Você está na página 1de 17

Teoria 3 Funções Lógicas; Portas Lógicas; Expressões Canônicas;

Circuitos Elétricos e Diagramas LADDER Equivalentes.


3 Funções Lógicas Elementares:
Além das operações aritméticas (soma, subtração, multiplicação e divisão), com
números binários podemos também realizar operações lógicas. Uma operação lógica,
também chamada de função lógica é uma operação da álgebra booleana aplicada a uma ou
mais variáveis lógicas.
As operações lógicas elementares com números binários são sete, das quais três são
fundamentais:
§ Função “E”.
§ Função “OU”.
§ Função “NÃO” ou “COMPLEMENTO”;
As demais são funções derivadas, as quais são constituídas a partir das funções
fundamentais:
§ Função “NÃO-E”.
§ Função “NÃO-OU”.
§ Função “OU-EXCLUSIVO”
§ Função “E-COINCIDÊNCIA”
3.1 Tabela Verdade:
Para verificarmos o comportamento das funções lógicas utilizaremos o recurso da
tabela verdade que é um modo de descrever uma função lógica em forma de tabela a qual
representa todas as possíveis combinações de estado das variáveis de entrada de uma
função, e os seus respectivos valores de saída associados.
Com exceção da operação de complemento (função “NÃO”) que é uma operação
unária e por isso requer apenas um operando, ou seja, possui apenas uma variável de
entrada, todas as demais funções podem ter n variáveis de entrada. No entanto, a título de
exemplificação iremos considerar a existência de apenas duas variáveis de entrada
para as funções, as quais denominaremos simbolicamente de A e B.
Definir-se a quantidade de variáveis de entrada de uma função lógica,
considerando os possíveis diferentes estados que tais variáveis podem assumir (no caso de
uma variável booleana usamos a base binária, portanto são dois os possíveis estados),
incide em determinar-se o tamanho da tabela verdade, ou seja, a quantidade de
possíveis combinações de estado deste conjunto de variáveis de entrada, que determina
a quantidade de linhas da tabela verdade, e isso é dado pela regra:
L = 2n L à Número de linhas da Tabela Verdade;
n à Quantidade de variáveis de entrada;
2 à Constante devida à base binária.
Desta forma, para o caso de existirem duas variáveis de entrada, teremos tabelas
verdade de tamanho: L = 2 2 = 4
Quatro linhas! As quais representarão todas as possíveis combinações das variáveis
de entrada da função.
SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 29
Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Como as funções que estudaremos são de fato operações lógicas com números
binários, consideremos também a seguinte convenção:
§ “0” à Falso
§ “1” à Verdadeiro
3.2 Funções Lógicas Fundamentais:
3.2.1 Função lógica “E”:
A função lógica “E” também é conhecida por operação de multiplicação lógica. A
função lógica “E” tem o comportamento que é expresso na tabela verdade a seguir:

ENTRADAS SAIDA
Podemos sintetizar o comportamento da função “E” pelo
seguinte corolário:
A B S
A saída é verdadeira se, e somente se, ambas as
0 0 0 entradas forem verdadeiras.
0 1 0
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
1 0 0
que somente na quarta linha da tabela verdade a saída é igual a
1 1 1 “1”, ou seja, é verdadeira, e que nesta linha a condição das
entradas são ambas iguais a “1”.

3.2.2 Função lógica “OU”:

A função lógica “OU” também é conhecida por operação de soma lógica. A função
lógica “OU” tem o comportamento que é expresso na tabela verdade a seguir:

ENTRADAS SAIDA
Podemos sintetizar o comportamento da função “OU”
pelo seguinte corolário:
A B S A saída é falsa se, e somente se, ambas as
0 0 0 entradas forem falsas.

0 1 1 Esse comportamento pode ser verificado observando-se


1 0 1 que somente na primeira linha da tabela verdade a saída é igual a
“0”, ou seja, é falsa, e que nesta linha a condição das entradas são
1 1 1 ambas iguais a “0”.

Já observando a tabela por outro ângulo, A saída é verdadeira se no mínimo uma


podemos afirmar também o seguinte: das entradas for verdadeira.

3.2.3 Função lógica “NÃO”:


A função lógica “NÃO” também é conhecida por operação de complemento
lógico. A função lógica “NÃO” é uma operação unária, requerendo apenas um operando
(apenas uma variável de entrada) e tem o comportamento que é expresso na tabela verdade
a seguir:
SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 30
Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
ENTRADA SAIDA
Podemos sintetizar o comportamento da função “NÃO”
pelo seguinte corolário:
A S
A saída é verdadeira se a entrada for falsa, e vice-
0 1 versa.
1 0
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
ambas as linhas da tabela verdade.

3.3 Funções Lógicas Derivadas:


Estas podem ser implementadas pela combinação de duas ou mais funções
fundamentais. Não obstante o fato de serem funções compostas, as funções lógicas
derivadas são tão importantes e básicas quanto qualquer uma das funções lógicas
fundamentais. Exemplo disso é que toda a arquitetura dos circuitos lógicos da família TTL
é baseada na função “NÃO-E”. Outro exemplo é a enorme versatilidade que a função
“OU-EXCLUSIVO” apresenta na implementação de circuitos de lógica combinatória.

3.3.1 Função lógica “NÃO-E”:


A função lógica “NÃO-E” tem o comportamento que é expresso na tabela verdade
a seguir:
Podemos sintetizar o comportamento da função “NÃO-E”
ENTRADAS SAIDA pelo seguinte corolário:
A B S
A saída é falsa se, e somente se, ambas as
0 0 1 entradas forem verdadeiras.
0 1 1
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
1 0 1
que somente na quarta linha da tabela verdade a saída é igual a
1 1 0 “0”, ou seja, é falsa, e que nesta linha a condição das entradas são
ambas iguais a “1”.

3.3.2 Função lógica “NÃO-OU”:


A função lógica “NÃO-OU” tem o comportamento que é expresso na tabela
verdade a seguir:
Podemos sintetizar o comportamento da função “NÃO-
ENTRADAS SAIDA OU” pelo seguinte corolário:
A B S
A saída é verdadeira se, e somente se, ambas as
0 0 1 entradas forem falsas.
0 1 0
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
1 0 0 que somente na primeira linha da tabela verdade a saída é igual a
“1”, ou seja, é verdadeira, e que nesta linha a condição das
1 1 0 entradas são ambas iguais a “0”.
SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 31
Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
3.3.3 Função lógica “OU-EXCLUSIVO”:
A função lógica “OU-EXCLUSIVO” tem o comportamento que é expresso na
tabela verdade a seguir:
Podemos sintetizar o comportamento da função “OU-
ENTRADAS SAIDA EXCLUSIVO” pelo seguinte corolário:

A B S A saída é verdadeira se, e somente se, as entradas


forem desiguais entre si.
0 0 0
0 1 1
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
1 0 1 que somente na segunda linha e terceira linha da tabela verdade a
saída é igual a “1”, ou seja, é verdadeira, e que nestas linhas a
1 1 0 condição das entradas é que elas são desiguais entre si.

3.3.4 Função lógica “E-COINCIDÊNCIA”:


A função lógica “E-COINCIDÊNCIA” que é o mesmo que função “NÃO-OU-
EXCLUSIVO”, tem o comportamento que é expresso na tabela verdade a seguir:

ENTRADAS SAIDA
Podemos sintetizar o comportamento da função “E-
COINCIDÊNCIA” pelo seguinte corolário:
A B S
A saída é verdadeira se, e somente se, as entradas
0 0 1 forem iguais entre si.
0 1 0
Esse comportamento pode ser verificado observando-se
1 0 0
que somente na primeira e na quarta linha da tabela verdade a
1 1 1 saída é igual a “1”, ou seja, é verdadeira, e que a condição das
entradas é que elas são iguais entre si.

3.4 Implementação de Funções Lógicas com Circuitos Eletroeletrônicos:

Originalmente, desde o final do século XIX os circuitos de lógica digital eram


implementados com relés, os quais são componentes eletromecânicos dotados de uma
bobina (solenóide) que ao ser energizada pela passagem de corrente elétrica gera um
campo magnético. Tal campo magnético causa, por atração, a manobra de um mecanismo
que suporta um contato elétrico (ou um conjunto de contatos elétricos).

Uma vez manobrados os contatos comutam de estado em relação ao seu estado


normal, assim sendo, contatos que são normalmente abertos, e por isso não permitem a
passagem da corrente elétrica, os quais são denominados contatos N.A. (Normalmente
Abertos) passam a estar fechados, permitindo a passagem da corrente elétrica e, por sua
vez, contatos que são normalmente fechados, e por isso permitem a passagem da corrente
elétrica, denominados contatos N.F. (Normalmente Fechados) passam a estar abertos, não
mais permitindo a passagem de corrente elétrica.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 32


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
A esta tecnologia de implementação dá-se o nome de lógica de contato de relés.
O Relé foi muito usado no sistema telefônico, aliás, algumas centrais analógicas
ainda utilizam estes dispositivos até hoje. Suas limitações eram o fato de serem
relativamente caros, grandes demais e ao mesmo tempo muito lentos: um relé demora mais
de um milésimo de segundo para fechar um circuito, mais de dez milhões de vezes mais
lento que um transistor atual.
As válvulas de emissão termiônica também tiveram a sua vez na história da
evolução dos sistemas de lógica digital. Desenvolvida inicialmente para atender a indústria
radiofônica, a válvula possibilitava às máquinas efetuar cálculos milhares de vezes mais
rapidamente do que os relés eletromecânicos. Na verdade os primeiros e gigantescos
computadores eletrônicos foram construídos com válvulas na década de 40. As válvulas
eram bem mais rápidas que os relés, atingindo facilmente freqüências da ordem de alguns
Megahertz, mas, no entanto, consumiam muita energia elétrica, superaqueciam e
queimavam-se muito facilmente. Construir um computador, que usava milhares delas era
extremamente complicado, e muito dispendioso.
Sem dúvida, o computador mais famoso daquela época foi o ENIAC (Electronic
Numerical Integrator Analyzer and Computer, ou seja, "Computador e Integrador
Numérico Eletrônico"), que projetado para fins militares, pelo Departamento de Material
de Guerra do Exército dos EUA, na Universidade de Pensilvânia. Construído em 1945, foi
o primeiro computador digital eletrônico de grande escala. O ENIAC era composto por
nada menos do que 17.468 válvulas, ocupando um galpão imenso. Porém, apesar do
tamanho impressionante, o poder de processamento do ENIAC era ridículo se comparado
com os padrões atuais, sendo bem menos até do que uma calculadora científica de bolso
das mais simples. O ENIAC tinhas as seguintes características:

§ totalmente eletrônico § 5,5 m de altura


§ 17.468 válvulas § 25 m de comprimento
§ 500.000 conexões de solda § 2 vezes maior que MARK I
§ 30 toneladas de peso § realizava uma soma em 0,0002 s
§ 180 m² de área construída § realizava uma multiplicação em
0,005 s com números de 10 dígitos
Só que o ENIAC tinha um grande problema: por causa
do grande número de válvulas, operando à taxa de
100.000 pulsos por segundo, havia 1,7 bilhão de
chances a cada segundo de que uma válvula falhasse,
além da grande tendência de superaquecer-se. Pois as
válvulas liberavam tanto calor, que mesmo com os
ventiladores a temperatura ambiente subia, às vezes,
até 67°C.
Então um dos engenheiros responsáveis pela
sua construção, aproveitou a idéia utilizada em órgãos
eletrônicos, fazendo com que as válvulas funcionassem
sob uma tensão menor que a necessária, reduzindo
assim as falhas a uma ou duas por semana.
Exemplo de uma válvula triodo
SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 33
Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Com o advento do transistor, a partir dos anos 50 iniciou-se efetivamente a era dos
computadores. Passou-se então a utilizar circuitos eletrônicos com resistores, diodos e
transistores para se implementar as funções lógicas, tendo se tornado popular nas últimas
décadas os circuitos integrados (CI’s), notadamente os com tecnologia TTL (Transistor-
Transistor-Lógic) e os C-MOS (Complementary – Metal Oxide Semiconductor). Maiores
detalhes sobre essas duas tecnologias de implementação de CI’s, as quais denominamos
famílias lógicas serão abordados em capítulos posteriores.

3.5 Portas Lógicas:

Um circuito eletrônico que e capaz de realizar uma função lógica simples pode ser
representado graficamente, na forma de um bloco denominado porta lógica. As portas
lógicas constituem os dispositivos básicos dos circuitos digitais e têm como objetivo a
implementação de funções lógicas. Portas lógicas são circuitos lógicos, mas não
necessariamente eletrônicos, elas podem ser constituídas de mecanismos, por exemplo,
portas lógicas pneumáticas usadas em lógica de comando pneumático. Elas operam um ou
mais sinais lógicos de entrada para produzir uma e somente uma saída, a qual é dependente
da função implementada no circuito.

No caso de portas lógicas eletrônicas, os dois níveis lógicos necessários para operar
as funções da álgebra booleana são representados por dois diferentes níveis de tensão
elétrica, por exemplo, com nível alto (ou nível lógico 1) correspondendo a 5 V (cinco
volts) e nível baixo (ou nível lógico 0) correspondendo a 0 V (zero volt ou GND). Outro
fato é que nas portas lógicas eletrônicas um transistor pode operar como uma chave
binária, comutando entre corte e saturação, com tempo de comutação muito pequeno.

Vejamos agora as respectivas simbologias associadas as sete funções lógicas já


abordadas anteriormente neste capítulo:

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 34


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Portas Lógicas Básicas: Portas Lógicas Derivadas:
Função / Tabela Expressão de
Simbologia Verdade Saída
E A B S NÃO-E A B S
0 0 0
S = A⋅B 0 0 1
S= A⋅B
0 1 0 0 1 1

1 0 0 1 0 1
1 1 1 1 1 0
OU A B S NÃO-OU A B S

0 0 0
S=A+B 0 0 1
S= A+B
0 1 1 0 1 0

1 0 1 1 0 0

1 1 1 1 1 0

NÃO A S OU- A B S
S=A
EXCLUSIVO S= A⊕B
0 1 0 0 0

1 0 0 1 1

1 0 1

1 1 0

E- A B S
As simbologias estão apresentadas em duas COINCIDÊNCIA
diferentes normas, relativas as principais
formas encontradas nas documentações 0 0 1 S= A⊗B
técnicas no Brasil: ASA (ANSI) e ABNT 0 1 0 =A⊕B
(DIN).
ANSI - American National Standards Institute 1 0 0
ASA - American Standards Association
DIN - Deutsche Institut fuer Normung
1 1 1
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

Como você pode observar, na tabela acima está representada além da simbologia e
das tabela verdade, também a expressão de saída (Expressão Canônicas) relativa a cada
uma das portas lógicas. Como tais expressões podem ser obtidas é o que veremos a seguir.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 35


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
3.6 Expressões de Saída (Expressões Canônicas):

As portas lógicas são em sua essência circuitos de lógica combinatória


elementares. Operam um ou mais sinais lógicos de entrada para produzir uma e somente
uma saída, a qual é dependente da função lógica implementada. Por isso pode ser
representada em forma de tabela verdade.

O processo para realização de uma função através de um circuito começa na


descrição verbal do circuito (descrição do comportamento de sua saída, em função das
diversas combinações possíveis de estado de seus sinais de entrada), a partir do que é
possível montar sua tabela verdade. A expressão de saída é extraída da própria tabela
verdade.

A partir da tabela verdade produzida, é possível chegar à expressão que representa


o comportamento do circuito, e em seguida construir o circuito, usando as portas lógicas.
Neste momento estamos interessados em obter a expressão de saídas das portas lógicas,
que são circuitos lógicos elementares, mas em momento futuro estaremos trabalhando com
expressões de saída de circuitos de lógica combinatória complexos, compostos de várias
portas lógicas interligadas.

Seja como for, o processo de elaboração da expressão é o mesmo, e usa as


chamadas formas canônicas, que consistem em regras para representar as condições de
entrada segundo o estado lógico da saída. Existem duas formas de se obter a expressão de
saída a partir de uma tabela verdade:

• Por termos mínimos (ou mintermos), os quais produzem saída em nível


lógico 1 (e portanto as demais condições restantes produzem saída 0).

• Por termos máximos (ou maxtermos), os quais produzem saída em nível


lógico 0 (e portanto as demais condições produzem saída 1).

São, portanto, duas as formas canônicas. Essas formas são alternativas, isto é, a
expressão poderá ser encontrada aplicando-se alternativamente uma ou outra das formas.

De fato essas duas formas levam ao mesmo resultado, pois mesmo que as
expressões obtidas se a primeira vista pareçam diferentes, através de tabela verdade pode-
se facilmente comprovar a identidade (ou equivalência) entre elas.

3.6.1 Obtendo Expressões de Saída Através de Mintermos (Saída igual a 1):

Um termo mínimo (mintermo) é um produto lógico (função “E”) contendo


exatamente n literais, onde n é igual ao número de variáveis de entrada da função. Por
exemplo, para duas variáveis os termos possíveis são A ⋅ B ; A ⋅ B ; A ⋅ B e A ⋅ B .

Onde: A⋅B ßà A=0 ; B=0


A⋅B ßà A=0 ; B=1
A⋅B ßà A=1 ; B=0
A⋅B ßà A=1 ; B=1

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 36


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Para se obter a expressão de saída a partir de uma tabela verdade através de termos
mínimos, seguimos os seguintes passos:

1- Localizamos todas as linhas da tabela nas quais a saída corresponda ao nível


lógico 1 (o número de linhas cuja saída tem valor 1 determina o número de
mintermos que comporão a expressão canônica) e identificamos o mintermo
que ocorre em cada uma dessas linhas;

2- Fazemos a soma lógica de todos os mintermos identificados, obtendo assim


a expressão saída.

Para exemplificar vamos obter a expressão de saída da função lógica “OU”.


Vejamos como fica a elaboração da expressão desta função a partir de sua tabela verdade:

São três as linhas em que ocorrem mintermos (saída igual a 1): na


segunda, na terceira e na quarta linha da tabela. Assim teremos uma
A B S expressão canônica composta de três termos:
0 0 0
ü Na segunda linha da tabela temos A = 0 e B =
0 1 1 1, portanto o termo A ⋅ B fará parte da
Ocorrência expressão;
1 0 1 de
Mintermos ü Na terceira linha da tabela temos A = 1 e B = 0,
1 1 1
portanto o termo A ⋅ B fará parte da expressão;

ü Na quarta linha da tabela temos A = 1 e B = 1,


portanto o termo A ⋅ B fará parte da expressão.

Assim, pela soma dos produtos temos a expressão:

S = A⋅B+ A⋅ B+ A⋅ B

Esta é sem dúvida a expressão de saída da função lógica OU, mas vejamos agora
como fica se obtermos a expressão para a mesma função, só que por termos máximos.

3.6.2 Obtendo Expressões de Saída Através de Maxtermos (Saída igual a 0):

Um termo máximo (maxtermo) é uma soma lógica (função “OU”) contendo


exatamente n literais, onde n é igual ao número de variáveis de entrada da função. Por
exemplo, para duas variáveis os termos possíveis são A + B ; A + B ; A + B e A + B .

Onde: A+B ßà A=0 ; B=0


Repare numa diferença básica com
A+B ßà A=0 ; B=1 relação aos mintermos: é que a
A+B ßà A=1 ; B=0 variável é considerada verdadeira
A+B ßà A=1 ; B=1 quando esta é igual a zero!

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 37


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Para se obter a expressão de saída a partir de uma tabela verdade através de termos
máximos, seguimos os seguintes passos:

1- Localizamos todas as linhas da tabela nas quais a saída corresponda ao nível


lógico 0 (o número de linhas cuja saída tem valor 0 determina o número de
maxtermos que comporão a expressão canônica) e identificamos o
maxtermo que ocorre em cada uma dessas linhas;

2- Fazemos o produto lógico de todos os maxtermos identificados, obtendo


assim a expressão saída.

Vejamos como fica a elaboração da expressão da função lógica “OU”, a partir de


sua tabela verdade:

Em apenas uma linha ocorre maxtermo (saída igual a 0): na primeira


linha da tabela. Assim teremos uma expressão canônica composta de um
A B S único termo:
0 0 0
ü Na primeira linha da tabela temos A = 0 e B = 0,
Ocorrência portanto o termo A + B fará parte da expressão;
0 1 1 de
1 0 1 Maxtermos Assim, pelo produto de somas temos a expressão:
1 1 1
S=A+B

Ora temos então duas diferentes expressões para a mesma função lógica (função
“OU”). Isso nos leva a acreditar que deve haver uma identidade entre elas.

S=A+B ß Expressão obtida por maxtermos


S = A⋅B+ A⋅ B+ A⋅ B ß Expressão obtida por mintermos
∴A + B = A ⋅ B + A ⋅ B + A ⋅ B

A identidade entre pode ser comprovada utilizando tabela verdade, conforme


demonstrado a seguir, passo a passo:

A B A B A⋅B A⋅B A ⋅ B A ⋅B + A⋅ B + A ⋅B A + B
0 0 1 1 0 0 0 0 0
0 1 1 0 1 0 0 1 1
1 0 0 1 0 1 0 1 1
1 1 0 0 0 0 1 1 1

Na penúltima coluna da tabela temos o resultado da avaliação da expressão


S = A ⋅ B + A ⋅ B + A ⋅ B e na última coluna temos o resultado da avaliação da expressão
A + B.

Portanto a identidade é verdadeira.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 38


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
A experiência prática tem mostrado que as pessoas, principalmente as pouco
experientes, se dão melhor trabalhando com termos mínimos, devido ao fato de ter que
inverter as entradas para elaborar os termos máximos. Parece que isso gera certa confusão.

Um bom critério para se optar entre uma ou outra forma é avaliar qual estado de
saída ocorre em menor número de vezes na coluna de saída da tabela verdade e ai optar por
mintermos se a saída em 1 ocorrer um menor número de vezes, caso contrário, optar por
maxtermos. Agindo assim, a expressão é obtida com um menor número de termos e,
portanto, numa forma mais simplificada.

3.7 Circuitos Elétricos e Diagramas Ladder Equivalentes as Funções Lógicas:

A tecnologia de implementação de lógica de contato de relés nunca perdeu sua


importância, pois apesar de por um lado os relés praticamente não serem mais utilizados
em sua forma física para compor os circuitos lógicos, tendo aplicação restrita à manobra de
cargas, atuadores e na proteção de linhas de energia, por outro lado o ideal da lógica de
contato de relés passou a compor a linguagem de programação de modernos controladores
eletrônicos utilizados em automação industrial como os CLP e outros controladores que
utilizam a linguagem de diagrama de contato ou diagrama ladder.

Os CLP's foram projetados originalmente, por encomenda da industria


automobilística para substituir os seqüenciadores a relés usados em aplicações de
automação das linhas de montagem dos veículos, onde, na época (final dos anos 60), o
emprego dos computadores não era justificável economicamente. Os diagramas de contato
(diagramas ladder) são uma forma clássica de programação dos CLP's que correspondem a
uma lógica de relés de um seqüenciador a relé. A edição de um diagrama ladder se dá por
meio de símbolos gráficos, representando contatos e bobinas.

Isso justifica o interesse que se tem aqui em se estabelecer uma relação entre as
funções lógicas e seus respectivos circuitos elétricos equivalentes baseados em contatos de
relés, bem como a forma de expressar isso na linguagem do diagrama ladder.

Todas as funções lógicas, ou seja, tanto as funções básicas (E, OU e NÃO), quanto
as funções derivadas (NÃO-E, NÃO-OU, OU-EXCLUSIVO e E-COINCIDÊNCIA),
podem ser representadas por um circuito elétrico baseados em contatos de relés que a
equivalha e, por conseguinte, podem também ser implementadas em diagrama ladder. Os
contatos e as bobinas correspondem a variáveis booleanas armazenadas na memória
intermediária do CLP.

Tomemos como exemplo a função “E”, relembrando o corolário que sintetiza o seu
comportamento:
A saída é verdadeira se, e somente se, ambas as
entradas forem verdadeiras.

‘Vamos agora adequar este corolário, reescrevendo-o para atender o nosso objetivo,
substituindo a palavra SAÍDA por LÂMPADA e a palavra ENTRADA por CONTATO.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 39


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
A lâmpada acende se, e somente se, ambos os
contatos forem atuados.

Tomando-se dois contatos (pois no caso a nossa porta “E” tem duas entradas) e uma
lâmpada (uma saída), que tipo de ligação de circuito devemos fazer para que o mesmo se
comporte de acordo essa idéia? A resposta é: a associação em série de dois contatos N.A.
com a lâmpada. Obviamente devemos ter também uma fonte de energia. Vejamos:

Equivale a:
A
S
B

Outro exemplo: agora com a função “NÃO-E”, relembrando o corolário que


sintetiza o seu comportamento:

A saída é falsa se, e somente se, ambas as


entradas forem verdadeiras.

Vamos agora adequar este corolário, reescrevendo-o para atender o nosso objetivo,
substituindo a palavra SAÍDA por LÂMPADA e a palavra ENTRADA por CONTATO.

A lâmpada apaga se, e somente se, ambos os


contatos forem atuados.

Tomando-se dois contatos (pois no caso a nossa porta “E” tem duas entradas) e uma
lâmpada (uma saída), que tipo de ligação de circuito devemos fazer para que o mesmo se
comporte de acordo essa idéia? A resposta é: a associação em paralelo de dois contatos
N.F. com a lâmpada. Vejamos:

A Equivale a:
S
B

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 40


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
De maneira geral, um programa de CLP é um conjunto de expressões booleanas,
independente do tipo de linguagem utilizada (por lista de instruções, por diagramas de
contato e pelos fluxogramas funcionais). A linguagem de diagrama de contatos é de forma
particular interessante, pois permite ao profissional de eletroeletrônica aproveitar seus
conhecimentos de comandos elétricos ao iniciar no uso desta linguagem.

. As expressões são calculadas, uma a uma, seqüencialmente, a cada ciclo de


varredura do programa, e o resultado correspondente é armazenado na memória
intermediária do CLP. Ao terminar o cálculo, a parte da memória intermediária
correspondente às saídas é copiada efetivamente para as saídas.

As expressões booleanas calculadas a cada ciclo de varredura do CLP


correspondem à avaliação lógica seqüencial do diagrama de contatos. Um contato é
representado como abaixo, onde se identifica um contato, associado à variável booleana A,
interna ao CLP, e dois terminais de ligação: uma à direita e uma à esquerda.

Os contatos são usados como acesso ao estado de uma variável interna no cálculo
de expressões booleanas. Tipicamente encontram-se os contatos como os exemplificados
na tabela a seguir:

O estado da ligação à direita é copiado para a


Contato Normalmente Aberto ligação à esquerda se o estado de A é
verdadeiro. Caso contrário, o estado da ligação
à direita é falso.
O estado da ligação à direita é copiado para a
Contato Normalmente Fechado ligação à esquerda se o estado de A é falso,
caso contrário, o estado da ligação à direita é
verdadeiro
P- O estado da ligação à direita é verdadeiro
Contato Sensível à Transição por apenas um único ciclo de varredura se, e
exatamente quando, o estado da ligação à
Positiva e (Borda Positiva) esquerda se torna verdadeiro.

Por sua vez uma bobina é representada como na figura abaixo, onde identifica-se
uma bobina, associada a uma variável booleana Q do controlador, e duas ligações: uma à
direita e uma à esquerda.

A tabela baixo ilustra alguns tipos de bobina que ocorrem nos diagramas Ladder.

O estado da ligação à esquerda é copiado para a


Bobina Normal variável Q.
A negação do estado da ligação à esquerda é
Bobina Negativa copiada para a variável Q.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 41


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
O estado de Q passa para verdadeiro quando a
Bobina de Atuação Retentiva ligação à esquerda se torna verdadeiro, e não se
(Set) altera em caso contrário.. Esta situação de Q só
pode ser alterada por outra bobina de ação
contrária (Reset).
O estado de Q passa para falso quando a ligação
Bobina Negativa de atuação à esquerda se torna verdadeira, e não se altera em
Retentiva (Reset) caso contrário. Esta situação de Q só pode ser
alterada por outra bobina de ação contrária (Set).

A seguir apresentamos todas as funções lógicas elementares com seus respectivos


circuitos elétricos equivalentes e representação em diagrama Ladder:

Nota: Os contatos estão representados conforme sua situação normal, ou seja,


contatos N.A. estão desenhados abertos e contatos N.F. estão desenhados fechados.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 42


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Funções Lógicas Básicas:
Função / Tabela Expressão Circuito Elétrico Diagrama LADDER Equivalente
Simbologia Verdade de Saída Equivalente
E A B S
0 0 0
0 1 0 S = A ⋅B
1 0 0
1 1 1
OU A B S
0 0 0
0 1 1 S = A+B
1 0 1
1 1 1
NÃO A S

0 1
S=A

1 0

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 43


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
Funções Lógicas Derivadas (Combinação das três Funções Lógicas Básicas):
NÃO-E A B S
0 0 1
0 1 1 S = A ⋅B
1 0 1
1 1 0
NÃO-OU A B S
0 0 1
0 1 0 S = A+B
1 0 0
1 1 0
OU- A B S
EXCLUSIVO
0 0 0

0 1 1
S= A⊕B
1 0 1

1 1 0

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 44


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br
E- A B S
COINCIDÊNCIA
0 0 1

0 1 0 S = A ⊕B

1 0 0

1 1 1

Exemplo de um circuito de lógica seqüencial (Biestável RS) implementado em Diagrama Ladder:

O circuito acima tem a função equivalente de um comando liga / desliga com dois botões.

No próximo capítulo estaremos estudando como implementar circuitos lógicos mais complexos usando as portas lógicas.

SENAI Rua Jaguaré Mirim, 71 - Vila Leopoldina” 45


Serviço Nacional ESCOLA SENAI “MARIANO FERRAZ" CEP: 05311-020 - São Paulo - SP
de Aprendizagem Fone/Fax: (011)3641-0024
Industrial NAI E-Mail: ahp106@sp.senai.br

Você também pode gostar