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-FMIC-

A Comunidade Monástica

 O Hábito Monástico

O hábito é um tipo de veste religiosa usado por membros de


algumas congregações ou ordens, diferentemente da batina que é utilizada pelos
presbíteros diocesanos. Igualmente às demais congregações, o hábito utilizado
na Fraternidade Monástica Imaculada Conceição é o sinal da consagração do
religioso a Deus.

É comum pessoas dizerem que “O hábito não faz o monge”. Em


que pese tal fala ser uma tolice e uma falácia, em se tratando do hábito
monástico, merece uma reflexão a respeito. Sem dúvida alguma, o monge, com
sua vida, suas práticas e seu exemplo, é muito maior que uma simples veste,
sendo impossível se afirmar coisa em contrário. É inquestionável que o hábito
não é o fundamento da vida monástica, de sua fé, esperança e caridade, assim
como a batina não o é para o padre. O monge não será mais monge por estar de
hábito, da mesma forma que o presbítero não será mais padre se estiver de
batina. Porém, em que pese tais obviedades, nada disso justifica o desuso do
hábito. Como jocosamente afirma o Padre Leonardo Holtz Peixoto, em sua fala
sobre o uso do hábito e da batina (“O hábito não faz o monge... o santifica!”), da
mesma forma que se deve ter a consciência no uso de uma faca ou ao dirigir um
automóvel, devendo haver sabedoria e prudência, é fundamental que se utilize o
hábito e a batina com a mesma sabedoria, prudência e, sobretudo, humildade.

O monge deve ter em mente o compromisso solene que o hábito a


ele impõe. Ao revestir-se do sagrado hábito, deve agir com prudência, deve
medir suas palavras e gestos, deve ter o cuidado de se sentar com formalidade,
de andar com postura, não deve subir ou descer escadas de qualquer forma, ou
seja, ao usar o hábito o monge deve pensar muito sobre suas atitudes e palavras.
O monge deve ser um exemplo no agir e no falar. Ao usar o hábito, o monge
carrego consigo a responsabilidade de toda a Fraternidade, e não apenas de sua
pessoa. Possivelmente, tal importância seja o motivo pelo qual muitos religiosos
estão evitando o uso do hábito e alguns padres o mesmo fazendo com suas

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batinas. O “não chamar a atenção” é uma pobre desculpa para evitarem ser
identificados como religiosos e padres, evitando, assim, serem “importunados”
ou recriminados. Sem dúvida, os padres e monges de tradição anglicana
exercem atividades seculares profissionais para manter seu sustento e, em
muitos dos casos, não caberia o uso do hábito ou da batina no dia-a-dia de tal
prática laboral. Deve-se, contudo, compreender e distinguir o não uso ocasional
do hábito, no exercício de algumas profissões, e o não desejo de usá-lo pelo fato
de esconder sua vida religioso por trás de roupas seculares.

O hábito é um sinal que faz referência a uma realidade mais


profunda, interior, espiritual, correspondendo ao fato da pessoa pertencer a
Cristo, uma íntima união com Ele. Por tal razão, diz-se que quem veste o hábito
representa e investidura do próprio Cristo. O religioso, ao consagrar sua vida a
uma profunda união com Cristo, sendo vista, assim, a consagração religiosa
como um segundo batismo, pois leva à plenitude as exigências do batismo.

Como já foi dito, faz parte do pensamento do membro da


Fraternidade a constante lembrança pela escolha de Cristo por uma vida pobre e
humilde, buscando, assim, um espírito adequado de desapego dos bens
temporais. Ao encontrar o seu fundamento em Deus, o monge capaz de
desapegar-se das coisas do mundo. Com diz Anselm Grün: “O saber largar é o
caminho que me permite entrar em contato com minha fonte interior, o caminho
que me permite descobrir a riqueza verdadeira de minha alma, isto é, Deus, e é
ele quem me dá tudo o que necessito para viver”. Partindo dessa premissa, o
hábito simboliza também o libertar-se das coisas e “cores” do mundo, vestindo-
se com o sinal de sua entrega a Deus.
O hábito próprio dos membros da Fraternidade consta de túnica preta, de
escapulário preto e cinto de couro. Poderá ser adaptada segundo as
condições locais e com a concordância do Prior. O hábito é recebido das
mãos do Prior da Fraternidade, em uma cerimônia própria – Cerimônia de
Imposição de Hábito – que, na Igreja, introduz o noviço na vida monástica.
Não há distinção entre o hábito utilizado pelos noviços e professos.

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