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Org.

Leitor João Robson

GUIA LITÚRGICO PARA


ACÓLITOS ORTODOXOS

2020
As Vestes Litúrgicas
Paramentação do Clero
Na fé ortodoxa, o padre não aparece simplesmente e põe sua túnica e outras roupas.
Primeiro, ele se prepara recitando orações especiais fora do santuário, em frente à
Iconostáse diante das Portas Reais. Ele beija os Ícones Sagrados da Iconostáse, e então
entra no Santuário pela Porta Norte dizendo:

“Eu adentro em Tua casa e me prostro diante do Templo sagrado, compenetrado de


Teu temor (...)”

Como acontece com grande parte da Liturgia Divina, o uso de vestes do padre tem
fundamentos bíblicos. Tendo entrado no Santuário, o sacerdote usa suas vestes. O
objetivo das vestes era "para a glória e para a beleza" (Ex 28:2,40), para permitir que os
líderes "ministrassem no lugar sagrado" (Ex 35:19; 39:1,41), "que possam me servir como
sacerdotes" (Ex 28:4,41).

A forma como as vestes são decoradas vem do Antigo Testamento, onde as roupas foram
decoradas e feitas de belas cores, "linho fino habilmente trabalhado" e bordados com
agulhas (Ex 28:6,36,39), com sinos de ouro (Ex 28:33), e com um prato de ouro gravado
"Santo é o Senhor" (Ex 28:36).

Existem basicamente cinco peças de vestimenta em comum aos presbíteros. Antes de


vestir cada uma delas, o sacerdote faz uma oração própria, as abençoa com o sinal da
cruz e as beija. São elas:

1. ANTERI ou PODRJAZNIK (Batina Interna)

A veste em comum daqueles que são iniciados na vida


monástica ou ordenados, nas ordens maiores ou menores, é a
batina. Trata-se de uma espécie de túnica preta que fica
abaixo de todos os paramentos litúrgicos, independente do
grau da ordem.

Quando Constantinopla caiu em 1453, as cores e os cortes das


roupas para as diferentes classes foram distribuídas no
sultanato. Assim, o sultão e os vizires vestiam-se de branco,
os janízaros e os funcionários públicos vestiam-se de
vermelho, o resto dos muçulmanos vestiam-se de verde e
todos os outros (incluindo também os cristãos) vestiam-se de
preto.

Nas Igrejas de tradição eslava é possível encontrar bispos e


clérigos casados usando batinas de diversas cores, mas para
os monges as vestes sempre são pretas.

A cor preta acabou ganhando o significa de morte para as


coisas mundanas. Aquele que porta a batina a usa como um
sinal de supressão de sua própria vontade e desejos, e sua
obediência canônica a Deus, seu bispo e as normas litúrgicas e canônicas da Igreja. Os
diáconos também podem usar o exoraso (ou riassa). Batina
2. EXORASO, RIASA ou Jibbee (Batina Externa)

A batina externa também chamada de ryasa


ou riassa, exorason ou rason é uma
vestimenta larga usada sobre a batina
interna por bispos, presbíteros, diáconos e
monásticos como seu traje externo regular.
Não é usada por seminaristas, leitores ou
subdiáconos na tradição eslava. Na tradição
grega, no entanto, os cantores podem usá-la
na igreja, geralmente sem batina por baixo,
diretamente sobre as roupas seculares.

A batina externa deve ser usada por um


sacerdote que celebra um serviço religioso
como as Vésperas, onde as rubricas exigem
que ele não esteja totalmente paramentado
como para a Sagrada Liturgia. Não é usada Versão Casaco
por nenhum clero sob o sticharion. Pode ser
usada com a parte de baixo das mangas
Exoraso Convencional voltada para trás, às vezes possui forro de
uma cor contrastante como vermelho ou roxo, por exemplo. A
versão grega tende a ser um pouco mais leve e mais folgada do que
a russa. É originalmente uma vestimenta monástica. Possui outras
duas variações semelhante a um colete e a outra a um casaco.

A versão como colete é justa e sem gola, com bolsos, geralmente


caindo um pouco abaixo da cintura. Já sua versão como casaco, ou
sobretudo, é usada em dias muito frios, com o mesmo corte da
batina externa convencional, mas um pouco maior e de material
mais grosso. Pode ou não ter gola forrada de pele.
Versão Colete
3. SKÚFIA (Barrete)
Um skouphos (também skufiya, skufia ou skoufos) é um
dos “chapéus clericais”, usado por monges (nesse caso,
é sempre preto) ou clérigos casados, às vezes
especificamente concedido como uma honraria (nesse
caso, geralmente é vermelho ou roxo).
Assemelha-se a um gorro com
as laterais macias, cujo topo pode ser Modelo Russo
pontudo (estilo russo), plano e
pregueado (estilo grego) ou plano com
bordas em relevo (estilo romeno).
Normalmente, os monges recebem sua
skúfia quando se tornam noviços ou
Grande Schema
quando são tonsurados. Quando um

Modelo Grego
monge, ou monja, é tonsurado para o Grande Schema usará uma skúfia bordada com
orações, cruzes e figuras de serafins.
Arcebispos e Metropolitas às vezes
usam uma skúfia preta ou roxa com
uma pequena cruz com pedrarias em
ocasiões informais. Uma monja às
vezes usa uma skúfia sobre o véu
monástico, enquanto os monges
geralmente usam a skúfia (sem véu)
quando o
Modelo Romeno
klobuk ou
epanokamelavkion puder atrapalhar
seu trabalho.

S.B. Sawa, Metropolita e


Primaz da Igreja
4. KALIMÁFI e KLOBUK (Barrete Formal)
Polonesa.
Também chamado em russo de kamilavka, ou em grego de Kamilavkion,
kalymmavkhion, ou kalymmavchi, é outra espécie de “chapéu” clerical usado por monges
e clérigos casados. Tal como acontece com a maioria dos itens de vestimentas ortodoxas,
esse chapéu foi desenvolvido a partir das roupas usadas na corte imperial do império
romano oriental (bizantino). O kamilavka é usado durante os serviços religiosos.

O kamilavka é um chapéu na forma de uma cobertura cilíndrica rígida para a cabeça. Na


aparência, é semelhante a uma cartola sem aba. A aparência e o uso do kamilavka /
kamilavkion variam entre as diferentes tradições da Igreja Ortodoxa.

Na tradição grega, o clero ordenado, tanto monástico quanto


casado, usa um kamilavkion com uma aba cônica achatada no
topo do cilindro. Os monges usam um camilavkion preto
simples que é coberto por um véu preto, chamado de
epanokamelavkion. Hierodiáconos, isto é, diáconos que são
monges, removem o véu quando se vestem para ofícios.
Hieromonges, padres que são monges, não. Monjas na
Modelo Grego tradição grega normalmente não usam um kamilavkion,
apenas um véu.

Na tradição eslava, todas as classes do


clero usam o kamilavka.
Normalmente são mais altos do que o
estilo grego, tornam-se mais largos à
medida que sobem e são planos no
topo.

Modelo Eslavo
O kamilavka com o epanokamelavkion (véu) permanentemente preso, chamado klobuk ,
é usado por monges , tanto homens quanto mulheres.

Como os bispos devem ser monásticos, eles


também usam o klobuk. Todos os monásticos, tanto os
ordenados quanto os não, usam kamilavkas negras
com véus negros. Tal como acontece com a
tradição grega, os hierodiáconos removem o véu
quando participam dos serviços religiosos, o que não
acontece com os hieromonges. No entanto, um diácono
casado não usa um
Com o véu monástico kamilavka; um
(Klobuk) protodiácono,
entretanto, pode receber o kamilavka roxo ou
vermelho.

Enquanto os bispos, como monges,


usam o klobuk igual aos demais monges, que é um
kamilavka preto liso com um véu preto, bispos de
títulos superiores usam modelos diferentes. O véu
dos arcebispos tem uma cruz com pedrarias na
frente. Os
S. Ex.a Rev.ma Arcebispo metropolitas usam
Crisóstomo um véu branco
sobre o kamilavka, com a mesma cruz que os
arcebispos. O adorno para a cabeça do Patriarca de
Moscou difere mais significativamente. Ele usa
uma cobertura oval na cabeça chamada Véu monástico
koukoulion, em vez da kamilavka, com o véu
(epanokamelavkion)
monástico.

Para o clero não monástico, o kamilavka, de


cores diferentes, pode ser recebido como
prêmio. Os diáconos casados agraciados com o
grau honorário de protodiácono usam um
kamilavka colorido, geralmente roxo ou
vermelho, assim como os arciprestes. Os
arquidiáconos, no entanto, continuam usando a
kamilavka preta.

Na tradição athonita, o epanokamelavkion é


S.B. Metropolita Sawa simplesmente colocado sobre o kamilavka e é
possível remover facilmente. Em outras
tradições eles são permanentemente ligados.

O klobuk é o “chapéu” litúrgico mais


frequentemente usado na igreja por
monges professos. Durante os serviços, há
momentos específicos em que os monges
devem remover o klobuk e colocá-lo no

Na foto: S.B. Daniel, Patriarca da Igreja


Romêna e S.B. Kiril, Patriarca da Igreja Russa
ombro esquerdo para denotar reverência pelo sagrado (por exemplo, quando o sacerdote
traz o cálice pelas Portas Sagradas para a distribuição da Sagrada Comunhão durante a
Divina Liturgia). As monjas normalmente não removem o klobuk em nenhum momento
durante os serviços religiosos.

O Patriarca da Romênia usa um klobuk branco e também um rason branco. O Patriarca


de Moscou usa o koukoulion, um gorro monástico branco semelhante ao klobuk que é
oval no topo, decorado com imagens bordadas de serafins e encimado por uma cruz.

5. STICHARION (túnica, alva ou dalmática)

É uma túnica longa, de mangas


largas, que vai dos ombros até
os tornozelos. Esta é a túnica
original de um neófito (recém-
batizado). Simboliza a
consciência pura e tranquila,
uma vida sem máculas, e a
alegria espiritual no Senhor. Ela
afirma a iluminação e a pureza
de Cristo, bem como a pureza e
brilho dos Santos Anjos. Ela
também é usada como a roupa
exterior por acólitos.
Geralmente tem uma cruz
bordada ou aplicada ao centro
Presbíteros e Bispos da parte superior das costas, Acólitos, Leitores,
entre as omoplatas. Subdiáconos e
Diáconos
“Que exulte de alegria minha alma no Senhor, pois Ele me revestiu com o manto da
salvação e me cobriu com a túnica da alegria; como um jovem esposo, me coroa com o
diadema e, como a esposa, me enfeita com as suas joias.” (Is. 61,10)

6. ORARION (Estola Diaconal)

Diáconos e Subdiáconos utilizam uma espécie de faixa longa chamada Orarion sobre o
Sticharion, cada qual de acordo com sua ordem. Os Subdiáconos utilizam um Orarion
simples, cruzado em torno do tórax representando as asas dos Serafins que servem o
trono de Deus. Os Diáconos, por sua vez, utilizam um Orárion Ornado com três cruzes.
Também é comum encontrarmos Orarions com três querubins ou ainda três vezes a
palavra “Santo”, em referência ao triságion cantado pelos seres angélicos diante de Deus,
ao qual também nos unimos cantando em diversos ofícios litúrgicos.
Os diáconos podem receber o título honorífico de Arquidiácono
(monges) ou Protodiácono (casados), passando a utilizar o
Orárion Duplo. Os diáconos utilizam o Orarion durante os
serviços divinos, segurando-o com três dedos por baixo e
prendendo-o com os dois dedos restantes sobre ele, tendo o
mesmo significado da nossa
forma de fazer o sinal da
cruz: os três dedos
representam a Santíssima
Trindade e os dois dedos à
natureza divina e humana de
nosso Senhor.

7. EPIMANIKIA (Punhos)

As Epimanikia são espécies de braceletes de


tecido, usados por diáconos, prebíteros e
bispos. O diácono os usa por cima da batina,
sob o Sticharion. Eles representam força,
paciência, e boa vontade. Os cordões que as
amarram representam a corda com a qual as
mãos de nosso Senhor foram amarradas.

Existe uma oração específica para vestir cada lado.

LADO DIREITO: LADO ESQUERDO:

“A Tua destra, ó Senhor, foi glorificada em “As mãos do Senhor me criaram e me


poder; a Tua mão direita, Senhor, afeiçoaram; deram-me inteligência para
esmagou o inimigo e, com a grandeza da que eu aprenda os Seus mandamentos.”
Tua glória, derrubaste os adversários.” (Sl. 118,73).
(Ex. 15,6-7).

8. EPITRACHELION (Estola)

O Epitrachelion (que significa "no pescoço") é uma longa e


estreita faixa de tecido ornamentado, usada por presbíteros e
bispos, que se põe ao redor do pescoço, pendendo à frente. Se
estende desde a parte de trás do pescoço até abaixo dos
joelhos. É símbolo de dignidade e poder sacerdotal e deve ser
usado pelo presbítero em todos os serviços litúrgicos.
Também simboliza a Cruz carregada por nosso Senhor sobre
Seus ombros. Nenhum ofício da igreja pode ser celebrado
sem ele. As franjas que estão penduradas no fim representam
as almas dos paroquianos que estão pendurados no pescoço
do Pai Espiritual.
“Bendito o nosso Deus que derrama a Sua graça sobre os Seus sacerdotes, como o óleo
precioso sobre a cabeça, o qual desce sobre a barba, a barba de Aarão, e cai até à franja dos
seus vestidos.” (Sl. 132,2)

9. ZONA (Faixa)

A Zona é usada pelos presbíteros e bispos sobre o Sticharion e o Epitrachelion. É usado


para segurar o Sticharion representando sabedoria e força.

“Bendito o nosso Deus que me cinge de força e me conduz pelo reto caminho. Ele torna os
meus pés velozes como os dos cervos e me mantém firme nas alturas.” (Sl. 17,33-34)

10. FELÔNIO (Casula)

O Felônio é uma vestimenta exterior semelhante a uma capa, longa atrás e curta na
frente, com uma abertura para a cabeça passar. Representa o manto púrpura, com o qual
o soldado vestiu nosso Senhor Jesus para zombar dele enquanto ele estava no
Praetorium.

“Os Teus Sacerdotes revestem-se da justiça e os Teus Santos exultam de alegria” (Sl. 131,9).

Ele então lava as mãos em sinal de purificação, dizendo:

“Na inocência lavo as minhas mãos Tradição Grega


e andarei, Senhor, em redor do Teu altar,
Para ouvir a voz do Teu louvor e
proclamar todas as Tuas maravilhas.
Senhor, eu amei o esplendor da Tua casa,
e o lugar onde habita a Tua glória.
Não destruas a minha alma com os ímpios,
nem com os homens sanguinários a minha vida.
Em suas mãos há iniquidade
e sua destra está cheia de corrupção.
Mas eu tenho caminhado na sinceridade;
resgata-me e tem piedade de mim.
O meu pé mantém-se no caminho reto;
nas assembleias te louvarei, ó Senhor.” (Sl. 25:6-
12) Tradição Eslava

11. CRUZ PEITORAL


A cruz usada pendurada ao pescoço sobre o peito indica a primazia sacerdotal em
algumas tradições. As cruzes de madeira, prata, ouro e ornadas com joias referem-se a
honrarias concedidas ao sacerdote por seu serviço à Igreja. Alguns sacerdotes de maior
primazia têm a bênção de usar duas cruzes.

“Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si


mesmo, tome a sua cruz e siga-Me, em todo
tempo, agora e sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.” (Mt 16:24).

Cruz de Madeira Cruz Prateada

12.

Cruz Dourada Cruz com Pedrarias Cruz Dupla

NABEDRENNIK
O Nabedrennik é outra placa de tecido de formato retangular usado no quadril. Este é
geralmente a primeira honraria que um sacerdote recebe por servir à Igreja. É usado no
quadril direito até ser substituído pelo Epigonation/palitza e é movido para a esquerda.
Ele compartilha o mesmo significado que o Epigonation/palitza. Acredita-se que ambos
derivem das antigas joelheiras que protegiam as pernas dos guerreiros de serem
machucadas por suas espadas. Os imperadores bizantinos costumavam conceder espadas
a seus comandantes e nobres; da mesma forma, a Igreja premia os sacerdotes que
defendem a fé.

É um prêmio litúrgico único, ausente em outras Igrejas Ortodoxas. É concedido a um


padre por seu bispo após três anos de serviço sacerdotal (5 anos para monges). Tem a
forma de um pano retangular com uma cruz no centro e é usado com uma longa fita no
ombro esquerdo, pendurado na coxa direita. Simboliza a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus (Ef 6:17) e lembra o sacerdote da necessidade de ser bom no uso dessa
arma espiritual. Os quatro lados do nabedrennik lembram os quatro Evangelhos, que o
padre deve pregar. Foi introduzido pela primeira vez no século XVI. Não está claro por
que essa vestimenta litúrgica apareceu, mas provavelmente foi introduzida como uma
alternativa ao epigonation, que era originalmente um acessório exclusivo dos bispos.

Como evidenciado por manuscritos do século 17, arciprestes, hegumens e archimandrites


não tinham direito de usar um epigonation, mas foram dadas nabedrenniks vez. Uma
simplificação dos prêmios sacerdotais foi realizada no Concílio de Moscou em 1675, e o
nabedrennik não foi mais listado entre as vestes litúrgicas devido à tradição grega, que
ainda não conhece tal objeto. No entanto, logo o nabedrennik reapareceu, mas não era
mais o equivalente ao epigonation de um bispo. Em vez disso, tornou-se um prêmio
separado.

13. EPIGONATION ou PALITZA (Espada)

O Epigonation (grego. Ἐπιγονάτιον), também chamado de Palitza, é um pano em forma


de diamante com uma cruz no centro, suspenso por uma fita de um canto, usado no lado
direito (se um sacerdote usa um epigonation, o nabedrennik é usado no lado esquerdo).
Como um nabedrennik, um epigonation representa a espada espiritual da Palavra de
Deus. Quando o Basileu recompensava seus distintos oficiais com uma arma de
recompensa, ele também lhes dava um pano decorado de tecido rígido, que era preso ao
cinto e evitava que a espada batesse em suas pernas enquanto caminhavam.

Quando o imperador começou a recompensar o clero, deu aos bispos apenas este pano,
porque os clérigos não podem portar armas. No início, o epigonation era um acessório
dos bispos, mas com o tempo, os padres também passaram a recebê-lo como um sinal de
honra. Na Igreja grega, os epigramas são dados apenas aos padres que estão autorizados
a ouvir confissões e também aos que têm um diploma universitário. Back in the 17 th
século, na Igreja Russa, apenas arquimandritas de três mosteiros - o Mosteiro da
Santíssima Trindade de São Sérgio, o Mosteiro Chudov de Moscou e o Mosteiro da
Natividade em Vladimir - tinham o direito de usar um epigonation, enquanto outros
podiam receber um epigonation apenas com a bênção do Patriarca ou como um presente
do Czar. Atualmente, é concedido por decreto do Patriarca após cinco anos de uso da
cruz de ouro.

Bispos e alguns presbíteros (que recebem esta


honraria) utilizam ao lado direito do corpo esta
espécie de placa de tecido em formato de losango
ornada com pingentes de franjas e tendo ao
centro uma cruz ou um ícone. Na tradição eslava,
é uma honraria conferida após a cruz peitoral dourada. Dentro da tradição bizantina
indica que o portador tem a bênção para ouvir confissões. É um símbolo que nos mostra
sacerdote como um guerreiro espiritual, portador da Espada do Espírito (Cf. Ef 6:17) que
é o Santo Evangelho. Enquanto cinge-se, o sacerdote diz:

“Cinge a tua espada à cintura, ó poderoso, na tua beleza e na tua bondade, avança,
prospera e reina pela causa da verdade, da mansidão e da justiça. A tua destra te guiará
maravilhosamente, em todo tempo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.” (Sl
45:4-5)

14. SAKKOS e OMOFÓRION (Vestes Episcopais)


Diferentemente dos presbíteros, os bispos
geralmente usam o Sakkos em vez do Felônio.
Esta vestimenta era concedida aos altos
dignitários do Império Bizantino por isso, tornou-
se vestimenta episcopal. Ao vestir o bispo, o
diácono diz:

“Teus pontífices, Senhor, se revestem de justiça, e


Teus Santos exultam de alegria, em todo tempo,
agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém.” (Sl. 132:9)

Ao colocar o Omophórion sobre os ombros do


bispo, o diácono diz:

“Sobre Teus ombros, ó Cristo, tomaste


nossa natureza desgarrada, subindo ao
Céu, Tu a conduziste a Teu divino Pai.
O Senhor fez um juramento e não se
arrependerá: tu és sacerdote para
sempre segundo a ordem de
Melquisedec, em todo tempo, agora e
sempre e pelos séculos dos séculos. Pequeno Grande
Amém.” (Is 53:4-5; At 1:9; Sl 110:4/ Hb 5:6) Omophórion Omophórion

15. ENCOLPIA, ENGOLPIA ou ENKOLPIA (Medalhões)

Trata-se de um medalhão de material semelhante às cruzes peitorais, geralmente


ornada com pedrarias, trazendo ao centro algum ícone. Assim como as cruzes, há
regras de quantidade de acordo com o título e ofício celebrado. Assim, é comum
encontrarmos um bispo não paramentado portando um Enkolpion, geralmente
com o ícone da Theotokos (Panaghia), no caso de Arcebispos e Metropolitas,
portam além do Enkolpion uma Cruz Peitoral, chefes de Igrejas como os
Patriarcas usam a cruz peitoral e dois enkolpia. Estando para mentado, o bispo
utiliza a cruz e um enkolpion, exceto os chefes de Igreja que continuam a usar as
três insígnias.

Ao colocar sobre o bispo, o diácono diz:

1º Enkolpion

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim


um espírito reto, em todo tempo, agora e sempre e pelos
séculos dos séculos. Amém.” (Sl 51:12)

2º Enkolpion

“De meu coração brotou


uma excelente palavra; e
digo: minha obra é para o
Rei. Minha língua é a pena

de um ágil escriba. Tu és belo, o mais belo Filho do


Homem, em todo tempo, agora e sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém.” (Sl 45:2-3).

16. MITRA (Coroa)

A mitra é uma espécie de coroa litúrgica, tradicionalmente associada ao traje dos bispos,
mas que também pode ser concedida aos presbíteros. Apesar do costume aparentemente
antigo de usar a mitra, esta coroa apareceu bem tarde, não antes do ano 1000 d.C. As
primeiras pessoas a usarem coroas litúrgicas especiais, mais tarde chamadas de mitras,
foram os papas de Roma e Alexandria. Na verdade, a mitra era uma coroa imperial, que

Mitra
só poderia ser usada por um imperador bizantino. Com o tempo, desejando honrar a
hierarquia eclesiástica, os imperadores começaram a conceder o uso de seus trajes reais
ao Patriarca de Constantinopla. Destes, os sakkos imperiais e a coroa de mitra são
particularmente notáveis. Por muito tempo, apenas o Patriarca de Constantinopla podia
usar tanto o sakkos quanto uma mitra, ao passo que outros metropolitas e bispos vestiam
felônio e sem mitras. Aos poucos, outros bispos também foram autorizados a receber
mitras. No entanto, só poderiam usá-la em sua própria diocese e não na presença do
Patriarca.

Ao contrário da Igreja Russa, onde a mitra é usada por arquimandritas e padres casados
ilustres, no Oriente grego, ainda é uma característica exclusiva dos bispos. A Czarina
Catarina II († 1796) concedeu pela primeira vez uma mitra ao seu conselheiro espiritual,
um padre casado, em 1786. De acordo com as diretrizes atuais, na Igreja Russa, a mitra é
concedida por decreto do Patriarca a um padre que serviu por pelo menos quarenta anos
(por monges, o equivalente a este prêmio é a elevação ao posto de arquimandrita).

Ainda assim, há uma diferença entre as mitras dos bispos e dos padres que a recebem.
Notem na imagem ao lado que a Mitra dos Bispos possui uma cruz no topo, enquanto a
dos padres não.

Na Paramentação do bispo, o diácono diz:

“O Senhor colocou-te na cabeça uma coroa de pedras preciosas. Tu lhe pediste a vida e Ele
te concedeu, em todo tempo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém."(Sl 20:4-5)

17. DIKIRI e TRIKIRI

“Que assim brilhe Tua Luz diante dos homens,


a fim de que, vendo Tuas boas obras, eles
glorifiquem Teu Pai que está nos céus, em
todo tempo, agora e sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém.” (Mt 5:16)

18. PATERITSA ou ZHEZLO (Báculo)


Cajado utilizado pelos bispos como sinal de seu
pastoreio.
“Cetro de retidão, o cetro do Teu Reino. Tu amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso
Deus, teu Deus, ungiu-te com o óleo da alegria, em todo tempo, agora e sempre e pelos
séculos dos séculos. Amém.” (Sl 44:7-8).

19. Mantyias/Mandias (Manto)


PREPARAÇÃO DOS DONS EUCARÍSTICOS

Mais de uma hora antes dos paroquianos chegarem e iniciarem o Serviço de Liturgia
Divina, o padre chega à igreja e começa a se preparar para a celebração da Liturgia
Divina. O ofício de preparação (em grego chamado de proskomidi ou prothesis) é a
celebração litúrgica que envolve o preparo do pão e vinho para seu uso na Liturgia
Divina.

Originário do século VIII, o serviço em sua forma


atual provavelmente data do século XIV.
Originalmente realizado por diáconos, hoje o serviço
é normalmente feito por um presbítero que pode ser
assistido por um diácono durante o Orthros ou
Matinas que precede a Liturgia. Além da preparação
do pão e vinho para uso na Eucaristia, a Protési,
como é chamada por aqui, também é um ofício de
lembrança e intercessão: muitos dos santos são
comemorados, desde os profetas do Antigo
Prósfora – Pão especialmente Testamento até os apóstolos, de bispos a mártires, de
preparado para a Eucaristia. monges e monjas a taumaturgos (milagreiros); e
orações de
intercessão são oferecidas para os membros da
congregação local e outros que estão doentes e
sofrendo, bem como para os cristãos que "morreram 2
na esperança de ressurreição para a vida eterna",
como diz a oração.
3

Depois de vestir e lavar as mãos, o padre segue para a


mesa de oblação, que fica à esquerda do Altar
Sagrado. Enquanto prepara os vasos necessários, o 1
padre diz:
4
“Tu nos resgataste da maldição da Lei pelo Teu 5
precioso Sangue. (Gl 3:13) Tendo sido pregado na
Cruz e trespassado pela lança, tornaste-Te, para o homem, a fonte de imortalidade. Ó
Salvador nosso, glória a Ti!”

1. Patena (diskos), 7
2. Cálice (poterion),
3. Estrela (asterisco),
4. Lança (longhi),
5. Colher (lavis), 6
6. Véus (kalimmata),
7. Frascos de vinho e água
REFERÊNCIAS

KRANTZ, Robert. Guide to the Divine Liturgy. Ellinas Multimedia: Irvine, 2011.

Ukrainian Orthodox Word. Vol. LXII Issue XI-XII, Nov-Dez, 2012. Disponível em:
<https://uocofusa.org/files/publications/UOW/2012/UOW-2012_XI-XII.pdf> Acesso em:
07 jun. 21.

EPARQUIA ORTODOXA DO RIO DE JANEIRO E OLINDA-RECIFE. Instruções ao


Catecúmeno II. In: Boletim Interparoquial. Nov. 2001, pp. 4-12. Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/1OCpVe5ZE8lLPfRWMuxr3LYe__qvOgfBF/view?
usp=sharing> Acesso em: 07 jul. 21.

HIEROMONGE LUCAS, Reverendo. A Igreja Ortodoxa da Polônia e sua Tradição


Litúrgica. In: Boletim Interparoquial, mar. 2003 pp. 4-19. Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/1OCpVe5ZE8lLPfRWMuxr3LYe__qvOgfBF/view?
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PECK, Fr. John A. Bishop. In: Good Guys wears Black. Disponível em:
<https://goodguyswearblack.org/holy-orders/major-orders/bishop/> Acesso em: 10 jul.
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Sobre a origem do bairro grego moderno.


https://ruvera.ru/articles/proishojdenie_klobuka

ORTHODOXWIKI. Acólito. Disponível em: <https://orthodoxwiki.org/Acolyte> Acesso


em: 10 jul. 21.

ORTHODOXWIKI. Leitor. Disponível em: <https://orthodoxwiki.org/Reader> Acesso


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ORTHODOXWIKI. Paramentos. Disponível em: <https://orthodoxwiki.org/Vestments>


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ORTHODOXWIKI. Batina. Disponível em: <https://orthodoxwiki.org/Cassock> Acesso


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ORTHODOXWIKI. Skufia. Disponível em: < https://orthodoxwiki.org/Skouphos>


Acesso em: 10 jul. 21.

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