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ATIVIDADE TEMÁTICA – TEMA: ANPP.

1 - É cabível o ANPP após recebimento da inicial acusatória?


OU
2 - É cabível o ANPP em casos de tráfico de drogas privilegiado?

RESOLUÇÃO – (Questão 1):

O Instituto do Acordo de Não Persecução Penal, possui caráter pré-


processual, negociável entre acusado e representante do Ministério Público,
como homologação do Juiz. É um negócio bilateral, o investigado não está
obrigado a aceitar as condições impostas.

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sedimentou a


compreensão de que a possibilidade de oferecimento do Acordo de Não
Persecução Penal, previsto no artigo 28-A do Código de Processo Penal –
CPP, inserido pela lei 13.964/2019, é restrito aos processos em curso até o
recebimento da DENÚNCIA, não é cabível após esse procedimento. A
decisão teve como relator o ministro Ribeiro Dantas:

Ementa

PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA.
INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. ACORDO
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. RETROATIVIDADE. DENÚNCIA
JÁ RECEBIDA. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. NÃO CABIMENTO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE
PARA A IMPOSIÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO E PARA
INVIABILIZAR A SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. AGRAVO REGIMENTAL
CONHECIDO EM PARTE E, NESTA EXTENSÃO, DESPROVIDO. 1.
O pedido de redução da pena configura indevida inovação recursal,
pois essa questão não foi discutida ou suscitada no momento
oportuno, de modo que seu acolhimento é vedado pela preclusão
consumativa. 2. Esta Corte Superior sedimentou a compreensão de
que a possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução
penal, previsto no artigo 28-A do Código de Processo Penal, inserido
pela Lei n. 13.964/2019, é restrita aos processos em curso até o
recebimento da denúncia, o que não se enquadra na hipótese em
apreço. 3. Este Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firme
no sentido de ser inaplicável o princípio da insignificância ao crime
capitulado no art. 273 do Código Penal, já que a conduta traz
prejuízos efetivos à saúde pública. 4. No que se refere ao regime
prisional, não se infere qualquer desproporcionalidade na imposição
de meio inicialmente mais gravoso para o desconto da reprimenda,
pois, nada obstante ser a pena inferior a 4 (quatro) anos de reclusão,
os maus antecedentes do acusado implicaram majoração da pena-
base, tratando-se de fundamento idôneo para fixação do regime
semiaberto, bem como para inviabilizar a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. 5. Agravo regimental
conhecido em parte e, nesta extensão, desprovido. (AgRg no AREsp
1909408/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 05/10/2021, DJe 13/10/2021).

RESOLUÇÃO – (QUESTÃO 2):

É cabível! Ocorre que em 2016, no HC 118.153, o STF decidiu que o


chamado tráfico privilegiado não tem natureza hedionda. O STJ, então, no
julgamento do Tema 600, estabeleceu que o "tráfico ilícito de drogas na sua
forma privilegiada não é crime equiparado a hediondo".

Em tese, o acordo, a modalidade privilegiada do tráfico pode ser objeto


do ANPP. A nosso juízo, a decisão do Supremo de afastar a hediondez do
tráfico privilegiado foi acertada.
É do Ministério Público o ônus de comprovar que o sujeito se dedica ao
crime ou integra organização criminosa, não podendo se admitir, em Direito
Penal e em prejuízo do acusado, presunções não previstas na lei, tampouco
excesso de acusação que inviabilize benefício legal, que poderá ser objeto
de emendatio no recebimento da denúncia. O inciso II do §2o do artigo 28-A é
expresso no sentido de que o acordo não será possível "se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual".

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