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Capa: Criativa TI
Revisão: Tatiana Domingues
Diagramação: Giuliana Sperandio
Páginas: 151
Ficção Brasileira
Romance erótico
— Oi.
Ouvi uma voz suave quando estava verificando o último cavalo.
Coloquei a cabeça para fora da baia e me deparei com uma mulher morena,
de cabelos negros e um vestidinho justo no corpo.
— Vim te chamar para almoçar, todos os peões estão em volta da
mesa e se você piscar, vai ficar sem almoço.
— Oh, acho que me perdi na hora. Fico grato por ter vindo me
chamar.
A moça sorriu. Ela tinha um jeito angelical, o que a tornava tentadora,
principalmente com aquelas coxas bronzeadas de fora.
— Vamos?
— Amigona, daqui a pouco nos vemos, tá bem? — Falei para
Doralice acariciando sua crina.
— Você parece gostar deles.
— Sim, gosto muito. Os cavalos são muito especiais.
— Também gosto.
Quando estávamos saindo do estábulo, a dona Maria Augusta chegou
trazendo Galante. Sua roupa estava um pouco molhada na altura dos bustos e
quadril, e ao me ver com a moça que ainda não sabia o nome, seu semblante
ficou ainda mais fechado.
— Onde você vai? — Questionou sem ao menos me cumprimentar. A
educação dessa mocinha passou longe.
— Vim buscar ele para almoçar, Guta.
— Antes de ir, leve o Galante para a baia dele, por favor.
— Não demore, Mariano ou vai ficar sem almoço. — A garota falou
um pouco melosa.
— Pode ir Zuleica, o Mariano vai depois. — Maria Augusta falou
meu nome como se ele tivesse um gosto amargo. Ainda não consegui
entender todo esse desprezo por minha pessoa.
— Posso perguntar uma coisa, dona Maria Augusta? — perguntei
assim que a Zuleica se afastou. — Você é sempre azeda assim ou é só
comigo?
— Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo? — A
mulher praticamente rosnou.
— Apenas fiz uma pergunta, não precisa ficar tão brava. — Uma
mulher brava é boa para ser domada. Quis acrescentar, mas fiquei com
medo de perder o emprego.
— Só não o mando embora porque o haras não é meu. — A mulher
virou as costas e foi embora, pisando duro e com raiva do mundo.
Guta
Como aquele filho da mãe ousa falar comigo daquela forma? Eu não
era azeda. Apenas não gostava dele. Não gostava da presença dele porque me
fazia esquecer o quanto amava Hugo e o quanto estava sofrendo por ele.
— O que foi, Guta? Por que está com essa cara? — Dona Marli
perguntou.
— Não é nada, vó. Apenas estou estressada.
— Estar estressada é melhor do que estar chorando. — Selena
alfinetou. — Ainda não te vi chorar... Acho que isso é bom. — Não estava
entendendo a Selena.
— Não entendi...
— Não há o que entender.
— É... Acho que você está bem. — Vovó emendou. — Acho que o
clima está fazendo bem a ela, Selena querida. Não acha também?
— Sim. Aqui é um lugar muito lindo, com pessoas bonitas e
charmosas... — Minha amiga sorriu. — Não sei, mas acho que tem um certo
peão te deixando estressada. — Selena cochichou.
— Qual é a fofoca? Também quero saber. — Vovó perguntou.
— Não é nada, dona Marli, apenas disse que as meninas chegam no
sábado.
— Essa festa está mesmo de pé?
— Claro, Guta! Você se livrou de uma porcaria, isso merece uma
celebração.
— Não estou vendo a Guta tão animada assim....
— É porque não estou vó... Queria ficar quietinha, curtindo minha
fossa. — Na verdade, queria ficar quietinha pensando em um certo peão.
— Que fossa? Parece que essa fossa ficou no Rio de Janeiro.
— Também acho... Vocês vão chamar o peão novato, né? — Vovó
quis saber.
— Todos estão convidados.
— Falando nele, ele estava se engraçando com Zuleica lá no estábulo.
— Não sabia porquê, mas isso fazia meu sangue ferver.
— Parece que isso te incomoda. — Dona Marli observou.
— Nem um pouco, mas ela ainda é uma menina.
— Não sei quem te disse isso, aquela garota já deitou na cama de
mais peão que posso contar.
— Que isso, vó! — Falei horrorizada. — Não me diga uma coisa
dessa!
— Pois estou falando.
— E o Orlando?
— Esse aí, coitado, já cansou de falar com a irmã, mas ela disse que
quer aproveitar o melhor que a vida tem a oferecer.
— Ela está certa. — Selena comentou.
— Também acho. — Minha avó concordou. — Só acho que ela tem
que se prevenir, caso contrário vai aparecer com uma barriga, ou pior, doente.
— Credo. Vamos mudar de assunto. — Não queria ficar imaginando
Mariano e Zuleica juntos.
— Como foi o passeio pela cidade ontem? Vocês não me contaram.
— A senhora só sabe dormir, vó!
— Ando muito cansado, minha filha.
— Entendo, é a idade, né?
— Pois é... Descobriram o que farão?
— Já... Vamos abrir um café e uma livraria. — Contei cheia de
expectativas.
— Não sei se o povo aqui é chegado à leitura.
— Ah, mas vamos agitar isso. A livraria e o café estarão no mesmo
local, e se chamará “café com livros”, as pessoas poderão ler um livro e
tomar café ou só tomar café ou só ler os livros, alguns ficarão à disposição da
clientela.
— Entendi. Vou torcer para que dê tudo certo.
— Obrigada, vó. Estamos cheias de expectativas.
— Verdade, dona Marli.
— Se precisarem de algo...
— Obrigada, vó!
Capítulo Sete
Assim que abri meus olhos, lembrei-me de que dia era. Seria o dia do
meu casamento com Hugo e para meu espanto não havia dor em meu
coração, apenas estava triste por todas as coisas que aconteceram.
Olhei no celular e ainda era cedo, mas perdi o sono. Estiquei meu
corpo sobre os lençóis, dei uma espreguiçada gostosa e levantei.
— Bom dia, bela adormecida! — Vovó estava lendo um livro sentada
confortavelmente no sofá da sala.
— Acordada tão cedo? — Bocejei. — Será que tem café nessa casa?
— Pra você sempre terá, minha netinha. — Dona Marli falou, mas
não se mexeu no sofá. — A Ermínia está terminando de passar, posso sentir o
cheiro.
— E Selena, onde está? — Vovó me observava atentamente por cima
da armação dos óculos de grau.
— Levantou bem cedinho. Acho que está arrumando as coisas para
logo mais.
— Estou te atrapalhando, né vó?
— Você nunca me atrapalha. — Ela sorriu com carinho. — Estou
apenas te observando.
— Por que? — Perguntei curiosa.
— Achei que amanheceria de mau humor.
— O haras está me fazendo bem... — sorri sem jeito.
— O Haras? Sei...
— Não entendi vó...
— Vai tomar seu café, vai menina.
— Tá bom. — Fui para a cozinha atrás de algo para comer.
Tomei meu café e fui para a varanda com meu Kindle em mãos.
Ao longe avistei o carro de Lizzie e me levantei para recebe-la.
— Ora, ora! Lizziane Bellini em nossas terras? Quanta honra!
— Que recepção mais sem graça... Antigamente, as amigas vinham
receber na porteira.
— Desculpa o mau humor dela, mas ela está sofrendo mal de amor!
— Selena surge não sei de onde. — A senhorita quer que eu carregue suas
malas também? — Gargalho.
— Não há necessidade, Vossa Excelência.
— Bem-vinda de volta ao Haras Montenegro, já estava com saudade
— Abraço Lizzie apertado.
— E como você está?
— Já estive pior, mas ficarei bem. O ar puro do Haras está me
fazendo muito bem.
— Tão bem que não a vi chorar desde que chegamos aqui — Selena
observa.
— E isso é ruim? — Arqueio a sobrancelha.
— Claro que não, né? Eu quero mais é te ver feliz. Aquele saco de
estrume não era bom o suficiente para você, e eu sempre disse isso. Nunca
me enganei com a cara dissimulada dele.
— E me fala, tem peão gostoso aqui para eu me esbaldar? — Lizzie
pergunta quando já estamos na sala.
— Orlando e Breno — Comento.
— Ah, não, falo de carne nova. Eu já conheço esses, e não fazem o
meu tipo.
— Tem um novato, o nome dele é Mariano. Uma delicinha de peão.
— Selena conta.
— Esse não é grandes coisas, é melhor manter-se bem afastada —
Falo irritada.
— Ela não foi com a cara do pobre rapaz, mas ele é uma delícia, você
logo o conhecerá.
— Acho que vou dar uma cavalgada. Sinta-se em casa, Lizzie — Saí
em disparada, completamente irritada e incomodada.
Só de pensar em alguém colocando os olhos em Mariano, ficava
nervosa. O meu sangue quase fervia.
Ao contrário do que disse, me enfiei no meu quarto e tentei em vão,
ler um livro.
Estava curiosa com a tal festa que Selena estava organizando, mas
não estava animada. Na verdade, estava bastante nervosa. Não sabia o que
esperar dessa noite. Selena havia guardado tudo em segredo. E tudo o que eu
queria era que esse dia passasse logo.
A única coisa que me fazia esquecer os problemas eram cavalgar e a
visão perfeita de Mariano. Mas para meu bem-estar emocional, era melhor
ficar longe dele.
Depois de cavalgar um pouco, fui ao encontro das meninas, elas
estavam próximas ao alojamento dos peões. Ao longe vi que alguns estavam
ajudando-as.
Havia algumas bandeirinhas penduradas e ri.
— Isso é uma festa junina? — Chamei a atenção das meninas e dos
rapazes que estavam junto, entre eles Orlando e Breno.
— É só para deixar o ambiente mais alegre. — Selena bufou e revirou
os olhos.
— Oi meninas! — Dei um abraço em cada uma das meninas que
ainda não tinha visto.
— Guta, aqui só tem gato! — Lizzie cochichou.
Isso porque Mariano não está aqui.
— Estamos bem servidas. — Falei em tom de cumplicidade.
— Sinto muito pelo o que aconteceu. — Malu comentou.
— Tudo bem. Eu estou bem. Estou melhor do que imaginei.
— Estou vendo! — Cinthia comentou.
— É melhor assim. Vamos nos divertir bastante! — Cidinha quase
pulava de alegria.
— Como disse Selena, vamos encher a cara! — Todas riram.
— Animada? — Breno se aproximou sorrateiramente e perguntou.
— Estou um pouco mais depois que as meninas chegaram.
— Será que é pedir muito para reservar uma dança para mim, mais
tarde?
— Claro que não! Danço com o maior prazer! — Sorri e ele pegou
em minha mão entrelaçando nossos dedos.
— Senti muito sua falta.
— Tem bastante tempo que não venho mesmo aqui. — Ao longe
avistei Mariano que olhava diretamente para nossas mãos unidas. Por
impulso a puxei. — Vou ver se as meninas não precisam de ajuda.
Saí de perto de Breno, mas ainda vi que Mariano nos observava.
Já estava tudo arrumado para logo mais e resolvi dar uma fugida para
cavalgar. Esse era meu passatempo preferido no Haras.
Fui em direção ao estábulo, queria pegar Galante e cavalgar até a
pequena cachoeira que havia em nossa propriedade.
Procurei por Mariano no estábulo, mas ele não estava. Para minha
surpresa era Breno, novamente.
— Oi Breno, será que você pode preparar o Galante para mim?
— Oi princesa! Com maior prazer!
— Está sozinho? — Na verdade queria perguntar se Mariano estava
dentro de algumas das baias, mas não queria demonstrar interesse.
— Não. O Isaías está em uma das baias. Mariano já acabou o
expediente.
— Cedo assim?
— Ele pega às cinco, então... — Fiz as contas mentalmente. Eram oito
horas de trabalho, então pela hora ele já tinha terminado mesmo.
— Ah sim. — Por onde será que esse peão anda?
— Aqui seu menino. — Breno me entregou as rédeas do Galante e
segurou novamente minha mão. — Não esquece a minha dança, hein?!
— Pode deixar. — Pisquei e sorri.
— Muito chato o que aquele cara fez com você... Se precisar de um
amigo... — Ele se aproximou e pegou uma mexa do meu cabelo.
Um dia eu gostei desse sujeito, mas o encanto se perdeu quando
conheci o Hugo.
Dei um passo pra trás, me afastando um pouco.
— Obrigada. — Forcei um sorriso.
— Saiba que jamais faria aquilo com você... — Aquilo o quê?
Por um instante, até esqueci que meu ex-noivo tinha me traído. O
haras realmente estava me fazendo muito bem.
Sorri sem jeito e subi em Galante.
— Obrigada, Breno. — Gritei ao me afastar um pouco. — Vamos,
meu amigo. Agora é só eu e você...
Entrei mata a dentro. Eu e Galante.
O cheiro de mato me acalmava. Respirei fundo. Aquele cheiro de
terra úmida misturado ao cheiro das folhas, do verde fazia tudo dentro de
mim se acalmar. Era como se estivesse em outra realidade. O ar puro entrava
em meus pulmões revigorando todo meu ser.
Para chegar à cachoeira, passava por uma mata fechada. Conhecia
aquele lugar como a palma da minha mão.
Estava calor. O ar estava seco. Sentia o suor descer por minhas costas
e ansiava para sentir o toque da água gelada da cachoeira em minha pele.
O caminho foi rápido. Amarrei galante em uma árvore e tirei a blusa
que usava. E joguei em cima do cavalo. Estava há alguns metros do riacho
quando o vi. Meu coração saltou no peito e me escondi atrás de uma árvore.
Encostei meu corpo em seu tronco e fechei os olhos, respirando
pesadamente. O que esse homem causava em mim, em meu corpo?
Criei coragem e espiei, ainda com parte do corpo escondido na árvore.
Mariano estava em pé, de costas para mim, olhando para algo dentro
da água. E para minha surpresa, ele estava completamente nu. Do jeito que
veio ao mundo.
Respirei fundo e fiquei imóvel, completamente parada. Não conseguia
mover nenhum músculo do meu corpo. Apenas observando aquele corpo
perfeito. Não sabia que um peão poderia ter um corpo desses. Se já o achava
perfeito, agora então...
Ele se virou, mas não me viu. Pude vê-lo de frente. Meus olhos foram
descendo pelo corpo definido lentamente. Os braços musculosos e definidos,
o tronco perfeito cheio de gominhos, as coxas grossas e bem torneadas e o
membro... meus olhos grudaram no seu membro que era grande mesmo sem
estar em atividade. Fiquei pensando como seria vê-lo excitado. Céus! Ele era
a perfeição em pessoa.
Sacudi a cabeça e umedeci os lábios. Esse peão estava me tirando do
sério.
— Está gostando do que vê? — Mariano gritou e meu coração parou
por um instante. — É feio ficar observando a intimidade dos outros.
— Você sabia que esse é um lugar público? Podia estar com a minha
avó.
— Desculpa, mas precisava correr o risco.
— Precisava ficar sem roupa?
— Já nadou nua? É a melhor sensação do mundo. Sensação de
liberdade.
— E você não vai se vestir. — Ainda estava vidrada em seu corpo
perfeito.
— Você já viu tudo o que tinha para ver mesmo...
— Você é mesmo um pedante!
— Que nada! — fez um gesto com a mão. — Eu sou gostoso e isso
você pode comprovar.
— Arg!
Irritada, rapidamente coloquei minha blusa, montei em Galante e saí
dali antes que fizesse uma besteira.
Mas não era Mariano que me irritava. A irritação era comigo, por
permitir que aquele homem mexesse tanto comigo.
Entrei em casa feito um furacão, furiosa. Minha avó, Selena e as
meninas ficaram me olhando passar enquanto eu me enfiava em meu quarto e
batia a porta.
— O que deu nela? — Ouvi Selena perguntar.
Já em meu quarto, andava de um lado para o outro. Me sentia
ultrajada, afrontada. Que ódio sentia daquele peão.
Como ele se atrevia a ficar nu em um local público? E aquele corpo
perfeito, todo esculpido de forma que atraía meus olhos?
Fechei meus olhos e respirei fundo tentando me acalmar, mas era
inútil. Seu corpo perfeito aparecia em minha mente, até conseguia ouvir sua
voz debochada perguntando se estava gostando do que via. Mas era claro que
não! Odiei vê-lo daquela forma!
A quem estava querendo enganar? Fiquei em êxtase ao ver Mariano
nu. Meu corpo inteiro pegava fogo.
Arranquei minha roupa e fui para o banheiro, talvez um banho gelado
apagasse o fogo crescente em meu corpo.
A noite chegou. Estava ansiosa por vê-lo novamente. Não sabia se
estava pronta para encará-lo, mas ainda assim a ansiedade corroía-me.
— Vamos Cinderela, a carruagem já chegou. — Ouvi Selena me
chamar.
Respirei fundo e saí do quarto.
— A quem está querendo impressionar? — Minha amiga perguntou.
— A ninguém. — Menti.
Durante o tempo que fiquei em meu quarto, decidi que não mentiria
mais para mim. Pelo menos comigo seria sincera e eu estava louca por aquele
peão. Não sabia qual era o motivo para tanto encantamento, mas a verdade
era que estava louca por ele.
— Me conta, o que aconteceu que te deixou tão estressada.
Precisava mesmo contar para alguém, aquilo estava me sufocando.
— Fui cavalgar. Fui até a cachoeira e encontrei Mariano lá.
— O peão gostosão que nos ajudou?
— Ele mesmo.
— Vocês se pegaram? — Os olhos de Selena chegaram a brilhar. —
No meio do mato? — Ela falava empolgada. — Foi bom?
— O quê? Não! — Balancei a cabeça para afastar a imagem que
Selena colocou na minha cabeça: eu e Mariano nos pegando.
— Se você não quiser, eu quero amiga! Ele é um gato!
— Eu o vi nu. — Soltei, ignorando seu comentário.
— Como? — Selena piscou repetidas vezes.
— Ele estava nu, na cachoeira.
— Ele é tão gostoso quanto parece?
— É mais. — Confessei. — A visão do corpo perfeito dele não sai da
minha cabeça.
— Privilegiada! — Ela me deu um tapinha fraco no braço. — Me
conta... e o instrumento? — Arregalei os olhos ao me lembrar.
— Enorme! — Fiz um gesto com as mãos para mostrar o tamanho. —
Isso porque não estava em atividade. — Selena deu um gritinho gargalhando
e eu a acompanhei.
— Por que estão tão empolgadas? — Maurício perguntou.
— Que horas você chegou?
— Não tem muito tempo. Me disseram para não te perturbar, pois
estava estressada, mas pelo visto o estresse já passou. O que houve?
— Não foi nada, não se preocupe. — Não poderia contar ao meu
irmão, ele teria um treco.
— Pensei que te encontraria pra baixo.
— Estou bem, Mau. — Abracei meu irmão. — De verdade.
— Tenho uma coisa pra te falar... Falo hoje ou espero até amanhã?
— Pode falar, nada do que você me disser vai estragar meu dia.
— Então tá....
— Mau, não. — Selena interveio.
— Ela quer saber.
— Vocês estão me deixando preocupada. O que houve? Vovó está
bem?
— É sobre o Hugo. Ele já tem um comprador para o apartamento. Já
tirei tudo o que te pertence de lá.
— Tudo bem. — Dei de ombros.
— Tem mais. — Assenti para que ele continuasse. — Ele e a
namorada marcaram a data do casamento.
— Que sejam felizes. — Falei. E era realmente o meu desejo.
Hugo era uma página virada. Queria seguir adiante.
— O que aconteceu?
— Nada, por quê?
— Você não é a mesma pessoa que saiu do Rio há alguns dias.
— Hugo ficou no passado.
— Assim que se fala, amiga!
— Selena, isso não é bom. Ela está em negação.
— Que negação, Maurício. Quer que eu fique chorando por um
homem que me traiu?
— Não, mas tenho medo do que isso pode fazer com você.
— Ela está bem, Mau... Já está até de olho em outro.
— Como?
— Selena, alguém já te disse que sua língua é grande demais? Quando
você morrer vai ter que ser dois caixões: um para corpo e o outro para a
língua!
Minha amiga apenas revirou os olhos e eu os deixei para trás.
Encontrei as meninas e a vovó nos esperando na sala e fomos todas
para a tal festa.
Alguns empregados já estavam agitando a festa. Leandro e Leonardo
cantavam Não aprendi dizer adeus, e me vi na minha infância. Meus avós
ouviam muito sertanejo, então cresci ouvindo e amando.
— Preparamos um karaokê.
— Mentira? Vou poder cantar Evidências! — Gargalhei.
— Você é péssima cantando, mas sim.
— Oba!
— Tenho mais duas surpresas...
— Conta! — Pedi em expectativa.
— Uma já posso adiantar... — Selena indicou com a cabeça para um
homem que pegava um violão e se sentava em um banquinho e mexia no
instrumento. Meu coração quase parou quando vi que o homem era Mariano.
— O que ele vai fazer?
— Cantar.
— Mentira que ele canta!
— Canta, e pelo que soube, canta muito bem.
— Isso é o que veremos...
Mariano começou a dedilhar Investe em Mim do Lucas Esticado.
O observei. Ele fechou os olhos quando começou a cantar:
“Sei que você não ama mais ninguém
E nem quer amar 'tá bom do jeito que 'tá
Seu coração 'tá machucado demais”
Um frio percorreu minha espinha. Não sabia explicar, mas aquela música fez
meu coração acelerar, reverberando por todo meu corpo.
“Investe em mim aposta tudo em mim
Eu prometo te fazer feliz
Eu prometo te fazer feliz”
E quando chegou no refrão, Mariano abriu os olhos e deu de cara
comigo o encarando. Ele sorriu, mordeu o lábio e piscou.
“Investe em mim aposta tudo em mim
Eu prometo te fazer feliz
Eu prometo te fazer feliz”
Era como se ele tivesse me fazendo uma proposta, pedindo para que
eu investisse nele. Meu corpo inteiro esquentou e as imagens dele nu na
cachoeira invadiram minha mente.
Mais uma mordida nos lábios, com os olhos fixos em mim, quase me
fez ir até onde ele estava para o agarrar e provar aquela boca que parecia
chamar pela minha. No entanto, me fiz de difícil e permaneci com as
meninas.
— Guta, aqui só tem gato! — Lizzie comentou.
— É, menina, eu não sabia que a festa seria assim. Deixei por conta
da Selena, e vejo que foi o meu erro.
— Erro? Só vejo acertos aqui. Essa festa será um sucesso — Ela sorri
e vai em direção as bebidas. Logo volta com um suco pra si e uma cerveja
para mim.
— Está gostando?
— Estou. O pessoal parece que está se divertindo. — Apontei para as
meninas dançando com os peões. — E você não vai dançar com ninguém? —
Vi que ela olhou para um homem que não conhecia, mas sabia que ele tinha
vindo com Orlando.
— No momento só quero fazer companhia para a minha amiga, pode
ser?
— Claro! Quando estiver preparada estarei aqui. — Falou
compreensiva.
— Obrigada. E você, como está de verdade?
— Olha, achei que estaria bem mal, viu?! Mas não estou. Consigo ver
que Hugo não era para mim. A gente sempre brigou tanto, eram sinais que
fazia questão de ignorar.
— Entendo. Logo, logo você se apaixona de novo, arruma um novo
amor.
— Ah não! — Fiz um gesto com a mão dispensando o novo amor. —
Quero somente curtir. Dessa vez vou ouvir os conselhos de vovó. —
Gargalhamos.
— Sua avó é muito pra frente.
— Ela é... acho que na verdade ela sente falta de uma companhia
masculina, ainda torço para que ela encontre o amor novamente.
— Vamos brindar? — Lizzie sugeriu. — A nós e a curtição.
— Isso! — gargalhamos novamente, mas dessa vez meus olhos se
encontraram com os de Mariano.
— Esse peão tá de olho em você. — Minha amiga afirmou.
— Que nada! — Bebi minha cerveja para disfarçar. Ainda não queria
explanar que aquele peão mexia comigo por inteiro.
— Gente, gente! — Selena falou no microfone. — Chegou a hora
mais aguardada por todos.
— Do que ela está falando? — Perguntei a Lizzie e ela apenas deu de
ombros.
De repente Selena me puxou e me colocou sentada em uma cadeira,
todas as luzes se apagaram e Feel it do Michele Marrone começou a tocar.
Vindo não sei de onde, seis peões que trabalham na fazenda
apareceram na minha frente com roupas de cowboy e dançavam
sensualmente. Meus olhos percorreram entre eles buscando um em especial,
mas não o encontrei.
Entre eles estavam Orlando e Breno. O segundo se aproximou de mim
e começou a abrir os botões da camisa que usava. Os outros seguiam fazendo
a mesma coisa, entretanto, Breno estava bem perto de mim, como se estivesse
fazendo um strip-tease somente para mim. Eu gritei, mas gritei de nervoso.
Era uma mistura de nervosismo e euforia. Breno era bonito, mas não chegava
aos pés de Mariano.
Sensualmente, Breno puxou a calça que como por um milagre se
soltou inteira e ele a jogou em um canto, ficando apenas de cueca box,
deixando de fora as pernas torneadas. Eles pareciam especialistas no assunto
e estavam arrasando. E não imaginava que os trabalhadores do Haras
tivessem corpos tão definidos e gostosos. Até o mais feio dentre eles, tinha o
corpo sarado. Será que era o trabalho braçal ou eram ratos de academia?
Breno pegou minha mão para que eu passasse por seu corpo. Não
estava à vontade com a situação, mas ainda assim o fiz, era o que esperavam
de mim. Se fosse para escolher, optaria por Mariano, óbvio.
Olhei de relance e vi que Mariano me observava. Aproveitei para
provocá-lo e passeei ainda mais com minha mão pelo corpo de Breno. Estava
o usando e ele estava gostando.
Quando por fim a música acabou, a mulherada gritou e aplaudiu.
— E aí, amiga, gostou? — Selena perguntou.
— Eu adorei! Meu Deus, como você teve uma ideia dessas? E como
ensaiaram em tão pouco tempo?
— Ah, eu dei uma ajudinha, mas o mérito todo é do Breno. Vi que a
senhora estava se divertindo. — Acusou.
— Estava mesmo. — A diversão era da cara de Mariano que me
encarava de cara amarrada. Pelo visto eu não era a única afetada aqui.
Bebi mais alguns copos de cerveja. Não era de beber muito, então
qualquer pouquinho que bebia era suficiente para me deixar alegre e corajosa.
Olhei ao redor e não vi Mariano. Comecei a procurá-lo como quem
procura um tesouro, até que o vi bebendo sozinho atrás de uma das árvores
que tinha pelo local.
Enchendo-me de coragem, olhei ao redor e vi que ninguém prestava a
atenção em mim, então fui praticamente correndo ao seu encontro.
Capítulo Oito
Maria Augusta estava uma delícia naquele short jeans grudado no
quadril que deixava as coxas grossas de fora. A blusa branca de renda que
deixava a metade da barriga exposta estava me deixando doido.
Depois que ela me flagrou nu, não consegui parar de pensar nela.
Estava curioso por saber o que ela estava pensando ao meu respeito, se eu a
afetava da mesma forma que ela me afetava. Não adiantava mentir. Maria
Augusta mexia comigo de uma forma que nenhuma outra mulher mexia.
Talvez fosse por ela ter aquele jeito metido, o nariz empinado. E talvez fosse
porque ela não me dava bola. Dormir estava ficando difícil, já que ela não
saía dos meus pensamentos.
Quando a olhava, meu corpo inteiro fervia, doido para tê-la em meus
braços, em minha cama. Precisava matar esse desejo que queimava minha
carne.
Quando a vi na cachoeira somente com a parte de cima do biquíni, fiz
um esforço sobre-humano para que meu pau não subisse. Tudo o que queria
era jogá-la em uma daquelas pedras e fazê-la minha.
— Ela ainda vai deitar na minha cama. — Ouvi Breno comentar
com Orlando e mais alguns peões. — Eu que tirei a virgindade, sabiam disso?
— Que isso, hein garanhão. — Um dos peões comentou. — Conta pra
gente, como foi?
— Apertadinha... Deliciosa... — Falou e virou sua cerveja na boca. —
E mesmo depois de ter arrombado aquela bocetinha, a safada ainda era
apertada. Só de lembrar, meu pau já fica duro.
— Não tem um assunto melhor para falar não, Breno? — Perguntei
irritado.
— O que é, tá com inveja? — Ele falou e os outros explodiram numa
gargalhada.
— Inveja de você? — Quem gargalhou foi eu, mas era tudo
encenação. Não tinha inveja, tinha ódio por ele estar expondo a intimidade da
Maria Augusta. — Tenha dó!
— Eu sei que você está doido para comer, mas aquela ali já é minha,
pode tirar o olho!
— Será? — Realmente tinha minhas dúvidas. — A única coisa que
sei, é que minha mãe me ensinou a tratar uma mulher, a respeitá-la. E tudo o
que se é feito entre quatro paredes com uma, deve permanecer entre eles. Fica
a dica para você não ficar passando vergonha, e nem ficar expondo mulher
nenhuma. — Virei as costas. Não queria ficar mais perto desse infeliz.
— Ih, ah la! Ele ficou com ciúmes! — Mais uma explosão de
gargalhadas. — Quer fazer uma aposta, novato? — Virei e o encarei. —
Vamos ver quem come primeiro?
— Não vou fazer nenhuma aposta com você e lave essa boca para
falar dela. Que linguajar é esse? — vociferei com o dedo em riste.
Posso ser o safado comedor de mulher, filho da puta, mas sempre as
tratei com respeito. A safadeza só acontece entre mim e a mulher que estiver
comigo.
— Tá bom. Vamos ver com quem ela faz amor primeiro? Melhorou,
novato? — debochou.
— Não quero nada com você.
— Se você apostar comigo, não falo nada pra ninguém quando ela for
pra cama comigo, mas se você não apostar, vou contar para todos os peões da
fazenda o que fiz com ela nos mínimos detalhes. — Os peões gritaram e vi
que o alvoroço chamou a atenção de Maria Augusta. — A decisão é sua! —
Breno levantou sua caneca com líquido espumoso de cor âmbar em minha
direção. — O que me diz?
— Tudo bem. Mas se eu a levar para a cama primeiro vou querer que
você suma daqui. Está entendido?
Ele parecia pensar.
— Tudo bem. Mas se eu levar, vou querer o mesmo de você.
— Ok. Mas terão que provar. Só a palavra não basta. — Um dos
peões falou analisando a situação.
— Verdade. — Outros concordaram.
— A calcinha. — Ouvi alguém falar. — Aquele que conseguir, pega a
calcinha.
— Fechado! — Breno quase gritou, já se achando vitorioso.
— Olha, eu conheço a Guta desde de menino, e se ela descobrir, não
vai gostar desse trem aí não. — Orlando alertou.
— Vai pular fora, novato?
— De jeito nenhum. Eu topo.
Topei, mas tendo a certeza de que jamais mostraria algo tão íntimo a
qualquer um desses idiotas. Se Maria Augusta deitasse em minha cama ao
menos uma vez, já ficaria satisfeito e iria embora com prazer.
— Vou ali cantar mais umas músicas...
— Eu não queria falar, mas Breno eu acho que o novato tá chamando
a atenção da dona Guta. Vi ela olhando para ele enquanto cantava. —
Mathias, um dos peões, comentou e vi Breno ficar vermelho.
Os outros riram e eu saí de perto, não queria mais discutir com aquele
patife.
Antes de voltar para o palco, peguei uma cerveja. Todos os meus
movimentos eram calculados de forma que Maria Augusta jamais saísse do
meu campo de visão e não é me gabando, mas reparei que ela também me
olhava bastante.
Encostei em uma das árvores e vi que Breno se aproximou e a levou
para dançar. O homem estava praticamente se derretendo para a mulher.
Maria Augusta, por sua vez, parecia gostar das investidas de Breno, o que me
deixava com raiva.
Já cansado de ver os dois juntos, ele com aquelas mãos nojentas em
cima dela, corri até o palco, peguei o violão e dedilhei umas notas. A música
que tocava foi interrompida pelo DJ, afastando assim o casal que dançava.
— Dona Maria Augusta, essa música que vou cantar agora é
especialmente para você. Um dos peões da fazenda pediu para que eu
tocasse, então...
Quando falei seu nome, seus olhos se arregalaram. Sua cara de
assustada me fez rir. Não podia falar, mas quem dedicava a música a ela era
eu.
Quando comecei a cantar, eu tinha sua atenção completa. Fitei seus
olhos azuis cristalinos e sorri. Maria Augusta tentou, mas não conseguiu
segurar o sorriso que surgiu em seus lábios.
“Quero beber o mel de sua boca
Como se fosse uma abelha rainha
Quero escrever na areia sua história junto com a minha
E no acorde doce da guitarra
Tocar as notas do meu pensamento”
Não estava apaixonado por ela, mas tinha algo dentro de mim que se
remexia quando a via, quando ela sorria. Seu sorriso era devastador. Ele tinha
o poder de destruir, devastar não só um quarteirão, mas uma cidade, um
estado inteiro. Ela era linda, perfeita demais.
“... Eu quero ser o ar que tu respiras
Eu quero ser o pão que te alimenta
Eu quero ser a água que refresca
O vinho que te esquenta...”
E eu a vi sorrir mais de uma vez.
Estava calor, muito calor. Era uma típica noite de verão, estava
abafado. Me afastei um pouco para pegar um ar e esquecer que Maria
Augusta estava se acabando com os peões do Haras durante o strip-tease que
foi feito para ela. Sim! Selena combinou com eles para fazerem um
verdadeiro show e Breno estava no meio.
Estava irritado. Primeiro, porque aquele Breno era um imbecil. Ficou
apenas de cueca se esfregando na Maria Augusta, pegando em sua mão e
passando por seu corpo. Ela, por sua vez, parecia apreciar a situação. E
segundo porque o imbecil ficou me olhando, como se dissesse que ganharia a
aposta, já se sentindo vitorioso.
O que me irritava não era o fato de perder uma aposta, mas sim o fato
dela cogitar estar na cama do idiota.
Respirei fundo, dez, vinte, trinta vezes. Bebi um pouco da minha
cerveja, e um pouco mais calmo, resolvi voltar. No entanto, um par de mãos
me puxou para trás de uma das árvores. Estava pronto para dispensar
qualquer mulher que fosse, mas não estava preparado para ver o rosto da
pessoa que me puxou.
— Por que você não estava no strip-tease? — Maria Augusta
perguntou, a voz um pouco arrastada.
— O quanto você bebeu, hein mocinha?
— Só um pouquinho. — Ela fez um gesto indicando a quantidade
entre os dedos polegar e indicador. Sorri. — Sabia que seu sorriso é lindo? —
Sorri mais ainda. Toda aquela irritação que estava sentindo foi embora.
— Você não é a primeira que diz isso...
— Você deve ser um filho da puta, né? Deve pegar todo o tipo de
mulher...
— Sou um filho da puta gostoso, mas só pego as mulheres que me
interessam.
— E eu te interesso?
— Muito. — Respondi sem pensar.
— Então vem cá!
Maria Augusta me puxou. Nossos corpos colidiram. Ela passou a
língua em meus lábios de forma provocativa, o que acendeu ainda mais a
chama que crescia dentro de mim.
Nossos lábios se encaixaram e tudo a nossa volta desapareceu. A
música, o falatório, os gritos cessaram e tudo o que eu pensava era no corpo
perfeito de Maria Augusta junto ao meu e em nossas bocas unidas.
Mordi seus lábios e ela gemeu. Nossas línguas estavam presas,
enroladas uma na outra, apenas conversando, se conectando. Suas mãos
desciam e subiam pelas minhas costas.
Maria Augusta se esfregava em mim, na minha ereção
desavergonhadamente. Se ela fosse qualquer outra mulher não me importaria
em possuí-la aqui mesmo, atrás dessa árvore, sem pudor, forte e firme como
estava acostumado a fazer, mas ela merecia que fosse em um lugar melhor,
confortável e que de preferência não tivesse nenhuma gota de álcool no
corpo.
— É melhor pararmos por aqui, mocinha. Ou não serei capaz de me
conter. — Mordi seus lábios. — Que tal depois que a bebedeira passar você
me procurar? Aí não me sentirei um cafajeste por abusar de meninas
inocentes.
Ela me empurrou. Voltou a ser a Maria Augusta de sempre.
— Quem você pensa que é?
— Ei mocinha, foi você quem me beijou. — A imprensei de volta na
árvore, esfreguei minha ereção nela buscando alívio e arranquei mais um
beijo daquela boca gostosa. E só interrompi quando estava sem ar.
Maria Augusta me deu um leve empurrão e saiu meio tonta, meio
cambaleante para se juntar ao pessoal.
— E não é que a mocinha beija bem?
Capítulo Nove
— O que você tem, Guta? — Selena me perguntou assim que
entramos em meu quarto. Por causa das meninas, ela dormiria comigo essa
noite. Já era madrugada quando a festa acabou.
— Nada, por quê?
— Eu vi você indo atrás do Mariano...
— Eu... eu...
— Você pode me contar tudo, sabe disso.
— Eu sei, é só que...é estranho.
— Ok, pra você saber que pode confiar em mim, quero te contar uma
coisa. — Selena falou meio receosa.
— O quê? O que aconteceu?
— Beijei seu irmão.
— O quê? — Gritei como uma louca. — Como? Quando?
— Calma! — Ela pediu. — Foi na semana passada.
— E por que demorou tanto para me contar?
— Tinha medo de como você reagiria.
— Deixa de bobagem, tudo o que quero é que meu irmão seja feliz e
você também.
— Obrigada. — Selena tinha os olhos marejados.
— Então vocês estão juntos?
— Não. Foi só um beijo. Nós ainda não conversamos sobre isso e não
quero colocar expectativas, não quero me machucar porque gosto dele de
verdade.
— Ah amiga! Maurício não é de sair por aí beijando garotas, se ele o
fez é porque realmente gosta de você.
— Espero. Agora, me conta . O que houve?
— Beijei o Mariano. — Falei de uma vez e esperei por sua reação que
foi igual a minha.
— O quê? — Selena estava empolgada. — Foi bom?
— Foi delicioso.
— Então vocês estão juntos?
— Não! Aquele peão me irrita! — Minha amiga riu.
— E por que o beijou?
— Sei lá, acho que estava bêbada. — Ela gargalhou.
— Não faz seu tipo... — Ela fez silêncio. — Desculpa, mas tenho que
perguntar... E o Hugo?
— O que tem o Hugo?
— Vocês dois...
— Não existe nós dois há muito tempo, eu só não vi isso. E desde que
cheguei aqui nem penso na existência dele, é estranho, não é? Há uma
semana estava chorando por ele e agora nenhuma lagrimazinha...
— Acho que você se apaixonou...
— Não fala besteira, Selena. No máximo é tesão enrustido.
— Então dá logo e resolve o problema!
— Você sabe que não sou assim!
— Eu sei, mas para tudo há uma primeira vez... — Minha amiga
piscou. — Cara! Você pegou o peão mais gostoso do Haras! Tá com tudo!
Selena estendeu a mão para que eu batesse e assim o fiz.
— Por onde você andou, Guta? — Lizzie perguntou assim que passei
pelas portas de casa. — Está toda molhada. Você sabe que não posso deixar
meu avô muito tempo sozinho. Ele deve ter aprontado todas em minha
ausência.
— Desculpa, estava na cachoeira, chamei vocês e vocês não quiseram
ir, lembram?
— Estava até agora na cachoeira? — Selena perguntou e eu assenti.
— Sozinha?
— Espera, o que eu perdi? — Lizzie perguntou.
— Selena, alguém já disse que você tem a língua do tamanho do
mundo?
— Vou contar de uma vez, não sou baú... Guta está dando para o peão
mais gato do Haras.
— Mentira! — As meninas falaram juntas.
— Verdade. — Cobri meu rosto envergonhada.
— Olha gata, bem que eu achei que você estava bem demais para
quem perdeu o noivo, não que eu ache isso ruim, pelo contrário. Acho
maravilhoso. Agora conta, os detalhes por favor!
— Não vou fazer propaganda! — disse emburrada.
— Está com medo da gente roubar seu peão? — Malu perguntou.
— Ela está certíssima. — Cidinha respondeu. — Mas me conta, qual
deles? Aquele que você ficou passando a mão?
— Não! Aquele ali é um ex-namorado. — Cinthia se manifestou.
— Gente! Que babado! — Malu comentou.
— O gato mesmo é o cantor.
— Guta do céu! Para tudo que ele é lindo mesmo! E aqueles olhos? A
cor dos cabelos?
— Lizziane, sossegue esse facho!
— Seu cowboy é lindo, mas o meu Leonardo é mais. E só tenho olhos
para ele, então não se preocupe.
— Acho bom!
— Conta vai... foi bom? — Malu quis saber. — Estava com ele até
agora?
— Sim e sim. — Abri um sorriso. — Mariano é maravilhoso.
— Ele canta bem, isso posso comprovar.
— Ele é um amante perfeito. Nunca me senti assim, tão ligada a outra
pessoa como sinto com ele.
— Guta... — Selena me chamou séria. — Você está apaixonada.
— Que apaixonada, está doida Selena? — Falei indignada. — Gosto
da companhia, do sexo, mas só. Não me apaixonei por ele.
— Se você está falando...
— Vou tomar um banho, já volto para conversarmos mais, está bem?
E Lizzie, vou querer saber essa história com esse tal de Leonardo, hein?!
— Ah, pode deixar, conto tudinho porque sou dessas!
Deixei as meninas e fui para o banho, mas meu coração estava
pesado, triste por não ter conseguido me acertar com Mariano.
Capítulo Treze
Há três dias não via Mariano. Desde a última vez que estivemos
juntos, optei por não procurá-lo, mas estava morrendo de saudades. Queria
estar com ele novamente.
Durante esses três dias, eu e Selena andamos pela cidade para
procurarmos um lugar para abrir nosso pequeno negócio e encontramos um
ponto bom comercialmente falando. Combinamos com Lizzie que ela nos
daria uma mãozinha já que ela era designer de interiores.
Já era tarde da noite quando decidi me arrumar. Coloquei uma
lingerie bem sexy de cor preta e vestido soltinho e saí. Minha avó e Selena
ficaram me olhando, mas no momento, na situação que estava, com o coração
apertado de tanta saudade, optei por ignorar as duas que ainda estavam
acordadas jogando xadrez na sala.
Conforme ia me aproximando, meu coração ia batendo mais forte.
Minhas mãos suavam, e estava difícil respirar.
No entanto, o golpe que tomei foi maior que qualquer coisa: Mariano
estava sentado em um dos bancos conversando com Zuleica. Os dois
pareciam animados e ele não parecia sentir minha falta, não do jeito que eu
estava sentindo dele.
Parei por um instante observando os dois. Pareciam entrosados em
uma conversa e ele sorria. Sorria não, gargalhava.
Talvez ele não fosse mesmo para mim.
Quando decidi virar as costas e voltar para casa, seus olhos
encontraram os meus. Meu coração, por um segundo, parou de bater. Respirei
fundo, girei os calcanhares e caminhei em direção oposta.
Não sabia porque, mas meus olhos teimam em deixar que grossas
lágrimas escapassem por eles. Era a primeira vez que chorava desde que
cheguei à fazenda. Minha mente zombava de meu pobre coração, me
lembrando que os homens não são confiáveis e que não deveria ter me
apaixonado tão rápido, ter entregado meu coração tão rápido nas mãos de um
desconhecido.
Quando estava chegando em casa, senti seus braços agarrarem minha
cintura. Tentei limpar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, não queria
que Mariano me visse chorando.
— Me solta, Mariano! — Exigi, mas ao contrário girou meu corpo e
me prendeu com mais força.
— Você foi atrás de mim? Você está chorando? — Perguntou
preocupado. — Por quê? O que houve?
— Nada. — falei com raiva.
— Olha, eu não tenho nada com a Zuleica. Estávamos apenas
conversando, nada demais.
— Você parecia bastante à vontade, de onde estava conseguia ouvir
sua gargalhada. — Ele sorriu.
— Não precisa ficar com ciúmes. Meu coração é seu. — Essa frase
fez meu corpo inteiro incendiar.
— Não estou com ciúmes. — Menti.
— Então por que está chorando?
— Não estou chorando, caiu um cisco em meu olho. — Mariano
deitou a cabeça e me olhou de lado com um sorrisinho presunçoso nos lábios.
— Volta comigo. Estou morrendo de saudades do seu cheiro, do seu
gosto. — falou enquanto passeava o nariz em meu pescoço. Seu gesto me
deixou de pernas bambas.
— Por que não chama a Zuleica pra ir com você? — Não queria dar
o braço a torcer.
— Porque não quero a Zuleica, quero você. — E então Mariano
alcançou minha boca, depositando um beijo quente, deixou meu corpo inteiro
mole.
Já sem pensar, caminhei ao seu lado quase correndo de volta para o
alojamento.
Olá querido leitor! Obrigada por viver comigo mais essa grande
aventura. Espero que tenha gostado de Mariano e Guta. Sou grata a cada um
de vocês! Ah, conheçam Nas Amarras de Leonardo também! Ele é da autora
Léia Fernandes. Escrevemos essa duologia em parceria.
Quero agradecer também a minha parceira Léia Fernandes, que
embarcou comigo nessa aventura. Amei a nossa parceria. Que venham outras
histórias lindas! Obrigada!
Minha família. Mãe e pai, minha base, meus maiores incentivadores.
Posso dizer que minha mãe é minha fã número um. Te amo! Na verdade, amo
vocês dois!
Adriano e Daniel, os dois homens da minha, meu amor é de vocês!
Minha amiga e beta Drica Kelys que foi maravilhosa e paciente
comigo. Meu muito obrigada, lindona!
Minhas parceiras e amigas que a vida literária me trouxe: Tatiana
Domingues, uma pessoa incrível sempre disposta a me ajudar. Mari Sales,
outra que tem o coração enorme e mesmo sem saber me incentiva a cada dia.
As meninas do grupo Parceiras se Divulgam: obrigada meninas, pelo
apoio e carinho!
Elaine Pinheiro que tem me ajudado tanto nas divulgações. Não tenho
palavras para expressar minha gratidão. Deus abençoe grandemente sua vida!
Gratidão! ♥
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