Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
!
CONCEITO
!
Para se compreender um instituto jurídico, deve-se começar pela sua con-
ceituação, que nada mais é do que a determinação de seu objeto, limites e finalidades
e demais elementos considerados essenciais.
!
(Orçamento é) “o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao
Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas desti-
nadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados
pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação
das receitas já criadas em lei”
!
A conceituação acima deixa clara a finalidade do orçamento de fixar as
despesas e estimar as receitas, além da necessidade de atuação harmônica entre os
poderes para sua confecção.
Acrescente-se ainda, como bem dito por Marcus Abraham, que o orçamen-
to público na atualidade não é apenas um documento técnico que contem receitas e
despesas para o ano vindouro, sendo um instrumento de planejamento e controle fi-
nanceiro fundamental para o Estado Democrático de Direito, além de revelar as políti-
cas públicas adotadas pelo Estado ao procurar atender às necessidades e aos interes-
ses da sociedade.
!
ORIGEM HISTÓRICA
!
A origem histórica do Orçamento está no art. 12 da Carta Magna inglesa de
1215, onde se prevê o princípio do “no taxation without representation”. A exigência de
Página 1 de 15
autorização parlamento para a fixação de impostos surgiu da necessidade do Parla-
mento Inglês de evitar abusos por parte da Monarquia.
Mas tarde, a Câmara dos Comuns exigiu do Poder Real Inglês o direito de
conhecer a aplicação dos recursos autorizados, realizando, assim, a fiscalização dos
gastos públicos. Posteriormente tanto a Petition of Rights de 1628, quanto a Declara-
ção de Direitos de 1689, reafirmaram o princípio surgido com a Magna Carta.
!
a) Quanto a forma de elaboração:
!
Segundo essa classificação o orçamento legislativo é aquele que cuja
elaboração, votação e aprovação cabe apenas ao legislativo. Ao Execu-
tivo incumbe apenas a tarefa de execução orçamentária. Esse instru-
mento é típico de países parlamentaristas.
Página 2 de 15
O Orçamento executivo é aquele cuja elaboração, votação e aprovação
cabe apenas ao Executivo. Esse sistema é comumente encontrado em
países não democrátivos
!
b) Quanto aos Objetivos ou Pretensões
!
O Orçamento Clássico tem como característica o fato de ser uma peça
meramente contábil, limitando-se, portanto, à previsão de receitas e fix-
ação de despesas, sendo desprovido de metas a serem atingidas e
planejamento governamental.
!
Orçamento de Desempenho ou por Realizações: nesse tipo de orça-
mento o gestor começa a se preocupar com o resultado do gasto, ou
seja com sua qualidade e resultados obtidos e não apenas se o gasto
ocorreu ou não.
!
Orçamento Programa: Esse tipo de orçamento foi introduzido no Brasil
pela Lei n. 4320/64 e nesse tipo de orçamento além das informações
financeiras, há informações sobre os programas de governo pela identi-
ficação do projeto, planos objetivos e metas. Confira a redação do art.
2º da Lei 4320/64:
!
“A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e depesa de
forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de tra-
balho do Governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade
e anualidade”
Página 3 de 15
No mesmo sentido está a constituição ao prever um orçamento de in-
vestimentos.
!
QUANTO À VINCULAÇÃO DO CONTEÚDO
!
Orçamento Impositivo: Nesse tipo de orçamento as despesas fixadas
são de observância obrigatória pelo Executivo, criando para os cidadãos
direito subjetivo de serem realizadas.
!
Orçamento Autorizativo: Nesse tipo de orçamento o que há é autoriza-
ção para que o Executivo realize o gasto, ficando a cargo do gestor
público a avaliação do interesse e da conveniência de sua realização.
Esse é o tipo de orçamento adotado no Brasil.
!
QUANTO A FORMA DE MATERIALIZAÇÃO
!
PPA – O Plano Plurianual vigora por 04 anos e estabelece, de forma re-
gionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Adm. Pública para as
despesas de capital e dela decorrentes bem como aos programas de
duração continuada.
!
Página 4 de 15
LDO – A Lei de Diretrizes Orçamentárias – Compreende as metas e pri-
oridades da Administração, incluindo as despesas de capital para o ex-
ercício subsequente, além de orientar a elaboração da LOA, dispõe so-
bre modificação da lei tributária e aplicação das agências financeiras
oficiais de fomento;
Ela tem como característica ser uma lei intermediária entre a PPA e a
LOA, dispondo sobre o planejamento fiscal a curto prazo, bem como
orientando a elaboração da LOA.
A LRF ampliou o papel da LDO ao prever também que nela deve con-
star: a) equilibrio entre receitas e despesas; b) criterios e formas de limi-
tação de empenho; c) normas relativas ao controle de custo e à avali-
ação dos resultados dos programas financiados com recurso dos orça-
mentos; d) demais condições e exigências para transferência de recur-
sos a entidades públicas e privadas.
Página 5 de 15
Orçamento da seguridade social: envolve as receitas e despesas com
saúde, previdência e assistência social.
!
QUANTO AO CONTEÚDO do ORÇAMENTO
!
Orçamento Fiscal – Contem todas as despesas e receitas dos três
poderes, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e in-
direta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
!
Orçamento de Investimento – Refere-se às empresas que o Estado ten-
ha direta ou indiretamente a maioria do capital social com direito a voto;
!
Orçamento da Seguridade Social – Abrange todas as entidades e
Órgãos da Seguridade Social, bem como fundos e fundações instituídos
e mantidos pelo Poder Público.
!
ASPECTOS POLÍTICO, ECONÔMICO E JURÍDICO DO ORÇAMENTO.
ASPECTO POLITICO
!
!
ASPECTO ECONOMICO
Página 6 de 15
O aspecto econômico do Orçamento é um dos mais importante, sobretudo
em se considerando a constante desinformação da mídia quanto a importância do défi-
cit (despesas excedem as receitas) ou superávit (receitas excedem as despesas) or-
çamentário.
!
!
Página 7 de 15
ASPECTO JURIDICO
Já para uma segunda corrente, que classifica as leis de acordo com o con-
teúdo, o orçamento, apesar da forma legal, é um mero ato administrativo, pois não é
dotado de generalidade e abstração.
Para uma quarta corrente o orçamento não é lei, mas sim um ato-condi-
ção, uma vez que é condicionante para a realização de despesas e obtenção de recei-
tas. Aliomar Baleeiro defendia a tese de que na Constituição de 1967 o orçamento bra-
sileiro era um ato-condição devido a presença do princípio da anualidade tributária.
!
E no Brasil? Qual o Entendimento adotado.
!
!
Página 8 de 15
PRINCÍPIOS E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
!
Tendo em vista a importância do tema “Orçamento” para o Estado Brasi-
leiro e visando a probidade no trato com as burras estatais, o legislador constitucional
previu uma serie de normas e princípios constitucionais a serem obedecidos tanto pelo
legislador quanto pelo administrador público, sendo esses princípios: a) unidade; b)
universalidade; c) anualidade; d) proibição de estorno; e) não vinculação da receita pú-
blica; f) exclusividade da matéria orçamentária; g) transparência orçamentária.
a) Princípio da Unidade
!
Originalmente o princípio da unidade orçamentária significa que todos os el-
ementos do orçamento deveriam estar em apenas um documento legal.
Atualmente esse princípio está previsto no art. 165, §5º da CF/88, porém
numa visão mais moderna. O que a CF/88 prevê é que o orçamento conterá:
1 – O Orçamento Fiscal; 2- O Orçamento de Investimentos e 3- O Orçamento
da Seguridade Social
!
Apesar de após 1988 inexistir um documento único orçamentário (agora são
3 documentos) não se pode afirmar que o princípio da unidade inexiste no
direito pátrio, uma vez que deve necessariamente existir uma harmonia entre
os orçamentos, sendo ideologicamente uma peça única.
!
Os Créditos Orçamentários Adicionais (extra-orçamentários)
!
O aluno pode estar pensando nesse momento, e os chamados créditos
Orçamentários adicionais, não seriam uma exceção ao princípio da unidade?
!
Sim, são exceção ao princípio da unidade. Os créditos adicionais, ou extra-
orçamentários são autorizações dadas pelo Poder Legislativo para a realiza-
ção de despesas não previstas ou que, apesar de previstas possuíam
Página 9 de 15
dotações orçamentárias insuficientes. Esses créditos estão previstos no art.
167, V, §§ 2º e 3º, além dos arts. 40 e 46 da Lei 4320/64 e art. 72 do DL
200/67.
!
O art. 41 da Lei 4320/67, divide os créditos adicionais em três tipos, sendo
eles:
!
a) Créditos Suplementares: São os destinados ao reforço do caixa orça-
mentário. Ocorre, portanto, frente a despesas regularmente previstas no
orçamento mas que não tiveram dotação orçamentária suficiente. Esse
crédito não pode exceder à quantia fixada como limite pelo lei orçamen-
tária, quando esta o estabelece.
PRINCIPIO DA UNIVERSALIDADE
Página 10 de 15
ministração direta e indireta. Esse principio encontra respaldo constitucional no art. 165,
§5º da CF/88 e art. 6º da Lei 4320/64 (Todas as receitas e despesas constarão da Lei
do Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções).
Segundo esse principio, o orçamento deve ser elaborado para vigorar num pe-
ríodo determinado, na maioria das vezes de 1 ano. No Brasil, por expressa disposição
constitucional, a LOA vigora pelo período de 1 ano (art 165, I da CF/88). O art. 34 da
Lei 4320/64, iguala o ano de vigência da lei orçamentaria ao calendário civil.
Página 11 de 15
O art. 167, IV, veda expressamente a vinculação de receita de imposto a órgão,
fundo ou despesas, ressalvadas a repartição constitucional de receitas (art. 158 e 159),
a destinação de recursos para a saúde, ensino, atividades da administração tributaria e
oferecimento de garantia em operação de credito por antecipação de receita.
PRINCIPIO DA EXCLUSIVIDADE
Esse principio esta previsto no art 165, §8º da CF/88, e, basicamente, afirma
que somente pode constar no orçamento matéria pertinente a fixação de despesa e
previsão de receita
Porem o próprio art. 165, §8º apresenta exceções, sendo elas as seguintes: a)
autorização para a abertura de credito suplementar; b) operação de credito, ainda que
por antecipação de receita, nos termos da lei.
!
PRINCIPIO DA RESERVA DE LEI (principio da legalidade)
Segundo o princípio da legalidade não pode haver despesa pública sem autori-
zação legislativa (art. 167, I a III da CF). Esse princípio decorre do entendimento de que
as receitas públicas são indisponíveis e pertencentes à coletividade e não ao adminis-
trador, de forma que são os representantes do povo que devem autorizar a despesa
pelo processo legislativo estabelecido pela Constituição.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO
Por esse princípio, o Estado não pode gastar mais do que arrecada (equivalên-
cia entre receitas e despesas). Esse princípio estava localizado no art. 66 da CF/67,
Página 12 de 15
tendo sido abolido pela EC 01/69, não tendo sido expressamente estabelecido pela
CF/88.
Essa ausência de previsão na CF/88 fez com que a doutrina se dividi-se entre
aqueles que entendem pela sua adoção na CF/88, mesmo que implícita, e aqueles que
deferem a ocorrência de banimento.
Para esse princípio, não são permitidas quaisquer compensações no âmbito or-
çamentário, devendo as despesas e receitas estarem em seu valor bruto.
Esse princípio tem previsão no art. 6º da Lei 4320/64 que afirma que “todas as
receitas e despesas constarão da Lei do Orçamento pelos seus totais, vedadas quais-
quer deduções”.
!
PRINCÍPIO DA PRECEDÊNCIA
Determina que a Lei Orçamentária tem que ser aprovada antes do início do res-
pectivo exercício financeiro.
Página 13 de 15
Apesar dessa determinação, não é incomum que a LOA seja aprovada apenas
ao longo do exercício financeiro, vigorando durante algum tempo as parcelas de duo-
décimos.
!
PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO.
Por esse princípio , a lei orçamentária não consignará dotações globais desti-
nadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de tercei-
ros, transferências ou quaisquer outras (Art. 5º, da Lei 4320/64)
!
PRINCíPIO DA PUBLICIDADE OU TRANSPARÊNCIA
!
O art. 167, VII, proibe a concessão ou utilização de créditos ilimitados, não ha-
vendo qualquer exceção constitucional a essa regra.
Página 14 de 15
!
Página 15 de 15