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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE COMPARATIVA DE MODELOS DE CÁLCULO PARA


CONSOLOS DE CONCRETO

ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA NETO

FAUSTO ARANTES LOBO

GOIÂNIA

2014
ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA NETO

FAUSTO ARANTES LOBO

ANÁLISE COMPARATIVA DE MODELOS DE CÁLCULO PARA


CONSOLOS DE CONCRETO

Trabalho de Conclusão apresentado à Escola de


Engenharia Civil da Universidade Federal de
Goiás, como parte dos requisitos para obtenção
do grau de bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo

GOIÂNIA
2014
"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com
ousadia, por que o mundo pertence a quem se atreve. E a vida vale demais para ser insignificante."
Charlie Chaplin
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização


do nosso curso de Engenharia Civil. Em especial aos nossos pais por sempre incentivar
a continuar seguindo em frente e nunca desistir.
Ao Prof. Daniel de Lima Araújo por seu imensurável auxílio na execução deste e
de outros trabalhos no decorrer do curso, por sua dedicação e empenho para nos
orientar.
À Escola de Engenharia, à Universidade Federal de Goiás e aos demais
professores com quem tivemos aula por possibilitar a realização do curso.
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise comparativa de alguns


modelos de cálculo para consolos de concreto pré-moldado. Para isso, são analisados os
modelos de cálculo das normas brasileiras (NBR 9062) e europeia (EUROCODE 2) e
de um código de projeto norte-americano (PCI). Além disso, são analisados três
modelos de cálculo sugeridos na literatura. Busca-se nessa comparação identificar os
modelos que melhor representam a força de ruína dos consolos, seja pelo escoamento do
tirante ou pelo esmagamento da biela. Além disso, busca-se identificar a contribuição da
armadura de costura na resistência do consolo. Para isso, foi montado um extenso banco
de dados a partir de resultados de ensaios de consolos de concreto realizados por
diversos pesquisadores presentes na literatura, no qual os modelos em questão foram
aplicados. Utilizando-se de ferramentas estatísticas, são definidos coeficientes de ajustes
a serem aplicados aos modelos para uso em projeto e que levam em conta a dispersão de
resultados observados.

Palavras-Chave: Consolos, Concreto Pré-moldado, Modelos de cálculo, Armadura de


Costura.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Trajetória de tensões no consolo (Torres, 1998) ................................. 09


Figura 2 – (a) Geometria do modelo e (b) largura da biela segundo a norma
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) ......................................................................... 12
Figura 3 – (a) Geometria do modelo do PCI (2010) e (b) adaptação para o caso
de consolo duplo ................................................................................................... 14
Figura 4 – (a) Geometria do modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) e (b)
geometria simplificada .......................................................................................... 16
Figura 5 – Geometria proposta por Machado (1998) apud Fernandes e El Debs
(2005) .................................................................................................................... 17
Figura 6 – Representação da influência de cada barra na resistência do consolo
no modelo proposto por Leonhardt e Mönnig (1977) ........................................... 21
Figura 7 – Representação do modelo proposto por Campione et al (2005) .......... 22
Figura 8 – (a) Força calculada em função da relação a/d para a ruptura do
tirante e (b) da biela ............................................................................................... 24
Figura 9 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais
para os modelos da ABNT NBR 9062, do EUROCODE 2 e do PCI ................... 27
Figura 10 – Comparação dos modelos de cálculo de Machado (1998) apud
Fernandes e El Debs (2005), Leonhardt e Mönnig (1977) e Campione et al
(2005) com resultados experimentais .................................................................... 31
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais


(Fexp/Fcalc) ................................................................................................................. 26
Tabela 2 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais
(Fexp/Fcalc) para os modelos propostos por Machado (1998) apud Fernandes e
El Debs (2005), Leonhardt e Mönnig (1977) e Campione et al (2005) .................. 30
Tabela 3 – Valores do coeficiente  para os modelos matemáticos com ruptura
do Tirante ................................................................................................................ 36
Tabela 4 – Valores do coeficiente  para os modelos matemáticos com ruína da
biela ......................................................................................................................... 36
Tabela A-1 – Dados de consolos sem armadura de costura com ruína pelo
escoamento do tirante .............................................................................................. 45
Tabela A-2 – Dados de consolos com armadura de costura com ruína pelo
escoamento do tirante .............................................................................................. 45
Tabela A-3 – Dados dos consolos sem armadura de costura com ruína pelo
esmagamento da biela comprimida ......................................................................... 46
Tabela A-4 – Dados dos consolos com armadura de costura com ruína pelo
esmagamento da biela comprimida ......................................................................... 47
Tabela A-5 – Forças calculadas de ruptura de consolos sem armadura de costura
para escoamento do tirante ...................................................................................... 48
Tabela A-6 – Forças calculadas de ruptura de consolos com armadura de costura
para escoamento do tirante ...................................................................................... 48
Tabela A-7 – Forças calculadas de ruptura dos consolos sem armadura de costura
com ruína pelo esmagamento da biela comprimida ................................................ 49
Tabela A-8 – Forças calculadas de ruptura dos consolos com armadura de
costura com ruína pelo esmagamento da biela comprimida .................................... 50
LISTA DE SÍMBOLOS

Vd: Força de ruína do consolo;


As: Área de aço;
a: Distância entre o ponto de aplicação da força e a face do pilar;
d: Altura de cálculo do consolo, desconsiderando o cobrimento;
b: Largura do consolo;
c: Comprimento do consolo;
c’: Comprimento do consolo sem o cobrimento (cc) e o diâmetro da barra de
ancoragem do tirante (  );
fyd: Tensão de escoamento do aço, valor de cálculo;
fcd: Resistência à compressão do concreto, valor de cálculo;
: Diâmetro da barra de ancoragem do tirante, que, normalmente, é igual a
do tirante;
cc: Cobrimento de concreto na ponta do tirante;
γ: Coeficiente de segurança do PCI;
βn : Coeficiente recomendado pelo PCI (2010), que vale: 1,0 para nós que
recebem apenas forças de compressão; 0,8 para nós onde chega um
tirante; 0,6 para nós com mais de 1 tirante;
βs: Coeficiente recomendado pelo PCI (2010), que vale: 0,6 para consolos
sem armadura de costura e 0,75 para consolos com armadura de costura;
hc: Comprimento do pilar;
k1: Constante do EUROCODE 2 (CEN, 2004), que vale 1,18;
n: Número de barras horizontais (armadura de costura) no consolo;
Ec: Módulo de Elasticidade do Concreto;
Es: Módulo de Elasticidade do Aço;
ξ: Coeficiente de minoração da resistencia do concreto confinado.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 09

1.1.OBJETIVO ................................................................................................ 10

1.2.METODOLOGIA ..................................................................................... 10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 12

2.1.Modelo proposto pela ABNT NBR 9062 .................................................. 12

2.2.Modelo proposto pelo PCI ........................................................................ 13

2.3.Modelo proposto pelo EUROCODE 2 ...................................................... 16

2.4.Modelo proposto por Hagberg (1983) ....................................................... 17

2.5.Modelo proposto por Leonhardt e Mönnig (1977) ................................... 20

2.6.Modelo proposto por G. Campione et al (2005) ....................................... 21

3. RESULTADOS ............................................................................................. 24

3.1. Comparação entre os modelos de cálculo ................................................ 24

3.2. Modelos Normativos ................................................................................ 25

3.3. Modelos analíticos com armadura de costura .......................................... 29

3.4. Aplicação a projeto de estruturas ............................................................. 34

4. CONCLUSÕES ............................................................................................. 38

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 41

6. APÊNDICE A ................................................................................................ 44
1. INTRODUÇÃO

O uso de concreto pré-moldado vem crescendo gradativamente nas sociedades


brasileira e mundial, o que faz com que a necessidade por aprimorar seus modelos de
cálculos se torne cada vez mais importante. Esse crescimento ocorre por conta das
vantagens de se utilizar esse processo construtivo. Ao se utilizar elementos pré-
moldados na construção, ocorre uma significativa redução no prazo de execução da
mesma, além do fato de que as peças pré-moldadas apresentam um melhor acabamento
e um melhor controle de qualidade, podendo, muitas das vezes, ficarem aparentes na
edificação sem que haja significativo prejuízo estético.
Um desses elementos pré-moldados é o consolo, que é um elemento estrutural
que se projeta normalmente dos pilares e serve de apoio a outros elementos estruturais,
como vigas e lajes. Apesar do consolo de concreto ser um elemento bem conhecido,
existem diferentes modelos de cálculo que levam a diferentes arranjos de armadura.

Figura 1: Trajetória de tensões no consolo (TORRES, 1998)

Na maioria dos modelos de cálculo, o projeto de consolos é realizado a partir da


simplificação de sua geometria por meio de modelos de bielas e tirantes. Essa
simplificação é possível porque, como observado da análise das linhas de tensão no
consolo mostrado na Figura 1, há regiões tracionadas e regiões comprimidas que
formam, aproximadamente, uma treliça no interior do consolo. Na região tracionada é

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colocado o tirante de aço para resistir às tensões de tração e na região comprimida é


verificada a resistência do concreto para suportar a força de compressão.
Nota-se, ainda na Figura 1, que surgem linhas de tração ao longo da altura do
consolo, mesmo que não tão concentradas como na região do tirante. Por isso, algumas
normas recomendam a colocação de uma armadura de costura longitudinal espaçada
nessa região a fim de combater esses esforços de tração.

1.1. Objetivo
Este trabalho tem por objetivo analisar a eficiência dos principais modelos de
cálculo na avaliação da força de ruína de consolos de concreto pré-moldado, com e sem
armadura de costura. Para tanto, são propostos os seguintes objetivos específicos:

 Avaliar a eficiência dos modelos de cálculo apresentados nas normas


brasileiras (NBR 9062) e europeias (EUROCODE 2) e de um código de
projeto norte-americano (PCI) na representação da resistência de
consolos de concreto armado, com e sem armadura de costura;
 Avaliar a eficiência de modelos de cálculo sugeridos na literatura para a
consideração da contribuição da armadura de costura em consolos de
concreto.

1.2. Metodologia

Neste trabalho, foram escolhidas a norma brasileira ABNT NBR 9062 (ABNT,
2006) e a norma europeia EUROCODE 2 (CEN, 2004) para serem analisadas, por
serem de ampla aplicação no Brasil. Além disso, foi escolhido o modelo proposto pelo
manual do Precast Concrete Institute (PCI, 2010) por ser esta uma associação norte
americana de grande influência no projeto de estruturas pré-moldadas em todo o mundo.
Essas normas e esses códigos são voltados para a execução de projetos. Por conta disso,
elas definem critérios para o dimensionamento dos consolos de forma que, a partir do
valor da força que será aplicada no consolo e de sua geometria, seja possível obter os
valores da área de aço do tirante e da resistência da biela comprimida de concreto para
suportar essa força. Entretanto, para se analisar a precisão de cada modelo, as suas
equações devem ser trabalhadas para se obter um novo equacionamento de forma que,
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11

ao se fornecer a geometria do consolo, a área de aço do tirante e a resistência do


concreto, seja possível estimar a força máxima que o consolo suporta. Assim, essa força
pode ser comparada com a força relativa à ruína dos consolos presentes no banco de
dados levantado, isto é, escoamento do tirante ou esmagamento da biela.
Os modelos de normas e códigos não consideram a armadura de costura em sua
formulação. Apesar disso, algumas normas, como a ABNT NBR 9062 e o
EUROCODE 2, exigem a colocação da armadura de costura. Entretanto, devido à
ausência de modelos de cálculo adequados, essa armadura é definida na norma ABNT
NBR 9062 como uma fração da armadura dimensionada para o tirante. Por essa razão,
além dos modelos de normas e códigos de projeto, serão analisados três modelos
analíticos formulados com a presença da armadura de costura. O primeiro é o modelo
proposto por Machado (1998)1 apud Fernandes e El Debs (2005), que foi obtido do
refinamento do modelo originalmente proposto por Hagberg (1983), o segundo é o
modelo proposto por Leonhardt e Mönnig (1977), e o terceiro foi proposto por
Campione et al (2005).
Utilizando-se de ferramentas estatísticas, são definidos coeficientes de ajustes a
serem aplicados aos modelos para uso em projeto e que levam em conta a dispersão de
resultados observados a partir da comparação com o banco de dados montado com base
em trabalhos encontrados na literatura, e que é apresentado em anexo no final deste
trabalho. Esse banco de dados é formado por 62 consolos curtos diferentes, isto é, com
relação a/d variando entre 0,5 e 1,0 e com resistência à compressão do concreto
variando de 25 MPa a 105 MPa.

1
MACHADO, C.P. Consolos curtos e muito curtos de concreto armado. Tese (Doutorado em
Engenharia Civil) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 1998.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os modelos de cálculo de consolos analisados nesse trabalho são os propostos


pela norma ABNT NBR 9062 (ABNT,2006), pelo código de projeto do PCI (2010) e
pela norma europeia EUROCODE 2 (CEN, 2004). Entretanto, nenhum desses modelos
considera a influência da armadura de costura. Por isso, foram analisados três modelos
presentes na literatura. O primeiro é o modelo propostopor por Machado (1998)2 apud
Fernandes e El Debs (2005), que foi obtido do refinamento do modelo originalmente
proposto por Hagberg (1983), o segundo é o modelo proposto por Leonhardt e Mönnig
(1977) e o terceiro foi proposto por Campione et al (2005).

2.1. Modelo proposto pela ABNT NBR 9062

O primeiro modelo analisado é o normatizado no Brasil pela ABNT NBR 9062


(ABNT, 2006) para projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, sendo o
consolo simplificado pelo modelo de biela e tirante mostrado na Figura 2a. Nesse
modelo, a ruptura pode ocorrer pelo escoamento do tirante ou pela ruptura da biela
comprimida. Entretanto, nele não é prevista a verificação dos nós formados pela treliça
imaginária que serve para cálculo dos esforços, como ocorre nos demais modelos.

Figura 2 – (a) Geometria do modelo e (b) largura da biela segundo a norma


ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006).

(a) (b)

2
Idem 1.
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Segundo a norma ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006), a área de aço do tirante é
determinada pela equação (1).
 aV
As   0,1   d (1)
 d  f yd

Isolando-se a força, encontra-se a equação (2) que pode ser utilizada para
determinar a força relativa ao escoamento do tirante do consolo (Vd), conhecidas a
geometria do consolo, a tensão de escoamento do aço e a área de aço do tirante.
As f yd
Vd  (2)
 a
 0,1  
 d
Para a biela comprimida, a norma ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) propõe a
geometria mostrada na Figura 2b. A partir dessa geometria, é possível determinar a
força de ruína do consolo (Vd) quando ela se dá na biela comprimida, conhecidas a
geometria do consolo e a resistência à compressão do concreto, dada pela equação (6),
que é obtida à partir da equação (3), onde o valor da força na biela é substituída pelo
produto da resistência do concreto pela área da seção transversal da biela, originando a
equação (4) e desta surge a equação (5) por meio da substituição do valor do valor da
largura da biela no plano horizontal e manipulando-se essa equação chega-se àquela que
fornece o valor da força máxima vertical aplicada ao consolo para que este tenha a
ruptura na biela de compressão.
Vd
Fbie  (3)
sin 
Vd
f cd b l sin    (4)
sin 
Vd  f cd b 2 c  a    cc  sin 2  (5)
2 f cd b d 2
c    cc  a 
Vd  (6)
 c  cc   
2 2
d

2.2. Modelo proposto pelo PCI

Outro modelo estudado é o recomendado pelo PCI (2010), sendo o modelo de


biela e tirante representado pela treliça mostrada na Figura 3a. No caso de consolos
duplos, esse modelo pode ser modificado, obtendo-se a treliça mostrada na Figura 3b.

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14

O modelo mostrado na Figura 3a difere do recomendado pela norma ABNT


NBR 9062 (ABNT, 2006) por sugerir uma treliça com mais elementos, sendo os tirantes
representados pela armadura do consolo e pela armadura do pilar, que são os trechos
MN e NO. Além disso, aparecem duas bielas comprimidas, que são as NP e OP. Já no
consolo duplo, aparece apenas uma biela comprimida de cada lado. Dessa forma, esse
modelo se torna semelhante ao modelo recomendado pela norma ABNT NBR 9062
(ABNT, 2006). Outra aspecto do modelo do PCI (2010) é a exigência da verificação dos
nós da treliça.

Figura 3 – (a) Geometria do modelo do PCI (2010) e (b) adaptação para o caso de consolo duplo.

(a) (b)

A partir do equilíbrio da treliça da Figura 3a, ou Figura 3b, e da verificação da


segurança do nó p dessa treliça, tem-se a distância ws que define a geometria da treliça,
dada pela equação (7).
N c   Fcu An
N c  0,85   n f c b ws
Vd
ws 
0,85   n b f c (7)

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Assim:
hc
l1  a
2
h Vd
l2  c 
2 1,7   n b f c
A partir dessas equações, é possível determinar a força de ruína do consolo (Vd),
quando ela se dá pelo escoamento do tirante, conhecidas a geometria do consolo, a
tensão de escoamento do aço, a resistência à compressão do concreto e a área de aço do
tirante, dada pela equação (8).
Ftir As  f y d
As   Vd  As  f y tan   Vd 
 fy Vd
a
2  0,85   n b f cd
Vd  1,7   n b f cd a Vd  1,7 As f y d  2  n b f cd  0
2


1,7   n b f cd a 2  6,8 As f y d  2  n b f cd  1,7   n b f cd a
Vd 
2 (8)
Para o caso de esmagamento da biela comprimida, à partir do modelo do PCI
(2010), chega-se à equação (9), que é a equação da biela OP da Figura 3. Esta equação
foi obtida admitindo-se que o nó formado no ponto P apresente a forma de um triângulo
retângulo, como admitido pelo PCI (2010). Quando considera-se o nó livre, sem que
seja necessariamente um triângulo retângulo, chega-se à equação (10). Foi deduzida a
equação apenas para a biela OP, e não para a biela NP, devido ao fato que todos os
consolos presentes no banco de dados são duplos e, por isso, não apresentam a biela NP
(Figura 3b).
 2Vd a  hc  cc  
hc  cc   hc  cc  
2

2 
0,85 n f cd b 
Vd  0,85 s f cd bd (9)
2Vd a  hc  cc  
2

d  a  hc  cc  
2 2

 0,85 n f cd b 

 
 
  (10)
0,425 n f cd b  2

Vd  h  c 2  d
a  hc  cc   c c   2a  hc  c c 
2 
  n2
   hc  cc 
2
a  hc  cc   
  1     Vd
 2

 
  2d  2d  1,7f cd b n d 2  
 s
 

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2.3. Modelo proposto pelo EUROCODE 2

O terceiro modelo de cálculo estudado é o recomendado pelo EUROCODE 2


(CEN, 2004), que adota o modelo de biela e tirante mostrado na Figura 4a. Entretanto,
para o dimensionamento do consolo curto foi adotado o modelo simplificado mostrado
na Figura 4b, o que o torna semelhante ao modelo da norma ABNT NBR 9062 (ABNT,
2006), com a verificação adicional da resistência do nó 1 (JACOBS, 2008).
Realizando o equilíbrio da treliça da Figura 4b e impondo a verificação adicional
da resistência do nó, chega-se à equação (11) para avaliação da força de ruína do
consolo devida ao escoamento do tirante e à equação (12) para avaliação da força de
ruína do consolo devida ao esmagamento da biela comprimida.
2
  f cd  f cd   f cd  f cd  f cd  f cd (11)
Vd  a b k1 1  6    1,6 b d f yd As k1 1  6 
 a b k1 1  6 
  250 10   c   250 10   c  250 10   c
2
 
 Vd 
   0,04 d 2
  f cd  f cd 
 b k1  1   
 250  10   c 
6

Vd  0,8 b d f cd
2 (12)
 
 Vd 
a    0,64 d 2
  f cd  f cd 
 2 b k1  1   
 250  10   c 
6

Figura 4 – (a) Geometria do modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) e (b) geometria simplificada.

(a) (b)

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2.4. Modelo proposto por Hagberg (1983)

O quarto modelo analisado foi o proposto por HAGBERG (1983) que considera
a contribuição da armadura de costura. Esse modelo foi adaptado por Machado (1998)3
apud Fernandes e El Debs (2005) para a obtenção de um equacionamento que expressa
o valor da força máxima suportada pelo consolo por meio da informação dos dados das
propriedades geométricas e físicas dos consolos.
Neste modelo, admite-se a existência de uma posição fictícia onde toda a
armadura horizontal situada a uma altura de 2d/3 do topo do consolo estaria
concentrada, como pode ser visto na Figura 5. Essa limitação de altura é devida ao fato
que a armadura de costura fora dessa faixa tem deformação muito pequena, não
contribuindo para a resistência do consolo. Com isso, determina-se a altura equivalente
d* e calcula-se a força como se houvesse apenas um tirante nessa posição e com a área
de aço resultante da soma de todas as armaduras localizadas na região de 2d/3.

Figura 5 – Geometria proposta por Machado (1998) apud Fernandes e El Debs (2005)

A força máxima vertical suportada pelo consolo, quando a ruína do mesmo se dá


pelo escoamento do tirante equivalente, é dada ela equação (13), definida por:
n
zi
Vd   Asti f ydi (13)
i 1 a*

3
Idem 1.
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18

Em que:

a *  0,5 a  a 2  d *  * 2   * 
2
  (14)
 
n
d i Rsdi (15)
d 
*

i 1 Rsd
di
Rsdi  Asi f ydi
d
n
Rsd   Rsdi
i 1

n Asi f ydi (16)


*  
i 1 b d * f cd*

 f 
f cd*  0,85 1  ck  f cd
 250 

z i  d i  0,5 * d * (17)

Na equação (15), relativa à força resultante no tirante (Rsdi), foi admitido, para
este trabalho, que a força resistida por cada barra seria diretamente proporcional à
relação entre a distância de cada barra à base do consolo (di) e a altura útil do consolo
(d). Esse fato é comprovado por ensaios, onde se constata que, quando o tirante entra
em escoamento, as demais armaduras de costura ainda permanecem no regime elástico.
Quando a ruína do consolo se dá pelo esmagamento da biela comprimida, a
força atuante na biela é obtida pela equação (18), sendo o valor de abie apresentado na
equação (19).
Vd a *
Rcd  (18)
abie
Com:
a*
abie 
2
 a*  (19)
1   * 
z 
z *  d *  0,5  * d *

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19

A tensão de compressão na biela vale:


Rcd
 cd  (20)
hbie b
Da equação (20), fazendo uma inversão para isolar o valor da força aplicada no
consolo, Vd, e agrupando as equações, chega-se à equação (21).
f cd hbie b abie
Vd  (21)
a*
Nessa equação, hbie representa a largura da biela comprimida e que pode ser
obtida de diferentes recomendações de projeto. Neste caso, adotou-se a largura de biela
recomendada pela NBR 9062 (ABNT, 2006), o que difere do proposto por Machado
(1998)4 apud Fernandes e El Debs (2005) que adotou a largura da biela recomendada
por Hagberg (1983). Sendo assim, obtem-se a equação (22) para avaliação da largura da
biela:
2 d * c'a 
hbie  (22)
*2
d  c' 2

Alguns trabalhos recomendam uma expressão diferente para avaliação da largura


da biela, sendo comum adotar-se hbie  0,2d , proposto por Leonhardt e Mönnig (1977).
Utilizando essa recomendação, chega-se à equação (23), que estima a força de ruína do
consolo pelo esmagamento da biela.
0,2 f cd b d * abie
Vd  (23)
a*
Substituindo o valor de abie, apresentado na equação (19), na equação (21), e os
valores possíveis para o hbie, tem-se:
0,2 f cd b d *
Vd 
2
 a*  (24)
1   * 
z 

2 f cd b d * c'a 
Vd 
2
 a*  (25)
1   * 
2
d *  c' 2
z 

4
Idem 1.
______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
20

A equação (24) admite a biela com largura igual a 20% da altura de cálculo do
consolo e na equação (25) a largura da biela é estimada segundo a NBR 9062 (ABNT,
2006).

2.5. Modelo proposto por Leonhardt e Mönnig (1977)

O modelo proposto por Leonhardt e Mönnig (1977) é semelhante ao apresentado


por Hagberg (1983). Nesse modelo também são consideradas apenas as armaduras que
se encontram na região até 2d/3 do topo do consolo. A diferença está no fato que
Hagberg (1983) calcula uma posição equivalente única para representar toda a armadura
de costura e do tirante, enquanto Leonhardt e Mönnig (1977) calculam a influência de
cada barra em sua posição original, como pode ser visto na Figura 6.
Nesse caso, a força máxima suportada pelo consolo relativa ao escoamento do
tirante e da armadura de costura é avaliada pela equação (26), onde novamente foi
considerada a ponderação de que a força resistida por cada barra é influenciada pela sua
altura relativa à base do consolo, como feito no modelo de Hagberg (1983). Obtém-se,
assim:
n
zi d i
Vd   Asi f ydi
i 1 a d (26)

zi  0,9 d i

Para o caso da ruína da biela comprimida, obtém-se a equação (27) para avaliar a
força máxima do consolo, na qual é admitida a largura da biela igual a 0,2 d:
0,18 f cd b d *
Vd 
2
 a  (27)
0,9   * 
2

d 
n
d i Rsdi
d*  
i 1 Rsd

Rsdi  Asi f ydi


n
Rsd   Rsdi
i 1

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
21

Figura 6: Representação da influência de cada barra na resistência do consolo no modelo


proposto por Leonhardt e Mönnig (1977)

2.6. Modelo proposto por Campione et al (2005)

Campione et al (2005) propõem em seu trabalho dois modelos de cálculo para


consolos, um para os que não possuem armadura de costura e outro para os que
possuem a mesma. Para o caso de consolos sem armadura de costura, é feito,
basicamente, um equilíbrio das barras da treliça simplificada mostrada na Figura 7. A
partir do equilíbrio de forças nas barras e da resistência mecânica dos materiais, é
determinada a equação para cálculo da força máxima vertical aplicada ao consolo para o
caso de ruptura do tirante, equação (28), e para o caso de ruptura da biela de
compressão, equação (29).

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
22

Vd  f yd As tan  (28)

Vd   f c' b xc cos  sen (29)


A altura da linha neutra, xc, pode ser determinada pela equação (30), que foi
obtida à partir da manipulação das equações apresentadas no artigo, e o coeficiente ,
apresentado no artigo, que estima a diminuição da resistência da biela de compressão
devido à atuação de tensões normais de tração à mesma, pode ser determinado pela
equação (31).

 2 E bA d  E
xc   As2  c s  As  s ; Ec  4700 f c (30)
 Es  bEc

5,8 1 0,9 f
  ; r  y (31)
fc 1  400 r 1  400 r Es

Figura 7: Representação do modelo proposto por Campione et al (2005)

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
23

No que se refere aos consolos com armadura de costura, Campione et al (2005)


propõem a formação de uma treliça secundária representada pela resultante de forças na
armadura de costura. Neste caso, a força atuante no consolo é dividida entre as duas
treliças a partir da rigidez de cada uma delas. Define-se, assim, o coeficiente , a partir
da rigidez da treliça principal (R1) e da treliça secundária (R2), que representa a parcela
da força aplicada no consolo e que é resistida pela treliça principal. Conhecida essa
força, é possível estimar a força máxima que pode ser aplicada ao consolo de modo a
provocar o escoamento do tirante, equação (35), e a força máxima que provoca a ruína
da biela de compressão da treliça principal, equação (36).

1 (32)
R1  ; Ac1  b xc cos 
a a z 2 2

Es A f 1 tan  Ec Ac1 sin 2 
2

1 (33)
R2  ; Ac 2  b xc cos 
2
a a2  z
 2
Es A f 2 tan 2  Ec Ac 2 sin 2 

R1
 (34)
R1  R2

1
Vd  f yd As tan  (35)

1
Vd   f c' b xc cos  sen (36)

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
3. RESULTADOS

As equações deduzidas neste trabalho foram utilizadas para determinar a força


máxima de ruína dos consolos presentes no banco de dados levantado, sendo essas
forças comparadas com os resultados experimentais de modo a se avaliar a precisão dos
modelos de cálculo. O banco de dados, com as características de cada consolo e com os
valores de força calculados, encontra-se no Apêndice A.

3.1. Comparação entre os modelos de cálculo

A Figura 8 mostra a variação da força estimada pelos seis modelos de cálculo


para um consolo curto com relação a/d variando de 0,5 a 1,0. Para essa análise, adotou-
se a geometria, a taxa de armadura e as propriedades dos materiais do consolo 26
ensaiado por Fattuhi (1990b).

Figura 8 – (a) Força calculada em função da relação a/d para a ruptura do tirante e (b) da biela.

(a) (b)

Para os modelos normatizados, foi apresentado apenas o gráfico para o cálculo


conforme os modelos, onde não é levado em consideração a armadura de costura, já
para os modelos analíticos, a armadura de costura foi considerada e no caso dos
modelos proposto por Hagberg (1983) modificado por Machado (1998)5 apud

5
Idem 1.
______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
25

Fernandes e El Debs (2005) e Leonhardt e Monning (1977), foi calculado apenas para a
altura da biela como sendo 20% da altura útil do consolo por ser esta a consideração do
artigo original. No caso do modelo proposto por Campione et al (2005) foi apresentado
apenas o gráfico para o caso do  como proposto no artigo.
Observa-se da Figura 8a que para a ruptura do tirante há um comportamento
relativamente semelhante, sendo que o PCI (2010) e a ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006)
praticamente se coincidem. Como esperado, as forças de rupturas calculadas com a
consideração da armadura de costura são maiores que as dos modelos sem armadura e,
nesse caso, o gráfico do modelo proposto por Campione et al (2005) cruza com os
demais gráficos, mostrando que os modelos dependem da relação a/d.
Da Figura 8b nota-se que há um comportamento bem definido para todos os
modelos com exceção da ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) quando se trata da ruptura
da biela. Esse comportamento diferenciado ocorre devido o método de cálculo da
largura da biela que, para o modelo escolhido, não se adere bem e pode não estar
representando a realidade, o que mostra que o modelo pode não ser válido para todas as
geometrias de consolos.

3.2 Modelos normativos

É apresentado na Tabela 1 um resumo da comparação dos valores fornecidos


pelos modelos de cálculo da ABNT NBR 9062, do EUROCODE 2 e do PCI com os
resultados experimentais. Nessa tabela são apresentados a média e o desvio padrão da
relação entre a força de ruína experimental (Fexp) e a força de ruína prevista por cada
modelo de cálculo (Fcalc). Neste caso, a força de ruína dos modelos de cálculo foi
calculada sem e com os coeficientes de segurança e/ou majoração definidos em cada
modelo de cálculo.
Na Figura 9 são apresentados os gráficos da comparação entre os resultados dos
modelos de cálculo e dos resultados experimentais. Nas Figuras 9a e 8b é feita a análise
da relação Fexp/Fcalc em função da área da seção transversal do tirante para os consolos
que romperam pelo escoamento do tirante. Já nas Figuras 9c e 9d é feita a análise da
relação Fexp/Fcalc em função da resistência à compressão média do concreto, que foram
os valores encontrados nos artigos da literatura, para os consolos que romperam pelo
esmagamento da biela comprimida.
______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
26

Tabela 1 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais (Fexp/Fcalc)


NBR 9062 PCI (2010) EUROCODE
Tipo de EURO-
Consolo NBR 9062 com PCI (2010) com 2 com
ruína CODE 2
segurança segurança segurança
Sem armadura Tirante 0,96 ± 0,14 1,54 ± 0,23 0,93 ± 0,13 1,74 ± 0,24 1,32 ± 0,18 2,03 ± 0,28
de costura
Biela 0,83 ± 0,47 1,63 ± 0,92 1,07 ± 0,43 1,99 ± 0,80 0,84 ± 0,50 1,88 ± 1,11
Com armadura Tirante 1,26 ± 0,16 2,03 ± 0,26 1,20 ± 0,16 2,24 ± 0,29 1,67 ± 0,27 2,58 ± 0,43
de costura
Biela 1,15 ± 0,45 2,23 ± 0,87 1,30 ± 0,40 2,42 ± 0,76 0,85 ± 0,33 1,87 ± 0,66

A Tabela 1 mostra que para os consolos sem armadura de costura, caso a ruína
ocorra pelo escoamento do tirante, o modelo de cálculo da ABNT NBR 9062 (ABNT,
2006) é o que mais se aproxima, em média, dos resultados experimentais, sendo o
modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) o mais conservador. A diferença entre os
modelos da ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) e do PCI (2010) é pequena.
Levando em conta o desvio padrão e os coeficientes de segurança e/ou
majoração de cada modelo, o modelo da ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) novamente é
o que mais se aproxima dos resultados experimentais quando a ruína se dá pelo
escoamento do tirante.
Da análise da Tabela 1 referente aos consolos com armadura de costura,
considerando a ruína pelo escoamento do tirante, nota-se um sensível aumento da
resistência do consolo devido à armadura de costura. Neste caso, todos os modelos de
cálculo forneceram valores menores que os obtidos dos ensaios, sendo que o modelo de
cálculo do PCI (2010) foi o que mais se aproximou dos valores experimentais e o
modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) foi o mais conservador. Vale lembrar que esses
modelos de cálculo considerados não levam em conta o efeito da armadura de costura
na resistência do consolo, o que justifica o aumento da relação Fexp/Fcalc quando é
adicionada armadura de costura ao consolo. Levando em conta os coeficientes de
segurança e/ou majoração de cada modelo, nota-se um aumento da segurança em todos
os modelos, sendo que no caso do modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) a força
última experimental foi, em média, 158% maior que o valor estimado pelo modelo.

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
27

Figura 9 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais para os modelos
da ABNT NBR 9062, do EUROCODE 2 e do PCI.

(a) Consolos sem armadura de costura e que romperam pelo escoamento do tirante

(b) Consolos com armadura de costura e que romperam pelo escoamento do tirante

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
28

(c) Consolos sem armadura de costura e que romperam pelo esmagamento da biela comprimida

(d) Consolos com armadura de costura e que romperam pelo esmagamento da biela comprimida

______________________________________________________________________________________________
SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
29

Quando se analisa a ruína dos consolos sem armadura transversal devido ao


esmagamento da biela, nota-se da Tabela 1 que os modelos da ABNT NBR 9062
(ABNT, 2006) e do EUROCODE 2 (CEN, 2004) são contrários à segurança, quando
analisadas as médias da relação Fexp/Fcalc. Entretanto, o modelo do PCI (2010) mostra-se
mais preciso, sendo que essa relação fica próxima à unidade, o que é o mais desejado,
podendo, mesmo assim, apresentar valores contrários à segurança devido ao elevado
desvio padrão. Quando são levados em conta os coeficientes de segurança e/ou
majoração de cada modelo, em média os valores fornecidos por todos os modelos são
menores que os valores experimentais, porém com alto desvio padrão. Isso indica que
eles podem ser contrários à segurança em algumas situações, principalmente em
consolos com concreto de resistência superior a 60 MPa (Figura 9c). Dentre os modelos
analisados, o modelo do PCI (2010) mostra-se mais adequado.
Quando se analisa a ruína dos consolos com armadura transversal devido ao
esmagamento da biela, o modelo da ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) mostra-se mais
preciso e o modelo do EUROCODE 2 (CEN, 2004) mostra-se, em média, contrário à
segurança. Quando são levados em conta os coeficientes de segurança e/ou majoração
de cada modelo, em média os valores fornecidos por todos os modelos são menores que
os valores experimentais. Além disso, a relação Fexp/Fcalc neste caso é maior que a
observada para os consolos sem armadura de costura. Isso permite que mesmo com o
alto desvio padrão obtido, os resultados de todos os modelos de cálculo sejam quase
sempre inferiores aos observados nos ensaios (Figura 9d), indicando que os valores dos
coeficientes de minoração e/ou majoração dos modelos estão adequados.

3.3 Modelos analíticos com armadura de costura

Na sequência, foram analisados os modelos analíticos propostos por Hagberg


(1983), e modificado por Machado (1998)6 apud Fernandes e El Debs (2005), Leonhardt
e Mönnig (1977) e Campione et al (2005). Neste caso, chegam-se aos valores
apresentados na Tabela 2, onde são apresentadas as médias e desvio padrão da razão
entre a força experimental e a força calculada de cada modelo, quando aplicado ao
banco de dados. Também são apresentadas nas Figuras 10a, 10b, 10c e 10d os gráficos

6
Idem 1.
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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
30

com a relação Fexp/Fcalc em função da taxa de armadura, para ruptura no tirante, e em


função da resistência do concreto, para ruptura na biela de compressão.

Para os modelos propostos por Hagberg (1983) e Leonhardt e Mönnig (1977), no


caso de ruptura da biela, foi adotada para a largura da biela o valor de 20% da altura útil
do consolo, conforme consta nos artigos. Entretanto, esses modelos também foram
analisados com a largura da biela determinada conforme recomendado na norma ABNT
NBR 9062 (ABNT, 2006). No caso do modelo proposto por Campione et al (2005), a
força máxima devida a ruptura da biela foi determinada com o coeficiente de minoração
, conforme consta no trabalho original, e com o valor unitário para esse coeficiente,
isto é, sem levar em consideração a redução da resistência do concreto na biela.

Tabela 2 – Comparação dos modelos de cálculo com resultados experimentais (Fexp/Fcalc) para os modelos propostos
por Machado (1998) apud Fernandes e El Debs (2005), Leonhardt e Mönnig (1977) e Campione et al (2005).
Tipo de ruína
Modelo Analisado
Tirante Biela
PROPOSTA DE Hagberg (1983) modificado por hbie = 0,2d 1,48 ± 0,45
MACHADO (1998) apud FERNANDES E EL
DEBS (2005), para consolos com armadura de
0,96 ± 0,09
hbie = NBR 9062 1,23 ± 0,51
costura.
PROPOSTA DE LEONHARDT e MONNING hbie = 0,2d 1,35 ± 0,43
(1977), para consolos com armadura de costura.
0,91 ± 0,10
hbie = NBR 9062 1,13 ± 0,45
PROPOSTA DE CAMPIONE et al (2005), para =1 0,85 ± 0,26
0,96 ± 0,13
consolos sem armadura de costura.  = Proposto no artigo 1,05 ± 0,28
PROPOSTA DE CAMPIONE et al (2005), para =1 1,04 ± 0,56
0,78 ± 0,06
consolos com armadura de costura.  = Proposto no artigo 1,44 ± 0,90

Da Tabela 2 nota-se que o modelo proposto por Hagberg (1983) aparenta


representar melhor a ruptura do tirante nos consolos com armadura de costura, com
valores, em média, pouco maiores que os valores experimentais, porém com desvio
padrão baixo. É importante observar que esses modelos se aproximaram melhor dos
valores experimentais que os obtidos com os modelos normativos e mostrados na
Tabela 1. Isso confirma a contribuição da armadura de costura na resistência do consolo
quando a ruína é definida pelo escoamento do tirante.

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
31

Figura 10 – Comparação dos modelos de cálculo de Hagberg (1983), Leonhardt e Mönnig (1977)
e Campione et al (2005) com resultados experimentais.

(a) Consolos sem armadura de costura e que romperam pelo escoamento do tirante

(b) Consolos com armadura de costura e que romperam pelo escoamento do tirante

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
32

(c) Consolos sem armadura de costura e que romperam pelo esmagamento da biela comprimida

(d) Consolos com armadura de costura e que romperam pelo esmagamento da biela comprimida

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
33

No caso do modelo proposto por Campione et al (2005), ele superestimou em


22% a resistência dos consolos com armadura de costura, indicando não ser adequado
para este caso. Isso correu devido à rigidez elevada da treliça secundária proposta no
modelo, que tende a aumentar a resistência do consolo devido à diminuição do
coeficiente . Sugere-se, portanto, que a rigidez da biela comprimida da treliça
secundária seja revista. Já no caso dos consolos sem armadura de costura, o modelo
proposto por Campione et al (2005) apresentou boa aproximação com os resultados
experimentais, com um valor médio semelhante ao da norma ABNT NBR 9062
(ABNT, 2006). Isso se deve ao fato dos dois modelos serem semelhantes.
Quando a força máxima é definida pela ruptura da biela, observa-se que, em
média, essa força é maior quando se utiliza a largura da biela definida pela norma
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) no lugar do valor fixo de 20% da altura de cálculo do
consolo proposta nos modelos de Hagberg (1983) e Leonhardt e Mönnig (1977). Isso
faz com que os valores dos modelos analíticos se aproximem dos observados nos
ensaios, porém com um aumento do desvio padrão. Ainda assim, em média, os valores
fornecidos por esses modelos são de 12% a 19% inferiores aos observados nos ensaios.
Ainda analisando a ruptura da biela, o modelo proposto por Campione et al
(2005) foi o que mais se aproximou, em média, dos valores do banco de dados, porém
com elevado desvio padrão. Para os consolos sem armadura de costura, foi observada
uma diferença de apenas 5% quando se utiliza o coeficiente  sugerido pelo autor, isto
é,  < 1. Já nos consolos com armadura de costura, foi observada uma diferença de
apenas 4% quando se utiliza o coeficiente  igual à unidade. Isso sugere a influência da
armadura de costura no confinamento do concreto da biela comprimida, a qual aumenta
de resistência com a presença da armadura de costura, o que é representado no modelo
pelo aumento do coeficiente .
Um aspecto interessante é observado quando se analisa a resposta da ruína na
biela por meio dos modelos de Hagberg (1983) e Leonhardt e Mönnig (1977). A
diferença básica entre esses modelos é que Hagberg (1983) reduz a altura da treliça
devido à presença da armadura transversal, enquanto Leonhardt e Mönnig (1977)
mantém a biela definida a partir da posição do tirante. Pela análise da Tabela 2, pode-se
concluir que a proposta de Leonhardt e Mönnig (1977) é mais consistente por apresentar
menor força de compressão na biela e, assim, permitir valores da relação Fexp/Fcal mais

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
34

próximos da unidade. Não por acaso, este é o modelo adotado pela NBR 9062 (ABNT,
2006).
Entretanto, é o modelo proposto por Campione et al (2005) que apresentou
melhores resultados. Esse modelo tem a largura da biela definida pela altura da linha
neutra junto à base do consolo, xc, a qual é obtida da teoria de flexão do concreto
armado aplicada na ligação do consolo com o pilar. Portanto, ela não é obtida do
modelo clássico de biela e tirante a partir da geometria da treliça (como no caso da NBR
9062) ou da resistência do nó (como no caso do PCI ou do Eurocode 2). Uma possível
explicação para esse fato é que no banco de dados da literatura, a maior parte dos
consolos foram armados para que a ruína ocorresse inicialmente pelo escoamento do
tirante. Depois desse instante, e tendo em vista a reserva de resistência da armadura do
tirante, a força foi incrementada até a ruína da biela de compressão. Ocorre que devido
ao escoamento do tirante, há um aumento da deformação do mesmo, o que resulta na
abertura da fissura junto ao pilar, com consequente giro do consolo. Com isso, o
mecanismo de ruína se aproxima do de flexão simples.

3.4. Aplicação a projeto de estruturas

Um aspecto importante da análise realizada no item anterior é o desvio padrão


encontrado quando se comparam os valores da força obtida pelos modelos de cálculo
com os valores do banco de dados. Esse desvio padrão é menor quando se analisa a
força de ruína por escoamento do tirante. Nesse caso, a variabilidade do resultado pode
ser devida a variações da geometria dos consolos ou da tensão de escoamento do aço do
tirante. Por outro lado, o desvio padrão da força de ruína pelo esmagamento da biela é
bem maior, o que pode estar relacionado à maior variabilidade do concreto quando
comparado ao aço. Entretanto, ele também pode estar relacionado à estimativa da
largura da biela ou mesmo da inadequação dos diferentes modelos para cálculo da força
atuante na biela de compressão. Ou, ainda, da própria variabilidade dos ensaios, fator
este que normalmente não é considerado nos trabalhos por meio da realização de
ensaios em triplicatas.
Visando aplicar esses modelos a projeto de consolos, em especial os modelos
analíticos com armadura de costura, foram calculados coeficientes de ajustes a serem
aplicados aos modelos de forma a garantir a segurança no projeto. Para isso, foi
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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
35

utilizada a metodologia proposta por Ravindra e Galambos (1978), que propuseram um


método simplificado para a determinação de coeficientes de minoração para equações
de projeto que leva em consideração a variabilidade do modelo matemático e o índice
de confiabilidade desejado. Basicamente, a confiabilidade do modelo é determinada
pela probabilidade de falha deste, ou seja, a probabilidade de que a força calculada pelo
modelo matemático seja maior que a resistência real do consolo, o que seria contrário à
segurança. Portanto, devem ser determinados coeficientes de minoração () que
garantam que a resistência fornecida pelo modelo seja sempre menor que a resistência
real para certo índice de confiabilidade ().
Com base no proposto por Ravindra e Galambos (1978), o coeficiente  pode ser
determinado pela equação (37), já adaptada para a análise aqui realizada.
Fexp
 e   VR (37)
Fcalc
Onde:

VR  VM2  VF2  VP2 (37)

Para esta formulação é estabelecido que o parâmetro α vale 0,55, de acordo com
Ravindra e Galambos (1978). É admitido, ainda, um coeficiente de variação de 5% para
as propriedades dos materiais (VM) e de 9% para as propriedades geométricas dos
consolos (VF), segundo recomendado por Ravindra e Galambos (1978). Já o coeficiente
VP representa o coeficiente de variação da relação Fexp/Fcalc obtida do banco de dados, e
que é definida pela razão entre o desvio padrão e a média da amostra.
A partir dessa proposta, o coeficiente  pode assumir valores menores ou
maiores que a unidade. Quando  < 1, o modelo será admitido inseguro, sendo
necessária a redução da resistência calculada pelo modelo matemático a partir da
multiplicação pelo coeficiente . Se   1, significa que o modelo matemático é seguro
para o índice de confiabilidade escolhido.
No presente trabalho, essa metodologia foi empregada admitido um índice de
confiabilidade de 4,5, o que representa, aproximadamente, uma probabilidade de falha
menor que 10-5. No caso dos modelos normativos, foram empregados os coeficientes de
minoração recomendados para cada modelo. Já para os modelos analíticos com
armadura de costura, foi empregado o critério de segurança recomendado pela norma
NBR 8681 (ABNT, 2003), isto é, os materiais tiveram sua resistência minorada por c =

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36

1,4 para o concreto e s = 1,15 para o aço. Além disso, a resistência fornecida pelo
modelo foi dividida por f = 1,4 de modo a se considerar, de forma simplificada, a
majoração das ações em projeto, já o coeficiente n = 1,1 estabelecido pela norma
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006), para elementos pré-fabricados em usina e com carga
permanente não preponderante, não foi utilizado.
Com base nesses conceitos, e utilizando os valores das tabelas 1 e 2, chega-se à
Tabela 3, que fornece os valores do coeficiente  para cada modelo matemático
normatizado.
Tabela 3 – Valores do coeficiente  para os modelos matemáticos com ruptura do Tirante.
Consolo sem Consolo com
Modelo
Armadura de Costura Armadura de Costura
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) 0,980 1,357

PCI (2010) 1,140 1,481

EUROCODE 2 (CEN, 2004) 1,329 1,590


PROPOSTA DE Hagberg (1983) modificado por
MACHADO (1998) apud FERNANDES e EL DEBS - 1,106
(2005)
PROPOSTA DE LEONHARDT e MONNING (1977) - 1,022

PROPOSTA DE CAMPIONE et al (2005) 0,738 0,691

Tabela 4 – Valores do coeficiente  para os modelos matemáticos com ruína da biela.

Consolo sem Consolo com


Modelo
armadura de Costura armadura de Costura

ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006) 0,392 0,820

PCI (2010) 0,710 1,064

EUROCODE 2 (CEN, 2004) 0,423 0,754


PROPOSTA DE Hagberg (1983) modificado por
MACHADO (1998) apud FERNANDES e EL - 1,302
DEBS (2005), hbie = 0,2d
PROPOSTA DE Hagberg (1983) modificado por
MACHADO (1998) apud FERNANDES e EL - 0,848
DEBS (2005), hbie = NBR 9062
PROPOSTA DE LEONHARDT e MONNING
- 1,157
(1977), hbie = 0,2d
PROPOSTA DE LEONHARDT e MONNING
- 0,809
(1977), hbie = NBR 9062

PROPOSTA DE CAMPIONE et al (2005), com


0,413 0,284
=1

PROPOSTA DE CAMPIONE et al (2005), com 


0,559 0,382
proposto no artigo

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
37

Da análise da Tabela 3, observa-se que, quando a ruína se dá por escoamento do


tirante, todos os modelos normativos apresentam  > 1, tanto para os consolos com
armadura de costura quanto para os consolos sem armadura de costura, com exceção da
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006), quando se trata dos consolos sem armadura de
costura, situação que inclusive não é aceita pela norma. Indicando uma probabilidade de
falha menor que 10-5 para os modelos com  > 1.
Da análise da Tabela 4, quando se trata dos consolos com ruptura da biela com
armadura de costura, os únicos com  > 1 são os modelos propostos pelo PCI (2010),
Hagberg (1983) e Leonhardt e Mönnig (1977), sendo que para os dois últimos apenas
quando se utiliza a altura da biela como sendo 20% da altura útil do consolo. Por outro
lado, quando se analisa a força de ruína pela compressão nas bielas nos consolos sem
armadura de costura, todos os modelos se mostraram contrários à segurança, devendo
ter os seus valores minorados pelo coeficiente . Dentre esses modelos, o que se
mostrou mais seguro foi o modelo do PCI (2010), com o maior valor para o
coeficiente .
Com os coeficientes de segurança já estabelecidos conforme a ABNT NBR 8681
(ABNT, 2003) chega-se à conclusão de que os modelos de Hagberg (1983) modificado
por Machado (1998)7 apud Fernandes e El Debs (2005) e Leonhardt e Monning (1977)
são seguros, tanto para o escoamento do tirante, quanto para o esmagamento da biela de
compressão quando são utilizadas as considerações feitas originalmente pelos autores.
Fato este que não ocorre com o modelo proposto por Campione et al (2005), que,
mesmo com os coeficientes de segurança ainda é inseguro.

7
Idem 1.
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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
4. CONCLUSÕES
Nesse trabalho relizou-se uma análise comparativa de alguns modelos de cálculo
para consolos de concreto pré-moldado. Para isso, seis modelos de cálculo, incluindo
três modelos com consideração da armadura de costura na sua formulação, foram
comparados com um banco de dados de resultados de ensaios em consolos disponíveis
na literatura. Dessa análise, as principais conclusões obtidas são:

 Da comparação entre os modelos de cálculo, conclui-se que há a


influência da relação a/d. Sendo que, para ruptura do tirante o que sofre
mais influência dessa relação é o modelo proposto por Campione et al.
(2005), e para ruptura da biela o que mais sofre influência é o da ABNT
NBR 9062 (ABNT, 2006).
 Da comparação dos modelos normativos com os resultados do banco de
dados para consolos sem armadura de costura, conclui-se que o modelo
de cálculo da ABNT NBR 9062 foi o que mais se aproximou, em média,
dos resultados experimentais relativo à ruína pelo escoamento do tirante,
porém com valores contrários à segurança. O modelo do EUROCODE 2
foi o mais conservador neste caso. Já quando a ruína se dá pelo
esmagamento da biela, o modelo do PCI (2010) mostrou-se mais preciso
na representação da força média de ruína obtida do banco de dados. Os
demais modelos normativos superestimaram a força de ruína da biela.
 Quando os modelos normativos são comparados com o banco de dados
para consolos com armadura de costura, conclui-se que todos eles
forneceram valores, em média, menores que os obtidos dos ensaios
quando a ruína se dá pelo escoamento do tirante, sendo que o modelo de
cálculo do PCI (2010) foi o que mais se aproximou dos valores
experimentais. Já para a avaliação da ruína da biela comprimida, o
modelo da ABNT NBR 9062 mostrou-se mais preciso.
 Quando são considerados os coeficientes de minoração e majoração nos
modelos normativos, quase todos eles apresentaram baixa probilidade de
falha, tanto para os consolos sem armadura de costura quanto para os
consolos com armadura de costura, com excessão apenas da ABNT NBR
9062 (ABNT, 2006), para os consolos sem armadura de costura.

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
39

Entretanto, o nível de segurança foi maior nos consolos com armadura de


costura, mostrando a contribuição desta na resistência do consolo.
 Quando se analisam os modelos analíticos, a proposta de Hagberg (1983)
apresentou melhor aproximação com os resultados do banco de dados
para consolos com armadura transversal e ruína no tirante. Ele se
mostrou mais preciso que os modelos normativos, confirmando a
contribuição da armadura de costura na resistência do consolo quando a
ruína é definida pelo escoamento do tirante.
 Por outro lado, foi o modelo de Campione et al. (2005) que apresentou
valores mais próximos aos obtidos do banco para consolos com armadura
transversal e ruína na biela comprimida. Diferente dos demais modelos
analíticos, ele determina a largura da biela comprimida a partir do
equilibriu de momentos na seção de ligação do consolo com o pilar.
Entretanto, o modelo de Leonhardt e Mönnig (1977) com a largura da
biela definida pela NBR 9062 também apresentou boa aproximação, com
valores médios inferiores aos obtidos nos ensaios. Não por acaso, este é o
modelo de cálculo adotado pela NBR 9062 para verificação da biela
comprimida.
 Quando são considerados os coeficientes de minoração e majoração nos
modelos analíticos, o proposto por Hagberg (1983) e Leonhardt e
Mönnig (1977), tanto para o tirante quanto para a biela utilizando a altura
da biela como 20% da altura útil do consolo, são seguros, e poderiam ser
utilizados para projetos de consolos.
 Notou-se que a armadura de costura não é fundamental e necessária para
a estrutura do consolo, entretanto, sua contribuição para a resistência é
notória e, portanto, a exigência da colocação da mesma, como é feita na
ABNT NBR 9062 (ABNT, 2006), é de grande valia para segurança do
modelo.
Finalmente, ressalta-se a importância da verificação da eficiência dos modelos
matemáticos na representação dos fenômenos físicos, já que eles estão diretamente
ligados ao projeto seguro das estruturas. Essa verificação pode ser feita pela
comparação com resultados experimentais, como realizado neste trabalho. Entretanto,
para isso é necessário possuir um extenso banco de dados com resultados que permitam
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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
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avaliar a variabilidade dos materiais e, inclusive, do próprio método de ensaio. Isso nem
sempre está disponível, como constatado neste trabalho, sendo necessário lançar mão de
outras ferramentas, como os métodos computacionais, que permitam a geração de um
banco de dados confiável.

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062:


Projeto e execução de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2006, 41 p.

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
APÊNDICE A

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
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Tabela A.1 – Dados de consolos sem armadura de costura com ruína pelo escoamento do tirante
Geometria Armadura
Pesquisador Consolos a/d a (mm) h (mm) b (mm) d (mm) fc (MPa) ρ (%) As (mm²) fy (MPa) Vy (kN)
Fattuhi(1990b) 26 0,53 77,91 150 150 147 29,8 0,70% 157,08 454 97
Fattuhi(1990b) 33 0,5 73,5 150 150 147 32 0,45% 100,53 451 50
Fattuhi(1990b) 41 0,91 133,77 150 150 147 28,7 1,23% 276,46 452 89
Fattuhi(1994c) 67 0,83 110 148,4 152,9 132,4 29,3 1,12% 226,19 452 101
Fattuhi (1994c) 68 0,98 110 148,4 152,1 112,4 29,3 1,32% 226,19 452 87
Fattuhi (1994c) 71 0,91 110 147,5 154,5 121,5 27,6 1,47% 276,46 452 108
Fattuhi (1994c) 72 0,89 110 149,2 152,9 123,2 27,6 1,20% 226,19 452 92
Fattuhi (1994c) 73 0,6 75 148 153,9 124 27,6 0,53% 100,53 452 65
Fattuhi (1994c) 74 0,8 75 148,2 153,7 94,2 27,6 0,69% 100,53 452 53
Fattuhi (1994b) 92 0,67 150 249 150,2 223 26,16 0,68% 226,19 452 126
Fattuhi (1994a) 116 0,75 160 237 150 212 76,3 0,49% 157,08 454 95
Fattuhi (1994a) 117 0,8 175 246 152 220 76,3 0,68% 226,19 452 121
Foster et al. (1996) SC1-4 0,55 330 700 125 600 90 0,90% 678,6 430 470
Kriz, Raths (1965) 40 0,59 241 457 203 409 29,9 0,93% 773 305 387
Kriz, Raths (1965) 83 0,53 216 457 203 411 15,9 0,48% 401 316 229

Tabela A.2 – Dados de consolos com armadura de costura com ruína pelo escoamento do tirante
Geometria Armadura Armadura Costura
fc
a h b d Número de Vy (kN)
a/d (MPa) ρ (%) As (mm²) fy (MPa) ρ (%) fys (MPa)
Pesquisador Consolos (mm) (mm) (mm) (mm) camadas
Foster et al. (1996) SC1-3 0,5 300 700 125 600 90 0,78% 678,6 430 0,43% 6 420 700
Foster et al. (1996) SC2-3 0,5 300 700 125 600 62 0,78% 678,6 430 0,43% 6 420 580
Oliveira (2012) M1A 0,62 225 400 200 362,5 26,52 0,31% 245,44 575 0,23% 3 591 222,5
Oliveira (2012) M1B 0,62 225 400 200 362,5 33,95 0,31% 245,44 575 0,23% 3 591 246
Kriz, Raths (1965) 1S 0,59 242 458 203 410 29,9 0,93% 863 303 0,34% 2 344,7 426
Kriz, Raths (1965) 2S 0,59 242 458 203 410 31,7 0,93% 863 303 0,62% 2 318,5 487
Kriz, Raths (1965) 3S 0,59 242 458 203 410 30,5 0,93% 863 310 0,93% 2 323,4 490
Landim (2014) 1 0,62 225 400 200 362,5 43,09 0,31% 245,44 670,18 0,16% 2 620,56 225

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
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Tabela A.3 – Dados dos consolos sem armadura de costura com ruína pelo esmagamento da biela comprimida
Geometria Armadura
Pesquisador Consolos a/d a (mm) h (mm) b (mm) d (mm) c(mm) fc (MPa) ρ (%) As (mm²) fy (MPa) Vu (kN)
Fattuhi (1990a) 17 0,59 86,73 150 150 147 200 24,6 1,01% 226,19 450 109
Fattuhi(1990b) 25 0,74 108,78 150 150 147 200 29,8 1,01% 226,19 452 108,5
Fattuhi(1990b) 26 0,53 77,91 150 150 147 200 29,8 0,70% 157,08 454 112,5
Fattuhi(1990b) 33 0,5 73,5 150 150 147 200 32 0,45% 100,53 451 91
Fattuhi(1990b) 34 0,91 133,77 150 150 147 200 32 1,51% 339,29 452 114
Fattuhi(1990b) 41 0,91 133,77 150 150 147 200 28,7 1,23% 276,46 452 98
Fattuhi(1990b) 42 0,9 132,3 150 150 147 200 28,7 2,26% 508,94 427 111,5
Fattuhi (1994c) 67 0,83 110 148,4 152,9 132,4 200 29,3 1,12% 226,19 452 101,3
Fattuhi (1994c) 68 0,98 110 148,4 152,1 112,4 200 29,3 1,32% 226,19 452 96
Fattuhi (1994c) 71 0,91 110 147,5 154,5 121,5 200 27,6 1,47% 276,46 452 116,5
Fattuhi (1994b) 91 0,89 200 251 151,5 225 300 26,16 0,66% 226,19 452 86
Fattuhi (1994b) 92 0,67 150 249 150,2 223 300 26,16 0,68% 226,19 452 127
Fattuhi (1994b) 102 0,77 165 250,1 154 214,1 300 27,2 1,54% 508,94 427 181,2
Fattuhi (1994b) 104 0,57 120 249 154,5 210 300 27,2 1,57% 508,94 427 212
Fattuhi (1994a) 116 0,75 160 237 150 212 300 76,3 0,49% 157,08 454 114,5
Fattuhi (1994a) 117 0,8 175 246 152 220 300 76,3 0,68% 226,19 452 152,6
Foster et al. (1996) SC1-2 0,5 300 700 125 600 425 90 2,51% 1884,96 430 950
Foster et al. (1996) SC2-2 0,5 300 700 125 600 425 62 2,51% 1884,96 430 700
Foster et al. (1996) SC2-4 0,5 300 700 125 600 425 62 0,90% 678,6 430 490
Foster et al. (1996) PA1 0,6 300 600 150 500 400 53 2,51% 1884,96 450 550
Foster et al. (1996) PB1 0,6 300 600 150 500 400 105 4,93% 3694,5 495 1180
Foster et al. (1996) PE1 1 450 600 150 450 550 71 4,52% 3053,63 480 680
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T1 0,59 86,73 150 150 147 200 40 0,70% 157,08 558 93,2
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T6 0,59 86,73 150 150 147 200 42 1,01% 226,19 491 136,3
Hermansen e Cowan (1974) HM7 0,54 121 254 228 223 228 40,3 0,75% 434,34 345,33 265
Hermansen e Cowan (1974) HM8 0,54 121 254 228 223 228 47,6 0,75% 434,34 345,33 255
Birkle et al. (2002) 1 0,95 210 260 150 220 310 49 2,31% 900 470 540
Birkle et al. (2002) 2 0,95 210 260 150 220 310 49 2,41% 940 610 596
Mattock et al. (1976) A2 0,67 152,4 254 127 228,6 203,2 27,8 1,24% 400 321,29 158,4

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
47

Tabela A.4 – Dados dos consolos com armadura de costura com ruína pelo esmagamento da biela comprimida
Geometria Armadura Armadura Costura
Pesquisador Consolos a h b d c fc (MPa) fy Número de Vu (kN)
a/d ρ (%) As (mm²) ρ (%) fys (MPa)
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (MPa) camadas
Foster et al. (1996) SC2-1 0,5 300 700 125 600 425 62 2,15% 1884,96 430 0,43% 6 420 980
Foster et al. (1996) SD1 0,5 300 700 125 600 425 95 2,15% 1884,96 430 0,43% 6 420 1000
Foster et al. (1996) SD2 0,5 300 700 125 600 425 65 2,15% 1884,96 430 0,43% 6 420 1000
Foster et al. (1996) PA2 0,6 300 600 150 500 400 53 2,09% 1884,96 450 0,70% 4 360 800
Foster et al. (1996) PB2 0,6 300 600 150 500 400 105 4,11% 3694,5 495 0,70% 4 360 1150
Foster et al. (1996) PE2 1 450 600 150 450 550 71 3,39% 3053,63 480 0,70% 4 360 710
Foster et al. (1996) PG1 0,6 300 600 150 500 400 45 2,09% 1884,96 415 0,28% 4 490 674
Foster et al. (1996) PG2 0,6 300 600 150 500 400 94 2,09% 1884,96 415 0,28% 4 490 1050
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T7 0,59 86,73 150 150 147 161,73 38,5 1,01% 226,19 491 0,35% 1 667 156,6
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T8 0,59 86,73 150 150 147 161,73 42 1,01% 226,19 491 0,35% 1 667 188,4
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T9 0,59 86,73 150 150 147 161,73 38,5 1,01% 226,19 491 0,35% 1 667 153,4
Hermansen e Cowan (1974) HM4 0,54 121 254 228 223 228 44,7 0,42% 243,23 342,86 0,56% 3 342,86 304
Hermansen e Cowan (1974) HM6 0,54 121 254 228 223 228 45 0,42% 243,23 342,86 0,56% 3 342,86 349
Oliveira (2012) M1A 0,62 225 400 200 362,5 300 26,52 0,31% 245,44 575 0,23% 3 591 331,17
Oliveira (2012) M1B 0,62 225 400 200 362,5 300 33,95 0,31% 245,44 575 0,23% 3 591 366,86
Mattocket al. (1976) B2 0,67 152,4 254 127 228,6 203,2 23,8 1,24% 400 320,6 0,40% 2 462 173,04
Torres (1998) CH5V5 0,53 150 350 150 285 250 72,15 0,93% 490,87 486 0,22% 3 760 1250
Torres (1998) CH5V0 0,53 150 350 150 285 250 69,04 0,93% 490,87 486 0,22% 3 760 1070
Torres (1998) CH4V4 0,53 150 350 150 285 250 69,01 0,93% 490,87 486 0,16% 3 695 1080
Torres (1998) CH4V0 0,53 150 350 150 285 250 79,25 0,93% 490,87 486 0,16% 3 695 1160
Torres (1998) CH6V0 0,53 150 350 150 285 250 70,41 0,93% 490,87 486 0,36% 3 594,3 1195
Landim (2014) 1 0,62 225 400 200 362,5 300 43,09 0,93% 245,43693 670,18 0,17% 2 620,56 316,09

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
48

Tabela A.5 – Força de ruptura dos consolos sem armadura de costura para escoamento do tirante
NBR 9062 PCI com EURO EUROCODE 2
Pesquisador Consolos Vy (kN) NBR 9062 PCI Campione
com segurança segurança CODE 2 com segurança
Fattuhi(1990b) 26 97 113,2 70,31 112,99 60,53 81,95 52,31 96,63
Fattuhi(1990b) 33 50 75,57 46,94 80,01 42,86 57 36,79 82,41
Fattuhi(1990b) 41 89 123,72 76,85 122,09 65,41 86,83 56,17 118,02
Fattuhi(1994c) 67 101 109,84 68,22 108,9 58,34 77,57 50,11 106,39
Fattuhi (1994c) 68 87 94,79 58,87 93,89 50,30 66,5 43,12 89,36
Fattuhi (1994c) 71 108 124,3 77,20 119,97 64,27 86,06 55,38 118,07
Fattuhi (1994c) 72 92 102,98 63,96 101,46 54,36 72,27 46,72 98,55
Fattuhi (1994c) 73 65 64,47 40,04 66,87 35,82 47,55 30,77 67,63
Fattuhi (1994c) 74 53 50,7 31,49 52,06 27,89 36,68 23,87 50,7
Fattuhi (1994b) 92 126 132,32 82,19 134,06 71,81 95,7 61,80 135,02
Fattuhi (1994a) 116 95 83,44 51,82 91,79 49,17 62,75 41,42 87,09
Fattuhi (1994a) 117 121 114,17 70,91 124,07 66,46 84,97 55,97 117,01
Foster et al. (1996) SC1-4 470 448,92 278,84 492,16 263,66 339,17 220,31 478,67
Kriz, Raths (1965) 40 387 341,69 212,23 350,67 187,86 250,6 161,53 350,76
Kriz, Raths (1965) 83 229 201,14 124,93 205,49 110,08 149,05 95,63 215,17
Coeficientes de segurança: NBR 9062: para escoamento do aço, γs= 1,15; para resistência do concreto, γc= 1,4; PCI: = 0,75; EUROCODE 2: γc= 1,5 e k1 = 1,18

Tabela A.6 – Força de ruptura dos consolos com armadura de costura para escoamento do tirante
NBR 9062 EUROCODE
PCI com EUROCODE
Pesquisador Consolos Vy (kN) Hagberg Leonhardt NBR 9062 com PCI 2 com Campione
segurança 2
segurança segurança
Foster et al. (1996) SC1-3 700 661,81 688,58 486,33 302,07 533,91 286,02 368,95 238,63 803,61
Foster et al. (1996) SC2-3 580 626,39 688,58 486,33 302,07 516,18 276,53 363,62 233,93 810,13
Oliveira (2012) M1A 222,5 245,33 268,08 195,82 121,63 206,38 110,56 145,72 94,75 298,2
Oliveira (2012) M1B 246 254,91 268,08 195,82 121,63 210,34 112,68 147,20 96,10 297,23
Kriz, Raths (1965) 1S 426 423,60 474,46 340,21 211,31 349,05 186,99 249,35 160,76 512,94
Kriz, Raths (1965) 2S 487 454,61 468,61 340,21 211,31 351,24 188,16 250,22 161,53 593,02
Kriz, Raths (1965) 3S 490 524,58 493,04 348,07 216,19 357,00 191,25 255,01 164,39 680,41
Landim (2014) 1 225 286,30 291,06 228,46 141,90 242,68 130,01 201,31 131,72 317,94
Coeficientes de segurança: NBR 9062: para escoamento do aço, γs= 1,15; para resistência do concreto, γc= 1,4; PCI: = 0,75; EUROCODE 2: γc= 1,5 e k1 = 1,18

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
49

Tabela A.7 – Força de ruptura dos consolos sem armadura de costura com ruína pelo esmagamento da biela comprimida
EURO Campione
NBR 9062
PCI com EURO CODE 2
Pesquisador Consolos Vu (kN) NBR 9062 com PCI proposto no
segurança CODE 2 com =1
segurança artigo
segurança
Fattuhi (1990a) 17 109 161,45 82,37 108,89 58,33 116,8 51,91 100,52 87,4
Fattuhi(1990b) 25 108,5 168,45 85,94 121,18 64,92 122,5 54,47 124,63 108,36
Fattuhi(1990b) 26 112,5 207,41 105,82 136,94 73,36 154,8 68,80 96,32 83,75
Fattuhi(1990b) 33 91 229,27 116,98 149,98 80,35 174,2 77,40 81,48 70,84
Fattuhi(1990b) 34 114 152,71 77,91 119,49 64,01 112,3 49,91 155,14 134,89
Fattuhi(1990b) 41 98 136,96 69,88 107,17 57,41 100 44,45 131,81 114,61
Fattuhi(1990b) 42 111,5 138,32 70,57 107,68 57,69 100,9 44,85 162,73 141,48
Fattuhi (1994c) 67 101,3 149,93 76,49 123,57 66,20 101 44,89 117,83 102,45
Fattuhi (1994c) 68 96 122,79 62,65 125,35 67,15 75,03 33,17 104,95 91,25
Fattuhi (1994c) 71 116,5 129,28 65,96 119,07 63,79 82,03 36,46 98,11 85,3
Fattuhi (1994b) 91 86 140,59 71,73 68,16 36,51 142,9 63,50 148,54 129,15
Fattuhi (1994b) 92 127 172,64 88,09 76,94 41,22 175,5 78,00 141,09 122,67
Fattuhi (1994b) 102 181,2 165,82 84,60 81,15 43,47 161 71,60 202,65 176,19
Fattuhi (1994b) 104 212 201,72 102,91 94,62 50,69 195,9 87,07 187,18 162,75
Fattuhi (1994a) 116 114,5 459,54 234,46 226,21 121,19 555,8 247,00 279,5 179,29
Fattuhi (1994a) 117 152,6 449,99 229,59 214,77 115,05 551,6 245,13 339,88 218,02
Foster et al. (1996) SC1-2 950 1284,69 655,46 844,29 452,30 2922 1298,67 1284,42 758,61
Foster et al. (1996) SC2-2 700 885,01 451,54 581,62 311,59 1412 627,60 950,58 676,44
Foster et al. (1996) SC2-4 490 961,8 490,71 581,62 311,59 1412 627,60 627,06 446,22
Foster et al. (1996) PA1 550 581,41 296,64 643,72 344,85 965,8 429,27 900,68 693,21
Foster et al. (1996) PB1 1180 999,23 509,81 1275 683,04 3504 1557,33 2004,53 1096,11
Foster et al. (1996) PE1 680 380,91 194,34 752,32 403,03 787,8 350,13 1371,58 912,06
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T1 93,2 262,88 134,12 - - 202,3 89,93 127,25 110,64
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T6 136,3 276,02 140,83 - - 214,5 95,33 154,05 133,19
Hermansen e Cowan (1974) HM7 265 639,82 326,44 - - 499,9 222,20 307,65 267,49
Hermansen e Cowan (1974) HM8 255 755,72 385,57 - - 615,8 273,67 350,79 284,89
Birkle et al. (2002) 1 540 306,67 156,46 486,06 260,39 257,8 114,53 399,87 320,07
Birkle et al. (2002) 2 596 306,67 156,46 486,06 260,39 257,8 114,53 405,52 324,6
Mattock et al. (1976) A2 158,4 86,92 44,35 - - 161,6 71,80 170 147,8
Coeficientes de segurança: NBR 9062: para escoamento do aço, γs= 1,15; para resistência do concreto, γc= 1,4; PCI: = 0,75; EUROCODE 2: γc= 1,5 e k1 = 1,18

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.
50

Tabela A.8 – Força de ruptura dos consolos com armadura de costura com ruína pelo esmagamento da biela comprimida
Hagberg Leonhardt EURO Campione
NBR 9062
NBR PCI com EURO CODE 2
Pesquisador Consolos Vu (kN) Vdc (kN) Vdc (kN) Vdc (kN) Vdc (kN) com PCI proposto
9062
segurança
segurança CODE 2 com =1
hbie= 0,2d hbie da NBR hbie = 0,2d hbie da NBR segurança no artigo
Foster et al. (1996) SC2-1 980 718,26 830,90 775,74 897,39 885,01 451,54 468,07 250,75 1412 627,60 1255,36 893,32
Foster et al. (1996) SD1 1000 1139,19 1317,84 1188,63 1375,03 1356,07 691,87 717,2 384,22 3337 1483,11 1742,66 1001,81
Foster et al. (1996) SD2 1000 756,47 875,11 813,27 940,81 927,84 473,39 490,72 262,88 1525 677,33 1301,91 904,81
Foster et al. (1996) PA2 800 557,56 516,73 619,20 573,86 581,41 296,64 565,3 302,84 965,8 429,25 1217,44 937,01
Foster et al. (1996) PB2 1150 1150,59 903,49 1268,29 995,91 999,23 509,81 1120 600,00 3504 1557,33 2443,43 1336,1
Foster et al. (1996) PE2 710 534,74 318,36 610,13 363,24 380,91 194,34 704,81 377,58 787,8 350,13 1469,6 977,25
Foster et al. (1996) PG1 674 487,17 445,95 539,24 493,61 493,65 251,86 479,97 257,13 783,7 348,33 914,1 763,52
Foster et al. (1996) PG2 1050 1090,26 998,00 1126,40 1031,09 1031,18 526,11 1003 537,32 2618 1163,33 1638,35 946,84
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T7 156,6 104,35 214,17 125,69 257,95 252,67 128,91 154,62 82,83 193,3 85,93 187,29 162,84
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T8 188,4 117,38 239,93 138,49 283,08 275,64 140,64 168,68 90,36 214,5 95,33 200,14 173,04
Fattuhi;e Hughes (1989ª) T9 153,4 105,57 215,80 126,95 259,49 252,67 128,91 154,62 82,83 193,3 85,91 187,29 162,84
Hermansen e Cowan (1974) HM4 304 245,19 637,30 275,73 716,68 709,68 362,09 585,47 313,64 568,3 252,53 474,54 397,7
Hermansen e Cowan (1974) HM6 349 247,09 642,25 277,58 721,49 714,44 364,51 589,4 315,75 573,1 254,71 476,88 398,33
Oliveira (2012) M1A 331,17 265,08 237,49 274,44 245,88 260,96 133,14 276,78 148,28 402,8 179,02 319,99 278,21
Oliveira (2012) M1B 366,86 344,62 308,76 351,33 314,76 334,07 170,44 354,33 189,82 530 235,60 384,66 334,45
Mattocket al. (1976) B2 173,04 88,76 69,16 111,41 82,26 74,59 38,06 136,6 60,71 190,05 165,24
Torres (1998) CH5V5 1250 541,57 789,44 562,58 820,07 869,45 443,60 723,84 387,77 992,5 441,07 572,7 377,78
Torres (1998) CH5V0 1070 516,85 753,40 538,33 784,72 831,97 424,48 692,64 371,06 918,1 408,07 553,89 373,51
Torres (1998) CH4V4 1080 518,89 754,90 540,02 785,63 831,61 424,29 692,34 370,89 917,4 407,73 525,5 354,44
Torres (1998) CH4V0 1160 600,62 873,79 620,15 902,20 955,01 487,25 795,07 425,93 1188 528,13 584,02 367,59
Torres (1998) CH6V0 1195 533,72 774,07 554,06 803,57 848,48 432,90 706,38 378,42 950,1 422,27 623,07 416,06
Landim (2014) 1 316,09 461,44 406,01 464,19 408,43 228,46 141,90 242,68 130,01 201,31 131,72 428,06 365,38
Coeficientes de segurança: NBR 9062: para escoamento do aço, γs= 1,15; para resistência do concreto, γc= 1,4; PCI: = 0,75; EUROCODE 2: γc= 1,5 e k1 = 1,18

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SILVA NETO, A. P., LOBO, F. A.

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