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AUTOS Nº 5001381-13.2022.8.21.0038
I – DOS FATOS
É o breve relato.
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Por sua vez, o Código de Processo Penal regula a aplicação de medidas
cautelares, dentre as quais a prisão preventiva, e dispõe, no seu art. 282, que tais
medidas devem ser aplicadas considerando-se (i) a necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais, bem como (ii)
a adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado.
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Art. 282 […] §6º A prisão preventiva somente será determinada quando
não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o
art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra
medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos
elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
Pois bem.
Ora, o delito imputado ao flagrado (art. 306 do CTB) possui como pena
máxima detenção de 03 (três) anos. Além disso, o autuado é ABSOLUTAMENTE
PRIMÁRIO (ev. 03) e a conduta a ele imputada não foi praticada com violência
ou grave ameaça a pessoa. Ainda, não foi apreendido nenhum armamento
em posse do investigado e não há notícia de ele ter resistido à prisão.
Note-se, aliás, que o flagrado apenas não foi posto em liberdade após a
confecção do auto de prisão em flagrante em razão de não ter condições para
pagar a fiança arbitrada pela autoridade policial.
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De se considerar também que justamente pelo seu caráter instrumental e
acessório, as medidas cautelares são regidas pelo princípio da homogeneidade
ou proporcionalidade, pois não podem ser mais gravosas que a sanção
eventualmente a ser aplicada ao final do processo. No caso dos autos, muito
dificilmente haverá a aplicação de uma pena privativa de liberdade em regime
fechado, de modo que a segregação cautelar se mostra desproporcional ao
caso concreto também por esse motivo.
Por fim, não se pode deixar de comentar que as circunstâncias atuais são
excepcionalíssimas, diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, o que
levou o Conselho Nacional de Justiça a editar a Recomendação nº 62/2020, na
qual o referido órgão urge aos magistrados e magistradas que considerem ainda
mais excepcional a decretação da prisão preventiva.
Com efeito, a recomendação, em seu art. 8º, §1º, I, c, dispõe que a prisão
preventiva SOMENTE deve ser adotada, se preenchidos os requisitos, nos
crimes cometidos com o emprego de violência ou grave ameaça contra a
pessoa, o que, evidentemente, não é o caso dos autos.
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Federal, e nos arts. 282, §6º, 310, III e 321, todos do Código de Processo Penal.
Pelo mesmo motivo, aos mesmos são adequadas e suficientes as medidas
cautelares não prisionais do art. 319 do Código de Processo Penal.
III – DO PEDIDO