ) Tomar decisões conscientes de consumo
f. ( ) Outro:___________________________________________
2. Quais as formas que você usa o seu dinheiro que leva a uma educação
financeira? Assinale quantas alternativas você realiza atualmente.
a. ( ) Guardo e gasto esporadicamente
115
3. O que faz você se sentir segura e confiante para tomar decisões? Assinale
quantas alternativas você realiza atualmente.
a. ( ) Ter uma renda própria
b. ( ) Ter a ajuda de alguém
c. ( ) Não depender de ninguém
d. ( ) Ter uma reserva financeira
e. ( ) Poder comprar/pagar por coisas que eu quero
f. ( ) Ter um planejamento de gastos
g. ( ) Ter investimentos financeiros
h. ( ) Ter prioridades e objetivos bem claros
5. Qual a forma que você usa o dinheiro que dificulta uma educação
financeira?
116
7. Você acredita que as decisões que você toma quanto ao uso do seu
dinheiro favorecem a sua autonomia?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não
117
Consentimento pós-informação
Eu, _____________________________________________, portador do documento de identidade
____________________ fui informado (a) dos obje A autonomia emocional das mulheres na
educação financeira de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento
poderei solicitar novas informações sobre a pesquisa e me retirar da mesma sem prejuízo ou penalidade.
Declaro que concordo em participar. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi
dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
_______________, _________ de __________________________ de 20_____.
_____________________________________ Assinatura do(a) participante
119
Consentimento pós-informação
Eu, _____________________________________________, portador do documento de identidade
____________________ fui informado (a) dos objetivos da pesquisa A autonomia emocional das mulheres na
educação financeira eira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento
poderei solicitar novas informações sobre a pesquisa e me retirar da mesma sem prejuízo ou penalidade.
Declaro que concordo em participar. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi
dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
_______________, _________ de __________________________ de 20______.
_____________________________________ Assinatura do(a) participante
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