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Montar fora de continuidade foi de início, para Glauber, muito mais um recurso extremo,

sem o qual talvez não tivesse sido possível montar seus filmes, do que propriamente o
resultado de uma proposta estética. (…) Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, (…)
quando Corisco tomba morto depois de ser atingido por Antônio das Mortes (…), alguns
fotogramas do movimento da queda foram retirados, basicamente para não mostrar a
reação instintiva do ator procurando proteger o rosto do impacto no chão.”

Glauber, portanto, filmou errado, mas estas e outras patologias acabaram se


transformando num “estilo criativo e transgressor”. Assim, mesmo que você ache que
está “errado”, os críticos vão dizer que está “certo”. O problema é que você, que não se
chama Glauber Rocha, não pode fazer a mesma coisa. Os críticos dirão que você é
incompetente. Inovar sempre é possível, mas prepare-se para aguentar as
consequências.

No seu primeiro filme, o importante é evitar erros patológicos demais. Os outros você
pode assumir como seu “estilo pessoal de filmar” (mesmo que isso seja uma grande
enrolação). A linguagem serve para contar a história. O resto vem depois e você pode
aprender à medida que faz mais filmes.

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