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FORMAÇÃO DE CERIMONIÁRIOS DA PARÓQUIA

SÃO VICENTE DE PAULO

PASTORAL DE COROINHAS, ACÓLITOS E


CERIMONIÁRIOS

Pe José Maria Pinheiro


Organizador
PREFÁCIO

Prezados agentes de pastoral,

Esta simples apostila é apenas um pequeno instrumento de formação que vai


lhes auxiliar em sua atividade cotidiana em sua comunidade paroquial.

É mister ter consciência de que ela sem a devida inserção pastoral se tornará
inútil conhecimento, uma vez que, é fazendo a prática que o estudo se
mostrará valioso em todo o seu esplendor.

Por isso, não tenham medo! Permitam-se mover pela força do Espírito do
Senhor que vos chama para a atividade pastoral em sua comunidade, pois é
Ele que “ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo...” ( cf. Jo 14, 26
).

Pe José Maria Pinheiro


Organizador
CAPÍTULO I

SER CERIMONIÁRIO

1.1 - Função geral do Cerimoniário

Com o objetivo de esclarecer dúvidas que provavelmente são


comuns a vários dos nossos leitores, responderemos tal dúvida
publicamente.

1.2 - O que é cerimoniário?

Cerimoniário é um dos ofícios da liturgia no rito romano, assim


como os diáconos, os acólitos, o sacristão, etc. Sua função é fazer
com que a celebração brilhe pelo decoro e ordem, para isso o
cerimoniário deve trabalhar em íntima colaboração com o
sacerdote celebrante e as demais pessoas que tem por função
coordenar as diferentes partes da celebração: o sacristão, o regente
do coro, o coordenador dos acólitos, etc.

O cerimoniário deve ser perfeito conhecedor da liturgia, suas leis e


preceitos, sua história e sua natureza. Deve levar em conta na
preparação e na execução da cerimônia, não apenas sua
organização de forma prática, mas também o aspecto pastoral. Não
deve perder de vista a tradição litúrgica da Igreja universal e os pios
costumes da Igreja particular.

1.3 - Cerimoniário é a mesma coisa que Mestre de Cerimônias?

Não necessariamente. Mestre de Cerimônias é o primeiro dentre os


cerimoniários. Geralmente as dioceses tem um mestre de
cerimônias oficial, mas cada celebração pode ter seu mestre de
cerimônias. No Vaticano, o Mons. Guido Marini é o mestre de
cerimônias litúrgicas pontificais; além dele, existem outros onze
cerimoniários.

1.4 - Quem pode ser cerimoniário?


Atualmente, não há nenhuma restrição acerca de quem possa ser
cerimoniário, basta ser perfeito conhecedor da liturgia e
suficientemente esclarecido acerca da necessidade pastoral. Podem
ser presbíteros, diáconos ou leigos; existem casos até de um
arcebispo desempenhando tal ofício.

1.5 - Quantos devem ser os cerimoniários?

Não existe uma quantidade determinada de cerimoniários, mas


sabe-se que não devem ser muitos, principalmente nas celebrações
paroquiais. Afinal de contas, trata-se de um ministério que tem
como principal função coordenar as diferentes partes da
celebração; e não parece muito eficaz que em uma celebração haja
mais pessoas coordenando do que exercendo outros ministérios.

1.6 - Cerimoniário é Acólito?

Ainda que para muitos a diferença entre um e outro seja clara, cabe
esclarecer a quem veja "cerimoniário" como um nome mais belo
para a função de acólito. Acólitos, ainda que não instituídos, são
todos aqueles que servem ao celebrante e os diáconos na missa; são
os acólitos que exercem as funções de turiferário, naveteiro,
cruciferário, ceriferários, baculífero, mitrífero, librífero, etc.

Os cerimoniários são aqueles que coordenam as celebrações, não


apenas os ministério dos acólitos, mas todas as suas partes.
Apresentam-se, naturalmente, em numero muito inferior ao dos
acólitos e desempenham papéis diferentes deles. Nada impede,
entretanto, que alguém que sirva ordinariamente como acólito,
oficie como cerimoniário nas ocasiões paroquiais mais solenes.

1.7 - O que veste o cerimoniário?


O cerimonial dos bispos diz que o cerimoniário se veste com alva
(pode ser acompanhado por alva e amito) ou com veste talar e
sobrepeliz. Num ou noutro caso, seria conveniente que a veste dos
cerimoniários se distinguissem, ao menos em algum detalhe da
veste dos acólitos.

O cerimonial diz ainda que se quem exerce a função de


cerimoniário for da ordem dos diáconos pode vestir-se da forma
habitual para os diáconos oficiantes, com dalmática. Creio ser um
pouco inapropriada esta vestimenta, pois a função dos diáconos é
distinta da função dos cerimoniários, assim seria muito propício
que se diferenciassem também pelas vestimentas.

Temos, ainda, o costume de, se o mestre de cerimônias é presbítero


(ou, eventualmente, bispo), vista a estola para, junto com o
presbitério e o bispo, confeccionar o crisma ou para o momento de
impor as mãos durante a ordenação presbiteral.

1.8 - Quais as funções do cerimoniário?

A função do cerimoniário deve iniciar-se bem antes da missa,


verificando quais são os próprios da missa, quais partes serão
cantadas, etc. Também é dever dos cerimoniários zelar para que
algum possível livreto produzido para a celebração contenha os
textos litúrgicos corretos e adequados àquela celebração.

Feito isso, combinar as funções com cada um daqueles que exerce


algum ministério na celebração, por exemplo, se vamos usar o rito
de bênção e aspersão de água benta, devemos avisar os acólitos
para preparar a caldeira e o hissopo e os cantores para que cantem
vidi aquam ou algum outro canto adequado para o rito de aspersão.

Nas procissões, não existe um lugar definido para os cerimoniários,


eles devem se dividir ao longo dela a fim de auxiliar na
movimentação de todos os ministros. Podem se colocar à frente do
turiferário, guiando a procissão; um pouco atrás do celebrante,
principalmente se for bispo, para cuidar das insígnias; podem se
colocar à frente do concelebrantes, guiando-os para seus lugares
que são distintos dos outros ministros. Podem ainda auxiliar o
celebrante a subir ou descer os degraus, se for necessário. Podem
atuar ainda na procissão das oferendas e do evangelho.

Os cerimoniários podem auxiliar na incensação, segurando a casula


do celebrante para que não toque no turíbulo. E mesmo que não se
segure a casula, o mestre de cerimônias, junto com o primeiro
diácono acompanha o celebrante na incensação do altar.

Mudam as páginas do missal, tanto quanto o librífero leva o livro


até a cátedra, quanto no altar.

É, também, função do cerimoniário por e retirar as insígnias do


bispo e entregá-las aos acólitos-assistentes.

Não estando o cerimoniário realizando nenhuma outra função,


deve-se ter um ou dois cerimoniários juntos do celebrante para lhe
servir em pequenas funções ou resolver algum imprevisto que surja
durante a celebração.

1.9 - Como deve se portar e cerimoniário?

Os seus movimentos devem ser feitos com gravidade, sem


afetação, evitando falar sem necessidade. Terá o corpo ereto,
direito, cabeça erguida, mas os olhos baixos, para nunca olhar
diretamente para o povo, guardando o espírito tranquilo e sereno.

E assim ele intervirá nas cerimônias não só por causa do


Celebrante, mas, sobretudo, para que o cerimonial seja cumprido
com dignidade em honra de Deus. Por isso, todos devem obedecê-
lo no que diz respeito ao desenrolar das cerimônias.

O Cerimoniário deve velar também pela correção e eliminação dos


abusos, como mandou a então Sagrada Congregação dos Ritos.

Por isso, deve-se promover e aproveitar bem os ensaios, tanto


daqueles que desempenharão alguma função quantos dos próprios
Cerimoniários. É necessário que o Cerimoniário conheça com
segurança cada cerimônia e não só a sua função, mas a de todos os
ministros.

No cumprimento de suas funções o Cerimoniário deve cercar de


atenção a todos e a cada um dos ministros, especialmente o
Celebrante, com o cuidado e respeito que a santidade da casa de
Deus exige. E não proceda atropeladamente, mas guarde sua
cabeça (especialmente os olhos) de toda leviandade nos
movimentos, nem estenda a mão mais do que o decoro o permite.

Em resumo: cumpram suas funções grave, pausada e


decorosamente, sem afetação, com virilidade, de modo a inspirar
nos demais a devoção e o respeito.

1.10 - O que não é função do cerimoniário?

Os cerimoniários não devem tomar as funções dos diáconos ou dos


acólitos. Não devem segurar as pontas do pluvial nas procissões,
preparar o altar, incensar o celebrante ou o povo, purificar os vasos
sagrados, portar o Santíssimo Sacramento, etc.

1.11 - Existe algum manual para o cerimoniário?

Tendo em vista que o cerimoniário deve ser "perfeito conhecedor


da sagrada liturgia", creio que produzir um manual, como se faz
para os coroinhas, para os MECE, pode ser danoso ao exercício
dessa função; embora faremos memória de alguns pontos cruciais
para serem recordados do cotidiano do cerimoniário e dos demais
auxiliares.

Dois grandes documentos sobre liturgia que fornecem um material


muito rico para o estudo litúrgico e são indispensáveis para
qualquer cerimoniário são o Cerimonial dos Bispos e a Introdução
Geral do Missal Romano. Mas o cerimoniário deve buscar outros
documentos no exercício de sua função e manter-se sempre
atualizado.

1.12 - O que o cermoniário deve conhecer?


- A santa missa, com todas as suas partes;
- Os lugares na Igreja;
- Os livros sagrados;
- Os utensílios utilizados na celebração;
- As vestes litúrgicas (os paramentos).

1.13 - Um costume antigo

É costume antigo, presente na forma extraordinária que também se


pode manter na forma ordinária, que tudo que o celebrante pegue,
seja pelas mãos do cerimoniário e que, ao entregar ou beijar o
objeto beije a mão do celebrante e o objeto. Ao entregar um objeto,
beija primeiro o objeto e depois a mão, ao pegar, primeiro a mão e
depois o objeto.

CAPITULO II

FAZENDO MEMÓRIA

2. 1 - LITURGIA, GESTOS E SÍMBOLOS LITÚRGICOS

2.1.1 - O que é liturgia?

A palavra liturgia vem do grego LEITOURGIA onde LEITON =


lugar público e ERGON = obra. A liturgia é o ato público no qual
se expressa o louvor da comunidade, ato composto de gestos pelos
quais buscamos nos aproximar de Deus.

A palavra liturgia vem do grego e significa ação do povo a Deus.

No Antigo Testamento, a palavra liturgia era usada para designar o


culto prestado a Deus pelos Judeus. Porém os primeiros cristãos
não tinham o hábito de usar esta palavra, para que não fossem
confundidos com os Hebreus, mas depois esta palavra se tornou
comum, e hoje ela é usada para designar o culto prestado a Deus
pela Igreja de Jesus Cristo.
Agora que você já sabe o que significa liturgia, deve saber que um
coroinha participa da liturgia, neste caso participa de um culto.

2.1.2 - A história da liturgia

No começo da Igreja a liturgia era simples e com espírito bem


familiar, onde cada família fazia a sua fração do pão e ouvia a
palavra dos apóstolos.

No século IV começaram a escrever o roteiro e as formas padrões,


para darem uma unidade à liturgia cristã. Em meados do século XII,
já estava bastante estruturada a liturgia, com o ano litúrgico, canto
oficial (Gregoriano) e lecionários.

Antigamente toda a liturgia era celebrada em um único dia, mas


perceberam que isso não era muito proveitoso, pois nunca se
conseguia celebrar cada “festa” (Celebração Litúrgica), com a sua
direita atenção, zelo e respeito. Criaram então o Ano Litúrgico.

A partir do século XV, com o crescimento do número de fiéis,


começaram a surgir as grandes catedrais e cada vez mais o povo
ficava distante e participava menos. Isso durou até o século XX
onde se iniciou o movimento litúrgico que teve seu auge no
Concílio Vaticano II, com a constituição Sacrossanctum
Concilium.

2.1.3 - O Culto (ou a Missa)

A Missa é onde ocorre a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus


Cristo, mas de maneira incruenta, ou seja, de forma que Jesus não
sente dor. É a atualização da Paixão.

Por ser o mesmo Sacrifício da Cruz as pessoas recebem os mesmos


frutos e graças que recebemos na Cruz há mais de 2000 anos.

Todas as religiões prestam seus cultos, cada religião tem uma


forma de cultuar o seu deus, para nós cristãos a forma de adoração,
veneração e de dar graças a Deus é encontrada no culto da Santa
Missa.

Para nós, a liturgia é uma forma de glorificar a Deus e Seu Filho,


Jesus Cristo, por meio das celebrações e orações que fazemos na
Igreja.

2.1.4 - O que mais o cerimoniário deve saber sobre a liturgia?

A Liturgia inclui dois elementos: o divino e o humano. Ela nos leva


ao encontro pessoal com Deus, tendo como Mediador o próprio
Cristo, que, nascido de Maria, reúne em Si a Divindade e a
Humanidade.

"A Liturgia, como exercício do sacerdócio de Jesus Cristo, tem


duas dimensões fundamentais: a glorificação de Deus e a
santificação da humanidade. Trata-se de duas dimensões e não de
dois tempos ou duas atividades estanques. A comunidade que
celebra tem o compromisso de evangelizar o mundo." ( Cf. Doc.43
)

2.2 - GESTOS CORPORAIS

A religião assume o homem todo, como ele é: corpo e alma. A


Graça não destrói a natureza humana, mas a completa e aperfeiçoa.
Por isso, rezamos com o corpo também, dizendo palavras e fazendo
gestos. A Missa é o louvor visível do Povo de Deus. Vejamos o
significado dos gestos.

» AS MÃOS JUNTAS: Significam recolhimento interior, busca


de Deus, fé súplica, confiança e entrega da vida.

» SENTADOS: Durante o tempo que se permanece sentado as


mãos do cerimoniário ( se é que isto é possível na Missa ) deve
estar sempre sobre o colo e com o tronco bem reto. Esta posição
simboliza escuta, diálogo, de quem medita e reflete. Na liturgia,
esta posição cabe principalmente ao se ouvir as leituras (salvo a
leitura do Evangelho), na hora da homilia e quando a pessoa está
concentrada, meditando.

» A VÊNIA: É uma inclinação. Feita sempre diante do altar e de


autoridades eclesiásticas. É uma demonstração de respeito,
reverência. Faz-se a vênia também durante alguns momentos da
celebração da Santa Missa quando se é proclamado o nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Maria, do Espírito Santo ou
da Santíssima Trindade e após a Proclamação do Evangelho,
quando se é erguida a Palavra.

» A GENUFLEXÃO: Faz-se dobrando o joelho direito até o solo.


Significa adoração. Feita sempre diante do Santíssimo Sacramento.
Deve ser feita também ao entrar na Igreja ( quando o sacrário
estiver no presbitério ).

» PROSTAÇÃO: Significa estender-se no chão; expressa


profundo sentimento de indignidade, humildade, e também de
súplica. Gesto previsto na Sexta-feira santa, no início da celebração
da Paixão. Também os que vão ser ordenados diáconos e
presbíteros se prostram.

» DE JOELHOS: De início, o cristão ajoelhava-se somente nas


orações particulares. Depois toda a comunidade passou a ajoelhar-
se em tempo de penitência. Agora essa posição é comum diante do
Santíssimo Sacramento e durante a consagração do pão e do vinho.
Significa adoração a Deus.
» DE PÉ: É a posição do Cristo Ressuscitado, atitude de quem está
pronto para obedecer, pronto para partir. Demonstra prontidão para
por em prática os ensinamentos de Jesus.

» BATER NO PEITO: é expressão de dor e arrependimento dos


pecados. Este gesto ocorre na oração Confesso a Deus todo
poderoso...

» SILÊNCIO: atitude indispensável nas celebrações litúrgicas.


Indica respeito, atenção, meditação, desejo de ouvir e aprofundar a
palavra de Deus. Na celebração eucarística, se prevê um instante
de silêncio no ato penitencial e após o convite à oração inicial, após
uma leitura ou após a homilia. Depois da comunhão, todos são
convidados a observar o silêncio sagrado.

» CAMINHAR EM PROCISSÃO: é atitude de quem não tem


moradia fixa neste mundo, não se acomoda, mas se sente peregrino
e caminha na direção dos irmãos e irmãs, principalmente mais
empobrecidos e marginalizados. Existem algumas procissões que
se realizam fora da Igreja, por exemplo, na solenidade de Corpus
Christi e no Domingo de Ramos, na festa do padroeiro e outras
pequenas procissões que se fazem no interior da Igreja: a procissão
de entrada, a das ofertas e a da comunhão. A procissão do
Evangelho é muito significativa e se usa geralmente nas
celebrações mais solenes.

2.3 - SÍMBOLOS LITÚRGICOS

O ser humano é, a mesmo tempo, corporal e espiritual. É matéria e


espírito. Sua percepção, pois, das realidades espirituais depende de
imagens e de símbolos, e sua comunicação só é plenamente
objetiva na linha de comunhão.

Em todas as civilizações e culturas e em todos os momentos da


história, esse dado antropológico é registrado, sem discussões. O
homem percebe as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa
das coisas e se situa - ele próprio - no mundo do mistério.

Tendo consciência de sua realidade transcendente, o homem busca,


pois, a comunhão no mistério, que se dá sobretudo na linguagem
silenciosa dos símbolos.

De fato, os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma


realidade que os transcende, invisível. Falam sempre a linguagem
do mistério, apontando para além deles próprios. Por aqui pode-se
perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta linguagem
misteriosa dos símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o
mistério que se celebra, pois o mistério é para ser vivido, mais
portanto que ser explicado. A finalidade dos símbolos é adornar, na
linguagem simples das coisas criadas, a expressão profunda do
mistério, que é invisível.

Todo símbolo litúrgico deve, pois, mergulhar-nos na grandeza do


mistério, sem reduzir este, e sem banalizá-lo, e, como símbolo,
deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua
principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar-nos
aquela verdade inefável, que brota do mistério de Deus e que,
portanto, não se pode comunicar com palavras.

Na participação litúrgica devemos passar da visibilidade do


símbolo, isto é, de seu sentido imediato, de significante, para a sua
dimensão mistérica, invisível, atingindo o significado, que é o
objetivo final de toda realidade simbólica. Se o símbolo não nos
leva a essa passagem para um nível superior de crescimento
espiritual, ou ele já não tem mais força expressiva, simbólica, ou
somos nós que falhamos na nossa maneira de participar da liturgia.

Um exemplo de perda de significação simbólica, podemos citar a


batina dos padres, ou o uso do véu na Igreja pelas mulheres. Insistir,
em nossa cultura, no uso de tais símbolos litúrgicos, seria forçar
uma prática já inexpressiva e que até causaria espanto em muitas
cabeças, para não dizer em toda a assembléia.
Na liturgia - saibamos - tudo, pois, é simbólico. E a liturgia é
descrita como ação simbólica, no sentido mais pleno. Desde a
assembléia reunida até a pequenina chama da vela que arde, tudo é
expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério de
Deus. Na compreensão desse dado litúrgico está a beleza de todo
ato celebrativo, e de sua consciência brota já a alegria pascal, como
antecipação sacramental das alegrias futuras, definitivas e eternas.

Vejamos então algumas noções dos símbolos e procuremos


descobrir sua ministerialidade na liturgia.

» ALFA E ÔMEGA:( A / Ω ): Primeira e última letra do alfabeto


grego. No Cristianismo aplicam-se a Cristo, princípio e fim de
todas as coisas ( cf. Ap 22, 13 ).
» IHS: Iniciais das palavras latinas Iesus Hominum Salvator, que
significam: Jesus Salvador dos homens. Empregam-se sempre em
paramentos litúrgicos, em portas de sacrário e nas hóstias. No Final
da Idade média, IHS se converteu em um símbolo, assim como o
chi-rho durante o período Constantino. IHS se converteu em
característica iconográfica adaptada por São Vicente Ferrer e por
São Bernardino de Siena, Santo missionário, que ao final de seus
sermões acostumava exibir devotamente este monograma em sua
audiência.

» INRI: São as iniciais das palavras latinas Iesus Nazarenus Rex


Iudaeorum, que querem dizer: Jesus Nazareno Rei dos Judeus,
mandadas colocar por Pilatos na crucifixão de Jesus.

» TRIANGULO: Com seus três ângulos iguais (equilátero), o


triângulo simboliza a Santíssima Trindade. É um símbolo não
muito conhecido.

» PX: Estas letras, do alfabeto grego, correspondem em português


a C e R. Unidas, formam as iniciais da palavra CRISTÓS (Cristo).
Esta significação simbólica é, porém, ignorada por muitos.

» Pax: É o termo em latim para “paz” que está muitas vezes


associado com a história do Natal.

» IX: Este é um monograma antigo, raramente visto nas igrejas de


hoje. Ele é formado por duas letras gregas. A letra “I”, primeira
letra do nome Jesus (IHCOYC), e o “X”, a primeira letra no nome
Cristo (XPICTOC).

» Ecce Agnus Dei: Expressão em língua latina que significa “eis o


Cordeiro de Deus”. Esta frase foi dita por João Batista ao avistar a
Jesus enquanto estava batizando do outro lado do Jordão. Ela é
usada para marcar a Epifania, ou seja, a manifestação de Jesus
como o Messias (cf. Jo 1, 29-31).
2.4 - SÍMBOLOS LITÚRGICOS LIGADOS À NATUREZA

» A ÁGUA: A água simboliza a vida (remete-nos sobretudo ao


nosso batismo, onde renascemos para uma vida nova). Pode
simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o
pecado). Ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos
ritos do Batismo, do "lavabo" e do "asperges", este em sentido
duplo: na missa, como rito penitencial, e na Vigília do Sábado
Santo, como memória pascal de nosso Batismo.

» O FOGO: O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica.
Está presente na liturgia da Vigília Pascal do Sábado Santo e nas
incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode
multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão simbólica.
É símbolo sobretudo da ação do Espírito Santo e do próprio Deus,
como fogo devorador.

» A LUZ: A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano


natural é necessária à vida, como a luz do sol. Ela mostra o caminho
ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz. Como
o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina
chama pode estender-se a um número infinito de chamas e destruir,
assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais
expressivo do Cristo Vivo, como no Círio Pascal. A luz é, pois, a
expressão mais viva da ressurreição.

» O PÃO E O VINHO: Símbolos do alimento humano. Trigo


moído e uva espremida, sinais do sacrifício da natureza, em favor
dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu
próprio sacrifício redentor. Pão de cevada e vinho eram alimentos
comuns no tempo de Jesus; todo pobre tinha-os em sua mesa.

» O ÓLEO: Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do


Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente nos sacramentos do
Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos.

Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui


vemos que o objeto além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer
uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. A unção com o óleo
atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de
reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a
unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is
61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o
Ungido, por excelência.

» AS CINZAS: As cinzas, principalmente na celebração da


Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de penitência, de
humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas
estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal.
Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo
de Ramos do ano anterior, geralmente queimada na Quaresma, para
o rito quaresmal das cinzas.

CAPÍTULO III

OBJETOS E PARAMENTOS LITURGICOS

3.1 - Objetos Litúrgicos

» AMBULA, CIBÓRIO OU PÍXIDE: É um vaso sagrado


parecido com o cálice, porém contém algumas diferenças. Sua copa
é mais larga e fechada com uma tampinha acimada de cruzinha.
Como o cálice, sua copa deve ser de ouro ou de prata dourada em
seu interior. É usado para a conservação das Sagradas Reservas
Eucarísticas para a ocasião da comunhão dos fieis no santo
sacrifício da missa.

» ALFAIAS: Designam todos os objetos utilizados no culto, como


por exemplo, os paramentos litúrgicos.

» ALTAR: Mesa onde se realiza a ceia Eucarística; ela representa


o próprio Jesus na Liturgia.

» AMBÃO OU MESA DA PALAVRA: Estante onde é


proclamada a palavra de Deus.
» ANDOR: Suporte de madeira, enfeitado com flores. Utilizados
para levar os santos nas procissões.

» BACIA E JARRA: A bacia serve para conter a água usada pelo


sacerdote após ter lavado suas mãos no rito do lavabo. A jarra
contém a água necessária para o rito. Lembra - nos da santidade e
pureza com que se deve oferecer o augusto mistério, segundo
exprimem o salmo 25, 6: " Lavo minhas mãos em sinal de
inocência, para andar em torno de Teu altar ó Senhor." O gesto de
lavar as mãos é apenas daquele que preside a Santa Missa.

» BÁCULO: Bastão utilizado pelos bispos. Significa que ele está


em lugar do Cristo Pastor.

» BATISTÉRIO: O mesmo que pia batismal. É onde acontecem


os batizados.

» BURSA: Bolsa quadrangular para colocar o corporal.

» CÁLICE: Taça onde se coloca o vinho que vai ser consagrado

» CANDELABRO: Grande castiçal, com várias ramificações, a


cada uma das quais corresponde um foco de luz.

» CASTIÇAIS: Suportes para as velas.

» CADEIRA DO CELEBRANTE: Cadeira no centro do


presbitério que manifesta a função de presidir o culto.

» CALDEIRINHA E ASPERSÓRIO: A caldeirinha é um


pequeno vaso portátil, usado para se colocar a água benta para a
aspersão. Já o aspersório é uma pequena haste com o qual o
sacerdote asperge a assembleia ou objetos. Na sagrada liturgia são
inseparáveis.

» CÍRIO PASCAL: Uma vela grande onde se pode ler ALFA e


ÔMEGA (Cristo: começo e fim) e o ano em curso. Tem CRAVOS
que representam as cinco chagas de Cristo. Usado na Vigília
Pascal, durante o Tempo Pascal, e durante o ano nos batizados.
Simboliza o Cristo, luz do mundo.

» COLHERINHA: Usada para colocar a gota de água no vinho e


para colocar o incenso no turíbulo.

» CONOPEU: Cortina colocada na frente do sacrário.

» CORPORAL: Pano quadrangular que o padre desdobra sobre o


altar; sobre ele é colocado o cálice, a patena e a âmbula para a
consagração.

» CUSTÓDIA OU LUNETA: Objeto em forma de meia-lua


utilizado para fixar a hóstia grande dentro do ostensório.

» CREDÊNCIA: Mesinha ao lado do altar, utilizada para colocar


os objetos do culto.

» CRUCIFIXO: Fica sobre o altar ou acima dele, lembra a Ceia


do Senhor é inseparável do seu Sacrifício Redentor.

» CRUZ PROCESSIONAL: Cruz com um cabo maior utilizada


nas procissões.

» CRUZ PEITORAL: Crucifixo dos bispos.

» EVANGELIÁRIO: É o livro que contém os texto do evangelho


para as celebrações dominicais e para as grandes solenidades.

» GALHETAS: Recipientes de vidro onde se coloca a água e o


vinho para serem usados na Celebração Eucarística. Ficam no
pratinho.

» GENUFLEXÓRIO: Faz parte dos bancos da Igreja. Sua única


finalidade é ajudar o povo na hora de ajoelhar-se.
» HÓSTIA: Pão Eucarístico. A palavra significa "vítima que será
sacrificada”. A hóstia magna, maior, é destinada à comunhão do
sacerdote. A menor, chamada partícula é destinada a comunhão dos
fiéis.

» INCENSO: Resina de aroma suave. Produz uma fumaça que


sobe aos céus, simbolizando as nossas preces e orações à Deus.

» LAMPARINA: É a lâmpada do Santíssimo.

» LAVATÓRIO: Pia da Sacristia. Nela há toalha e sabonete para


que o sacerdote, ministros, coroinhas ( Equipe litúrgica ) possam
lavar as mãos antes e depois da celebração.

» LIVROS LITÚRGICOS: Todos os livros que auxiliam na


liturgia: lecionário, missal, rituais, pontifical, gradual...

» LECIONÁRIOS: Livros que contém as leituras da Missa.


Lecionário Semanal, contém as leituras dos dias de semana, a
primeira leitura e o salmo responsorial estão classificados por ano
par e ímpar, o evangelho é sempre o mesmo para os dois anos.
Lecionário santoral, contém as leituras para as celebrações dos
santos, nele também constam as leituras para uso na administração
de sacramentos e para diversas circunstâncias. Lecionário
dominical contém as leituras do Domingo e de algumas
solenidades e festas.

» MANUSTÉRGIO: Toalha com que o sacerdote purifica as


mãos, no rito do lavabo, após ter apresentado e incensado as
substâncias litúrgicas, pão e vinho, para o santo sacrifício da missa.

» MATRACA: Instrumento de madeira firmado por tabuinhas


movediças que produz um barulho surdo. Substitui os sinos durante
a semana santa.

» MISSAL: Livro Litúrgico que contém todo o formulário e todas


as orações usadas nas celebrações da missa para todo o ano
litúrgico.
» NAVETA: Objeto utilizado para se colocar o incenso, antes de
queimá-lo no turíbulo.

» OSTENSÓRIO ou CUSTÓDIA: É um objeto de ourivesaria


destinado a expor o Santíssimo Sacramento à adoração dos fieis ou
para levá-lo em procissão. De grande dimensão e magnificência; é
uma espécie de sol dourado, cercado de raios em cujo centro esta
em toda Sua glória e majestade o Santíssimo Senhor Jesus.

» PALA: Paninho sagrado, fixo sobre o papelão, servindo para


cobrir o cálice durante o santo sacrifício da missa.

» PALIUM: Cobertura com franja, apoiada em quatro varas, que


cobre o ministro que leva o ostensório com a hóstia consagrada.

» PATENA: Prato onde são colocadas as hóstias para a


consagração.

» PRATINHO: Recipiente que sustenta as galhetas.


» PRESBITÉRIO: Espaço reservado ao sacerdote e aos ministros
do altar , fica ao redor do altar, geralmente um pouco mais elevado,
onde se realizam os sacramentos da santa Igreja de Cristo Deus.

» RELICÁRIO: Onde são guardadas as relíquias dos santos.

» SACRAMENTÁRIO: É o livro utilizado para orientar os


sacerdotes nos rituais de celebração dos sacramentos (batismo,
crisma, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimônio).

» SACRÁRIO OU TABERNÁCULO: É uma espécie de armário,


colocado no altar, no qual se conservam as ambulas com o
Santíssimo Corpo de Jesus Sacramentado. Coberto com seu devido
conopeu.

» SANGUÍNEO, SANGUINHO OU PURIFICATÓRIO:


Pequeno pano de forma retangular utilizado para o celebrante
enxugar a boca, os dedos e o interior do cálice, após a consagração.
» SANTA RESERVA: Eucaristia guardada no sacrário.

» SINETA: Conjunto de sinos em um mesmo objeto, utilizado nas


celebrações para marcar momentos importantes da missa,
principalmente aquele correspondente à consagração do pão e do
vinho, que se transformam no corpo e sangue de Jesus.

» TECA: Pequeno recipiente onde se leva a comunhão para


pessoas impossibilitadas de ir à Missa.

» TURÍBULO: É um vaso de metal suspenso de correntes


delgadas empregadas para se queimar e oferecer incenso nas
celebrações litúrgicas.

» VÉU DA AMBULA: Capinha de seda branca que cobre a


ambula quando esta contém a hóstia consagrada. É sinal de respeito
para com a Eucaristia.
3.2 - PARAMENTOS LITÚRGICOS

» ALVA: É uma túnica de linho ampla, caindo sobre os calcanhares


como a batina e adornada com bordados mais ou menos ricos. Essa
parte do vestuário é símbolo da "inocência".

» AMITO: É um pano quadrado, servindo para cobrir o pescoço e


os ombros. O amito é uma proteção e simboliza o "capacete da
salvação".

» BATINA OU HÁBITO: Veste talar dos abades, padres e


religiosos, cujo uso diário é aconselhado pelo Vaticano. Alguns
sacerdotes fazem o uso do Clerical como meio de identificação,
sendo esta uma peça única de vestuário, ou seja, um colarinho
circular que envolve o pescoço com uma pequena faixa branca
central.

» CASULA: É o último paramento que o sacerdote usa, por cima


de todas as outras. Tem, geralmente, atrás, uma grande Cruz ou o
símbolo IHS. Casula, em latim, significa "pequena casa". Recorda
a túnica inconsútil de Nosso Senhor, tecida, segundo a tradição, por
Nossa Senhora. No Calvário, os soldados não quiseram retalhá-la,
mas sortearam-na entre si. Simboliza o "suave jugo da Lei de Deus"
que devemos levar, e que se torna leve para as almas generosas. Ao
vesti-la, o sacerdote reza: "Ó Senhor, que dissestes: ' o meu jugo é
suave e o meu fardo é leve' (Mt 11, 30); fazei que eu possa levar a
minha cruz de tal modo que possa merecer a vossa graça".

» CAPA OU PLUVIAL: Capa longa, que o sacerdote usa ao dar a


bênção do Santíssimo Sacramento ou ao conduzi-lo nas procissões
eucarísticas.

» CÍNGULO: É um cordão branco ou da cor dos paramentos, com


que o sacerdote se cinge à cintura. Os antigos o usavam para maior
comodidade, a fim de que a alva, comprida, não os estorvasse nos
trabalhos ou nas longas caminhadas. Recorda as cordas com que
Jesus foi atado pelos algozes. Ao cingir-se com o cíngulo, o
sacerdote reza: "Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza e
extingui em meu coração o fogo da concupiscência, para que
floresça em meu coração a virtude da caridade". É sinal de
castidade.

» DALMÁTICA: Veste própria do Diácono. É colocada sobre a


alva e a estola.

» ESTOLA: A estola ( do latim stola, vestuário ). Desde o século


IV, tornou-se adorno que se põe nos ombros, caindo na frente, em
duas partes semelhantes. A estola é feita do mesmo tecido da casula

» MITRA: Espécie de chapéu alto com duas pontas na parte


superior e duas tiras da mesma tela que caem sobre os ombros,
utilizada pelo bispo.

» OPA: Roupa usada pelos ministros extraordinários da eucaristia.

» SOLIDÉU: Peça de tela em forma arredondada e côncava que


cobre a coroa da cabeça do bispo.
» TÚNICA: O mesmo que alva, com uma diferença, tem o colar
mais apertado, conforme o pescoço do ministro.

» VÉU UMERAL OU VÉU DE OMBRO: Manto retangular, de


cor dourada, usado pelo sacerdote na bênção solene do Santíssimo
Sacramento. Usada sobre a capa.

CAÍTULO IV

O ANO LITÚRGICO E AS CORES LITÚRGICAS

4.1 - ANO LITÚRGICO


No decorrer do ano, a Santa Igreja comemora em dias determinados
a obra salvífica de Cristo.

Cada semana, no dia chamado Domingo (dia do Senhor), ela


recorda a ressurreição do Senhor, que celebra também, uma vez por
ano, com a bem aventurada Paixão na solenidade máxima da
Páscoa.

Durante o ciclo anual desenvolve-se todo o mistério de Cristo e


comemoram-se os aniversários dos Santos. Ao centro de uma
grande mesa com doze pães e um cálice. Lembra a última Ceia de
Jesus com os o doze Apóstolos. Ao fundo sobressai uma cruz.

Mesa e cruz: é a Missa renovação da Ceia e do mistério da cruz que


nos trouxe a nova vida pela morte e ressurreição do Senhor.

O Altar é por excelência o lugar onde se renova o mistério da


presença de Cristo no Tempo, e esta se manifesta
progressivamente.

Sua entrada no mundo é preparada durante séculos de ansiosa


expectativa: o Advento, realizando-se no Natal e manifestando-se
na Epifania e no Batismo do Senhor. Segue-se um período de
vivência dos mistérios celebrados no ciclo do Natal (Tempo
Comum) e entramos no período de quarenta dias - a Quaresma –
vividos em penitência em oração como preparação como maior
evento da história da salvação. “Como Cristo realizou a obra da
Redenção humana e da perfeita glorificação de Deus,
principalmente pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu
a nossa morte e ressuscitando renovou a vida, o sagrado Tríduo
Pascal (Ceia, Paixão e Morte, Vigília Pascal) resplandece como
ápice de todo o ano litúrgico” (Sacrosanctum Concilium nº5),
culminando na maior de todas as solenidades: a Páscoa da
Ressurreição.

Os Cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o de


Pentecostes são celebrados com alegria e exultação como se fossem
um só dia de festa com seis oitavas, ou melhor, como um único
longo Domingo.

Além do Ciclo do Natal e do Ciclo da Páscoa, sobram trinta e três


ou trinta e quatro semanas no ciclo anual em que não se celebra
nenhum aspecto peculiar do mistério de Cristo; antes se comemora,
na sua plenitude, esse mesmo mistério de Cristo, de modo especial
aos Domingos.

Este mesmo período designa-se Tempo Comum ou Ordinário.


Assim cada dia do ano está enquadrado no plano divino, é um
instante da eternidade que deixa um sinal (o dia ) no Tempo, o que
permite dizer-se que cada Domingo (dies Domini = Dia do Senhor)
é uma Páscoa Semanal.
Na periferia do ciclo litúrgico, “as festas dos santos proclamam as
maravilhas de Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis oportunos
exemplos a serem ilimitados” (SC nº11), sobressaindo as festas da
Virgem Mãe de Deus, e a seguir , as dos Apóstolos e Evangelistas,
dos Mártires, Pastores, Doutores, Virgens, Santos e Santas.

Veja mais abaixo mais informações sobre ano litúrgico (os dias, o
Domingo, as solenidades, festas e memórias e algo mais detalhado
sobre o Ciclo anual com os Tempos fortes do ano litúrgico: OS
DIAS LITÚRGICOS

4.1.1 - O dia litúrgico em geral

Todos os dias são santificados pelas celebrações litúrgicas do Povo


de Deus, principalmente pelo Sacrifício Eucarístico e pelo Ofício
Divino. O dia litúrgico se estende de meia-noite a meia-noite.

A celebração do Domingo e das solenidades, porém, começa com


as vésperas do dia precedente.

4.1.2 - O Domingo
No primeiro dia de cada semana, que é chamado dia do Senhor ou
Domingo, a Igreja, por tradição apostólica que tem origem no
próprio dia da Ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal.

Por isso, o Domingo deve ser tido como o principal dia de festa.
Por causa de sua especial importância, o Domingo só cede sua
celebração às solenidades e festas do Senhor.

4.1.3 - As solenidades, festas e memórias

No ciclo anual, a Igreja, celebrando o mistério de Cristo, venera


também com particular amor a Santa Virgem Maria, Mãe de Deus,
e propõe à piedade dos fiéis as memórias dos santos Mártires e
outros Santos.
As celebrações, que se distinguem segundo sua importância, são
denominadas: solenidade, festa e memória.

As solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja


celebração começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas.

Algumas solenidades são também enriquecidas com uma Missa


própria para a Vigília, que deve ser usada na Véspera quando
houver Missa vespertina.

A celebração das duas maiores solenidades, Páscoa e Natal,


prolonga-se por oito dias seguidos. Ambas as Oitavas são regidas
por leis próprias.

4.2 - O CICLO ANUAL

Através do ciclo anual a Igreja comemora todo o mistério de Cristo,


da encarnação ao dia de Pentecostes e à vinda do Senhor.

4.2.1 - O Tríduo pascal

O sagrado Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor


resplandece como ápice de todo o ano litúrgico. Ele começa com a
Missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília
Pascal e encerra-se com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.

Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, observe-se por toda a parte o


sagrado jejum pascal. E, onde for oportuno, também no Sábado
Santo até a Vigília pascal.

A Vigília pascal, na noite santa em que o Senhor ressuscitou, seja


considerada a “mãe de todas as vigílias”, na qual a Igreja espera,
velando, a Ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos.

Portanto, toda a celebração desta sagrada vigília deve realizar-se à


noite, de tal modo que comece depois do anoitecer ou termine antes
da aurora do Domingo.
4.2.2 - Tempo pascal

Os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo


de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se
fossem um só dia de festa, ou melhor, “como um grande
Domingo”.

É principalmente nesses dias que se canta o Aleluia. O Domingo


de pentecostes encerra este Tempo sagrado de cinquenta dias. Os
oito primeiros dias do Tempo pascal formam a oitava da Páscoa e
são celebrados como solenidades do Senhor.

No quadragésimo dia depois da Páscoa celebra-se a Ascensão do


Senhor.

4.2.3 - Quaresma

O Tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a


liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério
pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação
cristã, como os fiéis, pela comemoração do batismo e penitência.

O Tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa


na Ceia do Senhor exclusive. Do início da Quaresma até a Vigília
pascal não se diz o Aleluia. Na Quarta-feira de abertura da
Quaresma, que é por toda a parte dia de jejum, faz-se a imposição
das cinzas. Os Domingos deste Tempo são 1º, 2º, 3º, 4º e 5º
Domingos da Quaresma. O 6º Domingo, com qual se inicia a
Semana Santa, é chamado “Domingo de Ramos e da Paixão do
Senhor”.

A Semana Santa visa recordar a Paixão de Cristo, desde sua entrada


messiânica em Jerusalém. Pela manhã da Quinta-feira da Semana
Santa, o Bispo, presidindo a Missa concelebrada com seu
presbitério, benze os santos óleos e consagra o crisma.

4.2.4 - Natal

A Igreja nada considera mais venerável, após a celebração anual do


mistério da Páscoa, do que comemorar o Natal do Senhor e suas
primeiras manifestações, o que se realiza no Tempo do Natal. O
Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor ao
Domingo depois da Epifania ou ao Domingo depois do dia 6 de
janeiro inclusive.

O Natal do Senhor tem a sua oitava organizada do seguinte modo:

a) no Domingo dentro da oitava, ou, em falta dele, no dia 30 de


dezembro, celebra-se a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e
José;

b) no dia 26 de dezembro, celebra-se a festa de Santo Estevão,


Protomártir;

c) no dia 27 de dezembro, celebra-se a festa de São João, Apóstolo


e Evangelista;

d) no dia 28 de dezembro, celebra-se a festa dos Santos Inocentes;

e) no dia 29,30 e 31 são dias dentro da oitava;


f) no dia 1º de Janeiro, oitavo dia do Natal, celebra-se a solenidade
de Santa Maria, Mãe de Deus, na qual se comemora também a
imposição do Santíssimo Nome de Jesus, (preceito).

O Domingo que ocorre entre os dias 2 e 6 de Janeiro é o 2º


Domingo depois do Natal. A Epifania do Senhor é celebrada no dia
6 de janeiro, a não ser que seja transferida para o Domingo entre os
dias 2 e 8 de janeiro, nos lugares onde não for considerada dia santo
de guarda No Domingo depois do dia 6 de janeiro celebra-se a festa
do Batismo do Senhor.

4.2.5 - Advento

O Tempo do Advento possui dupla característica. Sendo um


Tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se
comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é
também um Tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se
os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim
dos Tempos.

Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um


Tempo de piedosa e alegre expectativa.

Inicia-se após o último Domingo do Tempo comum ( Solenidade


de Cristo Rei ) e termina no dia 24 de dezembro ( vésperas do Natal
do Senhor ). São chamados 1º, 2º, 3º e 4º Domingos do Advento.

Os dias de semana dos dias 17 a 24 de dezembro inclusive visam


de modo direto a preparação do Natal do Senhor.

4.2.6 - Comum

Além dos Tempos que têm característica própria, restam no ciclo


anual trinta e três ou trinta e quatro semanas nas quais não se
celebra nenhum aspecto especial do mistério do Cristo; comemora-
se nelas o próprio mistério de Cristo em sua plenitude,
principalmente aos Domingos. Este período é chamado Tempo
Comum.

O Tempo Comum começa na Segunda-feira que segue ao Domingo


depois do dia 6 de janeiro e se estende até a terça-feira antes da
quaresma inclusive; recomeça na segunda-feira depois do
Domingo de Pentecostes e termina antes das primeiras Vésperas do
1º Domingo do Advento.

A mesma ordem é observada na série de formulários que se


encontram tanto na Liturgia das Horas (vol. III-IV) como no Missal
para os Domingos e dias de semana deste Tempo.
4.3 - Esquema geral do Ano Litúrgico

Inicio: ✓ 4 domingo antes


do Natal.
Término: ✓ 24 de dezembro
à tarde.
Espiritualidade. ✓ Esperança e
Advento: Purificação da
vida.
Ensinamento. ✓ Anuncio da
vinda do
Messias.
Cor. ✓ Roxa.
Ciclo do
Natal Inicio: ✓ 25 de dezembro.
Término: ✓ Na festa do
Batismo de
Jesus.
Natal. Espiritualidade. ✓ Fé, alegria e
acolhimento.
Ensinamento. ✓ O filho de Deus
se Fez Homem.
Cor. ✓ Branca
Inicio: ✓ 2ª Feira Após
Batismo de
Jesus.
Término: ✓ Véspera da 4ª
Tempo feira de cinzas.
comum Espiritualidade. ✓ Esperança e
(1ª parte). escuta da
Palavra.
Ensinamento. ✓ Anúncio do
Reino de Deus.
Cor. ✓ Verde.

Inicio: ✓ Quarta-feira de
cinzas.
Término: ✓ 4ª feira da
Semana Santa
Quaresma Espiritualidade. ✓ Penitência e
Conversão.
Ensinamento. ✓ A misericórdia
de Deus.
Cor. ✓ Roxa.
Ciclo da
Páscoa. Inicio: ✓ 5ª feira Santa
(Tríduo Pascal)
Término: ✓ No Pentecostes.
Espiritualidade. ✓ Alegria em
Páscoa Cristo
Ressuscitado.
Ensinamento. ✓ Ressurreição e
vida eterna.
Cor. ✓ Branca.

Inicio: ✓ 2ª feira após o


Tempo Pentecostes.
comum Término: ✓ Véspera do 1º
(2ª parte). Domingo do
Advento
Espiritualidade. ✓ Vivencia do
Reino de Deus.
Ensinamento. ✓ Os Cristãos são
o sinal do
Reino.
Cor. ✓ Verde.
✓ Nota: Além das festas de |Jesus, dentro do Ano Litúrgico
estão as festas da Virgem Maria, dos Apóstolos e dos outros
Santos.

4.4 – AS CORES LITÚRGICAS

» BRANCO: É a cor da ressurreição, da alegria do tempo Pascal e


do nascimento, das festas do Senhor, de Maria e dos Santos não
martirizados.

» VERMELHO: É a cor da Paixão da Sexta-Feira Santa, do fogo


do amor de Pentecostes, das festas dos Mártires ( que “alvejaram
as vestes no sangue do cordeiro” - Ap.7,14 ).

» VERDE: Usa-se no Tempo Comum. Com o verde, caminhamos


na esperança de nossa plena comunhão com Deus.

» ROXO: Simboliza a penitência. Usa-se no Tempo do Advento,


da Quaresma e em funerais. No Advento: convoca a preparação da
vinda do senhor, na Quaresma: mudança de vida e nos funerais:
nos faz pensar na fragilidade da vida (Exéquias).

» ROSA: Simboliza também a alegria. Pode ser usado no 3º


Domingo do Advento, chamado "Gaudete", e no 4º Domingo da
Quaresma, chamado aqui "Laetare", ambos domingos da alegria.
» PRETO: Sinal de luto e tristeza é pouco usado nas liturgias; é
mais usado quando pessoas importantes da Igreja morrem, como
PAPA, Cardeais, etc.

» AZUL: Usa-se ou não na Solenidade da Imaculada Conceição;


representa o manto azul de Nossa Senhora. Ainda não é usado por
muitos padres. (Aqui vale lembrar que o azul é usado como cor
devocional e não obrigatoriamente como cor litúrgica – exceto na
Espanha que é obrigatoriamente cor litúrgica mariana.)

CAPÍTULO V

O ESPAÇO CELEBRATIVO

5.1 - O ESPAÇO DA CELEBRAÇÃO

» ALTAR: mesa fixa ou móvel destinada à celebração eucarística.

» AMBÃO OU MESA DA PALAVRA: estante de onde se


proclama a palavra de Deus.

» PIA BATISMAL: lugar reservado para os batismos em geral.

» CREDÊNCIA: mesinha onde se colocam os objetos litúrgicos


que serão utilizados na celebração.

» NAVE DA IGREJA: espaço reservado para os fiéis.

» PRESBITÉRIO: espaço ao redor do altar, geralmente um pouco


elevado, onde se realizam os ritos sagrados.
» SACRISTIA: sala anexa à Igreja onde se guardam as vestes dos
ministros e os objetos destinados às celebrações; também o lugar
onde os ministros se paramentam.

CAPÍTULO VI

MISSA PARTE POR PARTE

Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e


reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de
Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício eucarístico.

Por isso, a esta reunião local da santa Igreja aplica-se, de modo


eminente, a promessa de Cristo: "Onde dois ou três estão reunidos
no meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18, 20). Pois, na
celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz, Cristo
está realmente presente tanto na assembleia reunida em seu nome,
como na pessoa do ministro, na sua palavra, e também, de modo
substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.

6.1 - RITOS INICIAIS

As pessoas e objetos têm uma ordem de entrada: Dos símbolos para


as Pessoas, Ordem hierárquicas da Igreja.

a) Turíbulo e naveta ( Acólito e Coroinha )


b) Cruz ( coroinha )
c) Vela ( coroinha )
d) Outros coroinhas
e) Leitores
f) Acólitos ( ordenados )
g) Ministros Extraordinários da comunhão
h) Seminaristas
i) Diáconos
j) Padre ( s )
k) Bispos, Arcebispos e Cardeais
l) Papa

Alguns nomes dados a quem leva:

A Cruz : Cruciferário.
As Velas: Ceriferários.
O Turíbulo: Turiférario.
A Naveta: Naveteiro.

6.1.1 - PROCISSÃO E CANTO DE ENTRADA: O canto deve


expressar a alegria de quem vai participar da Eucaristia. De
preferência se faz à procissão pelo corredor central da Igreja. Os
coroinhas vão à frente do presidente da celebração. Quando se
utiliza o incenso o padre incensa o altar.

6.1.1.2 - SAUDAÇÃO: O presidente da celebração começa


fazendo o sinal-da-cruz, pronunciando ( ou cantando ) as palavras
Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Significa que todos
estão ali reunidos em nome da Santíssima Trindade.

6.1.1.3 - ATO PENITENCIAL: Os membros da assembleia, pelo


ato penitencial, expressam sua franqueza, fazem um ato de
humildade e invocam o perdão e a ajuda de Deus, a fim de poder
ouvir com maior proveito sua Palavra e comungar mais dignamente
o Corpo e Sangue de Cristo. Durante o ato penitencial pode haver
aspersão em recordação do batismo.

6.1.1.4 - GLÓRIA: O Glória é um hino antiquíssimo e venerável,


pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica
a Deus Pai e ao Cordeiro.

É um cântico transbordante de alegria, confiança, humildade, e que


dá ao inicio da Eucaristia um tom de festividade: o olhar da
comunidade está posto na glória de Deus. Por isso, para ser cantado
deve-se respeitar seu conteúdo original, ou seja, o aspecto
trinitário. É cantado ou recitado em todas as celebrações exceto no
tempo do Advento e da Quaresma.
6.1.1.5 - ORAÇÃO DO DIA: O sacerdote diz a oração que se
costuma chamar "coleta", pela qual se exprime a índole da
celebração. Conforme antiga tradição da Igreja, a oração costuma
ser dirigida a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo e por uma
conclusão trinitária, “Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo”.

6.2 - LITURGIA DA PALAVRA

6.2.1 - AS LEITURAS: As leituras previstas para a celebração


dominical são três, mais o salmo responsorial. A leitura do
Evangelho constitui o ponto culminante da Liturgia da Palavra, por
isso sua proclamação é cercada de gestos de apreço, como a
aclamação, e nas celebrações solenes, a procissão com o
evangeliário, o uso de tochas e o incenso.
A primeira leitura é uma passagem tirada do Antigo Testamento, o
salmo responsorial é um canto que nos ajuda a entender melhor a
mensagem da primeira leitura, já a segunda leitura é uma passagem
tirada do Novo Testamento, de uma das cartas (epístolas) dos
Apóstolos.

Nas celebrações semanais acontecem apenas duas leituras mais o


salmo responsorial.

6.2.2 - A HOMILIA: A homilia é uma parte da liturgia e


vivamente recomendada, sendo indispensável para nutrir a vida
cristã. Convém que seja uma explicação de algum aspecto das
leituras da Sagrada Escritura ou de outro texto do Ordinário,
levando em conta tanto o mistério celebrado, como as necessidades
particulares dos ouvintes.

6.2.3 - PROFISSÃO DE FÉ (CREDO): É a adesão dos fieis à


Palavra de Deus ouvida nas leituras e na homilia. O Creio é um
conjunto estruturado de artigos de fé, uma espécie de resumo da fé
crista.

Existem dois textos: um mais longo chamado niceno-


constatinonopolitano, porque foi fruto dos concílios de Nicéia e
Constantinopla. O outro, mais breve e mais utilizado de redação
simples e popular, é conhecido como Símbolo dos Apóstolos.

Assim, nós recordamos e professamos os grandes mistérios da fé,


antes de iniciar sua celebração na Eucaristia.

6.2.4 - ORAÇÃO DOS FIÉIS (OU ORAÇÃO UNIVERSAL):


Assim é chamada por incluir os grandes temas da oração cristã de
pedido: pelas necessidades da Igreja, pelos governantes, pela
salvação do mundo, pelos oprimidos e pela comunidade local.

6.3 - LITURGIA EUCARÍSTICA

6.3.1 - APRESENTAÇÃO E PREPARAÇÃO DAS


OFERENDAS: Os dons apresentados, pão, vinho e água são:
“frutos da terra e do trabalho humano”, que vão se tornar o corpo e
o sangue de Cristo. Desde os primeiros tempos da Igreja se
costumava misturar um pouco de água com o vinho. Simboliza a
incorporação (união) da humanidade a Jesus.

Nesse momento, a assembleia normalmente realiza a coleta


do dinheiro e outros donativos e os leva em procissão até o altar,
juntamente com o pão e o vinho. Esse gesto deve ser a expressão
sincera de comunhão e solidariedade das pessoas que põem em
comum o que possuem para partilhar, conforme a necessidade dos
irmãos e para atender as necessidades da própria comunidade.

O presidente da celebração, após a apresentação das


oferendas e incensação, quando houver, lava as mãos. A esse rito
dá-se o nome de lavabo e tem finalidade simbólica. Exprime, para
o sacerdote, o desejo de estar totalmente purificado antes de iniciar
a oração eucarística, que é o ponto culminante de toda a celebração.

6.3.2 - ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Depositadas as


oferendas sobre o altar e terminados os ritos que as acompanham,
conclui-se a preparação dos dons e prepara-se a Oração Eucarística
com a oração sobre as oferendas.
6.4 - ORAÇÃO EUCARÍSTICA

6.4.1 - PREFÁCIO: É um canto de agradecimento e louvor a Deus


por toda a obra da salvação ou por um de seus aspectos. Conclui-
se com o canto do Santo.

6.4.2 - INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (EPICLESE): O


padre estende as mãos sobre os dons e pede ao Pai que santifique
as ofertas “derramando sobre elas o vosso Espírito a fim de que
tornem para nós o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e
Senhor nosso” (Oração Eucarística II).

6.4.3 - NARRATIVA DA INSTITUIÇÃO: O padre repete as


palavras que Jesus pronunciou na última ceia, ao instituir a
Eucaristia, ao oferecer o seu Corpo e Sangue sob as espécies de pão
e vinho, e entregá-los aos apóstolos como comida e bebida dando-
lhes a ordem de perpetuar este mistério.

6.4.4 - OFERECIMENTO DA IGREJA E INOVAÇÃO DO


ESPÍRITO SANTO: a Igreja oferece ao Pai, em ação de graças “o
pão da vida e o cálice da salvação” (Oração Eucarística II) e pede
que “sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo
um só corpo e um só espírito”
(Oração Eucarística III).

6.4.5 - INTERCESSÕES: Por meio delas se exprimem que a


Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto
celeste como a terrestre, os santos, a Virgem Maria, os apóstolos e
mártires, o papa, o bispo diocesano, e os demais bispos, ministros
e todo o povo de Deus e, se recordam os irmãos e irmãs falecidos.

6.4.6 - DOXOLOGIA: O sacerdote eleva o pão e o vinho


consagrados, corpo e o sangue do Senhor, por quem sobe ao Pai,
na unidade do Espírito Santo, o louvor de toda a humanidade,
enquanto pronuncia as palavras Por Cristo, com Cristo e em
Cristo...
6.5 - RITOS DA COMUNHÃO

6.5.1 - PAI-NOSSO: É uma oração de passagem para a comunhão.


Ensinada por Jesus, esta oração resume os anseios mais profundos
do ser humano, tanto em sua dimensão espiritual, quanto material.

6.5.2 - GESTO DA PAZ: Segue-se o rito da paz no qual a Igreja


implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família
humana e os fiéis se exprimem à comunhão eclesial e a mútua
caridade, antes de comungar do Sacramento. Mediante um aperto
de mão ou abraço, expressamos nosso desejo da comunhão com os
irmãos e irmãs e ao mesmo tempo incluímos um compromisso de
lutar pela paz e a unidade no mundo inteiro.

6.5.3 - FRAÇÃO DO PÃO: O sacerdote, reproduzindo a ação de


Cristo na última ceia, partiu o pão em vários pedaços. Este gesto
significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que
é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam
um só corpo (1Cor 10, 17). Durante a fração do pão, a assembleia
canta ou recita Cordeiro de Deus. Ao partir o pão, o sacerdote
coloca um pedacinho no cálice para significar a unidade do Corpo
e do Sangue do Senhor na obra da salvação, ou seja, do Corpo
vivente e glorioso de Cristo Jesus.

6.5.4 - COMUNHÃO: É o momento em que cada membro da


assembleia estabelece intima união com Jesus. Alimenta-se do
corpo e do sangue do Senhor. Após a comunhão há um instante de
silêncio, a fim de que cada comungante se entretenha no diálogo
com Jesus.

6.5.5 - ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Nela o sacerdote


implora os frutos da celebração eucarística e o povo confirma,
respondendo amém.

6.6 - RITOS FINAIS


6.6.1 - AVISOS: São importantes para alimentar a vida da
comunidade. Se houver homenagens como aniversários,
matrimoniais, festividades entre outros acontecem nesse momento.

6.6.2 - BENÇÃO: saudação e bênção do sacerdote, que em certos


dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo,
ou por outra fórmula mais solene.

CAPÍTULO VII

TERMOS LITÚRGICOS

» ALELUIA: Palavra hebraica - Louvai o Senhor. É uma


expressão de alegria que se usa principalmente na aclamação ao
Evangelho: abundantemente no tempo pascal. Não se usa no tempo
da quaresma.

» AMÉM: Palavra hebraica que alguns traduzem por assim seja. O


Apocalipse (3.14) chama Jesus de o Amém, e a II Carta aos
Coríntios (1.20) afirma que é em Jesus que dizemos Amém. Santo
Agostinho diz que o nosso Amém é a nossa assinatura, o nosso
compromisso.

» ANTÍFONA: Texto curto antes e depois de cada salmo da


Liturgia das Horas, que exprime sua idéia principal.

» CÂNON DA MISSA: Oração eucarística da missa.

» CATECUMENATO: Tempo de iniciação à vida cristã e


preparação para o batismo.

» CONCELEBRAÇÃO: Celebração simultânea demais de um


sacerdote à mesma missa.
» CRUCIFERÁRIO: Aquele responsável por levar a Cruz nas
procissões.

» DOXOLOGIA: Fórmula de louvor que geralmente se usa em


honra a Santíssima Trindade. Na liturgia recebem o nome
doxologia o “Glória ao Pai...”, “Glória a Deus nas alturas” e o “Por
Cristo, com Cristo em Cristo...”, no final da oração eucarística.

» EPICLESE: Oração da missa com a qual se invoca a descida do


Espírito Santo, antes da consagração, santifique as oferendas e após
a consagração.
» EPÍSTOLA: Na antiguidade, comunicação escrita de qualquer
tipo. O Novo Testamento contém vinte e uma epístolas ou cartas.
As epístolas normalmente tratam de temas gerais e são dirigidas
não a uma pessoa em particular, mas ao público em geral.

» EXÉQUIAS: Ritos em favor dos fieis falecidos.

» HOSANA: Palavra de origem hebraica que significa salva-nos!


Foi proclamada pelas multidões que foram ao encontro de Jesus em
sua entrada solene a Jerusalém, pra indicar sua rela dignidade
messiânica (cf. Mateus 21.9). Esta palavra aparece após o prefácio,
na aclamação: Santo, Santo, Santo...

» KYRIE ELEISON: Expressão grega que significa Senhor,


piedade, é uma invocação antiga mediante a qual os fiéis imploram
a misericórdia do Senhor.

» LAVABO: Ato de lavar as mãos. Na missa, o lavabo se dá após


a apresentação das ofertas. Além disso, o lavado é utilizado quando
o sacerdote tem necessidade de lavar as mãos, por ocasião do lava-
pés, imposição das cinzas, unção das mãos do neo-sacerdote...

» MEMENTO: Parte da oração eucarística em que se recordam os


vivos e os falecidos.

» OITAVA: Solenidade de Natal e Páscoa, que se celebram por 8


dias.
» RUBRICAS: Regras ou explicações em vermelho - rubro
significa vermelho - para o reto desenrolar das ações litúrgicas.

» SACRAMENTÁRIO: Livro que engloba os diversos Rituais


dos Sacramentos.

» VIÁTICO: Comunhão que se leva aos que se encontram


gravemente enfermos.

CAPÍTULO VIII

A EUCARISTIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

8.1 - A EUCARISTIA

Eucaristia, que quer dizer ação de graças, é o sacramento do amor,


pois é o encontro pessoal de Cisto com o homem. A Eucaristia é o
ágape (a festa, o banquete) da memória: “Façam isso para celebrar
a minha memória”.

É sacramento porque é sinal de Deus, e nos compromete com Ele,


com seu plano, com a comunidade e com a recriação do mundo. A
Eucaristia é o grande mistério da nossa Igreja, só aceito pelo povo
crente pela fé. Eucaristia é mistério da fé. É o ponto alto, o ponto
central da missa. Por esta razão, a missa deve ser sempre o centro
da vida do cristão, pois Cristo é o centro da celebração da missa na
Eucaristia.

O pão e o vinho, fruto da videira e do trabalho do homem,


consagrados no altar, transubstanciam-se, trocam de substancia,
após a consagração, para corpo e sangue de nosso Senhor Jesus
Cristo.

A Eucaristia não significa nem tampouco representa o corpo e


Jesus. O vinho consagrado não significa o sangue, mas É o precioso
corpo e sangue de Cristo ( cf. Mt 26, 26-29; Mc 14,22s; Lc 22,14-
30; I Cor 11,23-29 ).
Então, sob as aparecias de pão e vinho, temos Jesus com seu corpo
e com seu sangue a espera de nós, hoje e sempre. Essa é a mais
amorosa forma que ele escolheu para estar sempre conosco

Cristo está presente em cada uma das espécies e inteiro em cada


uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o
Cristo.

No sacrário, Jesus está sempre a nossa disposição. Podemos


recebê-lo fisicamente na missa, na eucaristia, ou podemos ir ao
templo e orar a Ele, conversar com Ele, adorá-Lo, contar-Lhes
coisas de nossa vida, de nossas alegrias, nossos projetos e
decepções. O sacrário é a casa onde Cristo se encontra
pessoalmente. Visitar o sacrário é parte fundamental de todo
cristão; em especial de todo agente de pastoral!

A comunhão aumenta nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia


na comunhão traz como fruto principal a união íntima com Cristo
Jesus. Pois o Senhor diz: “Quem come a minha Carne e bebe meu
Sangue permanece em mim e eu nele” ( Jo 6, 56 ).

A vida em Cristo tem seu fundamento no banquete eucarístico:


“Assim como o Pai, me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, também
aquele que de mim se alimenta viverá por mim” (Jo 6,57). O que o
alimento material produz em nossa vida corporal, a comunhão o
realiza de maneira admirável em nossa vida espiritual.

A comunhão separa-nos do pecado. Por isso a Eucaristia não pode


unir-nos a Cristo sem purificar-nos ao mesmo tempo dos pecados
cometidos e sem preservar-nos dos pecados futuros.

A Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia estão unidos


mais intimamente a Cristo. Por isso mesmo, Cristo os une a todos
os fiéis em um só corpo, a Igreja. A comunhão renova, fortalece,
aprofunda esta incorporação à Igreja, já realizada no batismo.
8.2 - CONDIÇÕES PARA SE PARTICIPAR DA
COMUNHÃO

- Ser batizado;
- Ter-se preparado e feito sua primeira eucaristia;
- Estar em estado de graça, isto é, sem pecado;
- Estar em jejum eucarístico de uma hora;
- Ter fé que sob as aparências do pão e do vinho estão Jesus;
- Estar disposto a assumir os compromissos de comunhão
decorrentes da eucaristia.

CAPÍTULO IX

SACRAMENTAIS, OS SACRAMENTOS E OS DONS DO


ESPÍRITO SANTO

9.1 – OS SACRAMENTAIS

As ações sacramentais, ou simplesmente os sacramentais, não são


os sacramentos. São ações litúrgicas que têm como finalidade
lembrar os sacramentos e santificar alguns momentos de nossa
vida.

Os mais importantes sacramentais são os seguintes: sinal da cruz


com água benta, genuflexão diante o Santíssimo Sacramento,
adoração eucarística, aspersão com água benta, benção e procissão
com velas, benção de objetos, imposição das cinzas, lava-pés, reza
comunitária do terço, procissões do círio e das festas, entre outros.

9.2 - OS 7 SACRAMENTOS DA IGREJA

1. O Batismo,
2. A Crisma,
3. A Eucaristia,
4. A Confissão,
5. A Unção dos Enfermos,
6. A Ordem,
7. O Matrimônio.

9.3 - OS 7 Dons do Espírito Santo (Crisma)

1. SABEDORIA - Ele nos fortalece nossa caridade e nos prepara


para uma visão plena de Deus. O próprio Jesus nos disse: “Quando
fordes presos, não vos preocupeis nem com a maneira com que
haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer. Porque não sereis
vós quem falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós”
(Mt 10,19-20) A verdadeira sabedoria traz o gosto de Deus e de sua
Palavra.

2. ENTENDIMENTO (INTELIGÊNCIA ou
DISCERNIMENTO ) - É o Dom Divino que nos ilumina para
aceitar as verdades reveladas por Deus. Mediante este dom, o
Espírito Santo nos permite perscrutar as profundezas de Deus,
comunicando ao nosso coração uma particular participação no
conhecimento divino, nos segredos do mundo e na intimidade do
próprio Deus. O Senhor disse: “Eu lhes darei um coração capaz de
me conhecerem e de entenderem que Eu sou o Senhor” (Jr 24,7).

3. CIÊNCIA (CONHECIMENTO DE DEUS) - É o dom da


ciência de Deus e não da ciência do mundo. Por este Dom o Espírito
Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós,
pois “os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito
Santo” (1 Cor 2,10-15).

4. CONSELHO - É o dom de saber discernir caminhos e opções,


de saber orientar e escutar. É a luz que o Espírito nos dá para
distinguirmos o certo do errado, o verdadeiro do falso. Sobre Jesus
repousou o Espírito Santo, e lhe deu em plenitude esse dom, como
havia profetizado Isaías: “Ele não julgará pelas aparências, e não
decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos com equidade
e fará justiça aos pobres da terra (Is 11,3-4)

5. FORTALEZA (VALENTIA) - Este é o dom que nos torna


corajosos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia da vida cristã.
Torna forte e heróica a fé. Lembremos a coragem dos mártires. Dá-
nos perseverança e firmeza nas decisões. Os que estiverem dotados
desse dom não se amedrontam diante de ameaças e perseguições,
pois confiam incondicionalmente no Pai. Em Apocalipse vimos
“Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai
lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis
tribulações durante algum tempo. Sê fiel até a morte, e te darei a
coroa da vida” (Ap 2,10).

6. PIEDADE * (A PRÁTICA DA JUSTIÇA) É o dom que o


Espírito Santo nos dá de estar sempre aberto à vontade de Deus,
procurando sempre agir como Jesus agiria. Se Deus vive a sua
aliança com o homem de maneira tão envolvente, o homem, por
sua vez, sente-se também convidado a ser piedoso com todos.

Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ele escreveu: “A


respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vocês
permaneçam na ignorância. Vocês bem sabem que, quando vocês
eram pagãos, eram facilmente atraídos para ídolos mudos. Por isso
eu lhes declaro: todo aquele que é agora conduzido pelo Espírito
de Deus não pode blasfemar contra Jesus. Bem como ninguém
poderá dizer convictamente Jesus é o Senhor, a não ser movido
pelo Espírito Santo” (1Cor 12,1-3).

7. TEMOR DE DEUS (FAZ SEMPRE A VONTADE DE


DEUS) - Este dom nos mantém no devido respeito diante de Deus
e na submissão à sua vontade, afastando-nos de tudo o que lhe
possa desagradar. Por isso Jesus teve sempre o cuidado de fazer em
tudo a vontade do Pai, como Isaías havia profetizado: “Sobre Ele
repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de
entendimento. Espírito de prudência e de coragem, Espírito de
ciência e de temor do Senhor” (Is 11,2).

CAPÍTULO X

O CERIMONIÁRIO E O INCENSO
10.1 - Incenso, um pouco de história

Nas Escrituras Sagradas, a rainha de Sabá chegou a visitar


Jerusalém e o rei Salomão, levando-lhe, entre outros presentes,
uma quantidade extraordinária do mais precioso incenso. De fato,
ao longo da história do incenso, prosperam povos e reinos míticos,
como se lê na Bíblia, no Alcorão e no livro etíope dos Reis.

O incenso fazia parte da composição aromática sagrada destinada


unicamente a Deus (Ex 30,34ss) e se transformou em gesto de
adoração. Em linhas gerais, é símbolo de culto prestado a Deus e
de adoração.

A oferta do incenso e a oração são intercambiáveis. Ambas são


sacrifícios apresentados a Deus, como diz o Salmo 141, que
proclama: “Suba até vós minha oração, como o perfume do
incenso”. E é com estas palavras que, na Igreja Oriental, o
celebrante ora, durante as laudes e as vésperas dos dias de festa,
espalhando em torno de si o perfume do incenso. Com a oferta do
incenso, os magos do Oriente adoraram o Menino Jesus como o
recém-nascido Salvador do Mundo (Mt 2,11). No último livro do
Antigo Testamento, o Apocalipse, João vê sete anjos que estavam
diante de Deus, com trombetas e um turíbulo de ouro cheio de
incenso: são as orações dos santos (Ap 8,3-4).

Os cristãos não utilizaram o incenso na liturgia desde o início,


porque queriam se distinguir, o mais claramente possível, do
paganismo. Extinto o paganismo, o rito do incenso encontrou logo
seu lugar na liturgia cristã.

A partir do século IV, a tradição cristã adotou o incenso em seus


ritos de consagração e, ainda hoje, queima-o para honrar o altar, as
relíquias, os objetos sagrados, os sacerdotes e os próprios fiéis, e,
no momento das exéquias, para propiciar a subida dos falecidos ao
céu. Graças à benção propiciada pelo incenso antes de seu uso, ele
chega a ser um sacramental (sinal sagrado, que tem certa
semelhança com os sacramentos e do qual se obtém efeitos
espirituais).
No século IX, instaurou-se o uso do incenso no início da missa e,
desde o século XI, o altar se transformou no centro da incensação.
O turíbulo era também levado na procissão junto com o
evangeliário. Em seguida, a incensação estende-se às oferendas do
pão e do vinho, que são incensadas três vezes, da mesma maneira
como se procede com o altar e a comunidade litúrgica.

Dessa forma, nasceu a tríplice incensação durante a missa,


praticada também hoje de maneira regular no Oriente e, entre nós,
somente nas festas solenes.

O incenso deve envolver toda uma atmosfera sagrada de oração


que, como uma nuvem perfumada, sobe até Deus. O agitar do
turíbulo em forma de cruz recorda principalmente a morte de
Cristo, e seu movimento em círculo revela a intenção de envolver
os dons sagrados e de consagrá-los a Deus.

O incenso é muito utilizado na liturgia fúnebre. Os falecidos


permanecem como membros da Igreja, já santificados pelos
sacramentos.

Portanto seu corpo morto é honrado com o incenso, como as santas


mulheres queriam honrar o corpo de Jesus, ungindo-o com óleos
preciosos na manhã de Páscoa.

Na consagração solene de um altar, depois da unção da “mesa”,


queima-se incenso e outros aromas sobre os cinco pontos do altar.
O bispo interpreta esse gesto com as palavras: “Suba até vós,
Senhor, o incenso de nossa oração; e como o perfume se espalha
por este templo, assim possa tua Igreja expandir para o mundo o
suave perfume de Cristo”.

10.2 - Seu uso na santa missa

a) durante a procissão de entrada, à frente da Cruz;


b) no princípio da missa, para incensar o altar;
c) na procissão e proclamação do Evangelho;
d) na apresentação das ofertas, para incensar as oferendas, o altar,
a cruz, quem preside a celebração, os concelebrantes e o povo;
e) à elevação da hóstia e do cálice, depois da consagração.

Usa-se ainda o incenso, como vem descrito nos livros litúrgicos:

a) na dedicação da igreja e do altar;


b) na confecção do sagrado crisma, quando se transportam os
santos óleos;
c) na exposição do Santíssimo Sacramento no ostensório;
d) nas exéquias dos defuntos.

Via de regra, deve-se usar também o incenso nas procissões da


Apresentação do Senhor, do Domingo de Ramos, da Missa da Ceia
do Senhor, da Vigília Pascal, da Solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo, da solene transladação das relíquias, e, em geral, nas
procissões que se fazem com solenidade.

Nas laudes e vésperas, quando celebradas com solenidade, sem a


exposição do Santíssimo, pode-se fazer a incensação do altar,
enquanto se canta o cântico evangélico.

10.3 - Como usar

Na missa, o diácono recebe da mão do acólito a naveta meio aberta,


com a colher que nela está, e apresenta a naveta ao presidente da
celebração.

Este benze o incenso com o sinal da cruz, sem dizer nada. Depois
o diácono devolve a naveta ao acólito, recebe do acólito o turíbulo
e entrega-o ao presidente da celebração, pondo-lhe na mão
esquerda a parte superior das correntes e o turíbulo na direita.
Aquele que incensa segura, com a mão esquerda, a parte superior
das correntes que sustentam o turíbulo e, com a direita, segura as
mesmas correntes todas juntas perto do turíbulo.
Tenha cuidado de o lançar com gravidade e decoro, sem mover o
corpo ou a cabeça enquanto movimenta o turíbulo.

Antes de depois da incensação, faz inclinação profunda à pessoa ou


ao objeto que é incensado; não, porém, ao altar nem às oferendas
recebidas para o sacrifício da missa.
São incensados com três ictus e três ductos do turíbulo:

a) o Santíssimo Sacramento, e também na elevação durante a


missa, sendo de joelhos, e de pé durante a Oitava da Páscoa;
b) a relíquia da Santa Cruz;
c) as imagens do Senhor solenemente expostas;
d) as oferendas, antes da incensação do altar;
e) a cruz do altar;
f) o livro do Evangelho;
g) o círio pascal;
h) o presidente da celebração;
i) os presbíteros concelebrantes, todos ao mesmo tempo;
j) a autoridade civil oficialmente presente na sagrada celebração;
k) o coro e o povo;
l) o corpo do defunto.

Com dois ictus e dois ductos:

Incensam-se as relíquias e as imagens dos santos expostas à


veneração pública, pois a eles devotamos uma veneração chamada
dulia (é um termo teológico que significa a honra e culto de
veneração devotados aos santos. A veneração especial devotada a
Maria chama-se hiperdulia - υπερδουλεια - , e o culto de honra a
São José é denominado protodulia. )

A imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria com três ictus e dois


ductos, pois a ela veneramos com um culto especial chamado
hiperdulia.
CAPÍTULO XI

O CERIMONIÁRIO E O BISPO

11.1 - O uso da Mitra:

A mitra, que será uma só na mesma ação litúrgica, simples ou


ornamentada de acordo com a celebração, é habitualmente usada
pelo Bispo:

1. Quando está sentado;


2. Quando faz a homilia;
3. Quando faz as saudações;
4. As alocuções e os avisos, a não ser que logo a seguir tenha de
tirar a mitra; quando abençoa solenemente o povo; quando executa
gestos sacramentais; quando vai às procissões.

11.2 - O Bispo não usa a mitra:

1. Nas preces introdutórias


2. Nas orações; na Oração Universal
3. Na Oração Eucarística
4. Durante a leitura do Evangelho
5. Nos hinos, quando estes são cantados de pé
6. Nas procissões em que se leva o Santíssimo Sacramento ou as
relíquias da Santa Cruz do Senhor; diante do Santíssimo
Sacramento exposto.

O Bispo pode prescindir da mitra e do báculo quando se desloca


dum lugar para outro, se o espaço entre os dois for pequeno. Quanto
ao uso da mitra na administração dos sacramentos e dos
sacramentais, observe-se, além disso, o que adiante vai indicado
nos respectivos lugares (Cerimonial dos bispos, 60).

"O Bispo, ao chegar junto do altar, entrega o báculo ao ministro,


depõe a mitra, e faz inclinação profunda ao altar, ao mesmo tempo
que os diáconos e os outros ministros que o acompanham. Depois,
sobe ao altar e beija-o, juntamente com os diáconos" (Cerimonial
dos bispos, 131).

11.3 - O uso do Báculo:

O Bispo usa o báculo, como sinal do seu múnus pastoral. Aliás,


qualquer. Bispo que celebre solenemente o pode usar, com o
consentimento do Bispo do lugar. Quando estiverem vários Bispos
presentes na mesma celebração, só o Bispo que preside usa o
báculo.

Com a parte recurvada voltada para o povo, ou seja, para frente, o


Bispo usa habitualmente o báculo na procissão, para ouvir a leitura
do Evangelho e fazer a homilia, para receber os votos, as promessas
ou a profissão de fé; e finalmente para abençoar as pessoas, salvo
se tiver de fazer a imposição das mãos. (Cerimonial dos bispos, 59)

CAPÍTULO XII

MISSA COM A PRESENÇA DO BISPO

12.1 - Ritos iniciais

Estando todos preparados, aproxima-se o turiferário (e o naveteiro


com a naveta), o Bispo impõe o incenso no turíbulo e benze-o
fazendo sobre ele o sinal da cruz. O Bispo recebe do cerimonial o
báculo. Um dos acólitos toma o Evangeliário, e leva-o com
reverência, fechado, na procissão de entrada.

Procissão de entrada
Enquanto se executa o canto de entrada, faz-se a procissão para o
presbitério, assim organizada:

- turiferário com o turibulo aceso acompanhado do naveteiro com


a naveta
- a cruz, com a imagem do Crucificado voltada para a frente, no
meio de pelo menos dois Coroinhas com castiçais e velas acesas.

- leitores, coroinhas, acólitos.

- Mescs

- Diácono ( ou acólito, na sua ausência ) com o Evangeliário

- presbíteros concelebrantes

- o Bispo que avança sozinho, de mitra, levando o báculo pastoral


na mão esquerda e abençoando com a mão direita.

- um pouco atrás do Bispo, dois coroinhas que se ocuparão da mitra


e do báculo acompanhados do cerimoniário.

O Bispo, ao chegar junto do presbitério, entrega o báculo ao


cerimonial que passa para o coroinha escalado. Em seguida, recebe
do Bispo a Mitra e entrega ao outro coroinha escalado.

O Bispo faz inclinação profunda ao altar. O cerimoniário e os dois


coroinhas com o Báculo e a Mitra, posicionam-se atrás do bispo.
Os coroinhas não fazem reverência por transportarem alfaias. O
cerimoniário faz reverência profunda ao altar juntamente com o
bispo. Em seguida, o bispo sobe ao altar e beija-o.

Os coroinhas com o báculo e a Mitra ocupam seus bancos,


enquanto o cerimonial permanece à esquerda e um pouco atrás do
Bispo, para acompanhá-lo na incensação.

O turiferário e o naveteiro se apresentam ao Bispo que, se


necessário irá impor mais incenso no turíbulo.
Em seguida, incensa o altar e a cruz acompanhado do cerimonial.

O cerimonial fica ao lado esquerdo da cadeira do Bispo, junto à


porta da sacristia. Os coroinhas com a Mitra e o Báculo sentam-se
nos bancos após os ministros ordenados..

Após a oração do dia, o bispo senta-se. O cerimonial entrega-lhe a


Mitra.

12.2 - Liturgia da palavra

Começado o Aleluia, todos se levantam, exceto o Bispo.

O turiferário aproxima-se com o naveteiro; que se ajoelham diante


do Bispo; e dois coroinhas com castiçais e velas acesas que irão
acompanhar a procissão do evangeliário. O Bispo impõe e benze o
incenso, sem dizer nada.

O que irá proclamar o evangelho, inclina-se profundamente diante


do Bispo e pede a bênção em voz baixa, ...

Em seguida toma o evangeliário sobre o altar e acompanhado dos


coroinhas com velas acesas e sendo precedido pelo turiferário e
naveteiro, inicia a procissão do altar até o ambão.

O Bispo retira a Mitra e a entrega ao cerimonial que a passa para o


coroinha escalado.

Após o anúncio do evangelho, o turiferário apresenta o turíbulo ao


diácono ou presbítero para incensar o livro dos evangelhos.

Após a proclamação do evangelho, o turiferário, o naveteiro e os


coroinhas com castiçais deslocam-se para a sacristia, lá
permanecendo em silêncio.

Todos se sentam e o Bispo, de preferência de Mitra e Báculo,


profere a homilia.
Portanto, o cerimonial apresente ao Bispo a Mitra e o Báculo para
proferir a homilia.
Para a profissão de fé, CREIO EM DEUS..., o cerimonial recebe
do bispo a Mitra e o Báculo e os entrega aos coroinhas escalados.
Estando todos em pé, recita-se o Símbolo, segundo as rubricas.

12.3 - Liturgia eucarística

Após as preces dos fiéis, o Bispo senta-se. O cerimonial entrega-


lhe a Mitra.

Uma vez preparado o altar, o Bispo entrega a Mitra ao cerimonial


e vai para o altar, onde apresenta as oferendas conforme o rito.

A seguir, o turiferário e o naveteiro aproximam-se do bispo, e este


impõe o incenso e o benze; depois, o bispo recebe o turíbulo das
mãos do turiferário e incensa as oblatas, o altar e a cruz, como no
princípio da missa, acompanhado do diácono ou do cerimonial.

Em seguida o diácono ou o turiferário, incensa o bispo, os


concelebrantes e o povo.

Enquanto o acólito incensa o povo, os coroinhas com o jarro de


água e a bacia e a toalha aproximam-se do altar.

Virando-se para o povo, o Bispo, estende e junta as mãos, e convida


o povo a orar, dizendo: Orai, irmãos.

Depois da resposta receba o Senhor, o Bispo estende as mãos e


canta ou recita a oração sobre as oferendas. No fim, o povo aclama:
Amém.

Em seguida, o cerimonial tira o solidéu ao bispo e entrega-o ao


coroinha escalado. Os concelebrantes aproximam-se do altar.

Desde a epiclese até à elevação do cálice, o acólito cerimonial


permanece ajoelhado.
Após distribuir a comunhão o bispo colocará o cibório sobre o altar
e retornará à sua cadeira.
O acólito cerimonial deverá entregar-lhe o solideu. O bispo
permanecerá com o solideu até a bênção.

12.4 - Ritos finais

Após os avisos e homenagens, o cerimonial entrega ao bispo a


Mitra. Enquanto o bispo profere as primeiras invocações ou a
prece, mantém as mãos estendidas sobre o povo, e todos
respondem: Amém. Depois, recebe o Báculo, e diz: Abençoe-vos
o Deus todo-poderoso...

Se o bispo retornar para a sacristia, organiza-se a procissão como


na entrada. Caso o bispo permaneça no presbitério acolhendo os
fiéis, a equipe retira-se em procissão levando junto os coroinhas
que serviram ao bispo e o acólito cerimonial.
ÍNDICE REMISSIVO

Prefácio......................................................................................002

Capítulo I – Ser Cerimoniário................................................003

Capítulo II – Fazendo Memória


» Liturgia, gestos e símbolos litúrgicos.............................008
» Gestos corporais.............................................................010
» Símbolos litúrgicos.........................................................012
» Símbolos litúrgicos ligados à natureza...........................015

Capítulo III – Objetos e paramentos litúrgicos


» Objetos litúrgicos...........................................................016
» Paramentos litúrgicos.....................................................022

Capítulo IV – O Ano Litúrgico e as cores litúrgicas


» O Ano Litúrgico.............................................................023
» O ciclo anual...................................................................027
» Esquema geral do Ano Litúrgico....................................031
» Cores litúrgicas...............................................................033

Capítulo V – O Espaço Celebrativo


» O espaço da celebração..................................................034

Capítulo VI – A Missa parte por parte


» Ritos Iniciais...................................................................035

» Liturgia da Palavra.........................................................036
» Liturgia Eucarística........................................................037
» Ritos da Comunhão........................................................039
» Ritos Finais.....................................................................040

Capítulo VII – Termos Litúrgicos..........................................040


Capítulo VIII – A Eucaristia e suas consequências
» A Eucaristia....................................................................043
» Condições para se participar da comunhão....................044
Capítulo IX – Os Sacramentais, os Sacramentos e os dons do
Espírito Santo
» Os Sacramentais.............................................................045
» Os Sacramentos..............................................................045
» Os 7 dons do Espírito Santo...........................................045

Capítulo X – O Cerimoniário e o uso do incenso


» O incenso, um pouco de história....................................047
» Seu uso na Santa Missa..................................................049
» Como usar.......................................................................050

Capítulo XI – O Cerimoniário e o Bispo


» Uso da mitra...................................................................052
» O Bispo não usa mitra....................................................052
» O uso do báculo..............................................................053

Capítulo XII – Missa com a presença do Bispo


» Ritos iniciais...................................................................053
» Liturgia da Palavra.........................................................055
» Liturgia Eucarística........................................................056
» Ritos Finais.....................................................................057

BIBLIOGRAFIA

Apostila: Estudando Sobre a Liturgia. Pinheiro, Pe José Maria,


2020

Apostila: Manual dos Acólitos. Pinheiro, Pe José Maria, 2020

Cerimonial dos Bispos. Cerimonial da Igreja. Diversos Autores.


Editora Paulus 2019.

Espírito e Mensagem da Liturgia Dominical. Konings, Johan.


Editora Vozes, 1986.
Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. 7ª
Edição revisada, ampliada e atualizada. Edições CNBB, 2016

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