Você está na página 1de 4

MITOS QUE AFASTAM O UMBANDISTA DA RELIGIÃO

• MEDOS

- “Missão espiritual/mediunidade que deve ser desenvolvida”;

O assunto sobre missão/mediunidade é forçadamente aplicado à mentalidade umbandista com a


intenção de informar à pessoa que ela tem um caminho espiritual a ser seguido de forma quase que
mandatória e, infelizmente, às vezes em tom ameaçador. Esta abordagem pode imprimir medo para
pessoas sem muito conhecimento sobre os assuntos espirituais ou levar a uma forçada obrigação em
adentrar uma corrente mediúnica para ‘desenvolva sua mediunidade e cumprir esta missão!’. Este
comportamento deve ser combatido e jamais estimulado. A Umbanda não é uma religião com objetivo
de converter novos fiéis, esta deve ser uma escolha pessoal tomada com base no livre-arbítrio e
afinidade dos seus frequentadores e não por imposição ou medo de consequências negativas caso a
pessoa não opte por frequentar. Por isso vemos membros da religião que são infelizes e não sentem
prazer em estar no terreiro, não gostam de se envolver nas responsabilidades cotidianas, de participar
das demandas de atividades diários das casas de religião e mesmo assim permanecem durante longos
anos ou a vida toda na Umbanda simplesmente pelo fato de que um dia alguém disse que esta pessoa
teria que cumprir esta missão.

Além disso, o conceito de missão e de mediunidade reforçados na mentalidade geral umbandista


(extremamente arraigados aos resgates espirituais ensinados pela Doutrina Espírita) sempre vem
associados a um peso enorme desta missão como sendo ligada a um Karma de vidas passadas e resgates
que devem ser dolorosamente reparados através da lida mediúnica, trazendo com isso um fardo para
com a trajetória do médium umbandista.

Isto faz sentido para você? Questione se você olha para a religião de Umbanda como um caminho
doloroso, de pesar e sofrimentos ou, se a frequenta por se sentir feliz, em paz e realizado com a família
espiritual (médiuns e entidades). É importante ter um pensamento crítico para todos os assuntos ligados
à jornada espiritual e coragem para desmistificar tabus muito arraigados pelo tempo, que nem sequer
sabe-se bem quando iniciaram. A Umbanda é um caminho de alegria, desenvolvimento pessoal e
espiritual, melhora íntima, conexão com a Divindade e culto à natureza. Se este caminho fizer parte de
um resgate kármico, pode-se entender que é uma bênção resgatar qualquer débito seguindo o caminho
da religião de Umbanda. Permita-se olhar para a ‘Missão’ de forma mais leve e, caso esteja neste
caminho somente pelo fardo espiritual de um resgato kármico, tome consciência de que a Terra oferece
a todos infinitos caminhos espirituais igualmente belos e que podem falar melhor ao seu coração sem
este peso. Analise se seu caminho realmente é a Umbanda e se for, a encare como uma fé que te faz
bem, te traz responsabilidades mas também enormes benefícios. Ainda neste ínterim, vemos que as
pessoas tem muitas responsabilidades que devem ser tidas como verdadeiras ‘missões’ na Terra e,
mesmo assim, as exercem somente quando lhes convém, não devendo por isso ser a Umbanda uma
missão à qual não haja formas de fugir/não cumprir. Exemplos: cuidado com a saúde, estudo,
cumprimento de metas pessoais, organização da vida financeira, reparo de dramas de família, zelo no
cuidado com filhos, amigos e familiares, aprender um novo idioma, aprender a cozinhar o próprio
alimento, organizar sua casa, etc... Desta forma vemos que a entrada para a religião para cumprimento
desta mandatória missão não é uma resposta válida quando se observa que todos temos diversas
missões que são cumpridas conforme nosso empenho, querer e força de vontade. O Karma/dívida desta
forma torna-se uma resposta sempre negativa para justificar a famigerada missão que o Umbandista
tem que seguir e não deve ser o único motivo para entrada de alguém na religião.

Alguns tópicos que explanam a visão da Casa Grande Xangô e Oxóssi com relação à missão,
mediunidade e religião:

1º Mediunidade e a religião não são provações. A mediunidade é a exteriorização de um dom que


aflorou no ser e que, se bem orientada, irá auxiliar seu processo evolutivo espiritual. A mediunidade
tem um leque infinito de possibilidades que não se resumem à incorporação de guias, podendo ser vista
nas ciências, na medicina, na arte, música e em tudo que está presente em nossa vida cotidiana. Podem
estar ligadas à necessidades específicas de cada ser em sua jornada na Terra, no entanto não estão
enclausuradas na Umbanda, visto que respeitamos todas as religiões como igualmente detentoras de
possibilidades para Reforma íntima.

2º A mediunidade e a religião não escravizam o médium/frequentador. A escolha por adentrar no


terreiro será a escolha de ajustar a conduta para uma vida equilibrada de acordo com o ensinamento de
nossos guias, no entanto, a religião não obriga ninguém a nada, o respeito ao livre-arbítrio de todos os
seres faz parte das Leis de Umbanda e do pensamento comum no Templo Casa Grande Xangô e Oxóssi.

3º Adentrar no terreiro deve ser uma escolha feita com entusiasmo e amor. O som dos atabaques,
a magia, a força dos Orixás e guias, o perfume que a Umbanda tem são encantos que sempre vão
iluminar o coração dos umbandistas. A emoção que toma conta do corpo e da alma ao sentir do que se
trata a Umbanda é sempre o sinal de que sua espiritualidade compactua com este caminho. Para o
Templo Casa Grande Xangô e Oxóssi a escolha de cada pessoa por adentrar no terreiro deve ser feita
com calma, tempo e por escolha própria caso o indivíduo sinta em sí este mix de sentimentos e
sensações descritos acima.

- “Cobrança de guias e entidades”;

O caminho espiritual umbandista é marcado por tabus e afirmações antigas e de pouca lógica
espiritual que devem aos poucos ser trabalhados na mente de todos os adeptos. “A Umbanda é um
caminho de entrada, não tem como sair”- Você já ouviu esta afirmação antes? Faz sentido para o
seu caminho espiritual compactuar com isto? Esta afirmação não pode corresponder a um caminho
religioso saudável e que preze ao livre arbítrio dos seres. Nossos amados guias espirituais
acompanham a caminhada de seus amigos encarnados independente da religião que os mesmos
escolham professar. O médium umbandista tem pleno direito de seguir outro caminho religioso se
um dia a vida assim lhe mostrar que é necessário, sem haver com isso qualquer distúrbio, cobrança
ou vingança por parte das entidades.

- “Peso da responsabilidade de frequentar um terreiro”;


-

Os extremos sempre devem ser evitados para novos membros na religião. A pressa em entrar
em uma casa nunca é saudável e, da mesma forma, adiar durante anos ou uma vida toda a entrada
para um Terreiro por medo de assumir a responsabilidade também é algo que não deveria
acontecer. Todas as religiões exigem de seus adeptos uma frequência, contribuições de toda ordem
para que se possa usufruir das cerimônias, do espaço do templo e ter oportunidade de participar
efetivamente da ritualística da casa, abrir mão de dias e horários livres para participar, etc... Uma
pessoa que tem o firme propósito e sabe que quer adentrar em um caminho espiritual, auxiliar
sempre que possível de forma gentil e empática e aprender o que a Umbanda tem a ensinar não
deve temer a responsabilidade como um peso na vida, a entrada em um Terreiro deve ser algo
esperado, comemorado e organizado para que possa ser bem feito.

- “Superioridade por ser médium ou ter um grau hierárquico”;

Não é incomum encontrarmos médiuns de Umbanda que por desenvolverem a mediunidade


tornam-se mais ‘capazes’ dos que os que não o fazem ou dos iniciantes. Isso pode ser uma verdade
se quem se desenvolveu também compreendeu os ensinamentos de nossa religião e os
compromissos que assumiu e angariou ao longo do tempo, do contrário é pura fantasia da qual
utiliza-se para alimentar o ego e a vaidade. Nosso “poder” na Terra jamais será imbatível ao Poder
Absoluto que provém de Deus/Olodumaré e que é aplicado através da Lei de Ação e Reação
lançando o indivíduo em abismos conscienciais que o farão perceber que ninguém deve se sentir
mais poderoso do que qualquer outro indivíduo.

Isto não implica dizer que a hierarquia de uma Casa de religião não deva existir. O merecimento
e dedicação de todos os filhos os levarão a atingir graus hierárquicos com o passar do tempo,
trazendo com isso a responsabilidade de zelar pela tradição a que pertence e auxiliar os neófitos
com seus conhecimentos adquiridos. A hierarquia deve ser respeitada como sendo necessária para
manutenção da ordem de uma Casa de Axé, jamais como um pressuposto para soberba e
desrespeito.

- “Exigência de uma mudança de vida material atrelada ao desenvolvimento espiritual”;

Esta relação não existe e não é válida. O desenvolvimento espiritual não está atrelado ao
desenvolvimento material da pessoa. Com o resquício colonialista e escravagista que nossa
sociedade tem, a religião que tem origem negra passou a ser vista como uma bancada de favores e
pedidos que devem ser atendidos a todo custo pelos guias espirituais. Não compactuamos com este
tipo de pensamento. A espiritualidade superior deve orientar sempre seus filhos para que estudem,
trabalhem e busquem uma melhora em sua vida material através de seu esforço e não através de
procedimentos mágicos.
- “Excesso de tabus e restrições ritualísticas dentro da religião”;

A preservação das tradições religiosas envolve segredos, mistérios e tabus que as caracterizam e
mantém vivas. As Casas de Umbanda tem também seus segredos, ritualísticas e proibições (através
dos preceitos, por exemplo) que compõem os fundamentos da religião, no entanto, estes
procedimentos não devem ser exagerados, fora do bom senso ou sem nenhuma explicação lógica. A
saúde física, mental e o respeito mútuo sempre devem reger a concordância ou não com qualquer
ritualística sugerida por qualquer pessoa ou entidade da religião, independente da hierarquia. Estes
rituais se aplicam somente aos adeptos da casa e não podem ser comparados de um terreiro para
outro. Exemplo: em muitos terreiros não se podem lavar a cabeça com o banho de ervas, verifique
com seu Pai ou Mãe de Santo se isto se aplica à sua doutrina ou não e respeite a orientação que é
válida para sua Casa. Um ritual ou preceito que é aplicado em um lugar não pode ser definido para
todos os locais e seria impossível para qualquer adepto respeitar as ritualísticas de vários terreiros,
lembre- se SEMPRE de que o que é certo e errado na Umbanda vale de nossa porta para dentro, o
lado de fora sempre será somente diferente.

- “Guias maldosos, inflexíveis, extremamente exigentes e que maltratam as pessoas”;

A manifestação mediúnica é um reflexo da postura do médium. Não faz parte da conduta de


Guias de Umbanda (seja nas 7 linhas ou na Quimbanda) o comportamento vulgar, desrespeitoso,
abusivo ou intolerante. Uma entidade pode orientar, corrigir e chamar a atenção a qualquer tempo
visto que isso faz parte da lida com seres humanos que somos falho e vaidosos, no entanto, sempre
virá no tom e momento certo, sem expor ninguém ao ridículo ou desrespeitar o
frequentador/assistência. A Casa Grande Xangô e Oxóssi não compactua com qualquer atitude
menos nobre por parte de guias espirituais, independente da hierarquia do médium. Estas situações
devem ser corrigidas e jamais silenciadas.

Você também pode gostar