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ILMO.

SENHOR

JOÃO RODRIGUES

PREFEITO

MUNICIPIO DE CHAPECO – S.C.

Assunto: Recurso à decisão aos Autos de Infração: COVID26/2021

REMI ANTONIO ROSETTO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o n°. 14.233.958/0001-37, com sede na Rua Barão do Rio Branco, 7280 Bairro
Maria Gorete– Chapecó - SC, neste ato devidamente representada pelo seu sócio
Proprietário, Remi Antonio Rosetto, Carteira de Identidade n° 1.591.677, CPF n°
543.753.559-72, vem à presença de Vossa Senhoria em cumprimento ao disposto na Lei
n° 6.437/77, artigo 22, parágrafo segundo, Art. 30, e a lei nº 7.456, de 11 de fevereiro de
2021 apresentarmos seu RECURSO EM SEGUNDA INSTANCIA.

“Renunciando ao prazo recursal”

“Concessiva Vênia”, antes de adentrarmos ao mérito da presente impugnação,


nos é forçosa, transcrever os dispositivos legais, “enquadramento legal", colocados, in
verbis:

““... Às 22h10min do dia 17/04/2021 na Rua Barão do Rio Branco, 7280 Bairro
Maria Gorete– Chapecó - SC a empresa sofreu FISCALIZAÇÃO DE SAÚDE PELOS
AGENTES DA VIGILANCIA SANITÁRIA E DA GUARDA MUNICIPAL dos
Auditores de Atividades Urbanas, sendo verificadas irregularidades conforme autos de
infrações citados, ficando a autuada notificada pelo Termo de infração n°
COVID26/2021”,

Inconformado com a decisão de segunda instancia, vem perante Vossa


Excelência na esperança de obter um julgamento justo e sensível por parte deste poder
executivo, pois entendemos que o atual momento exige esforços de ambos os lados na
tentativa de manter a saúde de todos os munícipes, mais também manter a saúde
econômica de quem investe e sempre investiu no progresso deste município.

O estabelecimento Olimpiku’s Bar Ltda. foi autuado e iniciado Processo


Administrativo Sanitário apontando as irregularidades encontradas no momento da
vistoria, sendo: Descumprimento da Norma Administrativa de distanciamento mínimo
entre as pessoas, em todas as direções.

Inicialmente, esclarecemos que quanto a não conformidade sanitária, a autuada


confessa que realmente existiam algumas pessoas no local conforme lavrado no auto de
infração, porem tratava-se de membros da família e não havia atendimento ao publico,
pois as portas estavam sendo fechado, devido ao horário o atendimento, mas funcionava
neste momento somente a cobrança de clientes que estavam saindo sendo que o
atendimento encerrou às 22 horas, diferente do que a fiscalização induz que afirmamos
que “somente” havia pessoas da família.

Pode-se verificar pelas fotos colhidas pelo atuante no local que as mesas
externas no momento já estavam todas recolhidas, e as pessoas que ali estavam , já se
dirigiam para suas casas, portanto forçoso afirmar que havia aglomeração no
estabelecimento.

Neste mesmo sentido, convém afirmar, que, no local havia álcool gel,
termômetro de temperatura, todos estavam de mascara, e o controle populacional no local
estava sendo todo monitorado, fato que nos parece que passou por despercebido pelos
fiscais.

DO ENQUADRAMENTO LEGAL: verifica que a fiscalização que impôs a


autuação e penalidades deixa muito clara a sua preocupação em citar artigos legais
constantes na lei, porem nem uma explicação concreta de tais artigos serem realmente
infligidos no momento da autuação, por parte do ora autuado, vejamos:

IV - participar de atividades ou reuniões que geram aglomeração de


pessoas fora do limite previsto em ato normativo estadual ou municipal,
bem como, em se tratando de estabelecimentos ou organizadores de
eventos, descumprir os atos normativos estaduais ou municipais que
proíbem aglomeração ou disciplinam restrições de horário e lotação;

e) ao distanciamento mínimo entre as pessoas, em todas as direções.

Não há que se falar em aglomeração, pois havia em torno de 25% da ocupação


permitida no local, por tanto nem um dos atos normativos foi descumprido e o horário
estava sendo respeitado, fato este que pode ser constatado pelo horário da lavratura do
presente auto; por outro norte afirmamos que o distanciamento estava sendo respeitado
dentro do estabelecimento com todos os cuidados devidos, conforme legislação
pertinente.

XI - obstruir ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades administrativas


no exercício de suas funções.
Em momento algum foi dificultado à fiscalização, aliás, o auto de infração não
deixa clara tal situação, deveria descrever em seu bojo, pois traz a baila uma situação
totalmente inverídica, que inclusive pode ser constatado pelas testemunhas que ali se
encontravam, nem teria como ser dificultado, pois sabemos da autoridade que é investida
a guarda municipal bem como a fiscalização sanitária.

DA AUTUAÇÃO: Em medida cautelar foi o estabelecimento OLIMPICU “S


BAR LTDA interditado por 15 (quinze) dias a contar da data de (17/04/2021) por motivo
de descumprimento da norma administrativa de distanciamento mínimo entre as pessoas,
em todas as direções”. A vistoria foi acompanhada pela Guarda Municipal em virtude de
denúncias recebidas em desfavor do estabelecimento. Ficou o proprietário ciente do Art.
8º § 4º da Lei Municipal 7.456 de 11 de fevereiro de 2021.

Tal alegação nãopodem prosperar, pois as constatações são apenas verbais e


não documentais, pois se pergunta qual o distanciamento que foi constatado entre os
presentes no local, Quantas pessoas aviam no momento no local, Qual a relação com
nome de pessoas que ali estavam? De onde partiu as denuncias? E para quem foi? E qual
horário das denuncias?

Entendemos que cessar a atividade e manter o estabelecimento em prejuízo e


lucros cessantes, é muita responsabilidade com tão poucos elementos de autuação
claramente exposto, pois as alegações usadas e citações de dispositivos da lei sem
comprovação de fatos não torna cristalino os dados colhidos para dar suporte à interdição
do local, bem como a penalidade imposta.

DAS MANIFESTAÇÕES DAS AUTORIDADES AUTUANTES:

Traz à tona as autoridades autuastes em suas manifestações um histórico de


duas autuações número 23434 de 14/11/2020 e o segundo de número 24951 de
22/07/2020. Ambos os autos de infração foram enquadrados para dispositivos legais
anteriores à Lei Municipal 7.456 de 11 de fevereiro de 2021, sendo que o autuado não
pode ser condenado e penalizado duas vezes pelo mesmo fato bis in idem, mesmo porque
está sendo penalizado e enquadrado em uma lei nova que nem existia na data dos fatos
da época.

Parece-nos pelo histórico de fiscalizações no estabelecimento que o intuito dos


mesmos sempre foi o fechamento, a interdição do mesmo, pois carece muito de
elementos comprobatório das infrações ali constatadas, a preocupação foi tão grande em
fiscalizar o estabelecimento que o horário da assinatura do auto de infração identifica em
um momento 22h10min e em outro momento 22h26min, ou seja, primeiro se coloca o
horário da infração, mais no entre tanto no ultimo item que acompanha a assinatura, que é
o que se dá ciência ao ato infracional, se coloca um horário anterior? Qual o objetivo,
pois se levarmos em conta que se levaria no mínimo 15 minutos para preencher o auto de
infração os agentes da fiscalização estiveram no local antes do horário de fechamento do
estabelecimento.

Os proprietários do estabelecimento autuado amargam um prejuízo enorme


em decorrência de tal fiscalização, mesmo sendo liberados, os clientes em sua grande
proporção não retornaram mais ao local, como se não bastasse à penalidade devido a
COVID19, as autoridades insistem em penalizar mais ainda quem apenas quer manter o
seu negocio em funcionamento.

Devemos dizer que a Lei Municipal 7.456 foi criada em 11 de fevereiro de


2021, portanto a exatamente 67 dias da lavratura do auto de infração, e não era de
conhecimento do autuado este dispositivo legal, motivo pelo qual entendemos que
deveria ser feito sim uma notificação ou advertência devido ao pouco tempo de
publicação da referida lei municipal.

Vale ressaltar que a autuada agiu sem dolo, fraude e/ou má-fé ao realizar
atendimento ao publico, pois está respeitando os horários e as demais determinações
legais, sendo que devido a acontecimentos anteriores por outras situações que não dentro
da lei aqui aplicada, o autuado acaba por ser rotulado, mais único intuito neste momento é
colaborar com as autoridades.

Entendemos que deve ter um devido processo legal e administrativo antes de


interditar o referido estabelecimento para que o autuado possa exercer seu direito das
contraditória e ampla defesa.

A Constituição da República de 1988 aduz em seu Inciso LV, artigo 5.º: "Aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes”.

Neste diapasão, o presente recurso objetiva tecer considerações acerca da


atuação da Administração Pública e sua observância aos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa na condução dos processos administrativos, conforme
preceitua o inciso LV do art. 5º, da Constituição Federal de 1988. Resguardando o estado
democrático de direito, pois o autuado esta privado de seu bem, sem poder manter seus
compromissos já assumidos, bem como a manutenção de seus colaboradores.

Em meio ao rol de garantias asseguradas aos cidadãos, há que se enfatizar o


princípio do devido processo legal, inserido no artigo 5º, inciso, LIV, que tem como
corolários o direito ao contraditório e à ampla defesa. Destaca-se do texto constitucional:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

[...]

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o


devido processo legal.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com meios e recursos a ela inerentes.
Vale a pena resaltar A Lei Federal nº 6.437/77 é a que configura as infrações
à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas e, dentre
outras coisas, também estabelece o rito do processo administrativo sanitário.

No excogitado dispositivo legal, também se disciplina um necessário critério


de avaliação onde são avaliadas as condições econômicas do infrator quando
do momento da dosimetria da pena de multa que lhe será aplicada em
decorrência do cometimento de alguma infração sanitária.

Tal balisamento está previsto no § 3º do artigo 2º da Lei Federal nº 6.437/77,


cuja redação é a seguinte:

"§ 3º Sem prejuízo do disposto nos arts. 4º e 6º desta Lei, na


aplicação da penalidade de multa a autoridade sanitária
competente levará em consideração a capacidade econômica do
infrator."

Longe de ser uma manifestação normativa meramente insular, o § 3º do artigo


2º da Lei Federal nº 6.437/77 finda por comungar seu escopo tanto com
outras normas federais, como com normas de outros entes da Federação,
conforme podemos ver a seguir:

"Portaria do Ministério da Saúde Nº 1.565, de 26 de agosto de


1994 -Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e sua
abrangência, esclarece a competência das três esferas de governo e
estabelece as bases para a descentralização da execução de serviços e
ações de vigilância em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Art. 10. (... omissis ...)

§ 2º Na edição, interpretação e aplicação das normas e na execução de ações e


implementação de serviços de vigilância sanitária, os órgãos e entidades do
Sistema Único de Saúde, em cada esfera de governo, cuidarão para que a
atuação do Poder Público se efetive da forma e do modo que melhor garantam
a realização do fim público a que se dirige, com a menor restrição possível
aos direitos e interesses particulares do cidadão."

Fica patente portanto que há no direito sanitário a presença de um princípio


da "capacidade contributiva" que reclama aplicação quando da aplicação de
multas pela vigilância sanitária.

Tal "capacidade contributiva" merece aspas em virtude de ela não ser, por
óbvio, a mesma que se manifesta no direito tributário por força da Carta da
República, vez que aqui estamos a lidar com multas administrativas e não
com impostos.

Alem é claro de se levar em consideração que estamos a 12 meses penando a


amarga dor de conviver com uma pandemia, que está prejudicando a
economia do pais bem como a local.
Deve ser de imediato esclarecido que não estamos aqui propondo uma
indissociação entre a multa administrativa e o tributo, vez que ela (a multa
administrativa) não é nem sequer igual à multa tributária (vide no RE 94.001
distinção feita pelo STF acerca do que é ilícito administrativo e do que é
ilícito tributário e vide também as lições de Bernardo Ribeiro de Moraes
reproduzidas por Vittorio Casson

O princípio da capacidade contributiva, apesar das polêmicas


que o envolvem (como a já referida questão da sua aplicação a
outros tributos que não os impostos), certamente não seria
aplicável às multas, vez que elas não são tributos, mas, diante do
entendimento exposto pelo STF na ADin-MC 1.075-1-DF (Rel
Celso de Mello, DJU de 29/06/1998) de que uma multa pode sim
ofender o art. 150, IV da CF/88 (claramente direcionado aos
tributos) não cremos haver empecilho em defender a aplicação do
aludido princípio às multas (lembrando aqui que só estamos nos
valendo do princípio do direito tributário na falta de instituto
melhor para explicar a aplicação do fenômeno no direito
sanitário).

Posto isso, do direito tributário só pegaremos emprestado para o direito


sanitário o conceito de capacidade contributiva, que é o que exibimos abaixo

"Do ponto de vista subjetivo, a capacidade econômica somente se


inicia após a dedução das despesas necessárias para manutenção
de uma existência digna para o contribuinte e sua família. Tais
gastos pessoais obrigatórios (com alimentação, vestuário,
moradia, saúde, dependentes, tendo em vista as relações
familiares e pessoais do contribuinte etc.) devem ser cobertos
com rendimentos em sentido econômico – mesmo no caso dos
tributos incidentes sobre o patrimônio e heranças e doações –
que não estão disponíveis para o pagamento de impostos. A
capacidade econômica subjetiva corresponde a um conceito de
renda ou patrimônio líquido pessoal, livremente disponível para o
consumo e, assim, também para o pagamento de tributo. Dessa
forma, se realizam os princípios constitucionalmente exigidos da
pessoalidade do imposto, proibição do confisco e igualdade,
conforme dispõem os arts. 145, § 1º, 150, II e IV da
Constituição." (Misabel Derzi, citada por Sacha Calmon Navarro
Coelho in Curso de Direito Tributário Brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2007, pág. 83)

Assim, trasladando-se mais uma vez a questão para olhar do direito sanitário,
deve ser verificado no momento da aplicação da multa o binômio
adequação/fim pretendido, para que se possa punir adequadamente o infrator,
sem que se leve, o autuado a inviabilidade do seu sustento ou do
prosseguimento das suas atividades produtivas e bem como a manutenção de
seus colaboradores, sempre levando em consideração o atual momento
econômico vivido por todos.

Cabe-se frisar que o autuado já teve a sua penalização quando ficou fechado
por 15 dias o seu estabelecimento,não sendo necessário dupla penalidade por
um mesmo motivo, alem de suas economias estar se esgotando.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, e considerando as peculiaridades do caso, sendo a


AUTUADA PRIMÁRIA na violação da lei Nº 7.456, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2021,
não havendo circunstâncias agravantes e já estando implantadas as regularidades
cabíveis,e o cumprimento da penalidade imposta de 15 (quionze) dias com portas
fechadas, consoante previsão disposta nos arts. 6º, 7º, incisos III e V, e art.10, da Lei nº
6.437/77, bem como, ainda atento ao princípio da proporcionalidade e gradação da pena,
vem respeitosamente:

REQUERER, que seja o presente RECURSO recebido e processado, e ao


final, os Autos de Infração sejam julgados INSUBSISTENTES, em vista das nulidades
ocorridas, e eventualmente sendo este mantido, que seja a autuada apenada com pena de
ADVERTÊNCIA, concedendo-lhe oportunidade de, em prazo razoável a ser assinado
por Vossas Senhorias, promover a comprovação da regularização das falhas verificadas.

Que seja extinta a penalidade de multa de qualquer valor e o presente processo


arquivado administrativamente

Que seja isentado os valores totais da multa hora aplicada, pois a atual
situação financeira vai inviabilizar tal pagamento, mesmo porque já foi penalizado com
os seus lucros cessantes durante este período que já esta sem desenvolver assuas
atividades econômicas

Que seja produzido por este órgão termo de responsabilidade para que o
autuado esteja assumindo inteira responsabilidade em cumprir e fazer cumprir as normas
sanitárias impostas por este órgão, como condição de funcionamento.

O impacto da pandemia entre pequenas empresas poderá ter amplas


consequências para a economia, estamos nos adaptando ao atual momento, tentando nos
reinventar, entendemos que simplesmente manter fechado não acredito ser o mais correto
no momento, pois estamos falando de sobrevivência do empreendedor e de seus
colaboradores, precisamos usar o bom censo e manter o comprometimento que acredito
ser mais importante do que uma penalidade, precisamos confiar e nos apoiar para o bem
econo9mico de todos.
Sendo o que se requer, reforçamos a esse respeitável Núcleo nossa
responsabilidade de cumprir todos os decretos, bem como não promover eventos que
ofereça riscos à saúde do consumidor e, adotando, para isto, efetivamente todas as
medidas que assegurem a segurança no combate ao COVID19.

N. Termos.

Pede Deferimento.

Chapecó/SC, 05 de maio de2021.

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REMI ANTONIO ROSETTO

Proprietário

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