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Os 7 pecados capitais do investidor

Confira entrevista com a psicanalista e doutora


em Psicologia Econômica, Vera Rita de Mello
Ferreira

Pode perguntar ao seu orientador espiritual: desejar não é pecado. O pecado, dirá
ele, está no excesso do desejo. Com as finanças não é diferente. Muitas das atitudes
que abençoam seu dinheiro podem levar à danação dos prejuízos se forem adotadas
em excesso. Por isso, quem quiser ser um investidor virtuoso precisa de uma boa
dose de autoconhecimento para não cair nas armadilhas criadas por sua mente e
suas emoções. Para evitar que você caia em tentação, DINHEIRO apresenta os sete
mecanismos mentais que prejudicam seus investimentos.

Arrogância

O pecado do excesso de confiança

Peca quem se acha melhor do que os


demais, superestimando suas
capacidades. Na hora de investir, o
excesso de confiança funciona como
uma ilusão de imunidade. A bolsa de
valores é um mercado de risco para
todos, mas o investidor
excessivamente confiante muitas
vezes cai na armadilha de pensar que
é esperto demais para errar na mão.
“Quem se considera mais inteligente
que os outros acredita estar acima dos
riscos”, escreveu o psicólogo
israelense Daniel Kahneman, Prêmio
Nobel de Economia de 2002. “Perder
dinheiro é algo que ocorre com o vizinho, não com ele.”

Como não cair em tentação: adote uma postura humilde, procure ouvir as opiniões
de outras pessoas, principalmente das que discordam de você

Luxúria

O pecado da ancoragem

Nessa armadilha psicológica, o


investidor se apaixona por um valor
aleatório – normalmente um número
redondo ou um momento de pico –
que passa a servir de referência, mas
sem nenhuma base racional. Renata
Generoso, analista da corretora
Spinelli, explica que isso é comum na
bolsa. Um investidor pode comprar
uma ação e vê-la cair logo em
seguida. “Ele não vende enquanto as
cotações não voltarem ao preço de
compra, mesmo que tenha um
prejuízo significativo”, diz Renata.
Como não cair em tentação: evite estabelecer “números mágicos”. Aqui vale
também a regra do amor – quem fica com uma pessoa não lhe dá o devido valor se
estiver pensando em outra

Preguiça

O pecado de seguir a manada

Se a grama do vizinho está sempre mais verde, é melhor contratar logo o jardineiro
dele, pensa o preguiçoso. O investidor tem uma tendência parecida, prefere seguir a
maioria em vez de ter o trabalho de pensar e chegar às próprias conclusões. “As
pessoas criam a fantasia de que os outros sabem mais e estão obtendo melhores
resultados, então simplesmente imitam o

comportamento alheio”, diz a psicóloga Vera Rita de Mello Ferreira,

especialista em finanças comportamentais.


Como não cair em tentação: participe de fóruns de discussão e procure testar seus
argumentos com pessoas que discordam de você

Gula

O pecado da contabilidade mental

Contabilidade mental é um mecanismo que impede o investidor de enxergar o


dinheiro como um todo. Como um guloso que devora o almoço, mesmo sabendo
que depois haverá uma sobremesa que vale por uma refeição à parte. O mecanismo
que o impede de perceber que não há uma divisão entre as calorias é o mesmo que
o faz dividir seu dinheiro em gavetas mentais, sem notar que a conta é uma só. Para
não gastar o “dinheiro da previdência”, um casal é capaz de comprar uma casa,
servindo-se de um financiamento caro.
Como não cair em tentação: evite separar o dinheiro em gavetas mentais. Avalie
seu patrimônio como um todo e deixe de pagar juros

Avareza

O pecado do exagero na busca por segurança

Ela confidencia, em um momento


romântico, que quer ter quatro filhos,
pelo menos. Em vez de conversar
sobre o assunto, ele suspende toda e
qualquer atividade sexual. Vista de
fora, essa é uma atitude absurda. No
entanto, exageros desse tipo
permeiam frequentemente as atitudes
do investidor. Os psicólogos explicam
que as pessoas têm uma propensão a
atribuir mais valor às informações
novas do que às antigas. Assim, quem
não quer correr riscos pode ser levado
a tomar uma atitude precipitada, por
conta de uma notícia pouco relevante.

Como não cair em tentação: admita que é preciso correr riscos e que, em alguns
casos, você não tomará a melhor decisão e pode perder algum dinheiro. “ Quem
tem essa tendência deve diversificar seus investimentos”, diz Renata
Vaidade

O pecado do viés de retrospecto

Viés de retrospecto é uma atitude


mental de tentar encontrar explicações
posteriores para algo que ocorreu de
maneira imprevista. Por exemplo,
“prever” que haveria uma crise
depois que ela ocorreu. Esse pecado,
aliás, é cometido frequentemente pela
maioria dos economistas. Quando
surge uma bolha, uma crise ou
quando

o investidor é vítima de um golpe,


sua tendência é acreditar que tudo

era previsível e os sinais eram claros.

Como não cair em tentação: mais uma vez, tenha humildade. O investidor precisa
admitir que errou e que não é capaz de antecipar ou prever tudo o que vai ocorrer

Ira
O pecado do viés de confirmação

O pecado da ira pode ser interpretado como uma necessidade de ter sempre razão.
Aplicada às finanças, a lógica de quem se enfurece facilmente quando é contrariado
pode causar prejuízos graves. “O investidor só enxerga aquilo que confirma o que
já acreditava antes”, diz Vera. Ou seja, as reportagens que confirmam que as ações
que ele comprou vão subir de preço são corretas, mas aquelas que trazem notícias
ruins sobre a empresa estão erradas, em princípio.

Como não cair em tentação: aprenda a conviver com a incerteza. Quem quer estar
100% certo 100% das vezes nunca fará um bom investimento

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