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Copyright © Mariana Helena

Todos os direitos reservados.


Criado no Brasil.

Capa: Criativa TI
Revisão: Tatiana Domingues
Diagramação: Giuliana Sperandio
Páginas: 151
Ficção Brasileira
Romance erótico

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a
reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Epílogo
Agradecimentos:
Últimos lançamentos:
Sobre a autora:
Prólogo
— E seu marido, gostosa? — Mal bati na porta e Lucélia me agarrou,
grudando sua boca na minha.
Ela vestia uma fina camisola de cor branca que não escondia nada,
pelo contrário, atiçava ainda mais a vontade de me atracar com ela. Dava para
ver perfeitamente seus seios por trás do tecido. O bico duro, chamando por
minha boca.
— Ele está viajando, Mariano. Preciso apagar esse fogo que queima
em meu corpo.
— Desse jeito não resisto, mulher! — Agarrei-a para mais um beijo,
completamente faminto. Minhas mãos passeavam pelo corpo dela totalmente
sem controle, não deixando nenhum pedacinho de fora.
— Quero que você me coma agora, garanhão. — falou com a voz
melosa.
— Assim, sem preliminares, sem nada?
— Já estou tão molhada que você nem precisa ter trabalho. — A
safada levou a minha mão até sua entrada e pude constatar que dizia a
verdade. Lucélia estava encharcada. — Tira logo essa roupa, quero ver esse
seu corpão maravilhoso e delicioso.
Com pressa, Lucélia abriu minha blusa e os botões da camisa voaram
pela casa. Rapidamente abri minha calça, e coloquei meu membro para fora.
Lucélia o olhava como se fosse a primeira vez. Sorri. Sabia exatamente o que
causava nas mulheres. A maioria delas se derretia por mim e eu ficava
bastante satisfeito.
— Anda logo, enfia isso em mim, quero te sentir por inteiro. —
Pediu apressada.
— É o que você quer, gostosa? Então vem aqui, vira esse traseiro pra
mim — dei um tapa em sua bunda — que vou montar em você. Como você
quer? — Perguntei segurando em seus cabelos e esfregando meu pau em sua
bunda. — Devagarzinho ou forte e duro? — Sussurrei em seu ouvido e vi seu
corpo inteiro se arrepiar.
— Forte e duro. Você sabe que é assim que gosto.
— Então, seu touro vai te montar, minha potranca!
— Ai... — falou dengosa. — Adoro quando você fala assim.
E quando me posicionei para entrar dentro daquela mulher gostosa
que vivia me dando mole, principalmente quando o patrão viajava a negócios,
ouvi um estrondo. Era a porta da casa sendo arrombada.
— Seu desgraçado, filho de uma parideira! — Era seu Tadeu, o patrão
e marido da Lucélia que para piorar, estava armado e furioso. Era uma
espingarda, e quando o vi engatilhar a arma meu coração saltou e meu pau
amoleceu.
Iria morrer!
— Calma aí Seu Tadeu! — Levantei as duas mãos pedindo calma. —
Não é nada disso que o senhor tá pensando. — Estava desesperado.
— Eu sabia que tinha alguém comendo a safada da minha mulher,
mas não imaginei que fosse você, meu empregado de confiança.
— Que isso, Seu Tadeu, eu jamais faria isso com a dona Lucélia. —
Falei fechando minha calça.
— E por que estão sem roupa? — Olhei para Lucélia que estava de
quatro apoiada no sofá e com a camisola na altura dos seios. Ela tinha os
olhos arregalados, estava tão assustada quanto eu. — Estava comendo minha
mulher! Eu vou te matar!
— Calma amorzinho, não era nada demais. Mariano não significa
nada pra mim, é só sexo. — A mulher se recompôs e tentou acalmar o
marido.
— Eu sei que tem um fogo aí embaixo dessa saia, que não consigo
mais apagar, mas me trair assim, na minha casa? Eu vou matar vocês dois!
— Que isso, benzinho! Você sabe o quanto te amo. — A mulher falou
dengosa.
Aproveitei a deixa e pulei a janela. Lucélia que se virasse com o
marido, eu não iria morrer por causa de mulher nenhuma, não valia a pena.
— Ah seu safado, volte aqui!
Seu Tadeu gritou e deu um tiro, me joguei no chão, me borrando de
medo do homem me acertar. Como não o vi, corri até minha caminhonete. E
ouvi mais um barulho de tiro, dessa vez acertou um monte de areia que estava
próximo a mim.
Se eu me safasse dessa, nunca mais me envolveria com uma mulher
comprometida.
Entrei na caminhonete e dei partida. Mas ainda assim, o homem corno
acertou o retrovisor do carro.
— Filho da puta!
Peguei a estrada pra nunca mais voltar nesse fim de mundo.
Capítulo Um
O convite de casamento que demorei tanto para escolher me encarou
da mesa de centro da sala.
Deitada no sofá, com vários lenços de papel melecados pelo pequeno
cômodo do meu apartamento, jogados por todas as partes, eles denunciavam
o quanto eu havia chorado. Vi o dia chegar juntamente com as lágrimas que
fugiam por meus olhos, mesmo quando não queria que elas saíssem. Como
eram teimosas!
Eu e Hugo estávamos juntos há quase dez anos, entre idas, vindas,
muitas brigas, reconciliações, e apesar de já morarmos na mesma casa,
resolvemos nos casar. Eu o amava com todas as minhas forças, sentia que por
ele e com ele era capaz de fazer e conseguir qualquer coisa. Agora, eu tinha
um coração em pedaços.
Faltava apenas uma semana para que nos uníssemos em matrimônio, e
agora só havia a mim e meu coração que sangrava.
Olhei para aquele convite mais uma vez. A renda branca envolvida
por fitas douradas, me encaravam. Calmamente o peguei. Desfiz o laço que
tinha sido feito com tanto esmero por minhas madrinhas e o abri. No centro,
em letras douradas, meu nome e de Hugo eram o destaque. Passei os dedos
sobre as letras, contornando seu nome que tanto amava.
Ah, Hugo!
Mais lágrimas rolaram por minha face. Era uma mistura de raiva, um
ódio crescente por ter sido traída, humilhada e magoada. Mas também era
amor, o amor que sentia por ele, que rasgava meu peito e doía.
Por que ele havia feito isso comigo? Que mal terrível cometi contra a
humanidade para sofrer tanto?
Esses eram os questionamentos que não saíam da minha cabeça. O
que eu fiz de errado? Acho que nunca teria respostas para essas perguntas.
A campainha tocou e eu desejei morrer. Provavelmente era meu irmão
querendo saber como estava. Mas eu não queria ver ninguém. Só queria ficar
no meu sofá, enrolada na colcha cinza que ainda tinha o cheiro de Hugo.
— Vai embora! — Gritei, jogando meu chinelo na porta. O barulho
me fez pular de susto.
— Não vou. — A voz do outro lado era do meu irmão e melhor
amigo Maurício.
— Me deixa em paz, Mau. Me deixa curtir minha fossa. —
Resmunguei ainda do sofá.
— Não mesmo! Se não abrir a porta usarei a chave reserva.
Olhei ao redor, estava tudo uma bagunça. Algumas caixas de pizzas e
comida chinesa estavam espalhadas pelo lugar, juntamente com as
embalagens de biscoito, salgadinhos e latas de refrigerante. Além dos papéis
melecados que usei para assoar meu nariz.
— Vai embora, Mau!
Se minha casa estava uma bagunça, eu estava mil vezes pior.
— O Mau não está sozinho. — Era Selena, minha melhor amiga e
madrinha.
— Me deixem em paz! — Choraminguei mais uma vez.
Ao contrário do que queria, ouvi a chave sendo colocada na fechadura
e a ouvi girar. Respirei fundo, não teria escapatória.
Cobri a cabeça com a colcha e inalei o perfume daquele desgraçado
mais uma vez.
— Que cheiro horrível! — Ouvi Selena reclamar.
— Deve ter alguma coisa estragada aí... — Maurício falou baixinho.
— Sou eu. — Resmunguei. — Eu estou fedendo, estragada, podre.
Descobri a cabeça e me deparei com meus amigos estáticos me
olhando assustados.
— Não fala isso. — Maurício disse ao andar pelo lixo espalhado pela
casa.
— Ah, deve estar podre sim. Isso aqui parece um lixão. — Selena
colocou as mãos na cintura e olhou ao redor com cara de nojo. — Desde de
quando não toma banho?
— Não estou fedendo. — menti.
— Ah, está sim! — Maurício continuava procurando um lugar para
pisar. — Pare aí, Mau. Já sei o que quer fazer e se fizer vai ficar fedorento
também. — Ele sorriu.
— Não me importo de ficar fedido se isso trouxer um pouco de alento
ao coração da Guta.
— Está bem, está bem. Vou tomar banho!
Joguei a colcha para o lado e me levantei. Estava realmente fedendo e
precisava de um banho, talvez ele ajudasse com as dores do meu coração.
Saí pisando duro como uma criança birrenta, sem dar muita atenção a
eles.
— Toma banho direito. — Ouvi Selena gritar.
Entrei no banheiro derrotada, com o coração pesado e angustiado.
Olhei-me no espelho e me espantei com o que vi. Meu rosto estava vermelho
e inchado, fazendo companhia para meus olhos que estavam miúdos devido
ao choro. No meu cabelo tinha restos de salgadinho. Meu estado era
completamente deplorável. Estava péssima. E esperava que Hugo não me
visse dessa forma. Embora o amasse, não queria que ele soubesse o quanto
havia me ferido e o quanto estava destruída.
Liguei o chuveiro e deixei que a água caísse em meu corpo. A água
quente, quase pelando fazia meus músculos tensos relaxarem. De uma forma
boa o banho era muito reconfortante. E ali, com meus olhos fechados, me
permiti chorar mais uma vez, torcendo para que a água do chuveiro levasse
com ela pelo ralo toda a dor que sentia, principalmente por lembrar dos
momentos de intimidade que tive com Hugo naquele banheiro.
Poderia até me mudar de casa, cidade, país, mas Hugo jamais sairia de
mim, do meu coração, da minha memória. Ao menos era assim que me sentia
naquele momento. Ele era um desgraçado, mas um desgraçado que eu amava.
Quando saí do banheiro, minha casa parecia outra. Selena estava na
pia lavando a louça, e Maurício acabava de recolher o lixo.
— Vocês dão uma ótima equipe de limpeza. — Ironizei.
— Ah, obrigada. Mas, isso aqui não seria necessário se você não
tivesse deixado chegar nesse estado. — Revirei os olhos e sentei em uma das
cadeiras da cozinha.
— Tenta ser traída pela pessoa que você ama, talvez você entenda.
— Eu entendo, Guta. Entendo de verdade, mas você precisa reagir. —
Insistiu.
— Já olhou meu vestido pendurado ali no cabideiro? — Apontei para
o cantinho da minha sala onde o vestido num branco impecável estava
envolto por uma capa transparente e preta. — Meu casamento aconteceria em
uma semana.
— Eu sei, mas quem merece sofrer são aqueles dois, não você. —
Minha amiga segurou em minha mão, sentando-se ao meu lado. — Você é
melhor que tudo isso, do que eles.
— Eu sei, mas dói. Dói muito. — As lágrimas voltaram com tudo.
Logo Maurício se pôs atrás de mim e apertou meu ombro. — É tão bom ter
vocês aqui comigo. Ter o apoio de vocês. — Falei enxugando as lágrimas que
teimaram em sair. — Não consigo parar de chorar.
— Chore o tanto que precisar. — A voz de Maurício tão calma e tão
suave entrou em meus ouvidos, me dando a paz e tranquilidade que precisava
naquela hora.
Olhei para cima e encontrei aquele rosto tão belo e familiar. Maurício
era meu suporte, meu amigo, irmão e porto seguro. Sabia que com ele podia
contar para qualquer coisa.
Seus cabelos lisos e pretos estavam bagunçados, caídos por sua testa,
quase chegando aos olhos cor de âmbar. Meu irmão era lindo.
— Obrigada. E me perdoem por demorar tanto a atender vocês.
— Você não atendeu a gente. — Selena fez questão de enfatizar.
— Verdade.
— Vamos sair? Ir ao cinema, tomar um sorvete?
— Não quero sair.
— Ah, mas você vai. — Selena já estava em pé e com as mãos na
cintura. Essa minha amiga era mandona.
— Está bem, eu vou. Estou precisando sair mesmo.
— É assim que se fala!
Capítulo Dois
Desde que descobri a traição de Hugo, a pior decisão que tomei foi a
de sair com Maurício e Selena.
Até um determinado ponto foi bom. Dividimos uma pizza, tomamos
sorvete e assistimos um filme, mas antes passamos em uma lojinha no
shopping e compramos um monte de porcarias, como chocolates, jujubas e
biscoito de vento. Confesso que apesar das circunstâncias me diverti bastante.
O problema foi encontrar com o mais novo casal passeando pelo
shopping.
Andavam abraçadinhos, como se fossem muito apaixonados. Ele
carregava múltiplas sacolas na mão, sacolas de uma das lojas de lingerie mais
famosas do shopping e ter certeza de que provavelmente ela iria usar algo
para o homem que eu amava, destroçou ainda mais meu coração.
Infelizmente, não havia como fugir daquela situação dolorosa e
embaraçosa.
— Oi Guta. — Hugo me cumprimentou. Senti um nó se formar em
minha garganta. — Como você está?
— Estou bem. — Menti. E ele sabia que estava mentindo, e fiz de
tudo para não derramar uma única lágrima na frente deles.
— Que bom. — Hugo sorriu e meu coração disparou. — Foi bom ter
encontrado você... A gente precisa conversar sobre algumas coisas e uma
delas é nosso apartamento. Compramos juntos, lembra?
— Você vai querer conversar sobre isso aqui? Em um shopping
lotado? — Maurício interferiu.
— Se quiser, a gente pode marcar um dia para conversar. O que acha,
Guta?
— O que você tem pra falar, Hugo? — Não queria me encontrar com
ele em lugar nenhum. Na verdade, quanto menos o visse, melhor seria.
— Quero colocar o apartamento à venda e dividir igualmente. —
Respirei fundo. Além de perder o homem que amava, perderia também meu
lar.
— Ótimo. Você pode resolver isso. Mais alguma coisa?
— Não, só isso mesmo.
— Ótimo. — Sorri sem mostrar os dentes.
— Tem mais uma coisa sim. — A lambisgóia da Julieta se manifestou
e a fuzilei com os olhos. — Provavelmente você ainda não cancelou o buffet
e o salão, então a gente queria aproveitar tudo para o nosso casamento, já que
o Hugo pagou a metade das coisas. E a gente te pagaria a sua parte com o
dinheiro da venda do Apartamento. — A voz dessa mulher me enjoava.
Fiquei sem fala, completamente em choque. Agora tudo fazia sentido
em todas as opiniões que ela dava, Julieta estava programando o próprio
casamento. Ela era amiga do Hugo, e seria nossa madrinha.
— Ela já cancelou sim. — Selena veio em meu socorro. — Eu mesma
fiz isso pra ela, como melhor amiga. — Respondeu de forma rude.
— Que pena. — Continuava em choque, sem dizer uma única
palavra. Todos os meus músculos estavam contraídos para segurar as
lágrimas que poderiam escapar a qualquer momento.
— Então é isso. — Hugo parecia um pouco sem graça com toda a
situação.
Ele me olhou nos olhos que estavam cheio de lágrimas, estava
segurando cada gota, mas ainda assim ele percebeu, afinal foram dez anos
juntos. Ele me conhecia bem.
— Sinto muito. — Ele disse antes de arrastar Julieta para longe de
mim.
Assim que saíram, não me contive e as grossas lágrimas rolaram por
minha face.
— Vamos pra casa. — Maurício sugeriu, e eu não tinha forças nem
para andar direito.

— Eu quero ficar sozinha. — Falei assim que passei pelas portas de


casa.
— Nem por cima do meu cadáver. — Uma voz muito familiar soou
atrás de mim.
— Vovó! — Corri ao seu encontro e a abracei.
— Minha netinha querida. — Seus bracinhos me envolveram num
abraço gostoso e reconfortante. Sem conseguir segurar, deixei que minhas
lágrimas caíssem. — Nem vou perguntar como está porque estou vendo a
destruição que aquele paspalho fez, mas eu sempre disse que aquilo não era
boa coisa.
— Vó... — Mau a repreendeu.
— Estou velha, e velha pode falar a besteira que quiser. — A senhora
baixinha de cabelos brancos fez uma careta ignorando meu irmão. — Vim
buscar você para passar uns dias no haras comigo, o que acha? — Inquiriu
secando as lágrimas do meu rosto.
— Não sei, vó... Tenho tanta coisa para resolver...
— Não se preocupe. Resolvo tudo para você. Faço questão de
cancelar tudo e tentar ver a possibilidade de uma devolução do que foi
investido.
— Não sei, acho que terei que arcar com essas despesas.
— Não se preocupe, minha neta. Se precisar de algo, ajudo com
prazer.
— Mas ainda assim não sei se quero ir para lá.
— Eu vou com você. — Selena se dispôs. — Lá tem internet, dona
Marli?
— É o fim do mundo, mas sim, tem internet.
— E sinal de telefone? — Minha avó revirou os olhos e quase sorri.
— Se seu sinal não pegar, você pode usar o telefone do haras.
— Então está resolvido, vamos para o haras. — Minha amiga falou
empolgada. — Tenho tantas lembranças daquele lugar, todas boas... —
Selena saiu um pouco de órbita, provavelmente com a lembrança de algo. —
O Orlando ainda está por lá, dona Marli? — pela primeira vez gargalhei.
— Orlando? Aquele menino não me larga.
— Menino, vó? Ele é mais velho que eu.
— Pra mim vocês são umas crianças!
— Preciso lembrar que ele sempre foi apaixonado pela Guta? —
Maurício perguntou. Tive a impressão de estar enciumado.
— Aquilo era coisa de criança. Ele deve ter um monte de namoradas.
— Rebati.
— Ah, isso é verdade. — Minha avó falou. — Se for pra se divertir, o
que eu acho muito bom, tem mais é que se divertir mesmo, Orlando é pau pra
toda obra. — A senhora ao meu lado piscou para minha amiga.
— Opa! — Selena vibrou. — Quando partiremos?
— Amanhã. — Vovó falou.
— Certo, vou para casa arrumar as malas. — Selena saiu feito um
furacão.
— E você, não vem com a gente?
— Prefiro ficar e resolver com Hugo a questão do apartamento.
— Obrigada, Mau...
— Tudo bem. Irmãos são para isso. — O abracei com carinho.
— O que tem o apartamento? — Vovó perguntou.
— Hugo quer vender.
— Ele vai te deixar sem nada? — Perguntou exasperada. — Falei pra
você não ficar tão dependente dele.
— Não, vó... Ele vai vender e dividir o dinheiro. Compramos juntos,
lembra?
Realmente eu era muito dependente de Hugo. Não trabalhava fora.
Fazia meus bicos para ganhar um extra, mas dinheiro nunca foi o problema,
ele sempre ganhou bem. Hugo sempre deixou claro que o lugar de mulher era
em casa, e com isso acabei me acomodando. Como era formada em letras,
trabalhava como revisão de textos acadêmicos e literários. Isso fazia eu me
sentir um pouco útil.
— Lembro sim. E também lembro de sempre achar que esse rapaz
não era boa coisa, agora tenho certeza...
Quantas vezes a dona Marli falou isso.
“Maria Augusta, esse Hugo não é boa coisa, dá pra ver pela cara de
fuinha dele.”
Eu apenas sorria. Amava tanto aquele cara de fuinha que fechava os
olhos para tudo de ruim que tinha nele. Agora olha o resultado.
— Acho que vou arrumar minhas coisas... — Falei para fugir da
conversa e ficar um pouco sozinha. Meu coração ainda sangrava.
Capítulo Três
— Guta, tive uma ideia... — Selena falou enquanto dirigia. Estávamos
na estrada há quase duas horas.
— Qual ideia, sua doida?
— A gente podia fazer uma festa...
— Festa? — questionei incrédula. — Não estou com clima para festa.
— Sim, uma festa! Vamos combinar amiga, você se livrou de uma
peste!
— Eu concordo. — Vovó que estava dormindo até então, resolveu se
manifestar. — Livramento deveria ser o tema. — Selena gargalhou.
— Dona Marli, lá no haras tem homem bonito?
— Ah, minha filha! Isso é o que não falta!
— Então... Vamos chamar os peões para participar... Eles são gente
boa, não são?
— Sim, são sempre educados e respeitosos.
— Então, o que a senhora acha, dona Marli?
— Acho ótimo. Quem sabe Guta não gosta de alguém?
— Desculpa, vó, mas de relacionamento, tô fugindo.
— Quem falou em relacionamento?
— Dona Marli, a senhora está muito pra frente... — Comentei.
— Queria eu ser novinha na época de hoje, não ia querer saber de
casar, ia só namorar.
— A senhora está certa. Casar para quê?
— Também acho... Na minha época, se uma mulher não era mais
virgem era um problemão, hoje isso é normal. A gente casava para fazer
sexo, hoje não precisa casar pra isso. — Selena gargalhava no volante.
— A senhora tem toda razão. Ficar lavando cueca...
— Cueca freada ainda por cima!
— Vó! — Foi a minha vez de gargalhar. — Eca! Que nojo!
— Hoje temos a máquina de lavar. — Selena comentou.
— Na minha época não tinha isso... E seu avô, que Deus o tenha, era
um verdadeiro porco!
Selena gargalhou e ouvimos um estouro.
— Acho que o pneu furou.
— E agora? — Perguntei aflita, estava quase escurecendo e a estrada
estava deserta.
— Vamos tentar acionar um reboque.
Selena parou no acostamento e peguei meu celular.
— Não tem sinal. Droga! — Xinguei ao constatar.
— O que vamos fazer? — Selena perguntou alarmada.
— Esperar uma alma caridosa passar? — Vovó sugeriu.
— E se alguém maldoso passar? — Minha amiga estava realmente
assustada.
— Não se preocupe, as pessoas aqui são gente boa. — Vovó se
manifestou. — Não se preocupe.
Estava um pouco preocupada. Três mulheres sozinhas na beira da
estrada não era uma coisa boa no mundo que vivia. Já fazia alguns minutos
quando avistamos um farol vindo distante.
— O que faremos? Nos escondemos? — Perguntei.
— Que esconder o quê! — Vovó falou. — Vou pedir ajuda, ninguém
machucará uma pobre velhinha.
Não ia deixar minha avó sozinha, então, fiquei ao seu lado. O carro se
aproximava. Por causa do farol não conseguia enxergar seu modelo, mas o
veículo parou. Estava escuro, mas consegui vislumbrar a silhueta do homem
que desceu do carro e assim que parou em frente ao veículo, o farol iluminou
seu corpo. Ele era alto, forte, usava uma camisa clara e por cima uma jaqueta
jeans, uma calça preta justa no corpo, botas de montaria e chapéu na cabeça.
— O que três tão belas mulheres fazem na estrada sozinha? — Sua
voz era grave e ao ouvi-la, meu corpo tremeu. Ele exalava masculinidade e
por um momento esqueci completamente a existência de Hugo.
— Nosso pneu furou, não sabemos trocar, será que pode nos ajudar?
— Vovó iniciou a conversa.
— Claro. Como se chama?
— Eu sou Marli, essa é minha neta Guta e Selena, sua amiga.
— Satisfação em conhecer tantas beldades. — Senti meu corpo
começar a esquentar.
— Você pode parar com os elogios e trocar nosso pneu? — Pedi. —
Temos dinheiro para pagar. — Estava irritada comigo mesma.
Ele me olhou, não conseguia vislumbrar seu rosto na penumbra e
torcia para que ele fosse muito feio, ou que tivesse dentes podres na boca e
que ele não fosse tão atraente quanto sua voz e corpo.
— Não preciso do seu dinheiro, mocinha. — Ralhou.
— Não seja mal educada, Guta. — Dona Marli pediu.
— Só quero sair logo daqui. — Senti seu olhar sobre mim e meu
corpo inteiro queimava. — Tem muito pernilongo. — Falei a primeira coisa
que veio à cabeça.
— Engraçado, não senti nenhum. — Selena comentou e fingi não
ouvir.
O homem foi até a parte de trás do carro.
— Vou abrir o porta-malas. — Selena falou. — E clareio para você
também.
Com a lanterna do celular ligada, Selena clareou o porta-malas e
depois caminhou ao lado dele até o pneu que estava furado.
A claridade bateu em seu rosto e quando vi seu rosto perfeito foi
como tomar um soco no estômago. Ele era lindo demais!
O rosto era coberto por uma barba espessa, os cabelos estavam
bagunçados, alguns fios caíram para frente conforme ele abaixou a cabeça
para trocar o pneu. Não consegui ver a cor de seus olhos, mas o que
conseguia ver me satisfazia, era o suficiente para me deixar de boca aberta
diante de sua beleza.
Senti que vovó se aproximava e logo tratei de desviar os olhos do
moço.
— Bonito, não é? — Ela cochichou.
— Vó! — Falei constrangida e com medo de que ele pudesse ter
ouvido.
— O que foi Maria Augusta? O que é bonito é para se admirar... —
falou alto. — Me conte, rapaz... Você é novo na região?
— Sou sim senhora. — disse. — Vim encontrar um amigo de longa
data que ficou de me arrumar um emprego aqui na região.
— Ah, então já está empregado.
— Praticamente sim.
— Se precisar de alguma coisa, me procure. — Vovó entregou a ele o
cartão do Haras que continha telefone e endereço. O Homem colocou o papel
no bolso da calça.
— Obrigado. — Respondeu um pouco sem jeito. — Prontinho.
— Tem certeza que apertou a roda direito? — Perguntei sem
conseguir segurar minha língua.
Ele sorriu, passou a língua entre os lábios. Tudo parecia em câmera
lenta e eu observava atentamente seus movimentos. E somente com esse
gesto, senti minha calcinha umedecer.
O que estava acontecendo comigo?
— Pode ter certeza que sim, mocinha!
— Obrigada então...
— Qual seu nome, meu jovem?
— Mariano.
— Nome bonito. Então, já vamos indo. Muito agradecida, meu filho.
— Não há de quê, dona Marli. — Ele sorriu novamente e um
comichão tomou conta do meu corpo. — Meninas. — Disse ao tirar o chapéu
sem deixar de me olhar.
Respirei fundo e fiz questão de ignorar.
Entramos no carro e tanto Selena quanto dona Marli me perturbaram
por causa do meu comportamento.
— Apenas não fui com a cara dele. — Respondi em um dado
momento.
— Ah, eu fui. — Selena confessou. — Fui muito, se ele aparecesse no
haras dava uns pegas. — Comentou animada e isso me incomodou um
pouco.
Terminei a viagem até o haras de boca fechada, apenas ouvindo as
duas comentarem sobre os atributos do desconhecido, o que me fazia pensar
ainda mais nele.
Capítulo Quatro
Sem ter muito a quem recorrer, liguei para meu amigo Orlando, que
trabalhava em um Haras no interior de Minas e sempre falava bem da dona.
Orlando era um amigo, nos conhecemos em um rodeio que
participamos, e ele trabalhava no Haras Montenegro, um dos maiores da
região. A dona era uma mulher, que o gerenciava após a morte do esposo. E
assim que encontrei Orlando, ele me levou para conhecer a dona.
— Você não cansa de fazer besteiras, né Mariano? Quando vai
crescer? — Começou o homem com o sermão.
— Sou crescido, homem. Tão crescido que as mulheres não resistem a
mim! — Falei orgulhoso e Orlando revirou os olhos.
— Qualquer dia desses vai amanhecer com a boca cheia de formiga.
— Confesso que dessa vez fiquei com medo, ele quase me matou.
— Também não é pra menos, uai!
— Eu sei, vacilei. Vou tentar me segurar dessa vez.
Ao longe avistei o casarão. Uma varanda enorme circundava toda a
casa e um gramado verde e bem cuidado estendia ao seu redor. Um caminho
de pedra nos levava diretamente à escada que dava acesso à varanda.
Uma mulher já nos aguardava sentada em uma cadeira com um copo
em mãos e quando nos viu, ficou de pé. Para mim seria uma senhora de idade
e não uma modelo. De longe conseguia ver as curvas de seu corpo e isso já
me deixou atiçado.
Conforme me aproximava da mulher, reparei que já a conhecia ou ao
menos já a tinha visto em algum lugar.
Sorri ao lembrar da moça de língua afiada que passou a noite em
meus sonhos, a mesma que ajudei a trocar o pneu na estrada junto a avó e a
amiga. Como não me toquei que a senhora tão simpática era a mesma que me
empregaria?
Puxei o cartão da senhora do bolso apenas para ter certeza.
— Oi Guta... Cadê sua avó? — Orlando perguntou. Será que era
costume tratar os patrões pelo nome?
— Ela está um pouco indisposta, acho que a viagem não fez bem a
ela... — Aquela voz perturbadora que não me deixou dormir. Tudo o que eu
queria era amansar essa potranca.
— Esse é o Mariano, falei com sua avó sobre ele. — Orlando falou
sem subir as escadas. Ela nos olhou lá de cima, com seu olhar altivo e
prepotente. Sentia meu corpo queimar com seu olhar esnobe.
Guta era alta, o corpo cheio de curvas. Mais parecia uma modelo de
capa de revista do que herdeira de um haras.
A calça jeans grudada no corpo marcava seu quadril largo, a blusa
quase transparente que deixava a nuance de seu sutiã da mesma cor e para
compor o monumento, ela usava botas de montaria. Os cabelos eram loiros
presos em uma trança que me lembrava uma guerreira viking, o nariz fino e
arrebitado a deixava ainda mais presunçosa.
— Ele tem experiência? — A mulher perguntou sem sequer olhar
para mim. Me esnobou desde a noite passada. Balancei a cabeça um pouco
irritado.
— Tem sim. Mariano já trabalhou em fazendas e conhece bem
cavalos.
— Tudo bem, mas ele fica sob sua supervisão. Qualquer erro que ele
cometer será responsabilidade sua. — Sua voz era fria.
— Pode ficar tranquila, Guta. Mariano não fará nada de errado, não é?
— Meu amigo me encarou.
— Não senhora. — Tentei soar mais firme que consegui, aquela
mulher parecia intimidadora demais, e pela primeira vez perdia a fala diante
de uma mulher.
Ao ouvir minha voz, Guta me olhou pela primeira vez. Quando
nossos olhos se encontraram, o azul dos seus olhos era gélido, me
perguntavam de forma silenciosa quem tinha me dado permissão para falar.
Sem me deixar intimidar por aquela geleira, mantive meu olhar firme no dela.
— Nós já vamos indo, Guta. — Nossos olhares ainda estavam presos
um no outro. A tensão entre nós aumentava, ao menos para mim, eu estava
tenso. — Vamos, Mariano. Vamos. — Minha vontade era subir aqueles
degraus e mostrar para aquela guerreira viking quem mandava.
Orlando me empurrou e quase caí. E por esse motivo parei de encará-
la, mas logo voltei a olhá-la e balancei a cabeça em forma de comprimento,
que ela ignorou.
— Que trem foi esse, Mariano? Onde já se viu olhar para Guta
daquele jeito? Achei que você ia sair dos eixos.
— Vontade não me faltou, te garanto. Você sempre fala bem deles,
achei que ia ser bem recebido.
— Ela não é a dona, chegou aqui ontem com uma amiga. É a neta da
dona, como ela disse, dona Marli estava indisposta, por isso a Guta te
atendeu.
— E por que Guta e não dona Guta? — Aquela intimidade me
incomodava um pouco.
— Uai, crescemos juntos, correndo por esses campos. Somos amigos,
mas não pense que pode chamá-la assim. — ele gargalhou.
— Certo... — Falei sem jeito. — Só acho que ela não precisava ter
sido tão grossa, ainda mais depois de ontem.
— O que aconteceu ontem? E eu não ouvi nenhuma grosseria saindo
da boca dela.
— As três estavam na beira da estrada já tarde da noite. Ajudei a
trocar o pneu e essa Guta foi bem grosseira.
— Ela está passando por maus bocados... Ela ia se casar no final de
semana, mas parece que o noivo a deixou pra ficar com a amiga. — Senti até
um pouco de pena da moça, mas também de certa forma fiquei feliz por não
ter tido casamento, quem sabe não poderia me perder naquelas curvas?
— Ah... — Foi só o que consegui dizer.
— Mas te cuide, ela não é o tipo de mulher que você está acostumado
a lidar. Não vai aprontar com a Guta, hein!
— Deus me livre! Essa aí nem se esfregasse na minha cara iria querer.
Tô fora. — Menti.
— Acho bom mesmo não se engraçar para o lado dela. O Nosso
encarregado é afim dela desde sempre. Eles namoraram na adolescência, mas
não deu certo. Ela não gostava mais dele e desmanchou o namoro. O homem
ficou ruim... Ruim nos dois sentidos: sofreu muito e resolveu descontar tudo
nos empregados do haras. A gente chama ele de capataz. — Gargalhei. —
Breno é o terror, o que puder fazer pra tirar nosso couro ele faz. Se prepare,
porque o que falta pra ele ser capataz de verdade é o chicote nas mãos.
— Quero distância de gente assim.
— Melhor mesmo.
— Você também parece ter uma quedinha por ela...
— Deixa de bobagem. — E assim encerrou a conversa.
Orlando me levou para o alojamento. Quem não tinha casa ou onde
ficar, poderia ficar no alojamento que a dona da fazenda dispunha para seus
funcionários. Era um quarto com um banheiro. A única exigência era não
levar mulher alguma para lá.
Dona Marli servia também café da manhã, almoço e jantar no
refeitório que ficava próximo ao alojamento, isso sem descontar no nosso
salário. Disso não poderia reclamar. E ela parecia uma senhora justa.
Enquanto ia para o alojamento, observei o lugar com mais atenção.
Um campo verde com alguns bois pastando e com cercas brancas tomava o
lugar, não conseguia enxergar o seu fim.
Uma piscina enorme de águas cristalinas tomava todo o lado direito
da casa, e havia algumas espreguiçadeiras em volta dela, e com o calor que
estava, tive vontade de me jogar dentro dela com roupa e tudo. Como dizia
minha mãe, vontade é uma coisa que dá e passa.
Um jardim repleto de rosas de todas as cores fazia a combinação
perfeita para que aquele lugar fosse belo e aconchegante. Por um instante
imaginei Maria Augusta deitada em uma das espreguiçadeiras sorvendo uma
taça de vinho enganchada em meus braços. Balancei a cabeça e espantei a
imagem para longe, na certa era uma cena que jamais aconteceria.
Mais adiante, bem afastado do casarão, havia um celeiro e ao seu lado
um estábulo. Podia ouvir os relinchos dos cavalos. E quase de frente para o
estábulo, o alojamento. Uma árvore frondosa fazia uma sombra gostosa e
embaixo dela havia alguns bancos dispostos.
— A noite o pessoal costuma se reunir aqui para se divertir. A gente
acende uma fogueira quando está frio e nas noites quentes usamos o
chuveirão. — Ele apontou para o lugar onde uma ducha enorme estava
pendurada. — O pessoal gosta muito daqui.
— Imagino...
— Você vai ficar com esse quarto. — Orlando já havia ajeitado tudo
pra mim.
— Nem sei como te agradecer por fazer isso por mim.
— Só não faça besteira e está tudo certo. — Assenti.
Olhei ao redor. A cama já estava até forrada. As paredes eram cinzas,
com um criado mudo e um abajur em cima, um armário e um banheiro
pequeno. Era o suficiente para mim, pelo menos até arrumar um lugar
melhor.
Orlando me apresentou ao pessoal e como só começaria com as
minhas atividades no dia seguinte, fui conhecer mais o local.
Entrei no estábulo e era um estábulo dos sonhos. Um longo corredor
se estendia entre as baias, que perdi as contas ao tentar contá-las. Era enorme,
arejado, limpo e organizado. Todo em madeira, suas portas de correr
abrigavam as mais lindas espécies de Mangalargas. Fiquei encantado
observando cada um deles.
Entrei em uma das baias e acariciei a crina de um deles. Ele era
marrom, e sua pelagem era macia e brilhante, com certeza eram muito bem
cuidados.
Eu parecia uma criança encantada com o primeiro brinquedo. Eu
amava cavalos. Sempre amei. Gosto herdado do meu falecido pai.
Depois de namorar bastante os animais, fui dar uma volta pelo Haras.
Fascinado com a beleza do lugar, não me dei conta de que havia me
aproximado do casarão. Ouvi um splash, era alguém usando a piscina. Havia
duas mulheres, uma já estava dentro da piscina e a outra de costas para mim
se preparava para mergulhar. O biquini mal cobria suas partes íntimas que
deixava à mostra o corpo esbelto, sem nenhum defeito. Fiquei parado,
completamente hipnotizado nas curvas que a mulher tinha. Sentia meu corpo
se animar e tinha certeza de que adoraria me perder naquele corpo. O
reconheceria em qualquer lugar.
Meus olhos foram subindo, se perdendo naquele corpo. Seus cabelos
loiros batiam no meio das costas e me vi segurando em seus cabelos e os
puxando para que minha boca encontrasse a sua. E quando a mulher me viu,
toda a magia do tesão se dissipou.
— O que está fazendo aqui? — Uma Guta raivosa perguntou.
— De-desculpa. — Gaguejei. Uma coisa rara de acontecer quando
estava perto de uma mulher, mas de alguma forma Guta me intimidava. —
Resolvi caminhar para conhecer o lugar e acabei parando aqui, me desculpa.
— Você é muito atrevido. — Objetou com aquele ar altivo que me
dava nos nervos.
— Já pedi desculpas, dona Guta.
— Para você é dona Maria Augusta. — Engoli em seco, doido para
dar uma resposta malcriada, no entanto me lembrei de que ela era neta da
minha patroa e resolvi relevar.
— Sim senhora. — A encarei.
— O que ainda está fazendo aqui? — Maria Augusta colocou as mãos
na cintura. Até brava ela era linda.
Acenei com a cabeça e virei as costas. Entretanto, ouvi o comentário
da mulher que o acompanhava:
— É o mesmo rapaz do pneu? Ele é ainda mais bonito durante o dia.
Sorri, porque apesar da minha patroa mal me olhar, havia alguém que
tinha me notado e com certeza montaria naquela potranca se ela permitisse.
Capítulo Cinco
Quando vovó pediu que fosse receber o novo empregado do haras não
imaginei que pudesse ser o mesmo homem que tinha nos ajudado na noite
anterior. E vê-lo durante o dia, em plena luz do sol, me fez ver que ele era
ainda mais bonito. Meu corpo reagia a ele de uma forma estranha.
Quando o avistei vindo em minha direção com Orlando, meu coração
disparou. Estava nervosa e não queria deixar transparecer. Coloquei uma
máscara de mulher fria no rosto. Não fui grossa, mas também o ignorei. Do
jeito que me sentia perturbada em sua presença, ignorá-lo era a melhor forma
de não arrumar problemas.
Seus cabelos que pensei serem escuros, na verdade tinha um tom
avermelhado quando o sol batia. A barba era da mesma cor que o cabelo,
contrastando com a pele clara. O rosto quadrado e másculo que não saía da
minha cabeça.
— Você não vai acreditar em quem está na fazenda!
Tentava com muito custo não demonstrar para Selena minha
empolgação.
— Quem?
— O homem que nos ajudou com o pneu ontem.
— O quê? E ele é tão gato quanto pareceu?
— Não sei, não prestei atenção. — Menti.
— Como não, Maria Augusta?
— Não prestando, oras!
— O que você tem? — Minha amiga sondou.
— Tirando o fato de que me casaria sábado e fui deixada
praticamente no altar, estou de boa...
— Desculpa, mas não era a isso que me referi...
— Vamos para a piscina, vamos!
Selena saiu correndo feito criança e se jogou na piscina espalhando a
água. Quando estava prestes a entrar, vi que minha amiga observava algo,
então fui olhar o que era.
E era ele, Mariano. Seu olhar passeava pelo meu corpo. Sentia como
se me tocasse apenas com seu olhar. Meu corpo esquentou e arrepiou ao
mesmo tempo com aquele olhar de desejo, de pura luxúria e por um momento
quis que aquela barba roçasse meu corpo inteiro e aquela boca beijasse a
minha.
O que estava acontecendo comigo?
Desde que o vi não lembrava sequer que meu ex-noivo existia. Devia
estar doente ou enfeitiçada.
— O que está fazendo aqui? — Perguntei furiosa por saber que aquele
estranho mexia tanto comigo.
— De-desculpa. — Ele gaguejou. — Resolvi caminhar para conhecer
o lugar e acabei parando aqui, me desculpa.
— Você é muito atrevido. — Empinei o nariz ao repreendê-lo.
— Já pedi desculpas, dona Guta.
— Para você é dona Maria Augusta. — O encarei nos olhos e pude
finalmente ver sua cor, que era de um castanho tão claro que beirava ao
verde.
— Sim senhora.
— O que ainda está fazendo aqui?
Ele acenou com a cabeça e virei as costas.
— É o mesmo rapaz do pneu? Ele é ainda mais bonito durante o dia.
Revoltada comigo mesma e com meu corpo traidor, entrei na água na
tentativa de apagar o fogo que crescia em mim, mas nem isso foi o suficiente.
— O que você tem, Guta? — Selena perguntou novamente.
— Acho que é TPM mais a dor de cotovelo. — Menti mais uma vez.
Nem lembrava que Hugo existia e era isso o que me deixava com tanta raiva.
Não que eu quisesse sofrer por ele, mas como Hugo sumiu de meus
pensamentos num piscar de olhos?
— Tá bom. — Ela fez uma pausa. — Então vamos conversar sobre a
festa.
— Que festa, sua doida?
— A sua. — Olhei para ela sem entender. Ainda estava meio fora de
órbita. — Sua festa de independência. Você se livrou daquele traste!
— E o que você pensou? — Estava um pouco desanimada com essa
festa.
— Pensei em fazer com os peões, o que acha? Lá onde eles costumam
fazer as festas deles, tem sempre um violeiro aqui... Muito sertanejo raiz,
muita cachaça e cerveja. — Gargalhou.
— Quem escuta assim, até acredita que a gente enche a cara.
— Ah, mas você merece encher a cara!
— Deus me livre! Pra ficar com ressaca no dia seguinte? Eu passo!
— Tá! Mas vamos fazer lá? Pensei em chamar algumas meninas e seu
irmão...
— Quer chamar quem? — Estava curiosa com essa lista.
— Pensei na Lizzie, ela está aqui perto, na fazenda dos avós. Pensei
também na Cidinha, na Malu e na Cinthia.
— Gostei, mas e os homens?
— Aqui já tem um monte e elas vão pirar com eles, mas vou chamar
seu irmão também.
— Só não podem pirar com o Mariano. — resmunguei.
— O quê?
— O que, o quê?
— Você falou algo que não compreendi... — Ela me olhou
desconfiada.
— Não foi nada.
Estava mesmo doida.
— Hum... sei... — Minha amiga resmungou.
— Será que Hugo já vendeu o apartamento?
— Seu irmão ainda não falou nada? — Neguei com a cabeça.
— Ali tem tantas lembranças... — Falei saudosa. Era a primeira vez
que pensava no Hugo e na dor que ele me fez sentir desde que cheguei ao
Haras.
— Por um lado vai ser bom, você vai ter um cantinho para recomeçar.
— Verdade.
— Já pensou no que vai fazer?
— Acho que vou ficar um tempo por aqui com a minha avó, não sei.
Sempre gostei daqui, da cidade. Quem sabe não invisto o dinheiro do apê em
alguma coisa? Ainda estou pensando.
— Seria uma boa, ia ter sua avó para fazer companhia.
— É.. ela já está idosa e a única família que me resta além de meu
irmão.
— Acho que vai ser bom para as duas.
— Também acho.
— Se precisar de uma sócia...
— Duvido que você largue a cidade grande por isso aqui...
— Também duvido, mas isso não me impede de ser sua sócia. O que
você gostaria de fazer?
— Ainda estou bastante indecisa. Pensei em uma loja de roupa,
depois pensei em um café...
— O que você acha da gente dar uma volta pela cidade e ver o que
não tem ou tem pouco? Assim poderemos pensar em algo que vá beneficiar a
cidade e nos dar lucro.
— Já está falando como sócia.
— E você nem aceitou ainda...
— Claro que aceito! — Levantei a mão para que ela batesse em
minha palma. — Vamos?
— Eita, que ansiedade!
— Nem tenho o dinheiro ainda, mas já quero ir pensando em algo.
— Vamos então.

Eu e Selena nos arrumamos e fomos em direção à cidade que não era


muito grande. No entanto, antes de sair, senti que alguém que me observava.
Olhei ao redor e o vi, sentado em uma das cercas, lindo com um chapéu na
cabeça e um fio de capim na boca. Como desejei ser aquele capim. Sentia
meu corpo inteiro arder com seu olhar. Mariano balançou a cabeça quase que
imperceptivelmente e um sorrisinho ameaçou surgir em seu rosto, e mais uma
vez o ignorei, ignorei meus instintos. Entrei no carro e dei partida. Sentia
Selena me observando também, mas apenas sorriu e ficou calada.
O centro comercial havia crescido bastante desde a última vez que
estive aqui. De vez em quando apareciam turistas, pessoas que queriam fugir
do agito da cidade grande.
Capítulo Seis
O sol ainda não havia aparecido quando acordei, mas isso não queria
dizer que ele não prometeria um dia digno de calor.
Tive uma noite difícil, ainda não estava acostumado com o quarto,
com a cama e pesadelos e sonhos desconexos me rondaram a noite inteira.
Eram imagens de Maria Augusta em meus braços, seu Tadeu me encontrando
e matando. A segunda parte talvez aconteça um dia.
Entrei em meu banheiro e deixei que a água escorresse pelo meu
corpo, deixando que ela me lavasse por completo.
Fechei meus olhos e o corpo de dona Maria Augusta apareceu em
minha mente, não sabia porque essa imagem teimava em aparecer em minha
cabeça. Já não bastava os sonhos. Sacudi a cabeça para espantar os
pensamentos que surgiram em minha mente e saí do banho.
Às cinco da manhã, no horário marcado, estava em frente ao estábulo,
o lugar onde passaria boa parte do tempo. O dia para muitos na fazenda
começa cedo, bem cedo.
Como era verão, o sol começava a dar o ar de sua graça por entre as
montanhas esverdeadas que cercavam o Haras Montenegro.
Breno já estava à minha espera, parecia um pouco agitado e sem
paciência.
—Bom dia. — O cumprimentei.
— Está atrasado.
— Não mesmo, no meu relógio marca cinco horas da manhã. — O
homem me fuzilou com os olhos.
— No meu já são cinco e um. — Ignorei. — Você já tem experiência,
né? Então, os cavalos da baia seis até a vinte um são de sua responsabilidade.
— falou de forma rude. — Qualquer coisa que acontecer com eles você será
o responsável. — Assenti. — Se achar que o animal não está bem, me avise
para que eu chame o veterinário, mas ele costuma vir ao Haras duas vezes na
semana.
— Ok. Mais alguma coisa?
— Não. Se tiver alguma dúvida, não me pergunte. Se vire. — Será
que era normal o pessoal daqui ser tão mal humorado? Pelo amor de Deus!
O homem virou as costas e saiu sem olhar para trás.
Está certo!
Minha função era tratar dos cavalos. Sob meus cuidados estavam
quinze mangalargas.
A rotina era basicamente oferecer a primeira refeição aos cavalos,
depois retirar cada animal da baia para verificar seu estado, limpar, escovar,
dar banho que seriam duas vezes na semana, e conferir a situação dos cascos.
Limpar as baias também era minha função.
Abri a primeira baia. Ainda não sabia o nome de todos eles, mas isso
era questão de tempo, já que na porta havia uma plaquinha com o nome de
cada um. Olhei para o equino. Seus olhos castanhos piscaram e acariciei seu
focinho, e um leve relincho saiu de sua boca.
Por volta das sete da manhã tive uma agradável surpresa. Estava
conversando com um dos cavalos:
— Bom dia amigão, como passou a noite, hein? — Mais um suave
relincho. — A minha foi péssima, mas vai melhorar. Vou cuidar bem de
você, está bem? Não se preocupe.
— O nome dele é Galante, não viu na placa?
— Vi sim, dona Maria Augusta. — Enfatizei bem o dona. — Mas
gosto de tratá-los como amigo, já que são muito melhores que qualquer ser
humano. — A mulher apenas arqueou a sobrancelha.
— Prepare-o para mim. — Ordenou.
— Preciso terminar de verificá-lo.
— Então termine.
— Acordada tão cedo? Pensei que as dondocas costumavam dormir
até tarde.
— Eu não sou dondoca! — Falou irritada, com as mãos na cintura.
Segurei o riso, porque ela ficava graciosa assim. — E você é um... um...
— Um?
— Arg! Eu só perdi o sono. — respondeu emburrada.
— Sua noite deve ter sido tão boa quanto a minha... — Ironizei. Se
bem que a parte em que ela estava em meus braços foi a melhor.
— Gosto de cavalgar, ainda mais nessa hora. Me traz paz.
— Se eu pudesse também cavalgaria essa hora, mas... — Sorri pra ela
e vi que por um momento a mulher ficou desconcertada.
Ela pigarreou.
— Será que pode andar mais rápido? — Assenti.
— Sim senhora.
Aprontei Galante. Ele era um lindo mangalarga. Sua pelagem era
marrom e muito macia, e ele tinha uma faixa branca em seu focinho entre os
olhos que ia até a boca. Seu rabo era marrom também, mas em um tom mais
escuro.
Arrumei Galante da forma mais perfeita possível.
— Pronto dona Maria Augusta, meu amigão já está pronto para a
senhora. — Chamei Galante de meu amigão apenas para provocá-la.
— Obrigada. — disse seca.
A mulher montou no cavalo com destreza, cheia de porte e fiquei
admirado.

— Oi.
Ouvi uma voz suave quando estava verificando o último cavalo.
Coloquei a cabeça para fora da baia e me deparei com uma mulher morena,
de cabelos negros e um vestidinho justo no corpo.
— Vim te chamar para almoçar, todos os peões estão em volta da
mesa e se você piscar, vai ficar sem almoço.
— Oh, acho que me perdi na hora. Fico grato por ter vindo me
chamar.
A moça sorriu. Ela tinha um jeito angelical, o que a tornava tentadora,
principalmente com aquelas coxas bronzeadas de fora.
— Vamos?
— Amigona, daqui a pouco nos vemos, tá bem? — Falei para
Doralice acariciando sua crina.
— Você parece gostar deles.
— Sim, gosto muito. Os cavalos são muito especiais.
— Também gosto.
Quando estávamos saindo do estábulo, a dona Maria Augusta chegou
trazendo Galante. Sua roupa estava um pouco molhada na altura dos bustos e
quadril, e ao me ver com a moça que ainda não sabia o nome, seu semblante
ficou ainda mais fechado.
— Onde você vai? — Questionou sem ao menos me cumprimentar. A
educação dessa mocinha passou longe.
— Vim buscar ele para almoçar, Guta.
— Antes de ir, leve o Galante para a baia dele, por favor.
— Não demore, Mariano ou vai ficar sem almoço. — A garota falou
um pouco melosa.
— Pode ir Zuleica, o Mariano vai depois. — Maria Augusta falou
meu nome como se ele tivesse um gosto amargo. Ainda não consegui
entender todo esse desprezo por minha pessoa.
— Posso perguntar uma coisa, dona Maria Augusta? — perguntei
assim que a Zuleica se afastou. — Você é sempre azeda assim ou é só
comigo?
— Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo? — A
mulher praticamente rosnou.
— Apenas fiz uma pergunta, não precisa ficar tão brava. — Uma
mulher brava é boa para ser domada. Quis acrescentar, mas fiquei com
medo de perder o emprego.
— Só não o mando embora porque o haras não é meu. — A mulher
virou as costas e foi embora, pisando duro e com raiva do mundo.
Guta
Como aquele filho da mãe ousa falar comigo daquela forma? Eu não
era azeda. Apenas não gostava dele. Não gostava da presença dele porque me
fazia esquecer o quanto amava Hugo e o quanto estava sofrendo por ele.
— O que foi, Guta? Por que está com essa cara? — Dona Marli
perguntou.
— Não é nada, vó. Apenas estou estressada.
— Estar estressada é melhor do que estar chorando. — Selena
alfinetou. — Ainda não te vi chorar... Acho que isso é bom. — Não estava
entendendo a Selena.
— Não entendi...
— Não há o que entender.
— É... Acho que você está bem. — Vovó emendou. — Acho que o
clima está fazendo bem a ela, Selena querida. Não acha também?
— Sim. Aqui é um lugar muito lindo, com pessoas bonitas e
charmosas... — Minha amiga sorriu. — Não sei, mas acho que tem um certo
peão te deixando estressada. — Selena cochichou.
— Qual é a fofoca? Também quero saber. — Vovó perguntou.
— Não é nada, dona Marli, apenas disse que as meninas chegam no
sábado.
— Essa festa está mesmo de pé?
— Claro, Guta! Você se livrou de uma porcaria, isso merece uma
celebração.
— Não estou vendo a Guta tão animada assim....
— É porque não estou vó... Queria ficar quietinha, curtindo minha
fossa. — Na verdade, queria ficar quietinha pensando em um certo peão.
— Que fossa? Parece que essa fossa ficou no Rio de Janeiro.
— Também acho... Vocês vão chamar o peão novato, né? — Vovó
quis saber.
— Todos estão convidados.
— Falando nele, ele estava se engraçando com Zuleica lá no estábulo.
— Não sabia porquê, mas isso fazia meu sangue ferver.
— Parece que isso te incomoda. — Dona Marli observou.
— Nem um pouco, mas ela ainda é uma menina.
— Não sei quem te disse isso, aquela garota já deitou na cama de
mais peão que posso contar.
— Que isso, vó! — Falei horrorizada. — Não me diga uma coisa
dessa!
— Pois estou falando.
— E o Orlando?
— Esse aí, coitado, já cansou de falar com a irmã, mas ela disse que
quer aproveitar o melhor que a vida tem a oferecer.
— Ela está certa. — Selena comentou.
— Também acho. — Minha avó concordou. — Só acho que ela tem
que se prevenir, caso contrário vai aparecer com uma barriga, ou pior, doente.
— Credo. Vamos mudar de assunto. — Não queria ficar imaginando
Mariano e Zuleica juntos.
— Como foi o passeio pela cidade ontem? Vocês não me contaram.
— A senhora só sabe dormir, vó!
— Ando muito cansado, minha filha.
— Entendo, é a idade, né?
— Pois é... Descobriram o que farão?
— Já... Vamos abrir um café e uma livraria. — Contei cheia de
expectativas.
— Não sei se o povo aqui é chegado à leitura.
— Ah, mas vamos agitar isso. A livraria e o café estarão no mesmo
local, e se chamará “café com livros”, as pessoas poderão ler um livro e
tomar café ou só tomar café ou só ler os livros, alguns ficarão à disposição da
clientela.
— Entendi. Vou torcer para que dê tudo certo.
— Obrigada, vó. Estamos cheias de expectativas.
— Verdade, dona Marli.
— Se precisarem de algo...
— Obrigada, vó!
Capítulo Sete
Assim que abri meus olhos, lembrei-me de que dia era. Seria o dia do
meu casamento com Hugo e para meu espanto não havia dor em meu
coração, apenas estava triste por todas as coisas que aconteceram.
Olhei no celular e ainda era cedo, mas perdi o sono. Estiquei meu
corpo sobre os lençóis, dei uma espreguiçada gostosa e levantei.
— Bom dia, bela adormecida! — Vovó estava lendo um livro sentada
confortavelmente no sofá da sala.
— Acordada tão cedo? — Bocejei. — Será que tem café nessa casa?
— Pra você sempre terá, minha netinha. — Dona Marli falou, mas
não se mexeu no sofá. — A Ermínia está terminando de passar, posso sentir o
cheiro.
— E Selena, onde está? — Vovó me observava atentamente por cima
da armação dos óculos de grau.
— Levantou bem cedinho. Acho que está arrumando as coisas para
logo mais.
— Estou te atrapalhando, né vó?
— Você nunca me atrapalha. — Ela sorriu com carinho. — Estou
apenas te observando.
— Por que? — Perguntei curiosa.
— Achei que amanheceria de mau humor.
— O haras está me fazendo bem... — sorri sem jeito.
— O Haras? Sei...
— Não entendi vó...
— Vai tomar seu café, vai menina.
— Tá bom. — Fui para a cozinha atrás de algo para comer.
Tomei meu café e fui para a varanda com meu Kindle em mãos.
Ao longe avistei o carro de Lizzie e me levantei para recebe-la.
— Ora, ora! Lizziane Bellini em nossas terras? Quanta honra!
— Que recepção mais sem graça... Antigamente, as amigas vinham
receber na porteira.
— Desculpa o mau humor dela, mas ela está sofrendo mal de amor!
— Selena surge não sei de onde. — A senhorita quer que eu carregue suas
malas também? — Gargalho.
— Não há necessidade, Vossa Excelência.
— Bem-vinda de volta ao Haras Montenegro, já estava com saudade
— Abraço Lizzie apertado.
— E como você está?
— Já estive pior, mas ficarei bem. O ar puro do Haras está me
fazendo muito bem.
— Tão bem que não a vi chorar desde que chegamos aqui — Selena
observa.
— E isso é ruim? — Arqueio a sobrancelha.
— Claro que não, né? Eu quero mais é te ver feliz. Aquele saco de
estrume não era bom o suficiente para você, e eu sempre disse isso. Nunca
me enganei com a cara dissimulada dele.
— E me fala, tem peão gostoso aqui para eu me esbaldar? — Lizzie
pergunta quando já estamos na sala.
— Orlando e Breno — Comento.
— Ah, não, falo de carne nova. Eu já conheço esses, e não fazem o
meu tipo.
— Tem um novato, o nome dele é Mariano. Uma delicinha de peão.
— Selena conta.
— Esse não é grandes coisas, é melhor manter-se bem afastada —
Falo irritada.
— Ela não foi com a cara do pobre rapaz, mas ele é uma delícia, você
logo o conhecerá.
— Acho que vou dar uma cavalgada. Sinta-se em casa, Lizzie — Saí
em disparada, completamente irritada e incomodada.
Só de pensar em alguém colocando os olhos em Mariano, ficava
nervosa. O meu sangue quase fervia.
Ao contrário do que disse, me enfiei no meu quarto e tentei em vão,
ler um livro.

Estava curiosa com a tal festa que Selena estava organizando, mas
não estava animada. Na verdade, estava bastante nervosa. Não sabia o que
esperar dessa noite. Selena havia guardado tudo em segredo. E tudo o que eu
queria era que esse dia passasse logo.
A única coisa que me fazia esquecer os problemas eram cavalgar e a
visão perfeita de Mariano. Mas para meu bem-estar emocional, era melhor
ficar longe dele.
Depois de cavalgar um pouco, fui ao encontro das meninas, elas
estavam próximas ao alojamento dos peões. Ao longe vi que alguns estavam
ajudando-as.
Havia algumas bandeirinhas penduradas e ri.
— Isso é uma festa junina? — Chamei a atenção das meninas e dos
rapazes que estavam junto, entre eles Orlando e Breno.
— É só para deixar o ambiente mais alegre. — Selena bufou e revirou
os olhos.
— Oi meninas! — Dei um abraço em cada uma das meninas que
ainda não tinha visto.
— Guta, aqui só tem gato! — Lizzie cochichou.
Isso porque Mariano não está aqui.
— Estamos bem servidas. — Falei em tom de cumplicidade.
— Sinto muito pelo o que aconteceu. — Malu comentou.
— Tudo bem. Eu estou bem. Estou melhor do que imaginei.
— Estou vendo! — Cinthia comentou.
— É melhor assim. Vamos nos divertir bastante! — Cidinha quase
pulava de alegria.
— Como disse Selena, vamos encher a cara! — Todas riram.
— Animada? — Breno se aproximou sorrateiramente e perguntou.
— Estou um pouco mais depois que as meninas chegaram.
— Será que é pedir muito para reservar uma dança para mim, mais
tarde?
— Claro que não! Danço com o maior prazer! — Sorri e ele pegou
em minha mão entrelaçando nossos dedos.
— Senti muito sua falta.
— Tem bastante tempo que não venho mesmo aqui. — Ao longe
avistei Mariano que olhava diretamente para nossas mãos unidas. Por
impulso a puxei. — Vou ver se as meninas não precisam de ajuda.
Saí de perto de Breno, mas ainda vi que Mariano nos observava.

Já estava tudo arrumado para logo mais e resolvi dar uma fugida para
cavalgar. Esse era meu passatempo preferido no Haras.
Fui em direção ao estábulo, queria pegar Galante e cavalgar até a
pequena cachoeira que havia em nossa propriedade.
Procurei por Mariano no estábulo, mas ele não estava. Para minha
surpresa era Breno, novamente.
— Oi Breno, será que você pode preparar o Galante para mim?
— Oi princesa! Com maior prazer!
— Está sozinho? — Na verdade queria perguntar se Mariano estava
dentro de algumas das baias, mas não queria demonstrar interesse.
— Não. O Isaías está em uma das baias. Mariano já acabou o
expediente.
— Cedo assim?
— Ele pega às cinco, então... — Fiz as contas mentalmente. Eram oito
horas de trabalho, então pela hora ele já tinha terminado mesmo.
— Ah sim. — Por onde será que esse peão anda?
— Aqui seu menino. — Breno me entregou as rédeas do Galante e
segurou novamente minha mão. — Não esquece a minha dança, hein?!
— Pode deixar. — Pisquei e sorri.
— Muito chato o que aquele cara fez com você... Se precisar de um
amigo... — Ele se aproximou e pegou uma mexa do meu cabelo.
Um dia eu gostei desse sujeito, mas o encanto se perdeu quando
conheci o Hugo.
Dei um passo pra trás, me afastando um pouco.
— Obrigada. — Forcei um sorriso.
— Saiba que jamais faria aquilo com você... — Aquilo o quê?
Por um instante, até esqueci que meu ex-noivo tinha me traído. O
haras realmente estava me fazendo muito bem.
Sorri sem jeito e subi em Galante.
— Obrigada, Breno. — Gritei ao me afastar um pouco. — Vamos,
meu amigo. Agora é só eu e você...
Entrei mata a dentro. Eu e Galante.
O cheiro de mato me acalmava. Respirei fundo. Aquele cheiro de
terra úmida misturado ao cheiro das folhas, do verde fazia tudo dentro de
mim se acalmar. Era como se estivesse em outra realidade. O ar puro entrava
em meus pulmões revigorando todo meu ser.
Para chegar à cachoeira, passava por uma mata fechada. Conhecia
aquele lugar como a palma da minha mão.
Estava calor. O ar estava seco. Sentia o suor descer por minhas costas
e ansiava para sentir o toque da água gelada da cachoeira em minha pele.
O caminho foi rápido. Amarrei galante em uma árvore e tirei a blusa
que usava. E joguei em cima do cavalo. Estava há alguns metros do riacho
quando o vi. Meu coração saltou no peito e me escondi atrás de uma árvore.
Encostei meu corpo em seu tronco e fechei os olhos, respirando
pesadamente. O que esse homem causava em mim, em meu corpo?
Criei coragem e espiei, ainda com parte do corpo escondido na árvore.
Mariano estava em pé, de costas para mim, olhando para algo dentro
da água. E para minha surpresa, ele estava completamente nu. Do jeito que
veio ao mundo.
Respirei fundo e fiquei imóvel, completamente parada. Não conseguia
mover nenhum músculo do meu corpo. Apenas observando aquele corpo
perfeito. Não sabia que um peão poderia ter um corpo desses. Se já o achava
perfeito, agora então...
Ele se virou, mas não me viu. Pude vê-lo de frente. Meus olhos foram
descendo pelo corpo definido lentamente. Os braços musculosos e definidos,
o tronco perfeito cheio de gominhos, as coxas grossas e bem torneadas e o
membro... meus olhos grudaram no seu membro que era grande mesmo sem
estar em atividade. Fiquei pensando como seria vê-lo excitado. Céus! Ele era
a perfeição em pessoa.
Sacudi a cabeça e umedeci os lábios. Esse peão estava me tirando do
sério.
— Está gostando do que vê? — Mariano gritou e meu coração parou
por um instante. — É feio ficar observando a intimidade dos outros.
— Você sabia que esse é um lugar público? Podia estar com a minha
avó.
— Desculpa, mas precisava correr o risco.
— Precisava ficar sem roupa?
— Já nadou nua? É a melhor sensação do mundo. Sensação de
liberdade.
— E você não vai se vestir. — Ainda estava vidrada em seu corpo
perfeito.
— Você já viu tudo o que tinha para ver mesmo...
— Você é mesmo um pedante!
— Que nada! — fez um gesto com a mão. — Eu sou gostoso e isso
você pode comprovar.
— Arg!
Irritada, rapidamente coloquei minha blusa, montei em Galante e saí
dali antes que fizesse uma besteira.
Mas não era Mariano que me irritava. A irritação era comigo, por
permitir que aquele homem mexesse tanto comigo.
Entrei em casa feito um furacão, furiosa. Minha avó, Selena e as
meninas ficaram me olhando passar enquanto eu me enfiava em meu quarto e
batia a porta.
— O que deu nela? — Ouvi Selena perguntar.
Já em meu quarto, andava de um lado para o outro. Me sentia
ultrajada, afrontada. Que ódio sentia daquele peão.
Como ele se atrevia a ficar nu em um local público? E aquele corpo
perfeito, todo esculpido de forma que atraía meus olhos?
Fechei meus olhos e respirei fundo tentando me acalmar, mas era
inútil. Seu corpo perfeito aparecia em minha mente, até conseguia ouvir sua
voz debochada perguntando se estava gostando do que via. Mas era claro que
não! Odiei vê-lo daquela forma!
A quem estava querendo enganar? Fiquei em êxtase ao ver Mariano
nu. Meu corpo inteiro pegava fogo.
Arranquei minha roupa e fui para o banheiro, talvez um banho gelado
apagasse o fogo crescente em meu corpo.
A noite chegou. Estava ansiosa por vê-lo novamente. Não sabia se
estava pronta para encará-lo, mas ainda assim a ansiedade corroía-me.
— Vamos Cinderela, a carruagem já chegou. — Ouvi Selena me
chamar.
Respirei fundo e saí do quarto.
— A quem está querendo impressionar? — Minha amiga perguntou.
— A ninguém. — Menti.
Durante o tempo que fiquei em meu quarto, decidi que não mentiria
mais para mim. Pelo menos comigo seria sincera e eu estava louca por aquele
peão. Não sabia qual era o motivo para tanto encantamento, mas a verdade
era que estava louca por ele.
— Me conta, o que aconteceu que te deixou tão estressada.
Precisava mesmo contar para alguém, aquilo estava me sufocando.
— Fui cavalgar. Fui até a cachoeira e encontrei Mariano lá.
— O peão gostosão que nos ajudou?
— Ele mesmo.
— Vocês se pegaram? — Os olhos de Selena chegaram a brilhar. —
No meio do mato? — Ela falava empolgada. — Foi bom?
— O quê? Não! — Balancei a cabeça para afastar a imagem que
Selena colocou na minha cabeça: eu e Mariano nos pegando.
— Se você não quiser, eu quero amiga! Ele é um gato!
— Eu o vi nu. — Soltei, ignorando seu comentário.
— Como? — Selena piscou repetidas vezes.
— Ele estava nu, na cachoeira.
— Ele é tão gostoso quanto parece?
— É mais. — Confessei. — A visão do corpo perfeito dele não sai da
minha cabeça.
— Privilegiada! — Ela me deu um tapinha fraco no braço. — Me
conta... e o instrumento? — Arregalei os olhos ao me lembrar.
— Enorme! — Fiz um gesto com as mãos para mostrar o tamanho. —
Isso porque não estava em atividade. — Selena deu um gritinho gargalhando
e eu a acompanhei.
— Por que estão tão empolgadas? — Maurício perguntou.
— Que horas você chegou?
— Não tem muito tempo. Me disseram para não te perturbar, pois
estava estressada, mas pelo visto o estresse já passou. O que houve?
— Não foi nada, não se preocupe. — Não poderia contar ao meu
irmão, ele teria um treco.
— Pensei que te encontraria pra baixo.
— Estou bem, Mau. — Abracei meu irmão. — De verdade.
— Tenho uma coisa pra te falar... Falo hoje ou espero até amanhã?
— Pode falar, nada do que você me disser vai estragar meu dia.
— Então tá....
— Mau, não. — Selena interveio.
— Ela quer saber.
— Vocês estão me deixando preocupada. O que houve? Vovó está
bem?
— É sobre o Hugo. Ele já tem um comprador para o apartamento. Já
tirei tudo o que te pertence de lá.
— Tudo bem. — Dei de ombros.
— Tem mais. — Assenti para que ele continuasse. — Ele e a
namorada marcaram a data do casamento.
— Que sejam felizes. — Falei. E era realmente o meu desejo.
Hugo era uma página virada. Queria seguir adiante.
— O que aconteceu?
— Nada, por quê?
— Você não é a mesma pessoa que saiu do Rio há alguns dias.
— Hugo ficou no passado.
— Assim que se fala, amiga!
— Selena, isso não é bom. Ela está em negação.
— Que negação, Maurício. Quer que eu fique chorando por um
homem que me traiu?
— Não, mas tenho medo do que isso pode fazer com você.
— Ela está bem, Mau... Já está até de olho em outro.
— Como?
— Selena, alguém já te disse que sua língua é grande demais? Quando
você morrer vai ter que ser dois caixões: um para corpo e o outro para a
língua!
Minha amiga apenas revirou os olhos e eu os deixei para trás.
Encontrei as meninas e a vovó nos esperando na sala e fomos todas
para a tal festa.
Alguns empregados já estavam agitando a festa. Leandro e Leonardo
cantavam Não aprendi dizer adeus, e me vi na minha infância. Meus avós
ouviam muito sertanejo, então cresci ouvindo e amando.
— Preparamos um karaokê.
— Mentira? Vou poder cantar Evidências! — Gargalhei.
— Você é péssima cantando, mas sim.
— Oba!
— Tenho mais duas surpresas...
— Conta! — Pedi em expectativa.
— Uma já posso adiantar... — Selena indicou com a cabeça para um
homem que pegava um violão e se sentava em um banquinho e mexia no
instrumento. Meu coração quase parou quando vi que o homem era Mariano.
— O que ele vai fazer?
— Cantar.
— Mentira que ele canta!
— Canta, e pelo que soube, canta muito bem.
— Isso é o que veremos...
Mariano começou a dedilhar Investe em Mim do Lucas Esticado.
O observei. Ele fechou os olhos quando começou a cantar:
“Sei que você não ama mais ninguém
E nem quer amar 'tá bom do jeito que 'tá
Seu coração 'tá machucado demais”
Um frio percorreu minha espinha. Não sabia explicar, mas aquela música fez
meu coração acelerar, reverberando por todo meu corpo.
“Investe em mim aposta tudo em mim
Eu prometo te fazer feliz
Eu prometo te fazer feliz”
E quando chegou no refrão, Mariano abriu os olhos e deu de cara
comigo o encarando. Ele sorriu, mordeu o lábio e piscou.
“Investe em mim aposta tudo em mim
Eu prometo te fazer feliz
Eu prometo te fazer feliz”
Era como se ele tivesse me fazendo uma proposta, pedindo para que
eu investisse nele. Meu corpo inteiro esquentou e as imagens dele nu na
cachoeira invadiram minha mente.
Mais uma mordida nos lábios, com os olhos fixos em mim, quase me
fez ir até onde ele estava para o agarrar e provar aquela boca que parecia
chamar pela minha. No entanto, me fiz de difícil e permaneci com as
meninas.
— Guta, aqui só tem gato! — Lizzie comentou.
— É, menina, eu não sabia que a festa seria assim. Deixei por conta
da Selena, e vejo que foi o meu erro.
— Erro? Só vejo acertos aqui. Essa festa será um sucesso — Ela sorri
e vai em direção as bebidas. Logo volta com um suco pra si e uma cerveja
para mim.
— Está gostando?
— Estou. O pessoal parece que está se divertindo. — Apontei para as
meninas dançando com os peões. — E você não vai dançar com ninguém? —
Vi que ela olhou para um homem que não conhecia, mas sabia que ele tinha
vindo com Orlando.
— No momento só quero fazer companhia para a minha amiga, pode
ser?
— Claro! Quando estiver preparada estarei aqui. — Falou
compreensiva.
— Obrigada. E você, como está de verdade?
— Olha, achei que estaria bem mal, viu?! Mas não estou. Consigo ver
que Hugo não era para mim. A gente sempre brigou tanto, eram sinais que
fazia questão de ignorar.
— Entendo. Logo, logo você se apaixona de novo, arruma um novo
amor.
— Ah não! — Fiz um gesto com a mão dispensando o novo amor. —
Quero somente curtir. Dessa vez vou ouvir os conselhos de vovó. —
Gargalhamos.
— Sua avó é muito pra frente.
— Ela é... acho que na verdade ela sente falta de uma companhia
masculina, ainda torço para que ela encontre o amor novamente.
— Vamos brindar? — Lizzie sugeriu. — A nós e a curtição.
— Isso! — gargalhamos novamente, mas dessa vez meus olhos se
encontraram com os de Mariano.
— Esse peão tá de olho em você. — Minha amiga afirmou.
— Que nada! — Bebi minha cerveja para disfarçar. Ainda não queria
explanar que aquele peão mexia comigo por inteiro.
— Gente, gente! — Selena falou no microfone. — Chegou a hora
mais aguardada por todos.
— Do que ela está falando? — Perguntei a Lizzie e ela apenas deu de
ombros.
De repente Selena me puxou e me colocou sentada em uma cadeira,
todas as luzes se apagaram e Feel it do Michele Marrone começou a tocar.
Vindo não sei de onde, seis peões que trabalham na fazenda
apareceram na minha frente com roupas de cowboy e dançavam
sensualmente. Meus olhos percorreram entre eles buscando um em especial,
mas não o encontrei.
Entre eles estavam Orlando e Breno. O segundo se aproximou de mim
e começou a abrir os botões da camisa que usava. Os outros seguiam fazendo
a mesma coisa, entretanto, Breno estava bem perto de mim, como se estivesse
fazendo um strip-tease somente para mim. Eu gritei, mas gritei de nervoso.
Era uma mistura de nervosismo e euforia. Breno era bonito, mas não chegava
aos pés de Mariano.
Sensualmente, Breno puxou a calça que como por um milagre se
soltou inteira e ele a jogou em um canto, ficando apenas de cueca box,
deixando de fora as pernas torneadas. Eles pareciam especialistas no assunto
e estavam arrasando. E não imaginava que os trabalhadores do Haras
tivessem corpos tão definidos e gostosos. Até o mais feio dentre eles, tinha o
corpo sarado. Será que era o trabalho braçal ou eram ratos de academia?
Breno pegou minha mão para que eu passasse por seu corpo. Não
estava à vontade com a situação, mas ainda assim o fiz, era o que esperavam
de mim. Se fosse para escolher, optaria por Mariano, óbvio.
Olhei de relance e vi que Mariano me observava. Aproveitei para
provocá-lo e passeei ainda mais com minha mão pelo corpo de Breno. Estava
o usando e ele estava gostando.
Quando por fim a música acabou, a mulherada gritou e aplaudiu.
— E aí, amiga, gostou? — Selena perguntou.
— Eu adorei! Meu Deus, como você teve uma ideia dessas? E como
ensaiaram em tão pouco tempo?
— Ah, eu dei uma ajudinha, mas o mérito todo é do Breno. Vi que a
senhora estava se divertindo. — Acusou.
— Estava mesmo. — A diversão era da cara de Mariano que me
encarava de cara amarrada. Pelo visto eu não era a única afetada aqui.
Bebi mais alguns copos de cerveja. Não era de beber muito, então
qualquer pouquinho que bebia era suficiente para me deixar alegre e corajosa.
Olhei ao redor e não vi Mariano. Comecei a procurá-lo como quem
procura um tesouro, até que o vi bebendo sozinho atrás de uma das árvores
que tinha pelo local.
Enchendo-me de coragem, olhei ao redor e vi que ninguém prestava a
atenção em mim, então fui praticamente correndo ao seu encontro.
Capítulo Oito
Maria Augusta estava uma delícia naquele short jeans grudado no
quadril que deixava as coxas grossas de fora. A blusa branca de renda que
deixava a metade da barriga exposta estava me deixando doido.
Depois que ela me flagrou nu, não consegui parar de pensar nela.
Estava curioso por saber o que ela estava pensando ao meu respeito, se eu a
afetava da mesma forma que ela me afetava. Não adiantava mentir. Maria
Augusta mexia comigo de uma forma que nenhuma outra mulher mexia.
Talvez fosse por ela ter aquele jeito metido, o nariz empinado. E talvez fosse
porque ela não me dava bola. Dormir estava ficando difícil, já que ela não
saía dos meus pensamentos.
Quando a olhava, meu corpo inteiro fervia, doido para tê-la em meus
braços, em minha cama. Precisava matar esse desejo que queimava minha
carne.
Quando a vi na cachoeira somente com a parte de cima do biquíni, fiz
um esforço sobre-humano para que meu pau não subisse. Tudo o que queria
era jogá-la em uma daquelas pedras e fazê-la minha.
— Ela ainda vai deitar na minha cama. — Ouvi Breno comentar
com Orlando e mais alguns peões. — Eu que tirei a virgindade, sabiam disso?
— Que isso, hein garanhão. — Um dos peões comentou. — Conta pra
gente, como foi?
— Apertadinha... Deliciosa... — Falou e virou sua cerveja na boca. —
E mesmo depois de ter arrombado aquela bocetinha, a safada ainda era
apertada. Só de lembrar, meu pau já fica duro.
— Não tem um assunto melhor para falar não, Breno? — Perguntei
irritado.
— O que é, tá com inveja? — Ele falou e os outros explodiram numa
gargalhada.
— Inveja de você? — Quem gargalhou foi eu, mas era tudo
encenação. Não tinha inveja, tinha ódio por ele estar expondo a intimidade da
Maria Augusta. — Tenha dó!
— Eu sei que você está doido para comer, mas aquela ali já é minha,
pode tirar o olho!
— Será? — Realmente tinha minhas dúvidas. — A única coisa que
sei, é que minha mãe me ensinou a tratar uma mulher, a respeitá-la. E tudo o
que se é feito entre quatro paredes com uma, deve permanecer entre eles. Fica
a dica para você não ficar passando vergonha, e nem ficar expondo mulher
nenhuma. — Virei as costas. Não queria ficar mais perto desse infeliz.
— Ih, ah la! Ele ficou com ciúmes! — Mais uma explosão de
gargalhadas. — Quer fazer uma aposta, novato? — Virei e o encarei. —
Vamos ver quem come primeiro?
— Não vou fazer nenhuma aposta com você e lave essa boca para
falar dela. Que linguajar é esse? — vociferei com o dedo em riste.
Posso ser o safado comedor de mulher, filho da puta, mas sempre as
tratei com respeito. A safadeza só acontece entre mim e a mulher que estiver
comigo.
— Tá bom. Vamos ver com quem ela faz amor primeiro? Melhorou,
novato? — debochou.
— Não quero nada com você.
— Se você apostar comigo, não falo nada pra ninguém quando ela for
pra cama comigo, mas se você não apostar, vou contar para todos os peões da
fazenda o que fiz com ela nos mínimos detalhes. — Os peões gritaram e vi
que o alvoroço chamou a atenção de Maria Augusta. — A decisão é sua! —
Breno levantou sua caneca com líquido espumoso de cor âmbar em minha
direção. — O que me diz?
— Tudo bem. Mas se eu a levar para a cama primeiro vou querer que
você suma daqui. Está entendido?
Ele parecia pensar.
— Tudo bem. Mas se eu levar, vou querer o mesmo de você.
— Ok. Mas terão que provar. Só a palavra não basta. — Um dos
peões falou analisando a situação.
— Verdade. — Outros concordaram.
— A calcinha. — Ouvi alguém falar. — Aquele que conseguir, pega a
calcinha.
— Fechado! — Breno quase gritou, já se achando vitorioso.
— Olha, eu conheço a Guta desde de menino, e se ela descobrir, não
vai gostar desse trem aí não. — Orlando alertou.
— Vai pular fora, novato?
— De jeito nenhum. Eu topo.
Topei, mas tendo a certeza de que jamais mostraria algo tão íntimo a
qualquer um desses idiotas. Se Maria Augusta deitasse em minha cama ao
menos uma vez, já ficaria satisfeito e iria embora com prazer.
— Vou ali cantar mais umas músicas...
— Eu não queria falar, mas Breno eu acho que o novato tá chamando
a atenção da dona Guta. Vi ela olhando para ele enquanto cantava. —
Mathias, um dos peões, comentou e vi Breno ficar vermelho.
Os outros riram e eu saí de perto, não queria mais discutir com aquele
patife.
Antes de voltar para o palco, peguei uma cerveja. Todos os meus
movimentos eram calculados de forma que Maria Augusta jamais saísse do
meu campo de visão e não é me gabando, mas reparei que ela também me
olhava bastante.
Encostei em uma das árvores e vi que Breno se aproximou e a levou
para dançar. O homem estava praticamente se derretendo para a mulher.
Maria Augusta, por sua vez, parecia gostar das investidas de Breno, o que me
deixava com raiva.
Já cansado de ver os dois juntos, ele com aquelas mãos nojentas em
cima dela, corri até o palco, peguei o violão e dedilhei umas notas. A música
que tocava foi interrompida pelo DJ, afastando assim o casal que dançava.
— Dona Maria Augusta, essa música que vou cantar agora é
especialmente para você. Um dos peões da fazenda pediu para que eu
tocasse, então...
Quando falei seu nome, seus olhos se arregalaram. Sua cara de
assustada me fez rir. Não podia falar, mas quem dedicava a música a ela era
eu.
Quando comecei a cantar, eu tinha sua atenção completa. Fitei seus
olhos azuis cristalinos e sorri. Maria Augusta tentou, mas não conseguiu
segurar o sorriso que surgiu em seus lábios.
“Quero beber o mel de sua boca
Como se fosse uma abelha rainha
Quero escrever na areia sua história junto com a minha
E no acorde doce da guitarra
Tocar as notas do meu pensamento”
Não estava apaixonado por ela, mas tinha algo dentro de mim que se
remexia quando a via, quando ela sorria. Seu sorriso era devastador. Ele tinha
o poder de destruir, devastar não só um quarteirão, mas uma cidade, um
estado inteiro. Ela era linda, perfeita demais.
“... Eu quero ser o ar que tu respiras
Eu quero ser o pão que te alimenta
Eu quero ser a água que refresca
O vinho que te esquenta...”
E eu a vi sorrir mais de uma vez.

Estava calor, muito calor. Era uma típica noite de verão, estava
abafado. Me afastei um pouco para pegar um ar e esquecer que Maria
Augusta estava se acabando com os peões do Haras durante o strip-tease que
foi feito para ela. Sim! Selena combinou com eles para fazerem um
verdadeiro show e Breno estava no meio.
Estava irritado. Primeiro, porque aquele Breno era um imbecil. Ficou
apenas de cueca se esfregando na Maria Augusta, pegando em sua mão e
passando por seu corpo. Ela, por sua vez, parecia apreciar a situação. E
segundo porque o imbecil ficou me olhando, como se dissesse que ganharia a
aposta, já se sentindo vitorioso.
O que me irritava não era o fato de perder uma aposta, mas sim o fato
dela cogitar estar na cama do idiota.
Respirei fundo, dez, vinte, trinta vezes. Bebi um pouco da minha
cerveja, e um pouco mais calmo, resolvi voltar. No entanto, um par de mãos
me puxou para trás de uma das árvores. Estava pronto para dispensar
qualquer mulher que fosse, mas não estava preparado para ver o rosto da
pessoa que me puxou.
— Por que você não estava no strip-tease? — Maria Augusta
perguntou, a voz um pouco arrastada.
— O quanto você bebeu, hein mocinha?
— Só um pouquinho. — Ela fez um gesto indicando a quantidade
entre os dedos polegar e indicador. Sorri. — Sabia que seu sorriso é lindo? —
Sorri mais ainda. Toda aquela irritação que estava sentindo foi embora.
— Você não é a primeira que diz isso...
— Você deve ser um filho da puta, né? Deve pegar todo o tipo de
mulher...
— Sou um filho da puta gostoso, mas só pego as mulheres que me
interessam.
— E eu te interesso?
— Muito. — Respondi sem pensar.
— Então vem cá!
Maria Augusta me puxou. Nossos corpos colidiram. Ela passou a
língua em meus lábios de forma provocativa, o que acendeu ainda mais a
chama que crescia dentro de mim.
Nossos lábios se encaixaram e tudo a nossa volta desapareceu. A
música, o falatório, os gritos cessaram e tudo o que eu pensava era no corpo
perfeito de Maria Augusta junto ao meu e em nossas bocas unidas.
Mordi seus lábios e ela gemeu. Nossas línguas estavam presas,
enroladas uma na outra, apenas conversando, se conectando. Suas mãos
desciam e subiam pelas minhas costas.
Maria Augusta se esfregava em mim, na minha ereção
desavergonhadamente. Se ela fosse qualquer outra mulher não me importaria
em possuí-la aqui mesmo, atrás dessa árvore, sem pudor, forte e firme como
estava acostumado a fazer, mas ela merecia que fosse em um lugar melhor,
confortável e que de preferência não tivesse nenhuma gota de álcool no
corpo.
— É melhor pararmos por aqui, mocinha. Ou não serei capaz de me
conter. — Mordi seus lábios. — Que tal depois que a bebedeira passar você
me procurar? Aí não me sentirei um cafajeste por abusar de meninas
inocentes.
Ela me empurrou. Voltou a ser a Maria Augusta de sempre.
— Quem você pensa que é?
— Ei mocinha, foi você quem me beijou. — A imprensei de volta na
árvore, esfreguei minha ereção nela buscando alívio e arranquei mais um
beijo daquela boca gostosa. E só interrompi quando estava sem ar.
Maria Augusta me deu um leve empurrão e saiu meio tonta, meio
cambaleante para se juntar ao pessoal.
— E não é que a mocinha beija bem?
Capítulo Nove
— O que você tem, Guta? — Selena me perguntou assim que
entramos em meu quarto. Por causa das meninas, ela dormiria comigo essa
noite. Já era madrugada quando a festa acabou.
— Nada, por quê?
— Eu vi você indo atrás do Mariano...
— Eu... eu...
— Você pode me contar tudo, sabe disso.
— Eu sei, é só que...é estranho.
— Ok, pra você saber que pode confiar em mim, quero te contar uma
coisa. — Selena falou meio receosa.
— O quê? O que aconteceu?
— Beijei seu irmão.
— O quê? — Gritei como uma louca. — Como? Quando?
— Calma! — Ela pediu. — Foi na semana passada.
— E por que demorou tanto para me contar?
— Tinha medo de como você reagiria.
— Deixa de bobagem, tudo o que quero é que meu irmão seja feliz e
você também.
— Obrigada. — Selena tinha os olhos marejados.
— Então vocês estão juntos?
— Não. Foi só um beijo. Nós ainda não conversamos sobre isso e não
quero colocar expectativas, não quero me machucar porque gosto dele de
verdade.
— Ah amiga! Maurício não é de sair por aí beijando garotas, se ele o
fez é porque realmente gosta de você.
— Espero. Agora, me conta . O que houve?
— Beijei o Mariano. — Falei de uma vez e esperei por sua reação que
foi igual a minha.
— O quê? — Selena estava empolgada. — Foi bom?
— Foi delicioso.
— Então vocês estão juntos?
— Não! Aquele peão me irrita! — Minha amiga riu.
— E por que o beijou?
— Sei lá, acho que estava bêbada. — Ela gargalhou.
— Não faz seu tipo... — Ela fez silêncio. — Desculpa, mas tenho que
perguntar... E o Hugo?
— O que tem o Hugo?
— Vocês dois...
— Não existe nós dois há muito tempo, eu só não vi isso. E desde que
cheguei aqui nem penso na existência dele, é estranho, não é? Há uma
semana estava chorando por ele e agora nenhuma lagrimazinha...
— Acho que você se apaixonou...
— Não fala besteira, Selena. No máximo é tesão enrustido.
— Então dá logo e resolve o problema!
— Você sabe que não sou assim!
— Eu sei, mas para tudo há uma primeira vez... — Minha amiga
piscou. — Cara! Você pegou o peão mais gostoso do Haras! Tá com tudo!
Selena estendeu a mão para que eu batesse e assim o fiz.

Um calor descomunal percorria meu corpo. Não sabia se era o efeito


da bebida ou do beijo... Beijo... Toquei meus lábios com as pontas dos dedos
e sorri. Mariano beijava bem demais e para meu próprio bem, o melhor a se
fazer era manter a distância.
Rolei na cama de um lado para o outro. O corpo banhado em suor. A
noite estava quente, abafada. Resolvi levantar, coloquei meu biquíni e desci,
Iria para a piscina. Com certeza ela seria o suficiente para apagar o fogo que
percorria meu corpo.
Assim que saí, o vento quente atingiu meu corpo. De uma só vez
mergulhei na piscina. A água gelada foi um bálsamo para minha pele quente.
Sentei em um dos degraus e fiquei ali, apenas me refrescando e
tentando esquecer o gosto dos lábios do cowboy quando o vi. Ele caminhava
despreocupado, com as mãos no bolso da calça jeans. Estava sem camisa,
deixando de fora o tronco desnudo e definido. Quando percebeu que não
estava sozinho, veio em minha direção.
— Problemas para dormir, mocinha? — Um sorrisinho de canto se
formou em seus lábios.
— Parece que você também....
— Pois é... — Mariano tirou as botas e as meias e caminhou até a
piscina.
— O que está fazendo?
— Não é óbvio?
Mariano veio em minha direção, vencendo a resistência da água,
ainda trajando sua calça jeans.
— O que você está fazendo? — Inquiri novamente. Minha voz deu
uma leve vacilada.
O homem nada falou, apenas continuou caminhando ao meu encontro,
me olhando com os olhos cintilantes, vidrados, como se estivesse vendo uma
das sete maravilhas do mundo.
Ainda em silêncio, Mariano segurou em um dos meus pés,
massageou-os e um gemido rouco de puro prazer saiu de minha boca o que o
incentivou a continuar.
— Isso é por ter me dado aquele beijo e depois ter sumido. Você não
sabe o que fez, garota. — Ele pegou minha mão e levou até a protuberância
que sobressaía de sua calça. Tive a impressão de que o tecido se rasgaria a
qualquer momento.
Mariano continuou deslizando sua mão por minha pele, fazendo um
caminho torturante, apertando minha carne, minha pele. Se estivesse em pé,
com certeza cairia.
Todo o calor que sentia há alguns momentos se intensificou, mas meu
corpo inteiro tremia, tremia de desejo, de prazer.
Meu corpo reagia ao seu toque inexplicavelmente. Era Mariano me
olhando e meu corpo queimava, se incendiava.
Suas mãos cálidas me percorriam, seus toques rápidos e ousados me
queimavam, quanto mais elas subiam, mas quente eu ficava. Parecia que a
piscina era uma caldeira de água fervente.
Quando chegaram em minha virilha, quase implorei para que me
tocasse. Mas, ele parou e me apertou. Fechei meus olhos e mais um gemido
escapou.
Devagar, ele afastou minha calcinha para o lado e seus dedos
percorreram minha entrada. Mariano me olhava nos olhos enquanto brincava
com seus dedos, me proporcionando um prazer que até então não tinha
sentido.
Não sabia o que ele estava fazendo, apenas conseguia sentir. Seus
dedos entravam e saiam de dentro de mim, deslizando facilmente por minha
entrada encharcada literalmente, enquanto o outro brincava com meu clitóris.
Mais um gemido. Agarrei-me à borda da piscina, mas meus dedos
escapuliram.
Mariano me olhava com olhos vidrados, como se estivesse sentindo
todo o prazer que estava me proporcionando.
Sem ter onde me segurar, cravei minhas unhas em seus braços e
joguei minha cabeça para trás, a tempo de ver todas as estrelas do céu ao
mesmo tempo que um orgasmo avassalador tomava conta do meu corpo,
deixando-me mole, ofegante e completamente destruída. Ele havia sido
extraordinário. E eu gostei e queria mais, muito mais. Não havia mais como
negar que aquele peão mexia comigo, mexia com meu corpo, com minha
cabeça e talvez até com meu coração.
Enquanto me recuperava, Mariano alcançou minha boca e me deu
mais um beijo cálido, gostoso. Nossas salivas se misturando, nossas línguas
travando um duelo, uma briga gostosa e quente. No entanto, ele interrompeu,
me fitou sorrindo, vitorioso.
— Boa noite, dona Maria Augusta. — Mariano enfatizou o dona, me
deu um beijo na testa, virou as costas, saiu da piscina, pegou suas coisas e foi
embora.
E eu fiquei sem reação naquela piscina, louca para ter mais um
orgasmo daquele. Meu corpo ao invés de esfriar, esquentou ainda mais.
Seria ainda mais difícil dormir e esquecer esse cowboy que não saía
dos meus pensamentos.
Capítulo Dez
Sabe quando você sente seu corpo inteiro quente, flamejante? Pois era
assim que me sentia. Parecia que pegaria fogo a qualquer momento e na boa?
Dava tudo para me queimar. E eu iria...
Saí do meu quarto nas pontas dos pés para não acordar Selena. Era a
segunda vez que saía sorrateiramente de casa, mas desta vez iria atrás daquele
desgraçado que só atiçou o fogo.
Faltavam apenas algumas poucas horas para amanhecer, mas pelos
meus cálculos conseguiria fazer o que queria e voltar antes que o sol
nascesse.
Com os pés mal tocando o solo, caminhei a passos rápidos em direção
ao alojamento dos peões.
O coração batia, pulsava forte dentro do meu peito, parecia que sairia
pela minha boca a qualquer momento.
Ofegante, olhei para os lados para ver se não havia ninguém, não
queria ser vista entrando no quarto de um dos peões.
Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Estava sem coragem de bater
na porta. Nunca fui tão ousada e essa seria a primeira vez que faria uma
façanha dessas.
Ergui meu pulso fechado e dei três toques na madeira fria. Nenhum
barulho, nenhuma resposta.
Já desesperada, quis tentar mais uma vez. Mais três toques, e então a
porta se abriu. Um Mariano sem camisa e com um livro em mãos e óculos de
grau abriu a porta. Uma delicia de homem.
Com o cenho franzido, perguntou:
— O que faz aqui?
Não respondi. Apenas coloquei minhas mãos em seu abdômen e o
empurrei para trás. Mariano abriu um sorriso safado e colei minha boca na
sua. Não sei como a porta foi fechada, mas apenas ouvi seu barulho.
Mais uma guerra de línguas foi travada. Beijei-o alucinadamente, um
beijo intenso, cheio de erotismo e desejo. Mordi seus lábios enquanto suas
mãos apertavam minha bunda. Era tudo muito rápido. Como se estivéssemos
com pressa.
Seu gosto mentolado era inebriante.
— Você sabe que a única regra é não trazer mulheres aqui, não é? —
Ele sussurrou entre nossas bocas, enfiando suas mãos por meus cabelos para
em seguida morder meu pescoço.
— Você não trouxe ninguém, vim por vontade própria. Acho que isso
muda um pouco as coisas. — Fechei meus olhos quando seus dentes roçaram
em minha orelha. — Sem contar que sou neta da dona, mas se você quiser
posso ir embora. — Provoquei.
— De jeito nenhum. Agora você só sai daqui quando me saciar de
você. Está sentindo isso aqui? — Mariano se esfregou em mim.
Ele usava um calção apenas. A marca de seu membro duro e grosso
era visível.
Gemi e Mariano sentou-se na cama, me puxou para que eu sentasse
em seu colo. Suas pernas abertas, chamando para que eu me encaixasse nelas.
Seu olhar era de puro fascínio, me venerando, me devorando com os olhos.
Sentei sobre seu colo e me esfreguei na protuberância que estava à
mostra. Mordi seus lábios e Mariano abriu aquele sorriso de arrasar
quarteirão, me derretendo por completo.
Ele enfiou as mãos por meus cabelos e me puxou mais para si,
mordendo meus lábios, enfiando sua língua na minha boca, cheio de lascívia.
Suas mãos percorreram minhas costas e chegaram até minha bunda.
Ele a apertou.
— Tem certeza de que quer isso? De que me quer? — Ele perguntou
enquanto me apertava e mordia meu ombro.
— Sim. — Gemi.
— Então pede...
— Quero você Mariano. Quero você, muito. Desde o momento que te
vi pela primeira vez.
— Ah, mocinha! Assim que bati meus olhos em você naquela estrada
te quis também. — Confessou contornando com a língua a minha boca. —
Nem acredito que você está aqui... — Sussurrou.
— Nem eu...
Levantei meus braços para que ele tirasse minha blusa. E assim o fez.
Seus olhos pararam sobre meus seios nus, expostos. Com delicadeza os
segurou e passou a língua sobre a auréola de um.
— Do jeito que imaginei. — falou baixinho.
Sua boca voltou a explorar minha boca, meu pescoço deixando como
rastro sua saliva quente até o vale dos meus seios. Juntou-os com as mãos e
gulosamente colocou-os na boca.
Minhas mãos passeavam por seu corpo definido, tateando cada
pedacinho.
Mariano se levantou comigo no colo e me colocou deitada na cama.
Já sabia que com os dedos ele era bom, agora iria descobrir se com a língua
também era.
Ele se encaixou em minhas pernas e puxou meu short.
— Sem sutiã, sem calcinha... — o olhar injetado em minha
intimidade. — Você veio para acabar comigo, mocinha!
Mariano apertou minhas coxas, e suavemente deslizou sua mão até
que chegou em minha intimidade. Apertou meu clitóris entre o polegar e o
indicador e eu arfei.
Seu dedo deslizou para dentro de mim com facilidade.
— Do jeito que gosto. Molhadinha...
Apoiei meus cotovelos na cama, queria ver o que ele estava fazendo.
Ele se abaixou e com a ponta da língua tocou em meu ponto de
prazer, sua língua fazia círculos e gemidos escapavam de minha boca,
enquanto seus dedos estocavam forte dentro de mim. Entravam e saíam,
entravam e saíam.
— Ah!
— O que foi, amor? Tá gostando?
— Sim... Muito. — Falei com a voz entrecortada.
Abri meus olhos a tempo de ver um cuspe preguiçoso fugir de seus
lábios e cair na minha intimidade, me excitando ainda mais.
— Goza pra mim, baby! Goza na minha boca. — Sua voz era sensual.
Seus dedos não paravam, sua língua não parava... Segurei na borda da
cama no momento em que mais um orgasmo avassalador proporcionado por
Mariano me invadiu e um grito de prazer saiu de minha boca, mas ainda não
estava satisfeita. Precisava de mais, queria mais. Queria ele dentro de mim.
— Pega a camisinha, pega. — Choraminguei. — Ainda não estou
satisfeita, quero você dentro de mim.
— É pra já, mocinha!
Mariano abriu a gaveta ao lado da cama, revelando várias camisinhas
e por um segundo eu senti ciúmes. Será que ele já havia trazido alguma
mulher aqui?
Mas o ciúme passou no instante que ele tirou o calção revelando o
membro duro, grande e grosso.
— Do jeito que imaginei. — Soltei.
— Ah, então você imaginou? — Perguntou enquanto colocava a
camisinha em seu pau.
— Desde que te vi nu na cachoeira.
— Então deixei uma boa impressão...
— Sim. — Lambi os lábios de forma provocativa. — Depois quero
prová-lo.
— Com o maior prazer...
Mariano se encaixou e entrou de uma vez só. Um gemido alto saiu de
meus lábios.
— Te machuquei?
— Não, pode continuar.
E foi o que ele fez. Com estocadas firmes e fortes, Mariano me
possuía, me invadia. Invadia meu corpo, minha alma e talvez até meu
coração.
Esperava que depois dessa trepada meu facho sossegasse e esquecesse
esse peão antes que meu coração se apegasse.
— Você é gostosa demais. — Sussurrou enquanto metia. — Você está
estrangulando meu pau, deliciosa.!
Suas remetidas eram tão fundas, tão gostosas. Ele se remexia tão
gostoso dentro de mim que poderia ficar a vida inteira assim, apenas
usufruindo do prazer que Mariano me proporcionava.
E nessas remexidas gostosas foi que cheguei ao orgasmo e ele logo
depois.

Tudo estava silencioso. Deitada nos braços de Mariano, sentindo o


carinho que ele fazia na minha cabeça quase me fez esquecer que tinha que
sair dali antes do sol nascer.
Levantei num pulo, procurando por minhas roupas e as vesti.
— Onde você vai? — Ele perguntou.
— Preciso voltar para o meu quarto, não quero que ninguém me veja
saindo daqui...
— Ei... — Mariano se levantou e segurou meu rosto. — Você não vai
sair daqui como se nada tivesse acontecido não. Como se a gente não tivesse
feito amor gostoso nesse quarto minúsculo. — E beijou minha boca. Seu
sabor inebriante começava a fazer meu corpo ferver mais uma vez. — Não
me use desta maneira. — Eu ri.
— Sério que você está se sentindo usado?
— Sim, claro! — Ele ainda tinha meu rosto em suas mãos.
— Preciso ir, sério... Não quero ter que dar explicações a ninguém.
— Tudo bem, mas por favor, não haja como se nada tivesse
acontecido.
— Pode deixar. — Mordi seu lábio e o beijei mais uma vez.
Abri a porta, olhei para os lados. Aparentemente o lugar estava limpo.
Ainda estava escuro, mas o sol começava a aparecer alaranjado no horizonte.
Entrei em casa nas pontas dos pés, tentando não fazer barulho, mas
para minha surpresa, vovó estava vindo da cozinha assim que atravessei a
sala.
— Está vindo de onde?
— Ai vó! — Levei a mão ao peito. — Que susto!
— Desculpe, não foi minha intenção. — ela sorriu. — E então, de
onde vens?
— Vim beber água...
— Engraçado... parece que ouvi a porta da frente se abrir, mas deve
ser impressão minha, estou ficando velha...
— Não fala assim, vovó... — e me adiantei para subir as escadas.
— Você não ia beber água?
— Ah é...
Dona Marli não era boba, sabia que vinha de fora, mas ainda assim fiz
de tudo para manter minha farsa. Fui até a cozinha e bebi um generoso copo
de água. Até então não sabia que tinha tanta sede.
Caminhei para meu quarto quase saltitante, com um sorriso que não
queria largar meu rosto. Ainda conseguia sentir o cheiro de Mariano em mim,
seu gosto na minha boca. O cheiro de sexo exalava em meus poros.
Mais uma vez abri a porta do meu quarto e vi Selena sentada na cama.
Mais uma vez teria que dar satisfações... Revirei os olhos.
— Onde você estava?
— Fui beber água...
— E por que essa cara de bem comida? — Gargalhei. — Não me diz
que foi atrás do Mariano! — Minha amiga estava eufórica. — Me conta! —
Pediu.
— Não tem o que contar, a não ser que foi maravilhoso! Estou me
sentindo plena...
— Foi tão bom assim?
— Foi mais que bom. Preciso de um banho. — Entrei no banheiro e
fechei a porta.
— Ei! Quero detalhes, sua safada!
— Não vou fazer propaganda.
Ri e entrei no chuveiro.
Capítulo Onze
Pode até parecer viadagem, mas eu me sentia nas nuvens depois da
noite que tive com Maria Augusta. Me sentia leve, com o coração feliz,
entusiasmado e louco para tê-la em meus braços novamente.
Quando o relógio despertou já estava pronto, arrumado para o
trabalho. Não havia dormido, no entanto me sentia revigorado ao invés de
cansado.
— Bom dia, Orlando! — Bati em seu ombro.
— Parece que alguém viu o passarinho verde logo de manhã... —
disse tomando um gole de café.
— Que nada.
— Então teve bons sonhos?
— Pode-se dizer que sim.
— Vai ficar só em sonho mesmo, porque todo mundo viu a Guta
gostando de passear as mãos por esse corpinho aqui. — Breno. Revirei os
olhos. Se ele soubesse...
Gargalhei.
— Vai contando com o ovo no fiofó da galinha pra você ver...
— Ela é minha, novato! Todo mundo viu! — Alguns homens que
estavam ao nosso redor concordaram.
— Tudo bem, quem sou eu pra falar algo. Levantei as mãos em
forma de rendição. — Hoje nada tira meu sossego, pode zombar à vontade!
— Saí de perto deles, peguei um pão com café e engoli para não me atrasar.
Fui para meu local de trabalho quase saltando de felicidade. Tinha
certeza de que Maria Augusta jamais daria a atenção que Breno estava
querendo.

Já estava quase no final do meu expediente e ainda não havia visto


Maria Augusta. Isso me frustrava um pouco. Queria vê-la, agarrá-la aqui
mesmo no meio destes fenos e sentir o gosto de sua boca novamente. Já
estava com saudades.
Como um garoto apaixonado queria que ela estivesse sempre comigo.
Para meu desespero, ela apareceu. Linda, com duas tranças nos
cabelos, parecendo uma guerreira viking, do mesmo jeito que estava quando
cheguei aqui.
Mais uma vez com um short jeans agarrado nas coxas que me deixava
louco e uma blusa que deixava a barriga de fora. A gente precisava
urgentemente conversar sobre essas roupas.
E ao seu lado babando, estava Breno. Respirei fundo, tentando
controlar a raiva que crescia dentro de mim, me contendo para não correr em
sua direção e tomá-la em meus braços e dizer que Maria Augusta era minha.
Minha. Gostava de como isso soava. E até que ela quisesse, seria minha. Só
minha. E nenhum outro macho colocaria as mãos.
— Oi. — Ela me cumprimentou.
— Dona Maria Augusta, boa tarde.
— Boa tarde. — Ela parecia um pouco sem jeito. — Você pode
preparar o Galante para mim, por favor? — Toda educada, nem parecia a
Maria Augusta de sempre.
— Claro.
— Para onde você vai? — Breno perguntou.
— Vou à cachoeira.
— Vai sozinha?
— Sim, as meninas preferem a piscina. Não querem enfrentar os
pernilongos. Mas volto logo.
— Se quiser companhia...
— Tudo bem, obrigada Brendo. Gosto de cavalgar sozinha. — Toma!
— Sim, você sempre gostou mesmo, eu me lembro. — Comentou
meu chefe sem graça.
— Seu cavalo, madame. — Debochei. Estava irritado com aquela
conversa.
— Obrigada, Mariano. — Ela sorriu e discretamente jogou um papel
no chão, era um bilhete. Pisei em cima antes que Breno visse.
Maria Augusta subiu em seu cavalo com a ajuda de Breno e saiu.
Breno ficou parado na entrada do estábulo observando Maria Augusta
se afastar, estava feito um bobão. Me abaixei e peguei o papel que era
endereçado a mim.
“Me encontra na estradinha para a cachoeira. Estarei te esperando.”
A letra bonita e redonda fez meu coração acelerar.
A passos largos, saí do estábulo. Olhei para os lados. Breno já havia
saído. Praticamente corri mato a dentro, com medo de que alguém me visse.
E não muito distante a vi, atrás de uma árvore. Cheguei devagar e a agarrei
por trás.
— Estava com saudades! — Falei em seu ouvido. Maria Augusta deu
um gritinho de susto e gargalhei. — Está devendo, mocinha?
— Você me assustou, Mariano. Não faz mais isso. — Virei-a e ela
tinha a mão sobre o peito.
— Desculpe, não foi minha intenção. Vem cá me dá um beijo, vem?
Tô cheio de saudades... — Minha guerreira viking sorriu, aquele sorriso que
arrasava com meu coração, que fazia meu mundo inteiro parar.
— Também estava com saudades. — Sussurrou já colando a boca na
minha. — Vamos, estou com calor, quero cair naquela água gelada.
Maria Augusta puxou minha mão e juntos subimos em galante. E num
trote calmo, nos encaminhamos para a cachoeira.
Seu corpo grudado no meu, fazia uma parte específica do meu corpo
acordar. Não fiz questão de esconder, queria que ela se sentisse lisonjeada,
desejada.
— O que é isso que estou sentindo aqui atrás? — Ela deu um leve
apertão e um gemido saiu de meus lábios.
— O que posso fazer se você me deixa assim? — Dei uma leve
mordida em seu pescoço exposto.
— Fico feliz em saber disso. — Ela sorriu.
— Me fala uma coisa, Maria Augusta...
— O quê?
— Qual é a sua com Breno? — Precisava saber se havia algum
interesse da parte dela, isso estava me corroendo.
— Eu não tenho nada com ele. Somos somente amigos.
— Você é cega? Porque eu não sou. Vi você se esfregando nele
ontem. — Falei enciumado.
— O único homem que me esfreguei ontem foi você.
— Na hora do strip-tease...
— Ah, nessa hora? Ele que pegou minha mão e ficou passando em
seu corpo.
— Você parecia que estava gostando... — Falei emburrado ao me
lembrar da cena.
— Estava rindo de nervoso. — Fiquei quieto. — E para te provocar,
parece que deu certo. Está com ciúmes?
— Estou, estou sim. — Confessei. — Porque sei que ele é afim de
você.
— E eu a fim de você. — Ela disse virando a cabeça para me dar um
beijo. — Não se preocupe.
— Certo. Chegamos.
Desci primeiro e a ajudei a descer. Segurei em sua cintura fina e bem
marcada já sentindo meu corpo inteiro se acender apenas por tocar em sua
pele exposta.
— Outra coisa... Acho que precisamos conversar sobre essas suas
roupas...
— O que tem minhas roupas? — Inquiriu divertida.
— Não estão tampando nada...
— Como diz o ditado? O que é bonito é para se mostrar?
— Mostrar só pra mim. Neste lugar tem homem demais pra ficar
cobiçando o que é meu.
— Seu? — Ela colocou as mãos na cintura e franziu o cenho. — Só
porque trocamos uns beijos e fizemos sexo não quer dizer que sou sua. —
falou indignada.
— Fizemos sexo? Eu fiz amor com você. — Falei irritado. — Você
não fez amor comigo? — Maria Augusta suavizou sua expressão, me
aproximei e enlacei sua cintura. — E estou louco pra fazer de novo, e de
novo, e de novo... — Falei baixinho em seu ouvido e vi seu corpo se arrepiar.
— Está com frio, Maria Augusta? — Ela negou com a cabeça. — Então o
que é? — Meu tom de voz continuava baixo, rouco. Louco de desejo por essa
mulher, mordi o lóbulo de orelha e senti suas pernas fraquejarem a tempo de
conseguir segurá-la.
— Você. É você que me deixa assim.
— Hum... — Mais uma mordida, mas dessa vez no pescoço. — Fico
feliz em saber disso. E então, você é minha? — Ela negou. — Não? — Ela
continuava negando com a cabeça. — Tem certeza? — Enfiei minha mão em
seu short e alcancei seu clitóris e o apertei entre meus dedos. Maria Augusta
arfou. Introduzi um dedo dentro dela que entrou com facilidade. O tirei e
levei aos lábios. Tudo ao olhar atento de Maria Augusta. O Olhar vidrado em
cada gesto meu. — Deliciosa. — Dessa vez abri o botão do short e puxei para
baixo, caindo aos seus pés.
Enfiei a mão por dentro da calcinha do biquíni e ela abriu um pouco
as pernas para que eu acomodasse melhor minha mão.
Com movimentos delicados e ritmados, comecei a brincar com seu
ponto sensível. Sempre no mesmo ritmo. Acariciei seu clitóris, sentindo-o
entre meu polegar e indicador, suavemente, movendo a pele para cima e para
baixo em pequenos círculos. Quando um gemido surgiu de sua boca,
aumentei a velocidade. Sabia que as sensações estavam se intensificando.
— Você é minha? — Perguntei enquanto sentia que o orgasmo viria.
— Sim. — Sua voz saiu fraca.
— Não ouvi, Maria Augusta.
— Sim, eu sou sua. — Respondeu. Mal conseguia parar em pé. Suas
penas estavam moles e eu a segurava. — Toda sua, Mariano. — Disse antes
que o orgasmo viesse.
Maria Augusta cravou suas unhas em meus ombros e deixou que as
sensações a levassem para o mundo das estrelas.
— Porra, Mariano! Assim eu não aguento! — Soltou arfante.
— Que boca suja é essa, mocinha? — Perguntei enquanto a amparava
em meus braços e beijava sua boca.
— A culpa é sua. Três orgasmos maravilhosos em menos de vinte e
quatro horas... Você quer acabar comigo.
— Assim você é que acaba comigo. — Olhei para baixo para que ela
visse o quanto minha calça iria explodir a qualquer momento.
— Somos dois loucos. No meio do mato, em pé, correndo o risco de
qualquer um nos ver. — Exprimiu sorrindo
— Assim que é bom! A adrenalina fluindo em nossas veias.
Maria Augusta abaixou e abriu os botões da minha calça.
— Agora é a minha vez. — Passou a língua pelos lábios de forma
provocativa e puxou minha calça para baixo.
Capítulo Doze
Já tinha visto o membro de Mariano, mas não assim cara a cara. Ele
era enorme, encorpado, grosso. Suas veias saltavam pela pele e a cabeça era a
mais bonita que já havia visto na vida. Estava pronto para ser levado à minha
boca.
Umedeci os lábios. Estava louca para provar seu sabor. Segurei-o com
as duas mãos e passei meu nariz lentamente e vagarosamente por sua
extensão, sentindo seu cheiro, gravando seu cheiro em minha memória.
Passei minha língua na cabeça, já sentindo o pré-gozo, sentindo seu sabor.
Circulei-o com minha língua, passei com ela por seu comprimento e por fim
o enfiei na boca, fui o mais profundo que consegui e Mariano uivou enfiando
a mão por entre meus cabelos. Com movimentos de vai e vem, indo o mais
fundo quanto podia, agarrei seu bumbum firme e redondo.
— Isso baby, como você chupa gostoso. — Sua voz era quase um
sussurro, quase não conseguia ouvi-lo.
Com a outra mão comecei a acariciar suas bolas e um gemido gutural
saiu de sua garganta.
— Porra, Maria Augusta! Assim eu não aguento. — Ainda segurando
firme em meus cabelos, movimentando minha cabeça. — Tá gostando, tá? —
Não consegui responder, a boca estava cheia. — Então você não vai
desperdiçar nenhuma gotinha. Faz isso por mim? — Queria dizer que faria
com o maior prazer, apenas tentei assentir e ele entendeu. — Isso, mocinha!
Faz seu homem feliz.
Mariano intensificou os movimentos, o vai e vem da minha cabeça
ficou mais rápido e senti seu corpo se contrair. Ele ia gozar.
E como ele pediu, engoli tudinho, sem deixar que uma gotinha sequer
escapasse. Foi a coisa mais erótica que já havia feito e estava completamente
excitada de novo.
— Olha, desse jeito me apaixono por você. — falou ofegante.
Mariano me ajudou a me levantar e beijou meus lábios.
— Muito obrigado, foi o melhor boquete que já me fizeram. — Sorri,
mas no fundo fiquei enciumada por saber que outras mulheres já estiveram
em meu lugar. — Vamos entrar na água? — Assenti. — Sem roupa.
— E se aparecer alguém? — Ele deu de ombros.
— A gente fica dentro d'água.
— Tem certeza, Mariano? — Perguntei incerta.
— Absoluta. Você vai gostar. — Um sorrisinho safado brincou em
seus lábios.
Sob seu olhar me despi e ele fez o mesmo. Colocamos nossas roupas
próximo aonde ficaríamos para caso aparecesse alguém, teríamos fácil
acesso.
Ele segurou em minha mão e me ajudou a entrar na água, que estava
geladíssima.
— Que água gelada!
— Daqui a pouco seu corpo acostuma e se não acostumar, eu te
esquento.
— Hum... Gostei dessa parte.
Mariano me abraçou e senti que seu membro já começava a ganhar
vida novamente.
— Você não se cansa não?
— Tem uma mulher nua em meus braços, acha mesmo que vou
desperdiçar a oportunidade? — Mordeu meu lábio. — De forma alguma. Já
estou pronto para a batalha novamente.
Segurando em minha cintura, Mariano me impulsionou para cima e o
enlacei com minhas pernas, completamente excitada.

— O que vai fazer mais tarde? — Mariano perguntou quando


voltávamos da cachoeira.
— Não sei, acho que vou ficar um pouco com as meninas. — Já
começava a escurecer quando voltamos. — Dormi quase o dia inteiro e
depois fugi pra ficar com você...
— Vai visitar meu quarto mais tarde?
— Você não se cansa mesmo.
— De você? Nunca! É mais fácil você enjoar.
— Não sei... Você quer?
— Claro que quero! — Me virei para alcançar sua boca e o beijei.
— Vou fazer o possível. Acho que é aqui que nos separamos...
— Qual o problema de nos verem juntos?
— Ainda não é a hora, Mariano. Nem sei no que isso aqui vai dar...
— Isso aqui? — Ele desceu do Galante injuriado. — O que mais você
quer de mim? — Desci também.
— Quero um tempo. Não sei se você sabe, mas saí de um
relacionamento a pouquíssimo tempo. Ontem seria o dia do meu casamento.
Não quero me envolver sério com ninguém agora.
— Então só me procurou porque não estava bem? Porque queria se
vingar?
— De forma alguma. Desde que cheguei aqui você tem sido um
bálsamo para meu coração. Um alívio, não penso no meu ex-noivo desde que
te vi.
— Sou uma muleta agora?
— Não, Mariano! Você está entendendo tudo errado. Você é o motivo
pelo qual não estou deprimida agora.
— Mas não quer se envolver comigo. É por que sou empregado?
— O quê? Não! Deixa de bobagem!
— Olha Maria Augusta, faz... faz o que quiser. Mas saiba que aquela
primeira música que cantei ontem era realmente para você. — Mariano virou
as costas e saiu andando visivelmente aborrecido e eu não entendia o motivo.
Fiquei me perguntando qual tinha sido a primeira música que ele
cantou e quando me lembrei, meu corpo inteiro gelou. Ele tinha cantado
“Investe em Mim”.
Voltei para o Haras com o coração apertado, com a música Como é
que a gente fica do Henrique e Juliano na cabeça:
Eu esbarrei no seu olhar
Tropecei no seu beijo, colei no seu rosto
Eu queimei a língua
Foi na ponta do queixo, me acertou de jeito
Olha eu na sua vida
Pensa, explica
Como é que a gente fica?

— Por onde você andou, Guta? — Lizzie perguntou assim que passei
pelas portas de casa. — Está toda molhada. Você sabe que não posso deixar
meu avô muito tempo sozinho. Ele deve ter aprontado todas em minha
ausência.
— Desculpa, estava na cachoeira, chamei vocês e vocês não quiseram
ir, lembram?
— Estava até agora na cachoeira? — Selena perguntou e eu assenti.
— Sozinha?
— Espera, o que eu perdi? — Lizzie perguntou.
— Selena, alguém já disse que você tem a língua do tamanho do
mundo?
— Vou contar de uma vez, não sou baú... Guta está dando para o peão
mais gato do Haras.
— Mentira! — As meninas falaram juntas.
— Verdade. — Cobri meu rosto envergonhada.
— Olha gata, bem que eu achei que você estava bem demais para
quem perdeu o noivo, não que eu ache isso ruim, pelo contrário. Acho
maravilhoso. Agora conta, os detalhes por favor!
— Não vou fazer propaganda! — disse emburrada.
— Está com medo da gente roubar seu peão? — Malu perguntou.
— Ela está certíssima. — Cidinha respondeu. — Mas me conta, qual
deles? Aquele que você ficou passando a mão?
— Não! Aquele ali é um ex-namorado. — Cinthia se manifestou.
— Gente! Que babado! — Malu comentou.
— O gato mesmo é o cantor.
— Guta do céu! Para tudo que ele é lindo mesmo! E aqueles olhos? A
cor dos cabelos?
— Lizziane, sossegue esse facho!
— Seu cowboy é lindo, mas o meu Leonardo é mais. E só tenho olhos
para ele, então não se preocupe.
— Acho bom!
— Conta vai... foi bom? — Malu quis saber. — Estava com ele até
agora?
— Sim e sim. — Abri um sorriso. — Mariano é maravilhoso.
— Ele canta bem, isso posso comprovar.
— Ele é um amante perfeito. Nunca me senti assim, tão ligada a outra
pessoa como sinto com ele.
— Guta... — Selena me chamou séria. — Você está apaixonada.
— Que apaixonada, está doida Selena? — Falei indignada. — Gosto
da companhia, do sexo, mas só. Não me apaixonei por ele.
— Se você está falando...
— Vou tomar um banho, já volto para conversarmos mais, está bem?
E Lizzie, vou querer saber essa história com esse tal de Leonardo, hein?!
— Ah, pode deixar, conto tudinho porque sou dessas!
Deixei as meninas e fui para o banho, mas meu coração estava
pesado, triste por não ter conseguido me acertar com Mariano.
Capítulo Treze
Há três dias não via Mariano. Desde a última vez que estivemos
juntos, optei por não procurá-lo, mas estava morrendo de saudades. Queria
estar com ele novamente.
Durante esses três dias, eu e Selena andamos pela cidade para
procurarmos um lugar para abrir nosso pequeno negócio e encontramos um
ponto bom comercialmente falando. Combinamos com Lizzie que ela nos
daria uma mãozinha já que ela era designer de interiores.
Já era tarde da noite quando decidi me arrumar. Coloquei uma
lingerie bem sexy de cor preta e vestido soltinho e saí. Minha avó e Selena
ficaram me olhando, mas no momento, na situação que estava, com o coração
apertado de tanta saudade, optei por ignorar as duas que ainda estavam
acordadas jogando xadrez na sala.
Conforme ia me aproximando, meu coração ia batendo mais forte.
Minhas mãos suavam, e estava difícil respirar.
No entanto, o golpe que tomei foi maior que qualquer coisa: Mariano
estava sentado em um dos bancos conversando com Zuleica. Os dois
pareciam animados e ele não parecia sentir minha falta, não do jeito que eu
estava sentindo dele.
Parei por um instante observando os dois. Pareciam entrosados em
uma conversa e ele sorria. Sorria não, gargalhava.
Talvez ele não fosse mesmo para mim.
Quando decidi virar as costas e voltar para casa, seus olhos
encontraram os meus. Meu coração, por um segundo, parou de bater. Respirei
fundo, girei os calcanhares e caminhei em direção oposta.
Não sabia porque, mas meus olhos teimam em deixar que grossas
lágrimas escapassem por eles. Era a primeira vez que chorava desde que
cheguei à fazenda. Minha mente zombava de meu pobre coração, me
lembrando que os homens não são confiáveis e que não deveria ter me
apaixonado tão rápido, ter entregado meu coração tão rápido nas mãos de um
desconhecido.
Quando estava chegando em casa, senti seus braços agarrarem minha
cintura. Tentei limpar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, não queria
que Mariano me visse chorando.
— Me solta, Mariano! — Exigi, mas ao contrário girou meu corpo e
me prendeu com mais força.
— Você foi atrás de mim? Você está chorando? — Perguntou
preocupado. — Por quê? O que houve?
— Nada. — falei com raiva.
— Olha, eu não tenho nada com a Zuleica. Estávamos apenas
conversando, nada demais.
— Você parecia bastante à vontade, de onde estava conseguia ouvir
sua gargalhada. — Ele sorriu.
— Não precisa ficar com ciúmes. Meu coração é seu. — Essa frase
fez meu corpo inteiro incendiar.
— Não estou com ciúmes. — Menti.
— Então por que está chorando?
— Não estou chorando, caiu um cisco em meu olho. — Mariano
deitou a cabeça e me olhou de lado com um sorrisinho presunçoso nos lábios.
— Volta comigo. Estou morrendo de saudades do seu cheiro, do seu
gosto. — falou enquanto passeava o nariz em meu pescoço. Seu gesto me
deixou de pernas bambas.
— Por que não chama a Zuleica pra ir com você? — Não queria dar
o braço a torcer.
— Porque não quero a Zuleica, quero você. — E então Mariano
alcançou minha boca, depositando um beijo quente, deixou meu corpo inteiro
mole.
Já sem pensar, caminhei ao seu lado quase correndo de volta para o
alojamento.

— Sabe uma música que me faz pensar em você? — Estávamos


abraçados na pequena cama de seu quarto. Nossos corpos suados, mas
grudados um no outro.
— Qual? — Perguntei curiosa. Não demorou muito para que ele
cantasse:
“Dona desses traiçoeiros
Sonhos sempre verdadeiros
Oh, dona desses animais
Dona dos seus ideais
À medida que a voz harmoniosa de Mariano ia saindo, fui
identificando a canção. Eu já conhecia a música. É uma das minhas preferidas
do grupo Roupa Nova.
Teus desejos, uma ordem
Nada é nunca, nunca é não
Porque tens essa certeza
Dentro do teu coração
Cada palavra entoada, Mariano cantava olhando em meus olhos.
Um olhar me atira à cama
Um beijo me faz amar
Não levanto, não me escondo
Porque sei que és minha Dona.”
— Não sou dona de nada, Mariano...
— É sim. Você é dona de mim. Meu coração já pertence a você. —
Ele me apertou mais e beijou minha cabeça. — Não consigo pensar em outra
coisa que não seja você, Maria Augusta.
Diante de sua declaração, não havia como fugir e acabei confessando
também.
— Eu também. Como disse e torno a dizer, desde que cheguei não
sofri mais por causa do meu ex. Na verdade é como se ele não existisse em
minha vida e isso é por sua causa. Você não sai da minha cabeça e conto os
minutos para te ver. Esses dias foram difíceis sem ver você.
— Pra mim também. Não precisamos mais ficar sem nos ver.
— Concordo! E você tem a voz linda, caso ainda não tenha dito.
— Eu sou todo lindo, Maria Augusta.
— É lindo e convencido.
— Que nada, sou realista.
Nós dois gargalhamos.
— Agora me fala, precisamos manter isso em segredo? — Mariano
perguntou.
— Não, mas me deixa conversar com minha avó primeiro.
— Você acha que terá problemas?
— Acredito que não, mas quero conversar com ela. Até três dias atrás
não queria me relacionar com ninguém, queria apenas me divertir.
— Gosto da parte da diversão, mas quero passear com você pela
cidade...
— Eu quero conhecer mais você...
— O que quer saber? — Ele se virou ficando de frente para mim.
— O que trouxe você aqui? — Mariano comprimiu os lábios.
— Quer mesmo saber? — Assenti. — Não é bonito e não tenho
orgulho do que já fiz nessa vida.
— Quero saber tudo sobre você.
— Tudo bem. — Senti seu peito subir e descer. — Eu tinha o hábito
de me envolver com qualquer mulher, sem pensar nas consequências e uma
delas era a esposa do meu patrão. Ele quase me matou. Então saí fugido de lá.
Como já conhecia Orlando, pedi para que ele me arrumasse um emprego e foi
assim que vim parar aqui.
— Oh!
— Eu sei, eu era um bosta, mas quero que saiba que mudei. E a única
mulher que desejo é você.
— Obrigada por me contar. Embora tenha ficado com ciúmes...
— Não precisa.
— Você a amava?
— Não! — Respondeu rápido. — Era só sexo. Todas foram só sexo.
Menos você.
— E você quer que eu acredite, Mariano?
— Não tenho porque mentir para você.
— E seus pais?
— Não sei. Fui criado por uma tia que estava doida para se ver livre
de mim. Assim que fiz dezoito anos saí de casa. Meu primeiro emprego foi
em uma fazenda cuidando das vacas e bois. Até me dava bem com o patrão e
todos da fazenda.
— Especialmente com a esposa do patrão... — soltei amargurada.
— Sim. — E ele riu. — E você, qual é a sua história?
— Você já deve ter ouvido ela pelo haras...
— Quero ouvir de você.
— Não tem muito o que falar... Assim como você, fui criada pela
minha avó aqui nessa fazenda. Cresci com Orlando e Breno, inclusive Breno
foi meu primeiro namorado.
— Tô sabendo.
— Como?
— Ele conta aos quatro ventos que foi seu primeiro namorado.
— Parece que isso te irrita.
— Você não imagina o quanto.
— Não há a menor possibilidade de trocar você por qualquer outro
homem.
— Não fala assim, dona Maria Augusta. Desse jeito meu coração
acredita.
— É para acreditar Mariano. — Mariano agarrou minha boca em um
beijo voluptuoso, cheio de desejo. — Se continuar me beijando assim não
vou conseguir terminar minha história. — Estava ofegante.
— Então termine, porque quero te beijar mais. — Sorri um pouco
alto.
— Mariano? — Olhei para Mariano sobressaltada e ele fez sinal para
que eu ficasse quieta. — Tem alguém aí com você? — Parecia a voz de
Breno.
Mariano se levantou, colocou uma bermuda e eu fui para atrás da
porta.
— O que é Breno, virou inspetor agora? — Mariano perguntou ao
abrir a porta.
— Você sabe que não pode trazer ninguém para o alojamento, né?
— Sei, sim senhor. — Respondeu com a porta escancarada.
Provavelmente, Breno estava inspecionando o quarto.
— Ok.
Mariano fechou a porta.
— Quase fomos pegos... — Disse num sussurro.
— Como você conseguiu namorar esse babaca? — ri.
— Ele não era assim... ou era... — Sentei na cama e Mariano se
juntou a mim. — Mas como estava dizendo... Depois que conheci o Hugo,
terminei com o Breno. Namoramos por dez anos até que resolvemos nos
casar. Mas nesses dez anos, terminamos incontáveis vezes, estava na minha
cara, eu só não quis ver. Até que ele chegou em casa às vésperas do nosso
casamento e me contou que tinha se apaixonado por uma colega de trabalho
que seria nossa madrinha ainda por cima. Ela deu tanto palpite em tudo, que
me irritava. Agora ele vai vender o apartamento que morávamos.
— Você ainda gosta dele?
— Não tenho uma resposta para te dar, Mariano... Tenho uma longa
história com Hugo. Ele foi meu grande amor, mas uma coisa é certa, não
sinto mais dor ao falar nele ou no que aconteceu. Talvez esteja ficando
curada.
Mariano me abraçou forte, quase me sufocando.
— Eu não queria, mas acho que tenho que ir... Será que Breno ainda
está à espreita? Tomando conta da sua vida? — Mariano revirou os olhos.
— Espero que não. Vou te falar, ele é um pé no saco.
— Imagino...
— Amo ficar com você, mocinha!
— Eu também. Depois que eu conversar com a minha avó, a gente
não vai precisar se esconder e poderemos passar mais tempo juntos. Vou falar
com ela amanhã mesmo.
— Ótimo e assim poderemos ir à cidade amanhã à noite, o que acha?
— Acho ótimo. Fiquei sabendo que vão passar um filme na praça.
— Então fica combinado!
Beijei-o mais uma vez, não querendo largá-lo. Mariano abriu a porta,
inspecionando o lugar.
— Está limpo.
Dei um selinho em seus lábios e saí de seu quarto.
Capítulo Quatorze
— Por onde andou? — Maurício perguntou assim que passei pela
porta.
— Fui tomar um ar. — Menti. — Por quê?
— Tão tarde assim? — Indagou desconfiado.
— Não estava conseguindo dormir, Mau. Só saí pra dar uma volta,
pensar um pouco. Aqui é seguro...
— Sim. — Acho que consegui convencê-lo. — Queria conversar com
você.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei preocupada.
— Acho melhor você sentar.
— Assim você me assusta. O que houve? — Nos sentamos no sofá
frente a frente.
— O Hugo já tem um comprador para o apartamento de vocês. —
Senti meu coração se comprimir. Aquele lugar tinha tantas histórias.
— Assim tão rápido?
— Pois é... — Mauricio fez uma pausa.
— E? Tem mais não tem?
— E que ele quer vir pessoalmente falar com você.
— Tudo bem. Sabe que horas ele vem?
— Ainda não, mas ele vem. — respirei fundo, por algum motivo meu
coração acelerou.
— Você está bem? — Meu irmão quis saber.
— Sim. — Me levantei. — Vou dormir.
— Ok.
Deixei Maurício sozinho e subi as escadas um pouco triste. Era como
se meu passado e futuro estivessem brincando na minha frente. Hugo e
Mariano. Homens tão distintos, mas com algo em comum: eu. Decidi seguir
adiante e não olhar mais para trás. Decidi ser feliz.
Quando acordei, percebi que a casa estava silenciosa. Desci as
escadas saltitante, pois aquele dia seria um marco em minha vida. Seria o dia
em que tudo o que se relacionava ao Hugo ficaria para trás, no passado e de
preferência bem enterrado.
Encontrei apenas a vovó na mesa degustando seu café.
— Bom dia, flor do dia! — falei contente e dei um beijo estalado em
sua bochecha. — Cadê todo mundo dessa casa?
— Bom dia! Vejo que alguém acordou de bom-humor.
— Sim! — falei e rodopiei pelo cômodo sob os olhos atentos de vovó.
— E isso tem algo a ver com um certo peão, estou certa? — Parei no
mesmo instante e a encarei.
— Como você sabe? — Meus olhos com certeza estavam
esbugalhados.
— Eu sei de tudo, minha neta. Sei de tudo. Inclusive que você anda
repousando nos aposentos dele.
— Vó... A culpa é toda minha, sei que ele não pode levar ninguém
para o alojamento, mas eu fui atrás dele.
— Sei disso também.
— Por acaso colocou um detetive para me investigar? — Ela apenas
sorriu. — Bom... — Dei de ombros. — Eu ia te contar que estamos
namorando, mas a senhora já sabe.
— Fico muito feliz em saber disso. Imaginei que isso fosse acontecer
desde que ele nos ajudou na estrada.
— A senhora deve ser vidente... — Acusei.
— Que nada! Sou apenas uma idosa que presta atenção nas coisas que
acontecem ao seu redor.
— E a senhora não liga de eu estar me relacionando com ele?
— De forma alguma, minha filha. Você é livre para fazer o que bem
entender da sua vida. Apenas seja feliz.
— Obrigada, vó! — Fui em sua direção e a abracei carinhosamente.
— Só me diz uma coisa, Guta...
— O quê?
— E o Hugo, como fica nessa história? Você estava sofrendo por ele
há alguns dias.
— Eu sei vó... E cheguei a uma conclusão... — falei pensativa. —
Acho que já não o amava mais. Eu e Hugo nem conversávamos direito, nem
sobre o casamento. O sexo era tão morno, tão mecânico. Isso quando a gente
fazia, porque às vezes eram semanas sem um encostar no outro. Acho que
estava acomodada em nosso relacionamento e todo aquele choro e sofrimento
foi por ter terminado, e não por realmente amá-lo, entende?
— Claro que entendo. Realmente quero que sejas feliz.
— Obrigada, vó. Agradeci mais uma vez. — Segurei em sua mão
enrugada e ela a apertou me trazendo o conforto que precisava.

Depois de fazer o desjejum com a vovó, fui procurar por Mariano.


Entrei no estábulo olhando por todas as baias até que o encontrei na
última.
— Oi. — falei sorridente.
Mariano penteava carinhosamente o pelo de Amora, uma de nossas
éguas.
— Oi mocinha, tudo bem?
— Sim. — Me estiquei e beijei seus lábios. — Você está sozinho?
— Por enquanto , daqui a pouco Orlando ou Breno aparecem por
aqui.
— E por acaso dá tempo de a gente namorar um pouquinho?
— Maria Augusta, estou trabalhando e qualquer um pode aparecer
aqui...
— É isso que torna as coisas bem mais excitantes. Está vendo? Estou
de vestido e sem calcinha. — Coloquei a mão na boca e cochichei.
O olhar que Mariano me lançou me arrepiou por inteiro. Na mesma
hora fechou a porta da baia e avançou em minha direção. Encostou sua testa
na minha e sua mão segurou em minha perna. Seu toque em minha pele me
deixou tonta, mole, de pernas bambas e meu coração acelerou, ficando difícil
respirar. Seu coração também pulsava forte, podia senti-lo sob minhas mãos.
Seu peito descia e subia rapidamente da mesma forma que o meu.
Suas mãos subiram lentamente por minha perna e bumbum, onde ele
deu um leve apertão ao constatar que realmente estava sem calcinha.
— Assim perco o emprego.
— Perde não, sou neta da dona, esqueceu?
— Dona Maria Augusta, a dona do meu coração.
Mariano falou enquanto passava a barba por meu pescoço seguido de
uma mordida delicada e molhada, causando-me intermináveis arrepios. Era
uma sensação tão gostosa, como se o corpo dele fosse um imã que me atraía e
não conseguia desgrudar.
— Você veio todo esse caminho sem calcinha? — Mariano se afastou
para me olhar, balançando a cabeça negativamente. — Você merece um
castigo, mocinha!
— Estou esperando por esse castigo desde a hora que acordei.
— É mesmo? — Ele me virou abruptamente. Minhas costas ficaram
contra seu corpo, podia sentir sua ereção roçando em minha bunda.
Mariano inclinou meu corpo e usei a parede de madeira como apoio.
Ele levantou meu vestido e senti seus beijos sobre minha bunda. Beijos
molhados, gentis e cuidadosos.
— Mariano... — Gemi seu nome.
— Shiii... Fica quietinha, fica? — Mandou e continuou com a doce
tortura de me beijar.
Suas mãos subiram lentamente por minha cintura, contornando com
cuidado cada curva do meu corpo, até que chegou em meu seio.
— Você me deixa maluco, Maria Augusta. — falou baixinho ao meu
ouvido. — Olha como você me deixa? — Mariano esfregou seu membro
duro em mim e mais uma vez pude sentir sua ereção.
De repente, ele tirou as mãos de mim, mas senti movimentos atrás do
meu corpo. Ele estava abrindo a calça e isso se confirmou quando senti que
Mariano passou seu membro em minha bunda vagarosamente.
— Mariano... — gemi baixinho. — Quero você dentro de mim.
— Seu pedido é uma ordem, mocinha.
Sua mão percorreu minha intimidade e logo seus dedos escorregaram
para dentro de mim.
Mariano se posicionou e senti a cabeça de seu pau cutucar minha
entrada e me invadir com facilidade.
Um gemido saiu de meus lábios quando me senti preenchida por ele.
Uma de suas mãos tapou minha boca, não podia fazer ruídos ou corríamos o
sério risco de sermos pegos. A outra apertou forte meu mamilo deixando-me
ensandecida. Escorreguei minha mão até a minha intimidade e me toquei, os
movimentos seguindo a remexida de Mariano dentro de mim, remexidas
gostosas que me deixava a beira de um orgasmo com facilidade. Ele me
deixava tão excitada que era difícil conter a explosão que viria.
Suas estocadas mais o toque em minha intimidade, somado ao lugar
que estávamos me fez chegar ao ápice do prazer, ao êxtase de uma forma
nunca sentida antes. Eu queria gritar para que todo mundo soubesse que
estava sentindo o melhor dos prazeres, que Mariano era o melhor amante que
uma mulher poderia ter.
Não demorou muito para que um urro surgisse em sua garganta,
mostrando que também tinha chegado ao ápice.
Nossa única testemunha era Amora que de vez em quando relinchava
baixinho.
— Você é tão gostosa. — Afastou meus cabelos e mordeu minha
orelha, seguido de beijinhos molhados por meu pescoço. Gemi outra vez, me
derretendo completamente.
— Ah Mariano, você que é gostoso. O melhor dos amantes.
— Que bom saber disso... Queria passar o dia aqui fazendo amor com
você, mas receio que alguém possa chegar. Já tivemos sorte o suficiente. —
Ri.
— É verdade. — Virei-me, ficando de frente para ele. — Mas antes
quero um beijo bem gostoso.
Ataquei sua boca mordendo seu lábio, chupando sua língua. Era um
beijo que me consumia, me deixava louca para tê-lo dentro de mim
novamente. E eu já podia sentir seu membro ganhando vida.
— Você é insaciável, né? — Perguntou.
— Por você sou mesmo.
— A noite a gente faz mais.
— No seu quarto ou no meu? — Perguntei.
— Você falou com sua avó? — Inquiriu em êxtase e eu assenti. —
Não acredito.
— Agora poderemos sair daqui de mãos dadas. Ninguém mais tem
nada a ver com a nossa vida.
— Certo... Você me faz feliz, como há muito tempo não sou.
— Posso dizer o mesmo, Mariano. — Beijei-o mais uma vez. —
Preciso ir. Hugo virá trazer os papéis do apartamento para vender. Te falei,
lembra?
— Você me falou que iam vender o apartamento, não que ele viria
aqui.
— Segundo meu irmão, Hugo fez questão de vir. — Revirei os olhos.
— Por quê?
— Não sei...
— Posso ir com você?
— Melhor não, Mariano. Ele vem até aqui, deve estar chegando. Não
quero arrumar problemas e quero que seja rápido. Ele me entrega, eu assino e
ele vai embora. Simples assim. — Seu olhar se escureceu e Mariano
comprimiu os lábios.
— Tudo bem. Se você quer assim...
— Está com ciúmes, garanhão?
— Estou. Não quero perder você.
— Não há a menor possibilidade de isso acontecer. — Alcancei sua
boca e o beijei novamente.
Ele respirou fundo e correspondeu ao meu beijo.
Quando nos separamos, Mariano abriu a porta da baia. Não
conferimos para ver se tinha alguém, e nos deparamos com Breno passando
pelo corredor.
O rosto de Breno, repentinamente, ficou vermelho. Os olhos pareciam
que iam saltar das órbitas. Eles iam de mim ao Mariano em segundos.
— Oi Breno. — Falei tentando quebrar o silêncio constrangedor.
— O que você está fazendo aqui? — Breno perguntou furioso.
— Não que eu deva satisfações da minha vida, mas eu e Mariano
estamos juntos.
— Juntos? — O homem gargalhou sem um pingo de humor. — Por
acaso ele já te contou sobre a aposta que fizemos? — Estreitei os olhos e o
encarei.
— Do que você está falando?
— Breno, por favor... — Mariano pediu e os dois travaram uma
batalha silenciosa.
— O que está acontecendo?
— Nós apostamos, Guta. — Ele olhou para mim e sorriu. —
Apostamos quem levaria você para a cama primeiro.
— Você fez o quê?
— Isso mesmo que você ouviu. Nós dois fizemos uma aposta e não
adianta o Mariano mentir, temos um monte de testemunhas.
— Mariano? — Olhei para ele completamente incrédula.
— Essa conversa está completamente fora de contexto. Breno estava
difamando você na frente dos outros peões da fazenda. Fiquei com raiva e
com ciúmes.
— E isso justifica uma aposta comigo envolvida? — Estava com
raiva, muita raiva.
— Maria Augusta?
— Pra você é dona Maria Augusta. — falei e saí andando.
— Maria Augusta... — ainda ouvi Mariano me chamar, mas não olhei
para trás.
Os homens realmente não são confiáveis. Pela segunda vez fui traída
pelos homens por quem me apaixonei. Sim, havia me apaixonado por
Mariano e agora mais uma vez tinha o coração partido por saber que tudo o
que vivemos foi uma grande mentira, tudo fazia parte de uma grande armação
que Mariano criou, uma aposta e eu era o prêmio.
Como fui burra! Burra!
Percebi que Mariano vinha atrás de mim, no entanto, eu não queria
falar com ele, muito menos olhar em sua cara.
Para melhorar a situação, Hugo havia chegado. Estava parado em
frente ao seu carro, parecia já ter me visto e me aguardava.
Estava puta com Mariano e como vi que ele vinha atrás de mim, corri
até Hugo e sem pensar duas vezes agarrei seu pescoço e o beijei. A princípio,
ele retesou o corpo e demorou alguns segundos para entender o que estava
acontecendo e corresponder meu beijo, mas logo senti seu gosto novamente e
me maldizia pelo meu ato.
Suas mãos subiram por meu pescoço e se enfiaram em meus cabelos,
mas aquele não era o toque que queria, muito menos o beijo. O que queria na
verdade era ferir Mariano da mesma forma que ele me feriu, nem que fosse
para ferir seu ego.
Por fim, interrompi o beijo e olhei para Hugo que me encarava com
os olhos brilhando.
— O que foi isso? Há quanto tempo você não me beija assim?
— Desculpa, Hugo.
— Desculpa? Foi o melhor beijo que ganhei em anos. E isso foi um
sinal.
— Do que você está falando? — Perguntei aturdida.
— Tenho sentido muito a sua falta. Uma palavra sua e jogo tudo pro
alto; a venda, o casamento. Tudo!
— O quê? Não! Você entendeu tudo errado, Hugo! Não quero reatar.
— E por que esse beijo então? — Inquiriu confuso.
— Não sei, acho que precisava tirar a prova real.
— Prova de quê?
— De que não sinto mais o mesmo por você.
— O que aconteceu com você? Está mais bonita, mais viva. —
Comprimi os lábios. — Volta pra mim, por favor! Se precisar, rastejo aos
seus pés.
— Desculpa, Hugo. Não vai rolar. — Vi uma lágrima deslizar por seu
rosto. Engoli em seco. — Você trouxe os documentos?
Ele assentiu, me entregou e eu assinei.
— Você ainda tem o número da minha conta, é só depositar, por
favor.
— Guta?
— Desculpa, Hugo. Até mais.
Virei as costas, e entrei para a casa. Não vi mais Mariano.
Capítulo Quinze
Quase um mês se passou e não tive mais contato com Mariano. Mas
isso não quer dizer que ele não tentou me procurar, e todas as vezes rejeitei.
Não permitiria que mais nenhum homem me manipulasse ou enganasse.
De vez em quando, encontrava ele pelos arredores da casa. Até mudei
meus horários de cavalgadas, somente para não ver meu corpo traidor se
manifestar apenas por avistar seu corpo ao longe. Era sempre do mesmo jeito:
meu coração acelerava e eu sentia meu corpo pegar fogo.
Nesse quase um mês, eu e Selena conseguimos reformar o nosso local
e estávamos às vésperas de inaugurar.
Estava sentada na varanda, no confortável sofá, lendo Antes do
Avesso da autora nacional Dresa Guerra no meu Kindle, quase chorando
porque é um livro intenso e emocionante, quando minha avó chegou irada,
quase me batendo:
— O que aconteceu entre você e o Mariano? — Fiz cara de paisagem.
— Como assim, vó? — Passei uma página.
— Um dia ele vem conversar comigo, pedindo permissão para
namorar você e no outro você me conta que estão juntos. Agora ele vem me
pedir demissão? O que é que há?
— Ele pediu demissão? — Meu coração se apertou com a
possibilidade de não mais vê-lo. — Ele veio falar com a senhora? Quando?
— Pediu. — Disse secamente ignorando a minha pergunta. — Vai
me contar ou não?
Respirei fundo.
— Ele e Breno fizeram uma aposta.
— Como assim?
Expliquei em detalhes para a minha avó o que havia acontecido.
— Que menina disputada! — Comentou admirada.
— Vó, essa não é a questão. Tudo o que vivemos foi uma mentira.
— Mariano não parecia mentiroso quando veio conversar comigo.
— Me conta isso direito, vó.
— Ele veio aqui, me procurando. Conversou comigo, dizendo que
tinha se apaixonado por você e que queria permissão para te namorar. —
Pisquei demoradamente.
— Não acredito nisso. Por que não me contou isso antes?
— Pensei que vocês estavam numa boa, se pegando por aí. — Dona
Marli deu de ombros.
— A senhora sabe onde ele está?
— Talvez no alojamento, arrumando suas coisas.
Levantei num impulso, quase derrubando meu kindle no chão.
— Onde você vai? — Entreguei o aparelho a ela.
— Vou atrás dele. — Minha avó apenas sorriu.
Caminhei a passos rápidos até o alojamento. Mariano estava em pé,
de frente para a cama, colocando algumas peças de roupa dentro de uma
pequena bolsa de viagem.
— O que pensa que está fazendo? — Mariano apenas me olhou. —
Estou falando com você, Mariano. O que pensa que está fazendo?
— Quer mesmo saber, dona Maria Augusta? — Mariano mal me
olhou ao responder enfatizando o dona. — Estou indo embora.
— Por quê? — Senti minha voz falhar.
— Porque não aguento mais te ver e não te tocar. Não aguento mais te
ver e não estar com você.
— Você partiu meu coração. — Contei.
— E você o meu quando beijou aquele cara. — Demorei a entender o
que ele quis dizer. — O Seu ex.
— Ah, aquilo foi pra te magoar da mesma forma que me magoou.
— Se você achou que aquilo me machucaria é porque sabia que sentia
algo por você. Então por que me punir assim? — Abri a boca, mas não tinha
uma resposta. — Você não me quer. Não há nada que eu possa fazer aqui,
nesse lugar, nesse quarto que tem tantas lembranças suas. Todo canto desse
Haras me lembra você. E eu não quero estar em um lugar onde não possa
estar com você. — Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Você partiu meu coração, Mariano. — Repeti. — Me enganou, me
machucou, me traiu.
— Eu não traí você. Tudo o que aconteceu foi real. Eu me apaixonei
por você. No dia da festa o Breno estava cantando de galo, falando horrores
sobre você, falando como você era na cama e isso me irritou profundamente.
Me deixou irado, enciumado porque ele já tinha estado com você e eu não.
Até então você não me suportava.
Mariano me contou com detalhes o que aconteceu no dia da festa e
fiquei com muita raiva do Breno. Se eu pudesse, acabaria com a raça dele.
— Sou apaixonado por você, por essa sua língua afiada. Sou
apaixonado por você desde que te vi pela primeira vez no meio daquela
estrada escura. — Ele se aproximou e colocou as mãos em meus ombros. —
E depois que beijei você, que a tive em meus braços não consegui mais parar
de pensar em você, em cada pedacinho seu. Eu sou seu, Maria Augusta. —
Mariano encostou sua testa na minha.
— Mariano... — Sussurrei seu nome ao passar meus braços em volta
de seu corpo forte e ele me apertou.
— Fica comigo, fica. Por favor! — Mariano esfregou o nariz no meu.
— Eu fico. Eu fico com você. — Alcancei sua boca. — Estava com
tanta saudade de você, do seu beijo, do seu gosto...
— E eu! Já estava ficando louco sem você, mocinha!
— Mata a vontade que está me consumindo, por favor!
— Que vontade? — Perguntou com a boca colada à minha.
— De ter você dentro de mim.
Rapidamente Mariano fechou a porta e avançou em minha direção,
pronto para apagar o fogo que consumia meu corpo.
Epílogo
O dia da inauguração chegou. O lugar estava lindo. Do lado de fora
um letreiro charmoso indicava o nome da nossa loja: Café com Livros.
O lugar estava incrível, Lizzie havia feito um ótimo trabalho. Podia
afirmar que nosso estabelecimento era o mais charmoso da região.
Vovó me olhava orgulhosa. Selena e Maurício assumiram um
relacionamento sério. Tinha certeza de que ali sairia um casamento e eles
seriam muito felizes.
Lizzie estava com Leonardo, pareciam felizes.
Orlando estava de olho na secretária de Lizzie e pelo que percebi, ele
era correspondido.
Mariano estava ao meu lado, não largava minha mão em nenhum
momento, querendo deixar claro de que ele estaria sempre comigo.
O perdoei, é claro. Depois que entendi o que havia acontecido, e
contei à vovó, ela demitiu Breno. Ela não queria um homem de sua estirpe
em seu haras.
Eu estava feliz. O Haras Montenegro havia mudado minha vida por
completo. A insistência de minha avó me levou a conhecer novamente o
amor, mas dessa vez, pedi aos céus para que durasse para sempre. Mariano
era tudo o que queria e não sabia. Ele me completava e me preenchia por
completo. Eu o amava e precisava contar a ele.
Arrastei Mariano para o depósito. O lugar estava cheio de caixas de
livros espalhados por todos os lugares. Mal tínhamos como andar.
— Está maluca? — Mariano perguntou sorrindo e me beijando.
— Estou. Estou maluca por você. — Mordi seu lábio.
— Vão sentir nossa falta, doida!
— Que sintam, quero batizar esse lugar antes da Selena. —
Gargalhei e ele me acompanhou. — Mas antes de tudo quero te dizer
uma coisa.
— O quê? — Perguntou curioso.
— Eu amo você.
Os olhos de Mariano brilharam. As duas poças cristalinas me
encararam, revelando que também sentia o mesmo por mim.
— Preciso falar? — Neguei com a cabeça.
— Eu sei que você também me ama.
— Sabe? — Assenti. — Mas vou falar assim mesmo. — Ele segurou
meu rosto entre suas mãos e as três palavrinhas mágicas saíram de boca
perfeitamente desenhadas. — Eu amo você. Amo tudo em você. Seu rosto,
sua boca, seus olhos. — Mariano ia dando beijinhos em cada parte do meu
rosto carinhosamente. — Amo você por inteiro, Maria Augusta.
Então ele me beijou. Um beijo carinhoso, explorando cada cantinho
da minha boca enquanto suas mãos passeavam pelo meu corpo, incendiando
cada parte minha.
— Nem acredito. — falou com a boca grudada na minha.
— O quê?
— Que você é minha. — E tomou minha boca outra vez.
E ali, naquela sala cheia das coisas que amava, Mariano me amou,
como em um livro de romance. Ele me amou da forma que eu merecia ser
amada.
Eu estava feliz. Estava presa nas amarras do peão, nas amarras de
Mariano. Estava feliz. E Mariano era a razão de tudo isso.
Fim.
Agradecimentos:

Olá querido leitor! Obrigada por viver comigo mais essa grande
aventura. Espero que tenha gostado de Mariano e Guta. Sou grata a cada um
de vocês! Ah, conheçam Nas Amarras de Leonardo também! Ele é da autora
Léia Fernandes. Escrevemos essa duologia em parceria.
Quero agradecer também a minha parceira Léia Fernandes, que
embarcou comigo nessa aventura. Amei a nossa parceria. Que venham outras
histórias lindas! Obrigada!
Minha família. Mãe e pai, minha base, meus maiores incentivadores.
Posso dizer que minha mãe é minha fã número um. Te amo! Na verdade, amo
vocês dois!
Adriano e Daniel, os dois homens da minha, meu amor é de vocês!
Minha amiga e beta Drica Kelys que foi maravilhosa e paciente
comigo. Meu muito obrigada, lindona!
Minhas parceiras e amigas que a vida literária me trouxe: Tatiana
Domingues, uma pessoa incrível sempre disposta a me ajudar. Mari Sales,
outra que tem o coração enorme e mesmo sem saber me incentiva a cada dia.
As meninas do grupo Parceiras se Divulgam: obrigada meninas, pelo
apoio e carinho!
Elaine Pinheiro que tem me ajudado tanto nas divulgações. Não tenho
palavras para expressar minha gratidão. Deus abençoe grandemente sua vida!
Gratidão! ♥
Últimos lançamentos:

Ricardo Lins – Proibida para Mim: https://amzn.to/2IENQwS


Sinopse: O que é mais importante? Os laços sanguíneos ou os laços
afetivos?
Ao voltar de uma longa estadia em outro estado devido ao seu trabalho,
Ricardo reencontrou aqueles que considerava sua família: o melhor amigo
Murilo e sua filha Isabela, aquela que ele viu crescer e ajudou em sua criação.
Entretanto, ao reencontrar a garota, algo dentro de seu coração mudou.
Isabela não era mais aquela menininha com quem costumava brincar e que o
chamava de tio. Ela se tornou uma mulher crescida e linda que o deixou
completamente encantado. Ricardo tenta fugir dos pensamentos e
sentimentos que invadem sua mente e coração, mas quando Isabela revela a
ele o que sente, o homem fica ainda mais confuso.
Será que ele conseguirá resistir à tentação e os sentimentos que o rodeiam?
Como contaria ao melhor amigo que havia se apaixonado por sua filha?
Ricardo sabia que esse sentimento poderia fazer um grande estrago, mas
quem pensa nas consequências quando se está apaixonado?
Murilo Mancini – Amor por Acidente: https://amzn.to/377BzdS

O que se esperar de uma batida de carro?


A resposta é simples: resolver a situação, fazer um boletim de ocorrência,
trocar telefones, aguardar o orçamento do lanterneiro e arcar com o prejuízo.
Teria sido assim se o motorista em questão não fosse Dalila, uma mulher
linda, com um péssimo senso de moda, mas que fez a fúria de Murilo se
dissipar com a visão mais bela e engraçada que já havia visto.
Diante disso, uma amizade nasce. E da amizade para o amor é um pulo.
Nicholas: https://amzn.to/3pyAF0D
Sinopse: Manuela é filha de um homem influente, poderoso e
candidato a prefeito na cidade onde residem. Preocupado com segurança da
filha, o pai contrata um segurança para protege-la.
Encantada com o homem que seu pai contratou, ela fará de tudo para leva-lo
para a cama. E ela está certa de que conseguirá, porque nenhum homem
resiste aos seus encantos.
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Sinopse: Era uma vez...
Amor, paixão, desejo e sensualidade.
E se as princesas dos contos de fadas se transformassem em mulheres reais,
da nossa época?
Se todas as histórias que escutamos pudessem ser vividas, com um toque de
modernidade, paixão e luxúria?
Mulheres dispostas a construir a sua história, viver um grande amor e
desfrutar dos melhores prazeres da vida.
As princesas tornaram-se rainhas e construíram novos contos, ainda mais
intensos. Nem toda mulher quer ser salva por um príncipe. Algumas só
querem uma boa noite de prazer.
Mergulhe em uma nova coleção, intensa, mágica e irresistível.
Seis princesas. Seis contos. Seis oportunidades de construir um novo “felizes
para sempre”, sem medo e sem pudores.
Outras obras: https://amzn.to/36mCmXG
Sobre a autora:

Mariana Helena é uma carioca que reside na cidade de Seropédica,


Rio de Janeiro. Formada em Educação Física, gosta de ler e assistir filmes
nos momentos de lazer. Sempre teve o sonho de tornar-se escritora e
desde pequena dedicava-se a escrita através de secretos diários.
O romance foi, de fato, o estilo que a conquistou. Ama romances e
adora clichês.
Seu estilo de escrita é doce, divertido e objetivo.

Redes sociais:
Facebook: https://www.facebook.com/mariana.helena.79
Fanpage: https://www.facebook.com/AutoraMarianaHelena/
Instagram: @marianahsrodrigues

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