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Apresentação

Esta cartilha foi escrita com o intuito de ajudar aqueles que querem migrar de
um emprego ou uma atividade que lhe gere renda para viver apenas do coaching. Por
óbvio que nem todos sentirão a necessidade de cumprir os passos aqui descritos, já
que talvez tenham dentre seus valores, por exemplo, o desafio ou a competitividade,
dando-lhes mais arrojo na tomada de decisões, ou simplesmente estão começando sua
vida profissional e não tem outra fonte de renda mesmo.
Contudo, se você se sente inseguro, se tem uma família que depende de você,
se já tem uma renda garantida e uma vida baseada nela, talvez esta cartilha possa te
ajudar. Também quem já está atuando como coach, ou pretende ter o coach apenas
como uma segunda fonte de renda, pode se aproveitar de algumas das dicas que vou
apresentar, já que muito do que aqui vamos tratar é o essencial para o bom
gerenciamento das finanças pessoais. Quem sabe você não usa este passo-a-passo
como base para alcançar algum outro sonho?
Mas antes de entrarmos diretamente nas recomendações, é importante que se
diga que levei em consideração, para trazer os conselhos sem muitos “se’s”, um
cenário hipotético que talvez perfaça a maior parte dos que forem ler esta cartilha. Se a
sua situação não é exatamente a que vou descrever em seguida, peça ajuda na
comunidade para algum colega que tenha como nicho as finanças pessoais que ele
poderá te orientar a como proceder no seu caso. Entretanto, se a sua situação não é a
do nosso quadro hipotético, provavelmente você está muito bem e a sua transição será
bem mais fácil.
Então, o nosso querid@ hipotétic@ coach que deseja deixar sua fonte de
renda atual para viver exclusivamente do coaching está com o seguinte quadro
financeiro:
a) Não tem qualquer valor guardado ou o pouco que tem não seria o
suficiente para sustentá-lo por 3 meses. Esse valor, se existe, está na
poupança ou em algum fundo do banco onde tem conta-corrente;
b) Está pagando alguns financiamentos que lhe consomem boa parte de
sua renda;
c) A sua renda ou é justa ou nem sempre cobre todas as suas despesas
mensais;
d) Pretende passar a viver exclusivamente do coaching num horizonte de
até 1 ano. Na pior das hipóteses, em até 2 anos.
A cartilha vai focar um plano que envolve 5 passos:
1º) Identificação da situação financeira atual;
2º) Arrumação da casa;
3º) Elaboração do plano de ação;
4º) Acumulação do fundo de transição;
5º) Verificação e revisão mensal do plano.
Por fim, deve ficar bem claro que o intuito desta cartilha não é ser um roteiro
exaustivo, mas uma orientação para que o objetivo seja alcançado. Há várias formas
de concretizar muitas das dicas que estão aqui descritas e para cada uma delas seria
possível escrever muitas páginas. A cartilha serve como orientação geral, como norte,
como o mapa para o objetivo. Se você sentir que precisa de indicações mais precisas
para o seu caso, talvez seja recomendável recorrer ao grupo e pedir ajuda dos colegas
das finanças pessoais. Quem sabe não esteja aí um resultado esperado para um
processo pro-bono?
Bom, feita toda essa explanação inicial, é hora de por a mão na massa e
fazer isso acontecer. Vamos lá que coach que é coach está sempre em movimento!
1) Identificação da situação financeira atual

A primeira coisa a se fazer para se ter as finanças em ordem é saber


exatamente o quão desordenadas elas estão. Essa é uma etapa trabalhosa e que
exige muita atenção para não se traçar um quadro irreal. O cuidado maior deve ser
com os pequenos gastos.
Para fazermos esse levantamento, podem ser usados vários aplicativos, mas
acredito que o ideal seja mesmo relacionar, de preferência numa planilha eletrônica,
todos os gastos que se tem, procurando classificá-los. Isso ajudará muito na etapa
seguinte. Aconselho que seja utilizada a planilha que vou deixar a disposição para
download, pois com ela já será possível usar os dados levantados para os demais
controles. Não se esqueça de nada, nem mesmo dos pequenos gastos como
estacionamento, café, água mineral, pipoca do cinema, etc. Quanto mais detalhado for
o levantamento do seu hábito de gastos, maior vai ser a possibilidade de sucesso do
seu plano de transição para viver exclusivamente do coaching.
Se você usar a planilha que acompanha esta cartilha, na aba “Orçamento”,
coloque o valor na linha da classificação do gasto da coluna “Levantamento”. Mude os
nomes e inclua ou exclua as classificações para que fique de acordo com o seu
padrão de consumo.
Para realizar esse levantamento, você pode:
a) Consultar suas contas e boletos para identificar suas despesas fixas;
b) Verificar os seus extratos bancários e faturas dos cartões de crédito
do último ano para identificar as despesas variáveis e as fixas com
débito em conta;
c) Observar suas despesas daqui em diante, principalmente anotando
os pequenos gastos;
Se você é casado ou mora com alguém com quem divida as despesas,
envolva essa pessoa no projeto, peça para ela também ajudar a lembrar das despesas
e anotar os gastos. Anote na planilha cada um desses gastos nas categorias
correspondentes. Para as despesas variáveis faça uma estimativa e anote esse valor.
Aliás, uma regra para toda e qualquer estimativa em finanças é a seguinte: seja
sempre um realista com tendências pessimistas, ou seja, adote o cenário no qual
terias a maior despesa e a menor receita. Fora do âmbito das finanças pessoais, seja
sempre otimista!
Com relação às despesas que são pagas numa periodicidade diferente da
mensal, como o IPTU, o IPVA, seguro do carro, divida o valor total pago para obter o
valor que teria essa despesa se fosse mensal.
Além das despesas, devemos fazer o levantamento das receitas. Essa etapa
via de regra é a mais fácil, mas se você tem ganhos variáveis, faça uma estimativa das
suas receitas variáveis, buscando entender, se for possível, quais os fatores que a
fazem variar. Não esqueça de adotar o cenário onde as receitas variáveis são
menores. Anote suas receitas na planilha. Coloque os valores líquidos, aquilo que está
disponível para gastar, que o valor descontados os custos da receita, os tributos e
outros valores que são descontados diretamente pela sua fonte de renda.
Nos casos de receitas com periodicidade diferente da mensal, como o terço
de férias, bonificações, 13º salário, deixe-as nos meses que em geral elas se realizam.
Não apure o valor que seria o mensal, como sugerimos para as despesas.
Após o levantamento das despesas e receitas, devemos verificar qual a
situação das suas dívidas. As parcelas delas já estão no seu levantamento das
despesas, mas aqui vamos buscar descobrir o valor para a quitação de cada uma
delas. Esse valor não é o somatório das parcelas restantes, mas o que seria cobrado
se você tivesse dinheiro para quitá-la agora. Ligue para o seu credor (em geral um
banco) e veja qual o valor de quitação da dívida. Anote na planilha, na aba “Dívidas”, o
valor de quitação, o número de parcelas que faltam ser quitadas e o valor das
parcelas. A planilha calculará a taxa de juros mensais dessa sua dívida.
Com esses dados em mãos, já podemos passar para a próxima etapa. Agora
é hora de fazermos uma verdadeira faxina nas suas finanças. Vamos partir para a
arrumação na casa!
2) Arrumação da casa

Nessa etapa, vamos adequar seu padrão de consumo para otimizar suas
finanças. Para tanto, teremos que maximizar seus ganhos e minimizar suas despesas,
sempre tendo o cuidado para não comprometer sua qualidade de vida. Ao final,
teremos o seu orçamento pessoal que irá ser utilizado como norte para o nosso plano
de ação. Iniciaremos com suas despesas.

2.1) Evitar as “lambanças”


A primeira providência que deve ser tomada, e a mais fácil, é providenciar
para que não sejam mais feitas lambanças na sua vida financeira. As lambanças são
aqueles gastos que temos por pura distração ou por falta de organização, como o
pagamento de juros e multas por atraso, pagamento de multas de trânsito ou compras
feitas fora do período conhecido de promoções. São as “patetices” do dia-a-dia que
drenam alguns recursos que poderiam ser melhor empregados.
Para evitar as lambanças, adote uma agenda ou pasta que deve ser
consultada todos os dias para evitar os pagamentos em atraso; faça o agendamento
dos pagamentos, se você sabe que terá o recurso em conta corrente na data do
vencimento; dirija com atenção e cuide para não atravessar sinais vermelhos ou andar
acima do limite de velocidade; ou seja, preste mais atenção para não se colocar em
situações de gastos plenamente evitáveis.

2.2) Elimine o supérfluo


Examine atentamente o seu hábito de consumo. Veja para onde foi o seu
dinheiro e se pergunte se esses gastos realmente lhe trouxeram algo de bom, se te
ajudaram a melhorar o seu nível de felicidade ou se foram imprescindíveis para a sua
vida. Você é um coach, então sabe bem quais são seus valores e sua missão. Use
esse conhecimento a seu respeito e da sua família para fazer essa avaliação.
Se o gasto realmente não lhe trouxe nada positivo, simples: elimine-o!
Risque-o da sua vida!
Entretanto, se você entende que esse gasto traz um alívio na tensão do dia-a-
dia, se é importante para a sanidade da família, pergunte-se por que realmente esse
consumo é importante para você e para a sua família e veja se não há como conseguir
o mesmo resultado gastando menos. Por exemplo: se você tem como hábito sair para
jantar e isso você vê como importante, pois une a família, pergunte-se se não há
outras formas de realizar essa união, como um passeio, que gaste menos que o jantar.
Se não encontrar, veja se é possível reduzir a frequência do consumo.
É importante incluir na análise do hábito todos os gastos decorrentes dele e
não só o principal, ou seja, se vai ao cinema, além do valor dos ingressos, inclua
gastos com estacionamento ou taxi, aquela pipoca que sempre acompanha o filme, o
refrigerante,...
Nesse ponto é imprescindível comparar o prazer momentâneo do hábito de
consumo com o prazer do atingimento do objetivo que é passar a viver de coaching.
Essa comparação tem que levar em conta que o objetivo ocorrerá num momento
futuro e que até lá é preciso viver. Por isso é preciso se dosar, pois estamos falando
de uma maratona e não uma corrida de curto alcance. Não se pode cortar todos os
gastos, que num primeiro momento podem ser considerados supérfluos, sob pena de
tornar a vida entediante e de o plano ser abandonado no meio do caminho.

2.3) Revise as despesas não supérfluas


Eliminadas as lambanças e cortados os gastos supérfluos (ou, pelo menos,
minimizados estes ao ponto de não tornar a vida chata), é hora de rever seus gastos
fixos. Muitos deles vão abarcar serviços que, após uma boa reflexão, serão
considerados também supérfluos e, portanto, devem passar pela análise que tratamos
no item anterior.
Aqui vale muito a pesquisa e a criatividade, já que você terá que ver como
diminuir suas contas de água, luz, telefone, internet, escola dos filhos, transportes, etc.
Busque alternativas mais viáveis que atendam sua real necessidade. Não descarte
verificar se não é mais vantajoso trocar de fornecedor do produto ou serviço por outro
mais barato.

2.4) Renegocie suas dívidas


Na aba “Dívidas” da planilha foram listadas suas dívidas. Veja aquelas que
apresentam as maiores taxas de juros e parta para a negociação com o seu credor.
Tente diminuir o valor da parcela, mas cuide para não trocar por uma taxa de juros
maior. A renegociação só é interessante se a taxa de juros diminuir ou, na pior das
hipóteses, se manter a mesma, aumentando-se o prazo e diminuindo o valor da
parcela.
Um aplicativo que ajuda a calcular a taxa efetiva é o “Calculadora do
Cidadão”, do Banco Central. Vá em “Financiamento” e informe, em “Valor financiado”,
o valor de quitação que você descobriu, informe a nova quantidade de meses e a nova
parcela em “Quantidade de meses” e “Valor da Prestação”, respectivamente. O
aplicativo calculará a taxa de juros e você poderá comparar com a da sua situação
original calculada pela planilha.
Se não conseguir renegociar as dívidas, verifique a possibilidade de obter um
empréstimo com uma taxa de juros menor que a que estão lhe cobrando. Com isso,
você quita todas as dívidas com taxas superiores a que conseguir e consolida elas
num financiamento mais barato. Com a queda da taxa Selic, é possível que o mercado
ofereça hoje melhores condições de empréstimos que havia quando você fez as
dívidas.
No caso de dívidas com bancos também é possível fazer a migração de
empréstimos que é algo parecido com a transferência de seu número de celular de
uma operadora para a outra. Na prática, você procura um banco que está cobrando
uma taxa de juros menor que a que você está pagando e pede para migrar seu
empréstimo para eles. Os bancos fazem toda a burocracia entre eles para quitar a
dívida no banco antigo e realizar o novo empréstimo para você na instituição que você
escolheu. O cuidado que deve se ter é para não cair na tentação de levar um “troco na
troca”, já que eles te oferecem um dinheiro na sua conta além de quitar o seu
empréstimo. Se você aceitar isso, estará pegando um empréstimo desnecessário e
pagando juros que não precisava, o que só fará aumentar a sua lista de lambanças.
Para aumentar suas chances de sucesso nas renegociações, é importante
não estar negativado, isto é, não estar “com nome sujo”. Se você tem contas não
pagas e o seu nome está registrado em algumas das empresas de análise de crédito,
é uma boa ideia renegociar essas dívidas primeiro, mesmo que a taxa de juros
cobrada não seja a mais alta.

2.5) E se as dívidas estão saindo do controle?...


Situações extremas exigem medidas extremas! Muitas vezes chegamos ao
ápice do descontrole financeiro por ter dado passos maiores que nossas pernas, ou
que até eram adequados na época, mas que, por alguma razão, acabaram ficando
insustentáveis. Nesses momentos, o melhor é recuar, se recuperar, e depois partir
para voos maiores com fôlego e consistência.
Se você está nessa situação, talvez seja hora de pensar seriamente em uma
mudança mais radical no hábito de consumo, como:
a) Vender o carro atual para pagar as dívidas e comprar um usado mais
popular ou passar a usar taxi ou uber;
b) Vender a casa para pagar as dívidas e passar a morar de aluguel;
c) Se já mora de aluguel, buscar uma moradia com o aluguel mais barato;
d) Trocar os filhos de escola;
e) Vender alguns bens de valor para quitar as dívidas;
Se as medidas não possibilitarem a quitação de todas as dívidas, sempre
pague primeiro as de maior taxa de juros, mesmo que a parcela mensal seja
menor. Depois é possível renegociar as de taxas menores para diminuir o valor da
parcela sem aumento da taxa de juros.
Não considere essas medidas como uma derrota na vida, mas como um
recuo estratégico. Lembre-se que para saltarmos mais alto, às vezes é necessário
darmos alguns passos para trás a fim de pegarmos impulso! No tópico seguinte vamos
falar da maximização das receitas, mas se você está numa situação de descontrole
total, além da maximização, considere com carinho pelo menos algumas das medidas
extremas, já que elas te ajudarão a alcançar seu objetivo ainda mais cedo.

2.6) Colocando mais dinheiro do bolso


Se você tem receitas variáveis, já estimou o quanto recebe usando a
prudência, ou seja, adotando o cenário em que o valor é o menor. Nesse mesmo
momento, você também levantou os fatores que fazem os seus ganhos aumentarem.
Estude bem esses fatores e trace um plano para elevar a sua receita.
Outra fonte de renda é o próprio coaching. Claro, não queime etapas! Se você
ainda está na fase do pro-bono siga-a com afinco e estude o que precisa para entrar
no ciclo dos clientes pagantes. Faça acontecer! Se o objetivo é viver de coaching,
nada melhor que chegar lá já com prática e uma carteira de clientes pagantes que vão
te dar uma boa base financeira.
Financeiramente falando, se o que te dá mais retorno são os fatores que
majoram sua renda variável, o certo seria focar neles. Porém, como o objetivo é fazer
a transição para viver de coaching, é interessante majorar a sua renda variável atual,
mas sem descuidar do seu treinamento como coach, já que depois a expertise na tua
nova atividade e a tua carteira inicial de clientes pagantes será muito importante.

2.7) Tirando o pó e colocando tudo no lugar


Agora que você já está com todas as suas despesas revisadas e as suas
possibilidades de receitas dominadas, está na hora de fazer tudo encaixar. Você tem
que fazer as suas despesas somarem, no máximo, 90% da sua renda fixa. Quanto
menor o comprometimento, melhor! Se não está conseguindo chegar nesse número,
revise todos os passos desta etapa. Se você estiver usando a planilha que acompanha
esta cartilha, altere os valores da coluna “orçado” da aba “Orçamento” para cada
categoria de despesa, conforme os ajustes que você fez nos passos anteriores, e veja
o percentual que está conseguindo de utilização da receita.
Procure, dentro do possível, não depender da sua renda variável nem dos
seus ganhos como coach nesse momento. Se a sua renda variável é muito
significativa, tente estimar com valor mínimo com o qual você pode contar. Nesse
caso, as despesas não podem passar de 90% do seu ganho fixo somado a essa parte
do variável. Na aba “Orçamento”, inclua esse valor que será usado na célula
correspondente ao “Valor a usar da receita variável”.
Inclua também no seu orçamento, se você ainda não tiver, a contratação de
um plano de saúde e de um seguro de pessoa que te garanta uma renda em caso de
um acidente. O seguro de pessoa, se atualmente a sua fonte de renda já lhe garante
um sustento em caso de acidente, ou o plano de saúde, se a sua atividade atual já lhe
fornece um atendimento médico, podem não ser contratado neste momento. Contudo,
é importante apurar qual seria o custo desses serviços para compor o nosso plano de
ação.
3) Elaboração do plano de ação
Realizada a arrumação da casa, na etapa 2, na prática você já tem o seu
plano de ação traçado, pois o que você precisa é seguir a risca o orçamento e investir
tudo o que sobrar. O que falta é determinar o valor total que você tem que ter em um
investimento (fundo de transição) para possa passar a viver exclusivamente de
coaching. O acompanhamento do cumprimento do orçamento deve ser feito na
planilha que acompanha esta cartilha, lançando-se, todos os meses, o que foi gasto
efetivamente em cada uma das categorias de despesas que formam o seu orçamento.
Tente estimar, da forma mais prudente possível, em quantos meses estará
recebendo como coach o valor suficiente para cobrir as despesas mensais do teu
orçamento. Se você optou por não contratar agora o plano de saúde e o seguro de
pessoa, leve esses valores também em consideração nessa análise. Importante
destacar que agora não é hora de otimismo! Seja o mais realista (tendente ao
pessimismo) possível. Melhor depois ficar feliz por estar conseguindo se sustentar
mais cedo que esperava do que se apavorar vendo o fundo de reserva chegar ao final
sem ainda tem clientes pagantes suficientes.
Estimado esse número de meses, inclua mais uns 3 meses como fundo de
emergência. Se tudo der errado, ainda terás 3 meses para tentar algo diferente.
O valor que você tem que ter para poder deixar a sua atual fonte de renda e
viver de coaching de um modo seguro é o número de meses que acabamos de
determinar pelo total das despesas do orçamento (incluído o plano de saúde e seguro
de pessoa).
O tempo para que você alcance o objetivo vai depender, praticamente, da
diferença entre receitas e despesas, já que o rendimento da aplicação, em função do
curto prazo que esperamos ser necessário para alcançar o objetivo, será muito
próximo da taxa Selic. Portanto, para você viver de coaching o quanto antes, só há
dois caminhos: diminuir ainda mais as despesas ou aumentar ainda mais as receitas.
Na planilha que acompanha esta cartilha deixamos um simulador, na aba
“Fundo de Transição”, para que você possa acompanhar o tempo que falta para ter o
valor necessário para viver de coaching. Basta informar os dados necessários nas
células pintadas de amarelo. Fazendo os ajustes no orçamento, é possível verificar a
mudança do tempo necessário de investimento. Procure definir um padrão de gastos
que seja sustentável pela família e que lhe faça chegar ao seu objetivo o mais rápido
possível.
Antes de passarmos para a etapa seguinte, é preciso estipular um plano
especial para combatermos dois vilões dos orçamentos pessoais. O primeiro deles, o
mais escuso de todos, são os pequenos gastos. Eles parecem inofensivos e sem força
para nos derrubar, mas esses pequenos vilões se juntam e no final do mês e, em
especial, do ano, se mostram um monstrengo que faz nossos objetivos terem que ser
adiados. Contudo, não é possível eliminá-los completamente. Às vezes eles se
mostrarão necessários, seja para um conforto momentâneo, seja para complementar
aquele gasto supérfluo que mantém a sanidade familiar.
A melhor forma de controlar esses vilõezinhos é usar uma forma exclusiva de
pagamento para eles e destinar para essa fonte o valor mensal orçado para os
pequenos gastos. Por exemplo, você pode fazer seus pagamentos em geral em cartão
de débito e de crédito, mas pagar os pequenos gastos apenas com dinheiro. Assim,
você saca o valor estipulado para os pequenos gastos e, terminado o valor, para de
realizar pequenos gastos. Se você faz pagamentos rotineiros em dinheiro, deixe o
dinheiro dos pequenos gastos em uma parte separada da carteira, assim sabe que
quando não tiver mais dinheiro nessa parte, é hora de parar com os pequenos gastos.
O outro vilão são os parcelamentos, em especial os feitos no cartão de
crédito. A regra de ouro é “sempre que possível, evite parcelamentos”. Se algo
pode ser parcelado, verifique qual o desconto para o pagamento à vista e, havendo, se
for possível esperar, junte o dinheiro e pague à vista. Se não houver desconto ou não
for possível esperar para realizar o consumo, considere o quão controlado
financeiramente você é. Se não for muito controlado, parcele o valor no número de
meses que o bem levará para ser consumido. Assim você minimiza os riscos de
descontrole das finanças.
Se não conseguir fugir do parcelamento, você deve alocar os valores das
parcelas no seu orçamento nos meses que serão feitos os pagamentos. Desse
modo você sabe o quanto do orçamento destinado para aquele tipo de despesa já está
comprometido nos meses seguintes em razão do parcelamento. Só faça novo
parcelamento se não for estourar o seu orçamento para aquela despesa em
nenhum mês!
4) Acumulação do fundo de transição
Traçado o plano, tendo o orçamento definido e cumprindo-o a risca, você terá
um valor que deverá ser acumulado para gerar o fundo de transição. Temos, portanto,
que definir a estratégia de investimento para acumulação do fundo de transição. Como
esse é um dinheiro que será usado no curto prazo (menos de 2 anos), ele tem que
estar em uma aplicação segura e com uma boa liquidez. Das que existem no mercado
para pequenos investidores e com uma boa rentabilidade, a melhor opção é o Tesouro
Selic.
Para conseguir a melhor rentabilidade do seu fundo, o importante é diminuir
ao máximo as taxas pagas para realizar o investimento. Os grandes bancos têm
corretoras para que seus clientes possam fazer investimento em títulos públicos, mas
eles não têm interesse que os seus correntistas façam isso, pois perdem as taxas de
administração que cobram nos seus fundos de renda fixa. Além disso, mesmo que
você consiga fazer investimento em títulos públicos por um grande banco,
provavelmente você pagará uma das maiores taxas do mercado para realizar essa
operação.
O que se aconselha é abrir uma conta numa corretora independente para
fazer o investimento em títulos públicos, de preferência em uma que seja conhecida e
que não cobre taxa de custódia. A taxa de custódia é a remuneração da corretora e
cada uma é livre para estipular o valor que quiser. Muitas não cobram essa taxa como
um atrativo para ter novos clientes e oferecer-lhes oportunidades em renda variável,
onde vão compensar a isenção da renda fixa (os títulos públicos, dentre eles o
Tesouro Selic, são investimentos de renda fixa). Porém, isso não chega a ser um
problema se a isenção não estiver atrelada a realizar operações em renda variável, o
que, em geral, não acontece. Assim, basta não fazer o investimento em renda variável
e usufruir da isenção da taxa de custódia.
Há uma outra taxa de custódia, mas essa é igual para todos, que é a da
BM&FBOVESPA. Além dessa taxa, sobre a renda há a incidência do IOF e do Imposto
de Renda, cujas alíquotas variam conforme o tempo do investimento. Quanto maior for
o tempo que o dinheiro ficar investido, menores serão as alíquotas (a alíquota do IOF
fica igual à zero depois de 30 dias de investimento). O custo da taxa de custódia da
BM&FBOVESPA e os tributos já estão sendo levados em consideração nos cálculos
de acompanhamento do investimento da planilha que acompanha esta cartilha (aba
“Fundo de Transição”).
Após a abertura da conta na corretora, verifique com ela se já foi feito o seu
cadastro no Tesouro Direto, que é a plataforma usada pela União para realizar as
compras e vendas de seus títulos. Veja se a sua corretora tem plataforma própria para
investimento no Tesouro Direto. Caso não tenha ou se você preferir, use a própria
plataforma do Tesouro Direto que é bem simples. Na página do Tesouro Direto você
encontra vídeos e informações de como realizar os seus investimentos.
Existe outro custo que muitos não levam em consideração, mas que pode
impactar na rentabilidade do seu investimento, que é o custo de transferência do
dinheiro. Para você passar o dinheiro da sua conta para a conta da corretora para
realizar o investimento, você tem que fazer um TED ou um DOC e essas
transferências tem um custo elevado. Para resolvermos esse problema, temos dois
caminhos possíveis.
O primeiro serve para aqueles que utilizam vários serviços do seu banco,
principalmente cheques, e dependem da atuação do seu gerente. Nesses casos, você
provavelmente tem uma conta com uma tarifa mensal que lhe dá direito a alguns
serviços. O caminho, portanto, seria negociar com o gerente a isenção de pelo menos
um TED por mês. Em muitos pacotes de serviços já está incluído esse TED e nesse
caso você só tem que verificar se já não utiliza esse serviço para outras finalidades.
O outro caminho é o ideal para quem pouco ou quase nunca vai ao banco,
utiliza as plataformas eletrônicas de atendimento e a internet, além de não emitir
cheques. Trata-se da conta digital que o Banco Central obriga os bancos a
oferecerem. Esse tipo de conta é isenta de tarifas para todas as transações feitas nas
plataformas digitais e pela internet, ou seja, você poderá fazer quantos TEDs e DOCs
quiser sem que te seja cobrado um único centavo. Mesmo que você utilize o seu
banco ou emita cheques com alguma regularidade, é interessante avaliar se você não
poderia fazer tudo pela internet e migrar para uma conta digital, já que economizaria a
tarifa mensal do seu banco.
Estando com a conta da corretora aberta e a questão da transferência
resolvida, você já pode começar a aportar valores para o seu fundo de transição. Uma
dica importante é pagar-se primeiro! Pagar-se primeiro significa investir, tão logo
receba a sua renda atual, o valor definido para investimentos que é a diferença entre a
receita orçada e a despesa orçada. Assim você não cai na tentação de gastar um
pouco mais, já que está sobrando dinheiro na conta corrente. Uma forma de efetivar o
“pague-se primeiro” é agendar TEDs para os dias que você terá o dinheiro na conta
para o valor já sair direto do seu banco para a corretora.
Quem tiver a possibilidade de fazer mais TEDs no mês, sempre que entrar
uma renda acima do previsto, oriunda da parte variável não alocada para as despesas
ou de clientes de coaching, é aconselhável transferir imediatamente para o seu
investimento. Se você não consegue fazer mais de um TED por mês, procure não
gastar o valor a mais que entrou na conta e altere o valor do TED do mês seguinte
para incluir essa sobra.
5) Verificação e revisão mensal do plano
Para que nada fuja ao controle e o seu sonho de viver de coaching de uma
forma tranquila se torne realidade, é importante verificar se o plano está realmente
sendo seguido e, se houver algum acidente de percurso, que as correções
necessárias sejam implementadas a tempo. A planilha que acompanha essa cartilha
serve para fazer esse acompanhamento.
Na aba “Orçamento”, você irá anotar, na coluna correspondente ao mês de
pagamento, as despesas realizadas na linha de cada categoria. A planilha vem pronta
para 24 meses, mas se for necessário mais tempo de acompanhamento, copie as
duas últimas colunas (Realizado e Diferença) e vá colando a quantidade que precisar.
Ao lado da coluna “Realizado” aparecerá a diferença entre o realizado e o orçado para
que você possa verificar se o orçamento está sendo cumprido ou se ajustes precisam
ser feitos. No caso de ajustes, altere o valor na coluna “Orçado” da linha da despesa
correspondente. Observe o impacto da mudança no comprometimento da receita e no
prazo para conseguir o valor necessário no fundo de transição. Reflita se não é
necessário repassar os passos da etapa 2 (arrumação da casa).
Na aba “Fundo de Transição” você informará o saldo atual do seu fundo e
atualizará o valor da taxa Selic e a inflação dos últimos 12 meses. A planilha mostrará
quantos meses faltam para que o fundo tenha o valor suficiente para você passar a
viver de coaching. Se você entender que vai precisar de menos tempo para que a sua
receita como coach seja suficiente para suprir as suas despesas (por exemplo, você já
tem uma boa carteira de clientes que atende boa parte das suas despesas), altere
esse valor na célula correspondente e a planilha atualizará o tempo faltante para a
transição.
Alguns (poucos) meses depois...
Parabéns coach! Mais um objetivo alcançado! Você seguiu as etapas desta
cartilha, foi disciplinado com suas despesas, trabalhou para incrementar suas receitas
e não deixou de fazer seus investimentos regularmente. Agora você conseguiu, tem
um fundo que o sustentará pelo tempo suficiente para que tenha uma carteira cheia de
clientes pagantes e seu padrão de vida possa ser sustentado exclusivamente com a
sua paixão. Agora você vai efetivamente viver de coaching!
Passar por essa experiência lhe trouxe um grande ensinamento sobre suas
finanças pessoais. Quem sabe você não aproveita esse novo hábito e traça outros
objetivos financeiros para alçar voos ainda mais altos, afinal, você é águia! Você pode
economizar para fazer investimentos na sua carreira, cursos, uma viagem, ter um
escritório, uma equipe ou, quem sabe, alcançar o nirvana das finanças pessoais: a
independência financeira!
A parte mais difícil, que é a revisão das despesas e sua adequação às
receitas, gerando sobras que te possibilite investimentos, você já cumpriu. Agora,
claro, talvez você se permita ter uns gastos a mais, elevar o seu padrão de vida, mas
não se liberte tanto a ponto de comprometer toda a sua renda. Mantenha o hábito do
investimento. Estude a respeito, pesquise, diversifique, já que para sonhos diferentes
há diferentes produtos no mercado financeiro. Se achar necessário, você sabe:
sempre tem aquele teu colega que é coach financeiro para te ajudar.
E por falar em ajudar, espero ter te ajudado um pouco nessa tua jornada e
que o teu sucesso como profissional também seja espelhado na tua carteira de
investimentos!

Um grande abraço e sucesso!

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