Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A d or a ç ã o e u c a r í s t ic a
pela santificação dos sacerdotes
e Maternidade espiritual
CONGREGAÇÃO PAR A O CLER O
Adoração eucarística
pela santificação dos sacerdotes
e Maternidade espiritual
Responsável pela publicação:
S.E.R. Dom Mauro Piacenza,
Arcebispo. tit. de Victoriana,
Secretário da Congregação para o Clero
www.clerus.org
www.bibliaclerus.org
Setembro de 2009
Fundação AIS
R. Prof. Orlando Ribeiro, 5 D
1600-796 Lisboa
fundacao-ais@fundacao-ais.pt
www.fundacao-ais.pt
EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA
S ão realmente muitas as coisas a serem feitas para o verdadeiro bem do Clero e para a fecun-
didade do ministério pastoral nas circunstâncias actuais, mas, exactamente por isso mesmo,
com o firme propósito de enfrentar essas dificuldades e essas fadigas, cientes de que o agir
sucede ao ser e que a alma de cada apostolado é a intimidade com Deus, pretende-se iniciar um
movimento espiritual que, favorecendo uma consciência cada vez maior da ligação ontológica
entre Eucaristia e Sacerdócio e da especial Maternidade de Maria em relação a todos os Sacer-
dotes, dê vida a uma corrente de adoração perpétua, para a santificação dos clérigos, e a um
novo empenho das almas femininas consagradas para que, inspirando-se na Bem-Aventurada
Virgem Maria, Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote e associada, de modo singular, à sua obra
de Redenção, queiram adoptar espiritualmente sacerdotes para os ajudar com a oferta de si,
a oração e a penitência. Na adoração está sempre incluído o acto de reparação pelas próprias
faltas e, nas actuais circunstâncias, sugere-se uma particular intenção em tal sentido.
Desta forma – e exactamente a partir do lugar ocupado pela Virgem Santíssima e do papel
por Ela desenvolvido na história da salvação - pretende-se, de maneira muito especial, confiar
a Maria, a Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote, cada Sacerdote, suscitando, na Igreja, um movi-
mento de oração que coloque no centro a adoração eucarística contínua, no arco de tempo das
vinte e quatro horas, de modo que, de cada canto da terra, sempre se eleve a Deus, incessante-
mente, uma oração de adoração, agradecimento, louvor, pedido e reparação, com o objectivo
precípuo de suscitar um número suficiente de santas vocações para o estado sacerdotal e, ao
mesmo tempo, de acompanhar espiritualmente – na realidade do Corpo Místico -, com uma
espécie de maternidade espiritual, todos os que já foram chamados ao sacerdócio ministerial
e são ontologicamente modelados ao único Sumo e Eterno Sacerdote, para que cada vez melhor
Maria, Mãe do Único, Eterno e Sumo Sacerdote, abençoe esta iniciativa e interceda, junto
a Deus, pedindo uma autêntica renovação da vida sacerdotal a partir do único modelo possível:
Jesus Cristo, Bom Pastor!
R
“ ogai ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a Sua messe!” Isto significa que:
a messe existe, mas Deus quer servir-Se dos homens, a fim de que ela seja levada ao celeiro.
Deus necessita de homens. Necessita de pessoas que digam: Sim, eu estou disposto a tornar-me
Vosso trabalhador na messe, estou disposto a ajudar para que esta messe, que está a amadurecer
nos corações dos homens, possa realmente entrar nos celeiros da eternidade e a tornar-se perene
comunhão divina de alegria e de amor.
“Rogai ao Senhor da messe”! Isto quer dizer também: não podemos simplesmente “produzir”
vocações, elas devem vir de Deus. Não podemos, como talvez noutras profissões, por meio
de uma propaganda bem definida, através das chamadas estratégias adequadas, simplesmente
recrutar pessoas. A chamada, partindo do coração de Deus, deve sempre encontrar o caminho
rumo ao coração do homem. E no entanto, exactamente para que chegue aos corações dos
homens, é necessária também a nossa colaboração. Rogar ao Senhor da messe significa certa-
mente, antes de mais nada, rezar por isso, tocar o Seu coração e dizer: “Fazei-o por favor!
Despertai os homens! Acendei neles o entusiasmo e a alegria pelo Evangelho! Fazei-os entender
que este é o mais precioso de todos os tesouros e que quem o descobriu deve transmiti-lo!”
Nós tocamos o coração de Deus. Mas o rogar a Deus não se realiza somente mediante palavras
de oração; implica também a transformação da palavra em acção, para que o nosso coração que
pede lance a faísca da alegria em Deus, da alegria pelo Evangelho, e suscite em outros corações
a disponibilidade a dizer um “sim”. Como pessoas de oração, repletas da Sua luz, atingimos
os outros e, envolvendo-os na nossa oração, fazemos com que entrem na luz da presença de
Deus, que fará então a Sua parte. Neste sentido queremos sempre e novamente rogar ao Senhor
da messe, tocar o Seu coração e tocar, com Deus, na nossa oração, também os corações dos
homens para que Ele, segundo a Sua vontade, faça amadurecer neles o “sim”, a disponibilidade
e a constância - através de todas as confusões do tempo, através do calor do dia e também
através da escuridão da noite - de perseverar fielmente no serviço, haurindo continuamente dele
a consciência de que, embora fatigante, este esforço é bom, é útil porque conduz ao essencial,
ou seja, faz com que os homens recebam o que esperam: a luz de Deus e o amor de Deus.
BENTO XVI
Encontro com os Sacerdotes e os Diáconos
em Freising, 14 de Setembro de 2006
Cada sacerdote é precedido de uma mãe que, frequentemente, também é uma mãe de vida
espiritual para os seus filhos. Giuseppe Sarto, por exemplo, o futuro Papa Pio X, logo depois
de ser consagrado bispo foi visitar sua mãe, na altura com setenta anos de idade. Ela beijou
respeitosamente o anel do filho e de repente, ficando pensativa, indicou a sua pobre aliança de
prata: “Sim, Peppo, mas tu agora não estarias usando esse anel se eu antes não tivesse usado
a minha aliança”. S. Pio X, justamente, confirmava a partir da sua experiência: “Cada vocação
sacerdotal vem do coração de Deus, mas passa através do coração de uma mãe!”.
Um excelente testemunho é a vida de Sta. vesse ao seu lado; ela escutava atentamente,
às vezes intervinha com um parecer delicado
Mónica. Santo Agostinho, seu filho, que aos deza-
ou, para assombro dos sábios presentes, dava
nove anos, como estudante em Cartago, havia
respostas a questões abertas. Portanto não
perdido a fé, escreveu nas suas ‘Confissões’:
surpreende que Santo Agostinho se decla-
“... Mas Vós, lá do alto, estendestes a mão
rasse seu ‘discípulo em filosofia’!
e arrancastes a minha alma desta voragem tene-
brosa, enquanto minha Mãe, Vossa fiel serva,
junto de Vós chorava por mim, mais do que as
outras mães choram sobre os cadáveres dos
filhos. … Entretanto aquela viúva casta, piedosa
e sóbria - como Vós a quereis - já, certamente,
mais alegre pela esperança, mas não menos
remisse em prantos e gemidos, não se cansava
de Vos fazer queixa de mim, durante as horas
em que orava.” Após a conversão disse com
gratidão: “Minha santa mãe, Vossa serva, nunca
me abandonou. Ela me deu à luz com a carne
para esta vida temporal e com o coração para
a vida eterna. O que me tornei e como, o devo
à minha Mãe!”.
Durante as suas discussões filosóficas, Santo
Agostinho queria sempre que a sua mãe esti-
MÃOS E CORAÇÕES
QUE SE SACRIFICAM
“... Ao entrar numa igreja pequena e muito o cardeal Nicolau viu o papa. Percebia-se
quanto a carga pesava sobre ela, mas o seu
antiga, decorada com mosaicos e frescos dos
primeiros séculos, o cardeal teve uma visão rosto brilhava de felicidade. Sobre as mãos
imane. Milhares de religiosas rezavam na de uma religiosa idosa estava ele próprio,
pequena igreja. Elas eram tão graciosas e reco- D. Nicolau Cusano, Bispo de Bressanone
lhidas que havia lugar para todas, apesar da e cardeal da Igreja romana. Ele reco-
comunidade ser numerosa. As irmãs rezavam nheceu-se claramente a si mesmo com
e o cardeal nunca tinha visto rezar tão inten- as suas rugas e com os defeitos da sua alma
samente. Elas não estavam de joelhos, mas e da sua vida. Observava tudo com olhos
firmes em pé, o olhar não longínquo, porém arregalados e assustados, mas logo ao susto
fixo num ponto próximo a ele e, no entanto, seguiu-se uma indescritível beatitude.
invisível aos seus olhos. Os braços das irmãs O guia, que estava ao seu lado, murmurou-
estavam abertos e as mãos viradas para o alto, lhe: “Veja como apesar dos seus vossos
numa posição de oferecimento”. pecados, são ajudados e suportados
os pecadores que não deixaram de amar
O incrível desta visão é que as irmãs segu- a Deus!”. O cardeal perguntou: “O que
ravam, em suas pobres e delicadas mãos, acontece então aos que deixam de amar?”.
homens e mulheres, imperadores e reis, Repentinamente, sempre acompanhado pelo
cidades e países. Às vezes as mãos aper- sua guia, encontrou-se na cripta da igreja,
tavam-se ao redor de uma cidade; outras onde rezavam outros milhares de religiosas.
vezes de um país, reconhecível pelas
bandeiras nacionais, estendia-se sobre Enquanto que as anteriores sustentavam
uma muralha de braços que o sustentavam. as pessoas com as mãos, estas na cripta
Nestes casos também em volta de cada sustentavam-nas com o coração. Estavam
irmã que rezava expandia-se um halo de profundamente envolvidas, pois tratava-
silêncio e discrição. A maioria das reli- se do destino eterno das almas. “Veja,
giosas, porém, sustentava com as mãos Eminência”, disse o guia: “assim são
um só irmão ou irmã. Nas mãos de uma suportados aqueles que deixaram de amar.
jovem e frágil monja, quase uma menina, Algumas vezes acontece que se aquecem
Desde o ano 550 e durante meio século, Säben foi a sede episcopal da diocese de Bressanone. A partir de
1685, portanto há mais de 300 anos, o castelo tornou-se um mosteiro, onde até hoje uma comunidade de
Irmãs Beneditinas vive a maternidade espiritual, rezando e consagrando-se a Deus, exactamente como
o cardeal Nicolau Cusano vira no seu sonho.
É uma verdade evangélica que as vocações sacerdotais devem ser pedidas com
a oração. Evidencia-o Jesus no evangelho quando diz: “A messe é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores
para a sua messe!”(Mt 9,37-38).
Oferece-nos um exemplo muito significativo a inglesa Eliza Vaughan, mãe de família
e mulher dotada de espírito sacerdotal, que rezou muito pelas vocações.
Convertida de todo o coração, cheia de zelo, deiras. Os filhos não se entediavam quando
a mãe lhes contava as vidas dos santos, que aos
Eliza propôs ao marido oferecer os filhos
a Deus. Essa mulher de elevadas virtudes poucos se tornaram para eles amigos íntimos.
rezava todos os dias durante uma hora em Eliza levava consigo os filhos também nas
frente ao Santíssimo Sacramento, na Capela visitas e nos cuidados aos doentes e aos sofre-
da residência de Courtfield, pedindo a Deus dores das vizinhanças, para que pudessem
uma família numerosa e muitas vocações nestas ocasiões aprender a serem generosos,
religiosas entre os seus filhos. Foi atendida! a fazer sacrifícios, a dar aos pobres as suas
Teve catorze filhos e morreu pouco depois poupanças e seus brinquedos.
do nascimento do último filho em 1853. Dos Faleceu pouco depois do nascimento do
treze filhos vivos, entre os quais oito rapazes, décimo quarto filho, John. Dois meses
seis tornaram-se sacerdotes: dois em ordens após a sua morte, o coronel Vaughan,
religiosas, um sacerdote diocesano, um bispo, convencido que ela havia sido um dom
um arcebispo e um cardeal. Das cinco filhas, da Providência, escreveu numa carta:
quatro tornaram-se religiosas. Que bênção “Hoje, durante a adoração, agradeci
para a família e que efeitos para toda a Ingla- o Senhor, por ter podido devolver-Lhe
terra! Todos os filhos da família Vaughan a minha amada esposa. Abri-Lhe o coração
tiveram uma infância feliz, porque na sua cheio de gratidão por ter-me dado a Eliza
educação a sua santa mãe possuía a capaci- como modelo e guia, A ela ainda me liga
dade de associar de modo natural a vida espi- um vínculo espiritual inseparável. Que
ritual e as obrigações religiosas com as diver- maravilhosa consolação e que graça me
sões e a alegria. Por vontade da mãe faziam transmite! Ainda a vejo, como sempre a
parte da vida quotidiana as orações e a Santa vi, perante o Santíssimo com aquela sua
Missa na capela da casa, bem como a música, pura e humana gentileza que lhe iluminava
o desporto, o teatro, a equitação e as brinca- o rosto durante a oração”.
TRABALHAI
NAS VINHAS DO SENHOR
As numerosas vocações entre os filhos do de um pouco de tempo para aceitar o anúncio,
pois sobre o filho mais velho, herdeiro da casa,
casal Vaughan são realmente uma extraordi-
nária herança na história do Reino Unido e uma havia colocado muitas esperanças e havia
bênção que provinha principalmente da mãe pensado para ele uma brilhante carreira militar.
Eliza. Quando Herbert, o filho mais velho, aos Como teria podido imaginar que Herbert iria
dezasseis anos anunciou aos pais que queria tornar-se Arcebispo de Westminster, fundador
tornar-se sacerdote, as reacções foram dife- de Millhill e posteriormente Cardeal?
rentes. A mãe, que havia rezado muito para que Mas o pai também logo se persuadiu
isso acontecesse, sorriu e disse: “Meu filho, eu já e escreveu a um amigo: “Se Deus quer
sabia há muito tempo”. O pai, porém, precisou Herbert para si, também pode ficar com
Há cerca de 120 anos, nalgumas revela- dos sacerdotes... é tão belo e grande que seria
ções particulares, Jesus começou a confiar preciso ter mil vidas e mil corações!... Daria
às pessoas consagradas nos mosteiros e no de bom grado a minha vida para que Cristo
mundo o Seu plano para a renovação do sacer- pudesse encontrar nos sacerdotes aquilo que
dócio. Ele confiou a algumas mães espirituais deles se espera! A daria de bom grado mesmo
a chamada ‘obra para os sacerdotes’. Uma se um só pudesse realizar perfeitamente
das precursoras desta obra é a beata Maria o plano divino em si!”. De facto, aos 43 anos,
Deluil Martiny. Sobre esse seu grande íntimo ela selou com o martírio a sua maternidade
desejo ela disse “Oferecer-se pelas almas espiritual. As suas últimas palavras foram:
é belo e grande! Mas oferecer-se pelas almas “É para a obra, a obra para os sacerdotes!”.
VENERÁVEL
LOUISE MARGUERITE
CLARET DE LA TOUCHE
(1868-1915)
LU MONFERATO
Vamos, agora, à pequena povoação de Lu no para a adoração do Santíssimo Sacramento,
sob a orientação do seu pároco, Monsenhor
Norte de Itália, uma localidade com poucos
milhares de habitantes, situada numa região Alessandro Canora, e a rezar pelas vocações.
rural a 90 km a oeste de Turim. Esta pequena Todos os primeiros domingos do mês rece-
povoação teria ficado desconhecido se em 1881 biam a Comunhão por essa intenção. Após
algumas mães de família não tivessem tomado a Missa todas as mães rezavam juntas para
uma decisão que iria ter “grandes repercussões”. pedir vocações sacerdotais. Graças à oração
cheia de confiança destas mães e à abertura
Muitas dessas mães tinham no coração de coração destes pais, as famílias viviam
o desejo de ver um dos seus filhos tornar-se num clima de paz, de serenidade e de alegre
sacerdote ou uma das suas filha entregar-se devoção que permitiu aos filhos discernir com
totalmente ao serviço do Senhor. Come- maior facilidade o seu chamamento.
çaram então a reunir-se todas as terças-feiras
Também um exemplo de vida como a de Alexan- O P. Pinho quis então indagar junto do cardeal
de Lisboa para saber se naquele momento algum
drina da Costa, beatificada a 25 de Abril de 2004,
demonstra de maneira impressionante a força sacerdote estaria a dar-lhe muitos desgostos.
transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício O cardeal confirmou com sinceridade que de
de uma jovem doente e abandonada. Em 1941 facto havia um sacerdote que o preocupava;
Alexandrina escreveu ao seu pai espiritual, P. o nome que pronunciou era exactamente
Mariano Pinho, que Jesus Se havia dirigido a ela o mesmo que Jesus dissera a Alexandrina.
com estas palavras: “Minha filha, em Lisboa vive Alguns meses mais tarde foi referido ao P.
um sacerdote que corre o risco de se condenar Pinho, por parte de um amigo sacerdote, P.
eternamente; ele ofende-me de maneira grave. David Novais, um episódio especial. O P. David
Chama o teu pai espiritual e pede-lhe autori- acabara de dar um curso de exercícios espirituais
zação para que Eu te faça sofrer particularmente, em Fátima, no qual também havia participado
durante a paixão, por aquela alma”. um senhor muito discreto que todos haviam
Recebida a licença, Alexandrina sofreu muitís- notado pelo seu comportamento exemplar. Este
simo. Sentia o peso dos pecados daquele sacer- homem, no último dia dos exercícios, sofreu um
dote, que não queria mais saber de Deus e estava ataque de coração; foi chamado um sacerdote
prestes a condenar-se. A coitada vivia no seu e ele pôde confessar-se e receber a Comunhão.
corpo o estado infernal em que se encontrava Pouco depois falecia, reconciliado com Deus.
o sacerdote e suplicava: “Não, no inferno não! Descobriu-se que aquele senhor, vestindo roupas
Ofereço-me em holocausto por ele até quando Tu leigas, era um sacerdote e era exactamente aquele
quiseres”. Ela chegou a ouvir o nome e o apelido pelo qual Alexandrina tanto havia lutado.
do sacerdote.
Berthe Petit é uma grande mística belga, uma alma de expiação pouco conhecida.
Jesus indicou-lhe com clareza o sacerdote pelo qual devia renunciar aos seus
projectos pessoais e também fez com que o encontrasse.
O “PREÇO” DE UM
SACERDOTE SANTO
Jesus uma vez explicou a Conchita: “Existem Santo sobre os Meus sacerdotes como num
novo Pentecostes”. “A Igreja e o mundo neces-
almas que receberam uma unção através da
ordenação sacerdotal. Porém, há também sitam de um novo Pentecostes, um Pentecostes
almas sacerdotais que têm uma vocação sem sacerdotal, interior”.
ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas Quando era jovem Conchita rezava com
oferecem-se em união comigo... Essas almas frequência frente ao Santíssimo: “Senhor, sinto-
ajudam espiritualmente a Igreja de maneira me incapaz de te amar, portanto quero casar.
poderosa. Tu serás mãe de um grande número Dá-me muitos filhos e que eles possam amar-Te
de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu mais do que eu sou capaz.”. Do seu casamento
coração como mil martírios. Oferece-te como muito feliz nasceram nove filhos, duas meninas
holocausto, une-te ao Meu sacrifício para obter e sete rapazes. Ela consagrou-os todos a Nossa
as graças para eles” ... “Desejaria voltar a este Senhora: “Entrego-os completamente a ti como
mundo... nos Meus sacerdotes. Desejaria renovar se fossem teus filhos. Tu sabes que eu não os sei
o mundo, revelando-Me neles e dar um impulso educar, pouco sei do que significa ser mãe, mas
forte à Minha Igreja, derramando o Espírito Tu, Tu sabes”. Conchita viu morrer quatro dos
MÃE, ENSINA-ME
A SER SACERDOTE
Dia 23 de Julho de 1922, uma semana antes miséria”. Dez anos mais tarde escreveu ao filho
“Não consigo imaginar um sacerdote que não
da ordenação sacerdotal, Manuel, então com 30
anos de idade, escreve a sua mãe: “Mãe, ensina- seja Jesus, ainda menos quando ele é parte
me a ser sacerdote! Fala-me da imensa alegria da Companhia de Jesus. Rezo por ti, para que
de poder celebrar a Santa Missa. Entrego tudo a tua transformação em Cristo, desde o momento
nas tuas mãos, como me protegeste no teu peito da celebração, se cumpra de modo que tu sejas,
quando eu era criança e me ensinaste a pronun- dia e noite, Jesus” (17 de Maio de 1932).
ciar os belos nomes de Jesus e Maria para me “O que faríamos sem a cruz? A vida sem as
introduzir nesse mistério. Sinto-me realmente dores que unem, santificam, purificam e obtêm
como uma criança que pede preces e sacrifícios... graças, seria insuportável” (10 de Junho de
Assim que eu for ordenado sacerdote, enviar-te- 1932). O P. Manuel morreu aos 66 anos de idade
ei a minha bênção e depois, ajoelhado, receberei em odor de santidade. O Senhor fez com que
a tua”. Quando Manuel foi ordenado sacerdote, Conchita compreendesse para o seu apostolado:
a 31 de Julho de 1922, em Barcelona, Conchita “Confio-te mais um martírio: tu sofrerás aquilo
levantou-se para participar espiritualmente da que os sacerdotes cometem contra mim. Tu
ordenação; devido ao fuso horário no México o viverás e oferecerás pela infidelidade e pelas
era noite. Ela comoveu-se profundamente: “Sou misérias deles”. Esta maternidade espiritual
mãe de um sacerdote! ... Posso somente chorar pela santificação dos sacerdotes e da Igreja
e agradecer! Convido todo o céu a agradecer em consumiu-a completamente. Conchita morreu
meu lugar porque me sinto incapaz pela minha em 1937 aos 75 anos.
BARÃO WILHELM
EMMANUEL KETTELER
(1811-1877)
Todos nós devemos o que somos e a nossa vocação às preces e aos sacrifícios dos
outros. No caso do famoso Bispo D. Ketteler, extraordinária figura do episcopado
alemão do século XIX e figura de destaque entre os fundadores da sociologia católica,
a benfeitora foi uma religiosa, a última e a mais pobre irmã do seu convento.
Em 1869 estavam juntos o bispo de uma Cristo estava por cima de mim numa nuvem
diocese na Alemanha e o seu hóspede, o Bispo de luz e mostrava-me o Seu Sagrado Coração.
de Mainz, D. Ketteler. Durante a conversa Em frente dEle estava uma freira ajoelhada
o bispo diocesano elogiava as tantas obras com as mãos erguidas em posição de implo-
benéficas do seu hóspede. Mas D. Ketteler ração. Da boca de Jesus ouvi as seguintes
explicou ao seu interlocutor: “Tudo o que palavras: ‘Ela reza ininterruptamente por
alcancei com a ajuda de Deus, o devo às ti!’. Eu via com clareza a figura da irmã,
preces e ao sacrifício de uma pessoa que não e sua fisionomia impressionou-me de maneira
conheço. Posso somente dizer que alguém tão forte que ainda hoje a tenho perante
ofereceu a Deus a sua vida em sacrifício por os meus olhos Ela parecia-me uma simples
mim e graças a isso tornei-me sacerdote”.
conversa. A sua roupa era pobre e rústica,
E continuou: “Antes eu não me sentia desti-
e as suas mãos avermelhadas e calejadas pelo
nado ao sacerdócio. Tinha feito alguns exames
na faculdade de direito e desejava fazer uma trabalho pesado. O que quer que tenha sido,
rápida carreira que me permitisse ter um sonho ou não, para mim foi extraordinário,
lugar de prestígio no mundo, ser respeitado pois fui atingido no íntimo e, a partir daquele
e ganhar muito dinheiro. Um acontecimento momento, resolvi consagrar-me inteiramente
extraordinário porém impediu tudo isso a Deus no serviço sacerdotal.
e conduziu a minha vida noutra direcção.
Recolhi-me num mosteiro para os exercí-
Uma noite, enquanto estava sozinho no meu cios espirituais e conversei sobre tudo isso
quarto, abandonei-me aos meus sonhos de com meu confessor. Comecei os estudos de
ambição e aos planos para o futuro. Não sei teologia aos trinta anos. O resto o senhor já
o que me aconteceu, não sei se estava acor- conhece. Se agora o senhor acredita que algo
dado ou não. O que eu via era a realidade de bom foi feito por meu intermédio, saiba de
ou um sonho? Só uma coisa sei com certeza: quem é o mérito: daquela irmã que rezou por
vi aquilo que sucessivamente provocou mim, talvez sem sequer me conhecer. Tenho
a viragem da minha vida. Claro e límpido, a certeza que por mim se rezou e ainda se
A IRMÃ DO ESTÁBULO
No dia seguinte D. Ketteler foi visitar saber D. Ketteler. “Não tenho consciência
disso, pois não sabia da existência de Vossa
um convento de religiosas numa cidade
próxima e lá celebrou a Santa Missa na Excelência”. O bispo ficou alguns instantes
capela. Quando estava prestes a terminar imóvel em silêncio, depois continuou com
a distribuição da Sagrada Comunhão, já outras perguntas. “Que devoções ama mais
na última fila, o seu olhar deteve-se sobre e pratica com maior frequência?” “A vene-
uma irmã. O seu rosto empalideceu e ele ração ao Sagrado Coração”, respondeu
ficou imóvel, mas logo se recompôs e deu a a irmã. “Parece que a Irmã tem o trabalho
comunhão à religiosa que não se apercebera mais pesado de todo o convento!” conti-
de nada e estava devotadamente ajoelhada. nuou. “Ah não, Excelência! Certamente
Concluiu então serenamente a liturgia. não posso negar que às vezes me repugna”.
“Então o que faz quando é atormentada pela
Para o pequeno-almoço chegou também ao tentação?”. “Acostumei-me a enfrentar,
convento o bispo diocesano do dia anterior. por amor a Deus, com zelo e alegria todas
D. Ketteler pediu à madre superiora que lhe as tarefas que me custam muito e depois
apresentasse todas as irmãs e elas apare- oferecê-las por uma alma no mundo. Será
ceram imediatamente. Os dois bispos apro- o bom Deus a escolher a quem dar a Sua
ximaram-se e D. Ketteler cumprimentou-as graça, eu não quero saber. Também ofereço
observando-as, mas percebia-se claramente a hora de adoração da noite, das 20 às 21
que não encontrava quem procurava. Em voz horas, por essa intenção”. “E como teve
baixa dirigiu-se à madre superiora: “As irmãs a ideia de oferecer tudo isso por uma alma?”
estão todas aqui?” Ela, olhando o grupo, “É um costume que eu já tinha quando
respondeu: “Excelência, mandei chamá-las ainda vivia no mundo. Na escola, o pároco
a todas mas, de facto, falta uma!”. “E porque ensinou-nos que devíamos rezar pelos
não veio?” A madre superiora respondeu: outros como se faz pela própria família.
“Ela cuida do estábulo, e de maneira tão E também acrescentava: ‘Seria necessário
exemplar que às vezes no seu zelo se esquece rezar muito por aqueles que correm o risco
das outras coisas”. “Desejo conhecer essa de se perderem para a eternidade. Mas visto
irmã”, disse o bispo. Pouco depois a religiosa que só Deus sabe quem tem mais necessi-
chegou. Ele empalideceu e, após ter dirigido dade, o melhor seria oferecer as orações ao
algumas palavras a todas as religiosas, pediu Sagrado Coração de Jesus, confiantes na
para ficar a sós com ela. Sua sabedoria e omnisciência’. E eu assim
“A Irmã conhece-me?” perguntou. “Exce- fiz, e sempre acreditei que Deus encontra
lência, eu nunca o vi!”. “Mas a Irmã rezou a alma certa”.
e ofereceu boas obras por mim?” queria
“Quantos anos tem?” perguntou D. Ketteler. O bispo estava abalado: “Então, por amor de
Deus, continue com essa obra!”.
“Trinta e três anos, Excelência”. O bispo,
impressionado, reflectiu por um instante A irmã ajoelhou-se à sua frente e pediu
e depois perguntou: “Quando é que a Irmã a bênção. O bispo levantou solenemente as
nasceu?” A irmã disse o dia do seu nascimento. mãos e com profunda comoção disse: “Com
Então o bispo ficou perplexo: tratava-se exac- os meus poderes episcopais, abençoo a sua
tamente do dia da sua conversão! Ele vira-a alma, as suas mãos e o trabalho que elas
à sua frente assim, exactamente como naquele cumprem, abençoo as suas orações e os seus
momento. “A Irmã não sabe se as suas preces sacrifícios, o seu domínio de si e a sua obedi-
e os seus sacrifícios tiveram sucesso?” “Não, ência. Abençoo-a principalmente para a sua
Excelência”. “E não gostaria de saber?”. última hora e peço a Deus que a assista com
“O bom Deus sabe quando fazemos algo de a Sua consolação”. “Amém”, respondeu
bom, isso me basta”, foi a simples resposta. serena a irmã e afastou-se.
UM ENSINAMENTO
PARA TODA A VIDA
orações e as boas obras daquela irmã.
O bispo estava abalado no seu íntimo.
Aproximou-se da janela, tentando recuperar Que ensinamento e que advertência para
a calma. Mais tarde despediu-se da madre mim! Se um dia cair na tentação de me
superiora e voltou à casa do seu amigo e orgulhar pelos eventuais sucessos e pelas
confrade. E a ele confidenciou: “Agora encon- minhas obras perante os homens, devo
trei aquela a quem devo a minha vocação. sempre lembrar que tudo me vem da graça,
É a última e a mais pobre irmã conversa do da oração e do sacrifício de uma pobre serva
convento. Nunca poderei agradecer a Deus que está no estábulo de um convento. E se um
o suficiente pela Sua misericórdia, porque trabalho insignificante me parecer de pouco
aquela religiosa reza por mim há quase valor, devo reflectir sobre isto: o que aquela
vinte anos. Deus porém já havia aceite a serva faz com humilde obediência a Deus
sua prece e também tinha previsto que o dia e oferece em sacrifício com domínio de si, tem
do seu nascimento coincidiria com o dia da um valor tão grande perante Deus que as suas
minha conversão; depois, Deus acolheu as obras criaram um bispo para a Igreja!”.
O SERVO DE DEUS
PAPA JOÃO PAULO I
(1912-1978)
“SENHOR DAI-NOS
NOVAMENTE SACERDOTES!”
Durante a perseguição comunista, Anna Stang sofreu muito e, como tantas outras
mulheres na sua situação, ofereceu os seus sofrimentos pelos sacerdotes. Na velhice
tornou-se, ela mesma, uma pessoa com espírito sacerdotal.
ENTREGA
DO SERVIÇO SACERDOTAL
Em 1942 a jovem viúva Anna foi deportada cida minha, para participar na Santa Missa.
A viagem era longa, mais de 1000 km, mas
para o Cazaquistão com os seus três filhos.
para nós foi uma grande alegria. Há mais de
“Foi duro enfrentar o frio do Inverno, mas vinte anos que não víamos um sacerdote nem
depois chegou a Primavera. Naquela época um confessionário! O pastor daquela cidade
chorei muito, mas também rezei muitíssimo. Eu era idoso e passara mais de dez anos na prisão
tinha a sensação que alguém estava a segurar- por causa da sua fé. Enquanto ali estive, foram-
me na mão. Na cidade de Syrjanowsk encon- me confiadas as chaves da igreja e, assim,
trei algumas mulheres católicas. Reuníamo-nos pude fazer longas horas de adoração. Nunca
às escondidas todos os domingos e dias de festa imaginei poder estar tão próxima do taberná-
para cantar e rezar o terço. Eu suplicava com culo. Cheia de alegria ajoelhei-me e beijei-o”.
frequência: Maria, nossa mãe querida, vê como
somos pobres. Dai-nos novamente sacerdotes, Antes de viajar, Anna teve a licença de levar a
mestres e pastores!” Sagrada Comunhão aos católicos mais idosos
da sua cidade, que nunca poderiam ter ido
A partir de 1965 a violência da perseguição pessoalmente à igreja. “A pedido do sacerdote,
diminuiu e Anna podia ir uma vez por ano na minha cidade, durante trinta anos baptizei
à capital do Quirguistão, onde vivia um sacer- crianças e adultos, preparei os casais para
dote católico no exílio. o sacramento do matrimónio e orientei enterros
“Quando estive em Biskek foi construída uma até que, por motivos de saúde, deixei de poder
igreja. Fui lá com a Vittoria, uma conhe- prestar esse serviço”.
Não é possível imaginar a gratidão de Anna seus olhos a realização desse desejo profundo.
quando em 1995 encontrou pela primeira vez um A Santa Missa foi celebrada na sua casa e esta
sacerdote missionário. Chorou de alegria e com maravilhosa mulher de alma sacerdotal pôde
emoção exclamou: “Veio Jesus, o Sumo sacer- receber a Sagrada Comunhão. Durante o resto do
dote!”. Rezava há décadas para que chegasse um dia Anna não comeu nada, para manifestar dessa
sacerdote à sua cidade, mas chegando aos 86 anos forma o seu profundo respeito e alegria.
de idade tinha perdido a esperança de ver com os
Não é por acaso que o Santo Padre escolheu Deus realiza no mundo e na vida de cada homem
e mulher, quer a adoração pelo mistério da Sua
ordens femininas para essa tarefa. Na história
da Igreja, seguindo o exemplo da Mãe de amorosa presença junto de nós. No contexto
Deus, sempre foram as mulheres a acompanhar do mundo de hoje a nossa vida afastada do
e apoiar, com orações e sacrifícios, o caminho mundo, mas não indiferente a ele, poderia
dos apóstolos e dos sacerdotes nas suas activi- parecer absurda e inútil. No entanto, podemos
dades missionárias. Por isso, as ordens contem- testemunhar com alegria que não é uma perda
plativas consideram como carisma próprio dedicar o tempo só a Deus. Lembra a todos
“a imitação e a contemplação de Maria”. profeticamente uma verdade fundamental:
AIrmã M. Sofia Cicchetti, actual madre superiora a humanidade, para ser autêntica e plena, deve
do mosteiro, define a vida de sua comunidade ancorar-se em Deus e viver no tempo a respi-
como uma vida mariana quotidiana: “Aqui nada ração do amor de Deus. Queremos ser como
é extraordinário. A nossa vida contemplativa tantas “Moisés” que, com os braços erguidos
e de clausura somente pode ser compreendida e o coração dilatado por um amor universal
à luz da fé e do amor de Deus. Nesta nossa mas concretíssimo, intercedem para o bem
sociedade consumista e hedonista, quase parece e a salvação do mundo, tornando-se, dessa
ter desaparecido quer o sentido da beleza e do forma, “cooperadoras no mistério da Redenção”
deslumbramento perante as grandes obras que (cfr Verbi Sponsa, 3).
Encontro com o Santo Padre João Paulo II na sua biblioteca particular a 23 de Dezembro de 2004
A Irmã M. Sofia Cicchetti oferece ao Santo Padre um conjunto de panos litúrgicos para a Santa
Missa bordados à mão pelas irmãs.
7. Comunhão espiritual
Antes de nos “despedirmos” do Senhor, podemos ainda comungar espiritualmente.
A comunhão espiritual acontece de forma muito simples: através do nosso desejo e do
pedido “Jesus, vem agora espiritualmente ao meu coração!” atraímo-Lo à nossa alma.
A comunhão espiritual é como um intenso abraço entre mim e Jesus, é como um amoroso
beijo interior.
O grande pregador e santo franciscano Leonardo de Porto Maurício disse: “Prometo-vos
que, se fizerdes a comunhão espiritual várias vezes ao dia, o vosso coração estará comple-
tamente transformado no período de um mês.”
8. Propósito
Teresa de Ávila, a grande santa doutora da Igreja e mestra da oração, nos seus escritos
espirituais, aconselha a nunca se abandonar a contemplação sem se ter formulado um
propósito concreto para o dia-a-dia.
“À noite avistei na minha cela um anjo, o Executor da Ira de Deus. Usava uma veste
clara, e o seu rosto estava radiante. Sob os seus pés estava uma nuvem de onde saíam
trovões e relâmpagos para as suas mãos, e saídos da sua mão atingiam a Terra. Quando
vi o sinal da ira de Deus, que devia atingir a Terra, mas especialmente um determinado
lugar, cujo nome por razões compreensíveis não posso revelar, pedi ao anjo que se deti-
vesse por um certo tempo, pois o mundo iria fazer penitência. Mas o meu pedido de nada
valeu ante a cólera divina. Avistei então a Santíssima Trindade. A grandeza da Sua majes-
tade trespassou-me até ao mais íntimo de mim, e eu não ousava repetir o meu pedido.
Nesse mesmo momento, senti em mim o poder da graça de Jesus, que reside na minha
alma. Quando tomei consciência desta graça, fui de repente arrebatada para diante do
trono de Deus. Oh, como é grande o nosso Senhor e Deus, e como é inconcebível a Sua
santidade! Não vou sequer tentar descrever a Sua grandeza, pois em breve todos veremos
como Ele é. Comecei então a suplicar a Deus pelo mundo, com palavras ouvidas interior-
mente. Quando assim rezava, vi a impossibilidade do anjo continuar a executar aquele
justo castigo, merecido por causa dos pecados. Nunca tinha rezado com tanta força inte-
rior como naquela ocasião. As palavras com que suplicava a Deus eram as seguintes:
“Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Vosso amado
filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, pelos nossos pecados e os pecados de todo o mundo.
Pela Sua dolorosa paixão, tende misericórdia de nós.”
(Diário N.º 474-475).
Para a actual situação da Igreja num mundo viúvas, religiosas e consagradas e, sobretudo,
aquelas que oferecem o seu sofrimento por
secularizado, onde com frequência se torna
evidente uma crise de fé, o papa, os bispos, amor. Até a uma criança que não sabia ler
os sacerdotes e os crentes procuram uma nem escrever, a bem-aventurada Jacinta de
solução. Nesta crise, torna-se cada vez mais Fátima, agradeceu o próprio Papa João Paulo
visível que a verdadeira solução reside na II, a 13 de Maio de 2000, pelo seu auxílio na
renovação interior dos sacerdotes e, neste sua vocação pastoral universal: “Exprimo
contexto, a chamada “maternidade espiritual também a minha gratidão à beata Jacinta
dos sacerdotes” adquire um especial signifi- pelos sacrifícios e orações que ofereceu
cado. Através deste “ser mãe espiritual”, as pelo Santo Padre, que ela tinha visto em
mulheres e mães tomam parte da maternidade grande sofrimento.”
universal de Maria que, sendo Mãe do Eterno Naturalmente que os homens não ficam de
Sumo Sacerdote, é também Mãe de todos os forma alguma excluídos da ajuda pelas voca-
sacerdotes de todos os tempos. ções e pela santificação dos sacerdotes; pois
Se já na vida natural a criança é acolhida, temos todos a vocação de colaborarmos neste
dada à luz, alimentada e cuidada pela sua processo! Neste tempo presente, é necessário
mãe, este pensamento muito mais se aplica mais do que nunca todo o nosso apoio para
à vida espiritual: por detrás de todos os que os sacerdotes se santifiquem na fidelidade
sacerdotes encontra-se uma mãe espiritual, à sua vocação.
que suplicou a Deus a sua vocação, que os
De que forma uma mãe espiritual ajuda os
traz ao mundo entre dores espirituais e que
sacerdotes?
os “alimenta”, oferecendo como dádiva
Para quem se decidiu interiormente: “Desejo
a Deus tudo o que no decurso do dia faz,
oferecer a minha vida inteira a Deus pela
para que se tornem sacerdotes santos, sacer-
santificação dos sacerdotes!”, não é natural-
dotes fiéis à sua identidade específica e às
mente possível estar sempre a pensar concre-
suas funções específicas.
tamente nesta maternidade espiritual. Isso
Quem pode ser uma mãe espiritual é Jesus que assume, a quem, por exemplo,
dos sacerdotes? uma mãe de família oferece, como dádiva
Para ser mãe espiritual de sacerdotes, uma espiritual aos sacerdotes, o seu quotidiano,
mulher não precisa de ser mãe física de um com todos os seus deveres e renúncias.
sacerdote. Independentemente da idade Até mesmo uma breve oração no momento
e estrato social, todas as mulheres podem da Sagrada Comunhão, feita deliberadamente
tornar-se mães espirituais dos sacerdotes, por um sacerdote, é uma dádiva concreta; ou
ou seja, mulheres solteiras, mães de família, quando se passa em recolhimento uma hora
Cada sacerdote é precedido de uma mãe que não e mostrou a Giuseppe a sua aliança de casamento
raro se tornou também mãe para a vida espiritual em prata e gasta pelo trabalho: “É verdade,
dos seus filhos. Giuseppe Sarto, por exemplo, Seppi, mas não usarias hoje o teu anel se eu não
o futuro Papa Pio X, logo após a sua consagração tivesse primeiro usado a minha aliança.” Ao que
como bispo, visitou a sua mãe septuagenária. Pio X retorquiu, confirmando: “Toda a vocação
Respeitosamente, beijou o anel do seu filho, sacerdotal brota do coração de Deus, mas passa
mas logo após ficou repentinamente pensativa pelo coração de uma mãe!”
A Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) é uma a Igreja enfrente dificuldades. Os desafios são
múltiplos: totalitarismo de esquerda ou de
Organização Pública Universal Dependente
da Santa Sé em estreita colaboração com as direita, fanatismo religioso, multiplicação de
Conferências Episcopais de cada país e com seitas, materialismo, falta de sacerdotes.
os Bispos Diocesanos. Foi fundada em 1947 Como dizia João Paulo II aos delegados da
pelo R.P. Werenfried van Straaten, o. praem., AIS reunidos em Roma: (
) nem toda a gente
inspirado na mensagem de Fátima, após ouve esses cristãos que sofrem em silêncio
a Segunda Guerra Mundial, para ajudar os Vós actuais, recolheis ofertas, enviais ajudas
milhões de refugiados da Alemanha de Leste que levam, aos que esperam, a certeza de que
que fugiam da ocupação comunista. os seus irmãos na fé conhecem as suas neces-
Organização essencialmente pastoral, não sidades e não os abandonam
Esta caridade
cessa de ajudar a Igreja, onde quer que seja concreta e multiforme é um testemunho indis-
perseguida, refugiada e ameaçada, em mais pensável em todas as épocas, sobretudo na
de 150 países. A AIS apoia todos os anos nossa. É este o trabalho da AIS, graças à ajuda
cerca de 8.000 projectos em todo o mundo: na de mais de 700.000 benfeitores que dão regu-
América Latina, na África, na Ásia e também larmente apoio com as suas ofertas generosas.
na Europa de Leste e Ocidente, onde quer que