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to.

Estaremos lembrados de tudo que já dissemos aqui na Ia preleção sobre


seu caráter como ciência livre.  Ela comprova sua liberdade ao fazer uso dos
meios de percepção, avaliação e expressão humanas - em contraposição a
toda ortodoxia antiga, mas também a toda e qualquer neo-ortodoxia que
esteja em voga -, sem depender de qualquer gnoseologia pressuposta,
sempre com aquela obediência dela exigida aqui e agora por seu assunto,
pelo Deus vivo no Cristo vivo na força vital do Espírito Santo. Entregar-se à
insensatez, ao raciocínio indolente ou vago, ou mesmo ao prazer perverso
com o irracional como tal - credo quia absurdum!  [“creio
  [“creio porque é absurdo”]
seria um desserviço prestado ao seu objeto e a última coisa que lhe seria
permitida. Pelo contrário: o teólogo nunca será capaz de possuir, comprovar
e demonstrar racionalidade suficiente. Mas acontece que o objeto de sua
ciência
ciência faz
faz uso desta sua racionalidade
racio nalidade a seu próprio
próp rio modo, e por vezes
vezes o faz
faz
de modo costumeiro, mas por vezes também de modo muito inusitado. Tal
objeto não é obrigado a orientar-se pelo pequeno teólogo; antes, o pequeno
teólogo é que é obrigado a orientar-se por seu objeto. Esta prioridade de seu
objeto em relação à sua apercepção é o segundo importante critério do
conhecimento teológico autêntico, do intellectus
intellectus fidei.
fidei .

3. O assunto da teologia
teolog ia - a obra
ob ra e a palavra
palavr a de Deus na história
Imanuel e, portanto, também seu testemunho bíblico - possui uma estrutura 
específica, uma ênfase  e  e uma tendência  peculiares,
  peculiares, uma direção   irreversível. O
teólogo tem o compromisso, a liberdade e a vocação de lhe dar espaço
também em seu processo de conhecimento, no intellectus fidei.  A ação e a
palavra de Deus - e, correspondentemente, os textos do Antigo e do Novo
Testamento - contêm duas  realidades
  realidades (que só na aparência se acham lado a
lado, colocadas no mesmo nível). Elas podem ser designadas como o “sim” e
o “não” divinos, anunciados ao ser humano com poder. Podem ser qualifica
das igualmente como o evangelho que ergue o ser humano e a lei que o julga
e corrige; ou como a graça que lhe é ofertada e o juízo que o ameaça; ou
como a vida para a qual é salvo e a morte que fez por merecer. O teólogo
deve ver, refletir, expressar ambas as realidades, tanto a luz quanto a sombra
- em fidelidade à palavra
p alavra de Deus e à palavra da Escritura
E scritura que a testem
testemun
unha
ha..
Mas é justamente nesta fidelidade que ele não poderá ignorar nem ocultar o
fato de a relação existente entre esses dois momentos não ser idêntica aos
movimentos alternantes de um pêndulo, repetidos com uniformidade, nem
aos dois pratos da balança que, carregados com pesos iguais, fiquem balan
çando indecisos; aí há, pelo contrário, um “antes” e um “depois”, um “em
cima” e um “embaixo”, um “mais” e um “menos”.
E evidente que o ser humano chega a ouvir um “não” divino, incisivo e
consumidor; mas é evidente, também, que tal “não” se acha apenas envolto
pelo “sim” de Deus dito ao ser humano, seu “sim” criador, reconciliador e
redentor. Decerto é aí erguida e proclamada a lei que compromete o ser
humano, mas é igualmente certo que esta lei só tem validade divina, só tem
poder divinamente comprometedor como lei da aliança, como forma do
evangelho. Sem dúvida que aí se proclama e se executa uma condenação,
mas é indubitável, também, que justamente nesta condenação - pensemos

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