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CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE ANGOLA E SÃO TOMÉ

CEAST

Comissão Episcopal de Liturgia, Ecumenismos e Santuários

SUBSÍDIO Nº1

NOTAS PRÁTICAS PARA A CELEBRAÇÃO


EUCARÍSTICA

SECRETARIADO NACIONAL DE LITURGIA

JUNHO, 2021
INTRODUÇÃO

A Liturgia é o cume e fonte de toda a actividade da Igreja. Por isso é importante que as
celebrações litúrgicas, especialmente a Santa Missa, sejam realizadas da melhor forma
possível. A observação das normas litúrgicas faz parte da beleza e da harmonia que a
Santa Igreja Católica exige - nos cumprir. As normas das celebrações estabelecidas nos
livros litúrgicos mantêm o seu carácter obrigatório e é importante que numa mesma região
haja directivas e normas uniformes (cf. EDREL, 11; 315).

As normas litúrgicas devem favorecer o sentido do sagrado e a utilização das formas


exteriores que educam para tal sentido, pondo em destaque a Instrução Geral do Missal
Romano. É preciso ter atenção a todas as formas de linguagem previstas pela Liturgia:
palavra e canto, gestos e silêncio, postura dos ministros, cores litúrgicas dos paramentos,
etc. (cf. Sacramento da Caridade nº 40).

Conhecer estas normas e tê-las em conta quando se trata da arte litúrgica não é dever
exclusivo do clero, mas de todos os cristãos.

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CAPÍTULO I
A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

1. Alguns princípios gerais

1. A celebração da Missa, como acção de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente


ordenado, é o centro de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal quer local,
como para cada um dos fiéis (IGMR 16: EDREL 926).
2. Por isso, é da máxima importância que a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal
modo se ordene que ministros e fiéis, participando nela, cada qual segundo a sua
condição, dela colham os mais abundantes frutos (IGMR 17: EDREL 928).
3. Tal finalidade só pode ser atingida se ordenar toda a celebração de forma a conduzir os
fiéis àquela participação consciente, activa e plena, de corpo e espírito, ardente de fé,
esperança e caridade. (IGMR 18: EDREL 928).
4. A eficácia pastoral da celebração aumentará, certamente, se as escolhas das leituras,
orações e cânticos se fizer, quanto possível, de modo a corresponder às necessidades, à
formação espiritual e à mentalidade dos que nela tomam parte. Lembre-se o sacerdote de
que convém organizar os serviços na liturgia de comum acordo com aqueles que têm parte
activa na celebração (IGMR 352: EDREL 1262).

5. Entre as partes da Missa que pertencem ao sacerdote, está em primeiro lugar a Oração
eucarística, ponto culminante de toda a celebração. Vêm a seguir as outras as orações: a
oração colecta, as orações sobre as oblatas e a oração depois da comunhão. O carácter
«presidencial» destas intervenções exige que sejam proferidas em voz alta e clara, e
escutadas por todos com atenção (IGMR 30. 32: EDREL 940. 942).
6. A celebração da Missa é, por sua natureza, “comunitária”. Por isso têm grande
importância os diálogos entre o sacerdote e os fiéis reunidos, bem como as aclamações,
que constituem aquele grau de participação activa por parte da assembleia dos fiéis, que
se exige em todas as formas de celebração da Missa (IGMR 34-35: EDREL 944-945).
7. Deve fazer-se um grande uso do canto na celebração da Missa, de acordo com as
possibilidades de cada assembleia litúrgica. Embora não seja necessário cantar sempre,
por exemplo nas Missas feriais, todos os textos que, por si mesmos, se destinam a ser
cantados, deve no entanto procurar-se com todo o cuidados que não falte o canto dos

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ministros e do povo nas celebrações que se realizam nos domingos e festas de preceito.
Na escolha das partes que efectivamente se cantam, dê-se preferência às mais
importantes, sobretudo às que devem ser cantadas pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo
leitor, com resposta do povo, bem como às que o sacerdote e o povo devem proferir
conjuntamente (IGMR 40: EDREL 950).
8. Também se deve guardar, nos momentos próprios, o silêncio sagrado, como parte da
celebração (IGMR 45: EDREL 955).
9. Arte da celebração é o acto de celebrar rectamente obedecendo às normas litúrgicas na
sua integridade, garantindo a vida de fé de todos os crentes. E esta arte de celebrar
compete àqueles que receberam o sacramento da ordem (Bispos, sacerdotes e diáconos).
10. A Dignidade - «O decoro: a beleza e disposição do altar, do ambão e da cadeira, a
limpeza dos vasos sagrados, dos paramentos e das toalhas, o espaço da celebração e a
sobriedade das flores, os livros litúrgicos são elementos indispensáveis» (CEAST,
Directório Pastoral, 2018, nº 221).
11. As Vestes sagradas – «Importa que as próprias vestes sagradas contribuam também
para a beleza da acção sagrada. A alva é a veste sagrada comum a todos os ministros
ordenados e instituídos de qualquer grau; ela será cingida à cintura pelo cíngulo, a não
ser que o seu feitio o dispense. É obrigatório o uso da alva nas celebrações. Ela alva não
poderá ser substituída pela sobrepeliz, nem sobre pela veste talar, quando se deve usar
Casula ou dalmática, ou quando se usa apenas a estola sem Casula ou dalmática (…). A
veste própria do sacerdote celebrante, tanto na missa como em outras acções sagradas em
conexão directa com ela, é a Casula sobre a alva e a estola; a veste própria do diácono é
a dalmática sobre a alva e a estola; contudo, em celebrações menos solenes, a dalmática
por ser dispensada» (IGMR, 335 – 337).
12. A ornamentação – «Em reverência para com a celebração do memorial do Senhor e o
banquete em que se comungam o seu corpo e sangue, ponha-se sobre o altar onde se
celebra, ao menos uma toalha de cor branca, que combine, por seu formato, tamanho e
decoração, com a forma do mesmo altar. Na ornamentação com flores seja sempre
moderada e, ao invés de se dispor o ornamento sobre o altar, de preferência seja colocado
junto a ele. Sobre a mesa do altar podem ser colocadas somente aquelas coisas que se
requerem para a celebração da missa» (IGMR, 304- 306). Portanto, as toalhas do Altar só
podem ter insígnias referentes ao Mistério eucarístico. Não se decora o altar e o ambão à
maneira do salão de festas. Durante a celebração não se colocam flores no altar, mas
apenas as velas.

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13. O bispo diocesano é o guia, promotor e guardião de toda a vida litúrgica da sua
diocese; ele “é o liturgista por excelência da sua Igreja”. Por isso, as celebrações litúrgicas
realizadas pelo bispo na Catedral devem respeitar a arte da celebração, para que possam
ser consideradas como modelo por todas as Igrejas espalhadas pela diocese (Bento XVI,
Sacramento da Caridade nº 39).
14. A comunhão - É muito para desejar que os fiéis, tal como o sacerdote é obrigado a
fazer, recebam o Corpo do Senhor com hóstias consagradas na própria Missa e, nos casos
previstos, participem do Cálice, para que a Comunhão se manifeste, de forma mais clara,
nos próprios sinais, como participação no sacrifício que está a ser celebrado (IGMR 85:
EDREL 995 h).
15. Quanto à comunhão na mão, pastores e fiéis devem preocupar-se em realizar o gesto
de maneira digna e significativa. Para tanto, e segundo a antiga tradição, o ministro
colocará o Pão consagrado na mão do fiel, o qual comungará antes de regressar ao seu
lugar, por não parecer conveniente que o faça enquanto caminha, devendo ter ainda todo
o cuidado com os fragmentos que eventualmente se desprendam (EDREL 2526). Por uma
questão de unificação evitem-se os gestos devocionais não previstos no ritual
(genuflexões, etc.).

1.2. Notas Práticas da Celebração Eucarística


1. A Procissão de entrada - A procissão inicial do sacerdote e dos ministros exprime, em
nome de toda a assembleia, o caminho da Igreja que vai ao encontro de Cristo,
representado pelo altar que vem beijado pelo sacerdote e incensado nas solenidades. O
grupo coral fica no seu lugar próprio e não entra na procissão.
2. Cântico de entrada – Na liturgia não está previsto um cântico de procissão mas sim o
de entrada. Assim o cântico de entrada é um só e são não dois ou três e deve reflectir o
espírito do respectivo tempo litúrgico. Este cântico acompanha a procissão até que os
ministros beijem o altar. Se houver incensação do altar, este cântico pode-se prolongar
até ao fim da mesma.
3. A Saudação do Celebrante - A saudação do celebrante e a resposta do Povo manifestam
o mistério da Igreja como convocação sagrada, assembleia reunida em nome do Senhor e
pelo Seu mandato.
4. Senhor tende piedade de nós (Kyrie eleison) – Cântico do acto penitencial. O texto de
cântico é modelar e fixo; não resulta de criatividades ligadas ao tema da misericórdia. Por
isso, canta-se conforme o que vem nos missais em língua portuguesa ou em qualquer das

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nossas línguas nacionais. Não se toque o batuque ou instrumentos de percussão.
5. Glória - trata-se de um hino muito antigo e bonito que amplifica o rito de entrada e
anuncia de algum modo o prelúdio da grande acção de graças: o Prefácio. Por ser um
hino de aclamação é de carácter festivo e deve ser cantado convenientemente. Não se
substitua por outros cânticos. O seu uso, confinado aos domingos (excepto no Advento e
Quaresma), Solenidades e festas, realça o seu carácter solene. Pode ser cantado
inteiramente pelo coro e pelo povo.
6. Oração Colecta - Na Missa diz-se sempre uma só oração colecta. A mesma norma se
aplica igualmente à oração sobre as oblatas e à oração depois da Comunhão (IGMR 54.
77. 89: EDREL 964). As súplicas por alguma necessidade ocorrente ou a memória de um
aniversário fazem-se na oração dos fiéis (cf. IGMR 69: EDREL 979). Nada se
sobreposição de orações colectas.
7. Liturgia da Palavra - O Livro na própria Sagrada Escritura apresenta-se como um
símbolo muito forte e significativo. Ele é venerado e contém a mensagem sagrada. Por
isso, os Livros da Palavra de Deus, principalmente o Livro dos Evangelhos, recebem uma
veneração especial. Nas Missas para grupos especiais, o sacerdote pode escolher os textos
que melhor se adaptem a essa celebração particular, contanto que sejam tomados de entre
os que vêm no Leccionário aprovado (IGMR 358: EDREL 967— 970).
8. Entronização da Bíblia - Lembramos que esta deve ser feita em três momentos: no
princípio, no meio e no altar. A terceira entoação deve ser feita com o Evangeliário ou a
Bíblia já nas mãos do Presidente da celebração. O livro a usar para entronização deve ser
preparado com antecedência e colocado num lugar de destaque no ponto de partida. Evite-
se, portanto, atravessar com o livro ante o olhar de toda a comunidade durante a oração
Colecta, o que demonstra um certo improviso. Os gestos devem obedecer a mensagem do
cântico. É proibido o uso do leccionário para esse momento.
9. Aclamação Aleluia – Depois da 2ª leitura, o grupo coral entoa o Aleluia que é repetido
pela Assembleia. O coro canta ainda o pequeno versículo que deve ser sempre o que está
no Missal ou leccionário de qualquer uma das nossas línguas.
10. O Credo deve ser cantado ou recitado pelo Sacerdote juntamente com o povo, nos
domingos e nas solenidades. Pode também dizer-se em celebrações mais solenes (IGMR
68: EDREL 327).
11.Oração universal ou dos fiéis - É o momento no qual a Palavra se transforma em
oração: O povo, exercitando a sua função sacerdotal, eleva a sua súplica pela santa Igreja,
pelos governantes, por aqueles que se encontram em necessidade, por todos os homens e

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pela salvação de todo o mundo. O melhor refrão é: Ouvi-nos Senhor! Podem ser
elaboradas preces locais e submetidas à aprovação da autoridade competente.
12. Ofertório – O cântico do ofertório pode ser qualquer cântico apropriado de louvor ou
júbilo, relacionado com o tempo litúrgico ou o tema do Domingo. «Reconhecemos os
esforços que se fazem por abrilhantar a procissão das oferendas nas festividades e
momentos especiais que exigem aquela procissão. Todavia não deixamos de observar que
por vezes a sua demora e o cansaço que traz aos fiéis, ofuscam a parte mais importante
da celebração» (CEAST, Nota Pastoral sobre a Liturgia, 1979).
13. Na procissão das oferendas que o pão e o vinho venham em primeiro lugar, depois o
resto. Com relação aos produtos: seleccioná-los de modo a evitar “procissões com danças
intermináveis.” Por outro lado, a ‘oferta especial’ (por causa das obras a realizar na
Paróquia e não só) que se faça depois da oração depois da comunhão e não durante o hino
de louvor.
14. Santo (Sanctus) – Seja sempre cantado com a letra própria da Liturgia Romana e não
substituído por um outro qualquer hino. Respeite-se a sua estrutura tal como aparece no
Missal Romano.
15. Momento da consagração - Durante a elevação da hóstia ou do cálice, guarde-se um
silêncio sagrado de fé e adoração. Não se canta nenhum canto devocional.
16. Aclamação depois da Consagração – “Eis o mistério da Fé: Anunciamos…”
Seria bom que fosse sempre cantada sobretudo ao Domingo, nas suas 3 formas que
aparecem no Missal. Esta resposta, aclamação, do povo à Consagração é a afirmação da
sua fé na SS. Eucaristia. Não se cante nenhum canto devocional privado durante a
elevação da Hóstia ou do cálice.
17. Doxologia final – chama-se doxologia final as palavras do presidente da Eucaristia:
“Por Cristo, com Cristo e em Cristo…”. O mais importante para a Assembleia é dizer ou
cantar: Amen!
18. Pai – Nosso – Cantado ou recitado, é a oração de todos: sacerdote, povo e coro. Não
se deve usar uma música de Pai Nosso que não foi ainda aprovada pela autoridade
eclesiástica. Tendo colocado o cálice e a patena sobre o altar, o sacerdote, de mãos juntas,
diz: Fiéis aos ensinamentos…Abre os braços e, juntamente com o povo, continua: Pai
Nosso…
19.Embolismo – chama-se embolismo à oração do sacerdote depois do Pai-nosso. O
povo responde: Vosso é o Reino, o poder e a glória para sempre. Depois segue-se a oração
da Paz que só pode ser dita pelo sacerdote e não pelo povo. Este responde simplesmente:

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Ámen!
20. O Cordeiro de Deus - é uma ladainha que acompanha a fracção do pão, como
preparação para a comunhão. Enquanto se realiza a fracção do pão e o “immixtio”, entoa-
se a invocação do “Cordeiro de Deus” que nunca deverá ser omitido nem substituído pelo
canto de paz.
21. A Comunhão eucarística - O celebrante mostra aos fiéis o pão eucarístico que será
recebido na comunhão e os convida ao banquete de Cristo; depois juntamente com eles
exprime sentimentos de humildade, servindo-se das palavras do Evangelho: “Senhor, não
sou digno...”.
22. O ministro da comunhão, ao apresentar a hóstia, diz: «O Corpo de Cristo». Quem
comunga, antes de receber a hóstia, responde: «Amém». O Amém devia ser uma convicta
profissão de fé em Jesus Cristo presente na Eucaristia: «Sim, eu acredito que aquela
pequena hóstia é o Cristo; e eu, tomando a hóstia, vou – me transformando no Corpo de
Cristo».
23. Como receber a Comunhão – Os Padres da Igreja dizem que devemos fazer um trono
para a mão esquerda com a mão direita, para receber o Corpo do Senhor. As mãos que
recebem o Senhor, devem ser dignas e honrar o mesmo Corpo de Cristo através da acção,
servindo à Cristo nos irmãos.
24. O cântico de comunhão – deve alimentar o sentido de unidade e exprimir a alegria de
união no Corpo de Cristo. Ao acabar a distribuição da sagrada comunhão, o canto deve
também terminar, para haver uns momentos de silêncio sagrado e o diálogo íntimo com
o Senhor que acaba de ser recebido. Eduque-se o povo para o silêncio litúrgico.
25. Silêncio sagrado - Terminada a distribuição da comunhão, o sacerdote e os fiéis oram
um momento em silêncio. A seguir a assembleia pode cantar um hino de louvor.
26. Oração depois da comunhão: Nela, o sacerdote pede os frutos do mistério celebrado
e o povo faz sua a oração com a aclamação Amem. Assim se conclui o rito da comunhão.
Se existem avisos ou comunicações, devem ser feitas depois da oração e, nunca antes.
27. Danças - Entre as diversas espécies de danças (de guerra, fúnebre, sensual, teatral,
religiosa), cada uma se distingue das outras pelos seus gestos. Sendo assim, não basta que
as nossas danças litúrgicas sejam bonitas; mas hão – de ter também, e sobretudo, gestos
de mensagem religiosa que nos levem para Deus. Deve-se considerar somente que a
dança vai ao encontro de uma das razões: adoração, louvor, arrependimento, acção de
graças, preces. Portanto, pede-se o espírito de discernimento das danças e dos cânticos.
E não se introduzam danças na liturgia sem a aprovação da autoridade eclesiástica.

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(Kumasi, nº 19).
28. Os Lugares da Celebração, portanto, são três: O Altar, o Ambão, a Cadeira
presidencial (SEDE).
a) O Altar: A Igreja – esposa vai ao encontro do Esposo – Cristo e O venera. O altar, por
sua vez, é incensado juntamente com as ofertas durante o ofertório. No final da Missa o
sacerdote beija de novo o altar antes de sair da Igreja. Todos estes gestos estão em função
da identificação simbólica com Cristo. O símbolo do altar indica assim a Cristo no
sacrifício perfeito (o único sacrifício que salva o mundo: O seu mistério pascal de
imolação – ressurreição. Ele próprio torna-se Altar – Vítima e Sacerdote.
b) O Ambão: - É o lugar da celebração da liturgia da Palavra. O ambão é também o lugar
do Livro por excelência, o Evangelho, que nas missas solenes, vem levado
processionalmente pelo Diácono ou Sacerdote durante o canto de aleluia. Do ambão são
proclamadas as leituras, o salmo responsorial e o precónio pascal, mas também a homília
e a oração dos fiéis. Para os comentários, avisos, etc., devem usar uma estante móvel.
c) A Sede: A cadeira da presidência exprime a função daquele que preside a assembleia
e dirige a oração representando o Senhor. Nas Igrejas episcopais é chamada também
«Cátedra» para sublinhar esta função: de facto, é ali que o Bispo dirige o seu ensinamento
ao povo. A sua importância é tal que a Igreja episcopal toma o nome de Catedral próprio
pela presença da Cátedra do Bispo.

1.3. Ministérios Especiais

Mestre-de-cerimónias (Cerimoniário) - É o responsável pelo bom ordenamento das


acções sagradas, e a ele pertence velar para que as mesmas sejam executadas pelos
ministros com dignidade, ordem e piedade. É aconselhado seguir e respeitar as suas
orientações nas celebrações.

Acólitos - Devem estar devidamente preparados e ensaiados para exercerem bem o seu
trabalho. Eles são colaboradores directos do presidente da assembleia. Cabe a eles ao
entrar na Igreja: O controlo do altar e do material; boa apresentação com a batina; manter
silêncio na sacristia; depois de missa, põem em ordem e no seu lugar o material litúrgico.
Portanto, como ministrantes prestam um verdadeiro serviço do altar.

Leitor - O leitor é um ministro da Igreja. Ele deve ser preparado espiritual e tecnicamente;
deve sentar-se perto do presbitério ou mesmo ocupar as cadeiras da frente; não é bom

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fazer a assembleia esperar demasiado tempo, até que este chegue para se dirigir ao ambão.

Salmista - Pertence ao salmista cantar o salmo ou o cântico bíblico que vem entre as
leituras. Para desempenhar bem o seu ofício, é necessário que o salmista seja competente
na arte de salmodiar e dotado de pronúncia correcta e dicção perfeita. Quando o salmo é
cantado, o salmista, depois que a assembleia cantou o refrão da última vez, não deve
repetir o refrão sozinho, mais sim deve voltar para o seu lugar.
Comentarista - Ele tem a função de fazer aos fiéis explicações e admonições, a fim de
os introduzir no sentido da celebração e os dispor a compreendê-la melhor. As
admonições do comentador devem ser bem preparadas e muito sóbrias. No desempenho
da sua função, deve colocar-se em lugar adequado, à frente dos fiéis, mas não convém
que suba ao ambão.
Ministros Extraordinários de Comunhão - Trata-se de um serviço litúrgico que
responde a necessidades objectivas dos fiéis, destinado sobretudo aos enfermos e às
assembleias litúrgicas nas quais são particularmente numerosos os fiéis que desejam
receber a sagrada comunhão.
Recepcionistas - Quando chegamos a uma casa, gostamos de encontrar à porta alguém
com o rosto simpático para nos receber. Também na Igreja ou Capela, as celebrações
muito dependem destas equipas. São eles os encarregados de receber os fiéis a porta da
Igreja e de os conduzir aos seus lugares.
O grupo coral - Quando bem treinado e ensaiado, embeleza, torna solene a liturgia e
encoraja o canto do povo. Deve ajudar a assembleia a cantar, a participar na liturgia. O
grupo coral não deve estar na Igreja para dar concertos musicais. A ele compete executar
com perfeição aquelas partes do canto que lhe estão reservadas; animar a participação
activa dos fiéis nos mesmos cantos; tem uma função de guia e de sustento ao canto de
toda a comunidade. Os membros do grupo coral exercem um verdadeiro ministério no
culto divino, pelo que a sua vida deve ser cristãmente irrepreensível. Requer-se deles bom
testemunho de vida; bom exemplo.
O dirigente ou director do canto - deve dirigir a assembleia e ao mesmo tempo o coro:
ensaia os cantos com a assembleia antes da celebração; apresenta-os e anima. Ele tem a
função de guiar o canto de todos os fiéis e para tal, deverá ocupar um lugar bem visível
para todos.
Instrumentos musicais (Orgão, batuque, ngongue, sacaias, guitarras, etc.) – Estes
instrumentos podem ser de grande utilidade na liturgia, quer acompanhando o canto, quer

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sem ele, na medida que prestam serviço à palavra cantada, ao ritual e à comunidade em
oração. Por isso, a IGMR 313 diz: “os instrumentos musicais na liturgia servem para
acompanhar o cântico e não ao contrário.” O instrumento deve sempre ser tocado de
forma adequada ao momento celebrativo e à natureza da assembleia, nunca abafando sua
voz ou a do cantor. Portanto, o instrumentista como ministro da celebração, deve estar
profundamente envolvido com a acção litúrgica pela sua atenção e participação.
Os Fotógrafos - devem tratar as igrejas como lugares sagrados, sem perturbar a
dignidade nem o ritmo das celebrações. Nesse sentido, promovam-se para eles, acções de
formação em ambiente de corresponsabilidade cristã. Não devem tirar fotografias durante
a pregação ou homilia, evitando deste modo a distracção dos fiéis (cf. CEAST, Directório
Pastoral, 2018, nº 221).
1.4. Atropelos a Corrigir
Na perspectiva pastoral que damos a este Subsídio, cabem agora algumas correcções a
determinadas práticas generalizadas que, nascidas porventura de certa boa vontade,
alteram a regra da celebração e desprezam as normas estabelecidas. Limitamo-nos a
alguns pontos de importância maior, todos eles relacionados com a celebração da Missa.
1.Aplausos na Missa: Pode-se aplaudir na Missa? O aplauso pode ser apropriado como
uma expressão ritual de assentimento ou como aclamação não verbal, corporal, dentro da
acção litúrgica. Um aplauso usado como uma resposta litúrgica pode ser incluso
recomendável num momento litúrgico. Mas necessitamos discernir que elementos da
nossa cultura são apropriados para a liturgia e em que momentos. O aplauso é um desses
elementos culturais. Por isso mesmo, não se deve bater palmas no fim da homília e do
hino de louvor após comunhão.
2. A postura de alguns animadores de canto nem sempre tem proporcionado um clima
de oração e interiorização. Às veze, tem–se mais “ruído” e distracção do que
contemplação e louvor. Em alguns casos a música é vista como algo complementar e que
serve apenas para quebrar a monotonia de algumas celebrações. Muitos
animadores/regentes de canto, por falta de formação litúrgica, desconhecem os critérios
para a escolha dos cânticos de uma celebração, esquecem que o cântico tem uma função
a exercer na liturgia.
CONCLUSÃO
A celebração do Mistério Eucarístico é uma arte, cujo exercício está bastante vinculado
ao sentido do sagrado, à atitude de adoração e à vivência dos ritos e orações por parte do
ministro e dos fiéis. Por isso, «a celebração da Eucaristia tenha sempre um tom de festa,

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consequência da alegria de nos sentirmos convidados a celebrar em Cristo, presente
realmente no pão e no vinho, na assembleia, na palavra e no presidente (…). A presença
e gestos do presidente são essenciais: deles depende a possibilidade de todos participarem
da riqueza e variedade dos textos do missal. (CEAS T, Directório Pastoral, 2018, nº 221).
Por conseguinte, ao presidente compete lugar destacado da assembleia (ou dos
concelebrantes). Igualmente lhe compete vestes especiais que o distingam dos demais.
Para o presidente é prescrito a Alva, a Estola e a Casula (CEAST, Nota Pastoral sobre a
Liturgia, 1979).

Na Assembleia ninguém vai para “ver” os outros. Todos devem fazer tudo e só o que lhes
compete. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia declara: «É, pois, necessário imbuí-los
de espírito litúrgico, cada qual a seu modo, e formá-los para executarem a parte que lhes
compete» (SC 29). Portanto, todas as funções nas celebrações requerem o espírito de
serviço, de fé, de competência e de equipa. Já é tempo de ser exigente com os que exercem
um ministério ou um serviço. Só um persistente trabalho educativo, que ajude todos os
fiéis, e particularmente os responsáveis do canto, a sentir o que é uma liturgia bem
celebrada e participada, poderá levar aos objectivos que tanto desejamos.

Secretariado Nacional de Liturgia, Luanda, Maio de 2021

+Luzizila Kiala

Bispo do Sumbe e Presidente da Comissão

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