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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Texto Didático n°5

ORGANIZAÇÃO-INDUSTRIAL, MERCADOS-CONTESTÁVEIS-E
POLÍTICA PÚBLICA

Achyles Barcelos da Costa*

Maio de 1995

* Doutor em Ciências Econômicas /IE-IUFRJ. Professor do Departamento de Economia /UFRGS


ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL, MERCADOS CONTESTÁVEIS E POLÍTICA PÚBLICA*

1. Introdução

O poder descritivo das teorias econômicas, assim como sua capacidade de explicar a dinâmica dos
fenômenos econômicos, têm sido objeto de atenção constante dos economistas. No entanto, a avaliação do que
seja uma teoria econômica "correta" é sujeita a controvérsias e, dada também a natureza política dessa ciência,
freqüentemente perpassam vieses ideológicos.
Desde há muito que a teoria neoclássica vem sendo questionada em seus fundamentos, seja por
problemas de consistência lógica de algumas construções analíticas, seja devido à falta de aderência à realidade.
Para citar alguns exemplos conhecidos na literatura econômica, têm-se as críticas feitas por Sraffa (1926 e
1960) à lei dos rendimentos decrescentes marshalliana e à teoria da distribuição, ou aquelas realizadas por Hall
& Hitch (1939) à hipótese de maximização do lucro e do papel desempenhado pela demanda na determinação
do preço.
No início dos anos 80, Baumol & Panzar & Willig1 (1982) puseram em julgamento um dos conceitos
mais venerados pela teoria neoclássica - a concorrência perfeita - através do que eles denominaram de
mercados contestáveis. No entanto é de se ressaltar, desde logo, que a natureza dessa crítica difere das
anteriormente realizadas. Enquanto aquelas, de um modo geral, negavam a validade analítica do conceito em
questão, a crítica desses autores refere-se à limitação da aplicação do conceito de concorrência perfeita à
análise da determinação da eficiência e estrutura industriais. Na introdução ao livro de BPW, Elizabeth Bailey
salienta que a contribuição da teoria dos mercados contestáveis é introduzir a grande empresa na teoria
microeconômica, aumentando sua capacidade de generalização.
Na análise ortodoxa, como se sabe, o conceito de concorrência perfeita é o marco a partir do qual os
mercados, ou as estruturas industriais reais são avaliados em termos de eficiência. Desse ponto de vista, as
estruturas de mercado que se afastam daquele ideal, como o monopólio e o oligopólio, são consideradas como
produzindo distorções na alocação de recursos, sendo fonte, então, de ineficiências e, por isso, sujeitas à
regulamentação estatal.
O objetivo do presente texto é expor os fundamentos da teoria dos mercados contestáveis, se bem que
de forma condensada, as críticas a ela formuladas, e suas recomendações de ação governamental vis-à-vis
àquelas propostas pela teoria da concorrência perfeita. O trabalho está estruturado da seguinte maneira. Além
desta introdução, na seção 2 a seguir é feita sucinta exposição do conceito de concorrência perfeita e de suas
propriedades. Após, na seção 3, desenvolver-se-á a análise dos mercados contestáveis. A seção 4 contém as
implicações de política pública do conceito de contestabilidade. Na seção 5 são apresentadas as críticas a essa
teoria. Os comentários finais da seção 6 encerram o texto.

2. A Teoria da Concorrência Perfeita

A teoria neoclássica, desenvolvida de maneira sistemática a partir da segunda metade do século XIX,
constitui-se ainda hoje no mainstream acadêmico. Dentre os principais teóricos que inicialmente construíram o
seu quadro analítico, pode-se citar Jeremy Bentham, Karl Menger, Stanley Jevons e Francis Y. Edgeworth.

* Este Texto beneficiou-se de leitura preliminar realizada por Duílio A. Bérni e Flávio B. Fligenspan. Versão preliminar.
Documento sem edição. Favor não divulgar.
1 Adiante referido simplesmente como BPW.
Uma característica distintiva desta corrente é ter deslocado a análise do valor das mercadorias do lado
da oferta (como fazia a análise dos clássicos) para o lado da demanda, atribuindo à avaliação subjetiva papel
determinante na explicação do preço das mercadorias. O grande impulso a essa escola do pensamento
econômico foi dado por Alfred Marshall, com a publicação de seus Principles of Economics em 1890.
Marshall acreditava que havia limites ao aumento do tamanho das firmas, de modo que a atomização
(concorrência perfeita) dos mercados seria a estrutura dominante na organização industrial capitalista.
Entretanto o neoclassicismo, devido à sua natureza estática, não consegue explicar a determinação das
estruturas de mercado, nem a dinâmica de sua evolução. Essas estruturas são um dado exógeno a partir do
qual se procura verificar quais serão suas influências na determinação do preço, produção e nas demais variáveis
relevantes para a empresa e o bem-estar social. Para a teoria, as estruturas de mercado percorrem um
continuum, indo de uma situação em que um grande número de empresas produz um produto homogêneo -
associada, então, à concorrência perfeita - a uma outra que, no limite, seria constituída por uma única firma que
dominaria o mercado. Assim sendo, do ponto de vista neoclássico, a concorrência é uma questão diretamente
relacionada ao número de empresas.
O mercado perfeitamente concorrencial é definido como sendo aquela estrutura em que há um grande
número de empresas - geralmente de dimensões pequenas - produzindo um (único) produto homogêneo e
onde não existem barreiras à entrada2 . Uma das principais características dessa forma de mercado é que
nenhuma empresa individualmente, em função de seu tamanho, consegue alterar o preço de mercado mediante a
redução ou aumento de sua produção. A firma é tomadora de preços. Assim, em seu comportamento
maximizador de lucros, ajusta sua produção até o ponto em que o preço iguala o custo marginal e, supondo-se
que a curva de custo médio tenha a forma de "U", o nível de produto de equilíbrio de longo prazo será aquele
em que o custo médio será mínimo. Sob esse aspecto, essa estrutura apresentaria propriedades adequadas em
termos de bem-estar, pois estaria igualando o preço ao custo marginal, minimizando custos e com lucros
extraordinários nulos, o que é condição para a existência de uma situação de ótimo de Pareto3 .
No extremo oposto à concorrência perfeita temos o monopólio, situação em que há apenas um produtor
e onde existem barreiras à entrada devido, principalmente, às economias de escala. Segundo o pensamento
neoclássico, a dimensão do mercado e as características da tecnologia são tais que, nessa situação, forçam a
empresa a produzir no segmento descendente de sua curva de custo médio. Como se sabe, quando o custo
médio é decrescente, o custo marginal correspondente é menor e, portanto, a firma não pode cobrar um preço
que seja igual ao custo marginal, pois isto a tornaria insolvente. Dado que, para essa abordagem, a função
objetivo da firma é a maximização do lucro, esta vai produzir onde o custo marginal iguala a receita marginal,
sendo o preço estabelecido ao nível da demanda. Neste ponto ocorrem lucros extraordinários (ou econômicos,
como a teoria também os denomina), e que são preservados pela presença de barreiras à entrada.
Ao se comparar essa estrutura (monopólio) com a concorrência perfeita contata-se, a partir desse
esquema analítico, que ela produz um volume de produção menor e um nível de preço maior do que

2 Por barreira à entrada entende-se aqueles obstáculos (acesso ao capital, economias de escala, patentes, e outros) que
impedem ou dificultam o ingresso de novos concorrentes no mercado. Pode-se supor também (embora a teoria não dê muita
atenção a esta questão), que as barreiras à saída são inexistentes, ou seus custos negligenciáveis.
3 Para uma economia atingir uma situação caracterizada como de ótimo de Pareto são necessárias três condições marginais: i)
que a taxa marginal de substituição entre dois bens A e B seja igual para todos os indivíduos que os consomem; ii) que a taxa
marginal de substituição técnica entre dois fatores de produção - capital e trabalho - seja igual para todos os produtos
produzidos pelas diferentes empresas; iii) que a taxa marginal de transformação entre dois bens A e B seja igual à taxa marginal
de substituição no consumo desses bens (Koutsoyiannis, 1979: cap. 23). Como veremos adiante esta é também, de acordo com
BPW (1982), uma estrutura contestável, embora a recíproca não seja verdadeira.
prevaleceria em mercados perfeitamente competitivos4 . Portanto, o monopólio é uma estrutura de mercado
ineficiente e por isso candidata à regulamentação e à ação da legislação anti-truste.
O caso do oligopólio, ou do "pequeno número", é o mais problemático para a teoria neoclássica. De
acordo com essa visão, sob esta forma de mercado não se teria uma teoria que determinasse preço e produção
que fosse generalizável: ela é indeterminada. Ter-se-ia que analisar caso a caso, o que para Sylos-Labini (1956)
demonstra insuficiência teórica5 . Em termos de bem-estar a avaliação do oligopólio é a mesma para o caso do
monopólio: é ineficiente. Um pouco menos, porque o número de firmas no oligopólio é maior.
Para se ter a dimensão da importância do ideal de concorrência perfeita como padrão de eficiência,
mesmo os modelos de preço-limite, principalmente os da linha de Bain, usam aquela estrutura de mercado como
paradigma de referência na determinação do preço-limite. O conceito de Bain de intervalo de entrada resume
bem essa situação: ele é definido como a diferença entre o preço-limite e aquele preço que vigoraria se o
mercado fosse perfeitamente competitivo (Koutsoyiannis, 1979).
Assim, dada a construção analítica da teoria da concorrência perfeita, a agenda de pesquisa que ela
preconiza refere-se aos estudos sobre níveis de concentração industrial; correlação entre lucros e concentração
para verificar a existência de "poder de mercado"; conluios; fusões e incorporações; práticas de discriminação
de preços; entre outros. O objetivo é verificar em que extensão os mercados reais afastam-se do ideal
concorrencial e, então, estabelecer as políticas adequadas para levá-los a aproximarem-se daquele padrão.

3. A Teoria dos Mercados Contestáveis

Em seu livro de 1982, BPW estabelecem que o objetivo da teoria dos mercados contestáveis seria o de
elaborar uma metodologia unificada de organização industrial que fosse aplicável a todas as estruturas de
mercado. Em decorrência, como as teorias servem para embasar as políticas econômicas, tal metodologia seria
um guia para a ação do governo no que se refere ao estabelecimento de regras a serem aplicadas naquelas
situações em que a presença do Estado é imprescindível, bem como justificaria os casos em que não é
necessária sua intervenção. Desse modo, a teoria dos mercados contestáveis coloca-se como um substituto
àquela base analítica anterior (concorrência perfeita) que não se aplicava às situações em que havia economias
de escala e, também, tinha dificuldades em lidar com empresas de multiprodutos. Para Shepherd (1990), essa
seria uma "nova" escola de organização industrial dentre aquelas que desde o início dos anos 70 vêm tentando
mudar os rumos do debate nesse field. Vejamos, então, em que consiste essa teoria.
O mercado perfeitamente contestável é definido como aquele em que tanto os concorrentes efetivos
como os potenciais têm acesso às mesmas tecnologias e consumidores, e onde não existem barreiras à entrada e
nem custos de saída. Isto significa que um entrante potencial que deseje estabelecer-se na indústria terá acesso à
demanda de mercado, a partir da tecnologia que está sendo utilizada, em igualdade de condições com as firmas
já estabelecidas. Por outro lado, se existe um vetor de produção lucrativo, os entrantes potenciais podem
ingressar e sair do mercado, mesmo que transitoriamente, antes que as empresas estabelecidas possam reagir à
entrada. Esta faculdade decorre de a entrada, além de livre, ser totalmente reversível e sem ônus. Assim, de
acordo com Araújo Jr. (1985): "Um mercado é perfeitamente contestável quando os concorrentes potenciais
estão aptos a impugnar efetivamente as práticas das firmas já estabelecidas no ramo."

4 Joan Robinson (1969) no seu prefácio à segunda edição de The economics of imperfect competition faz uma auto-crítica (em
relação à sua análise da primeira edição) considerando sem sentido essa comparação, dado que para ela as estruturas
monopolistas/oligopolistas seriam o resultado da própria concorrência.
5 Segundo BPW (1982), uma das contribuições da teoria dos mercados contestáveis -- que, na opinião dos autores, poderia ser
enquadrada na tradição da teoria do preço-limite da linha de Joe S. Bain -- é a de determinar endogenamente a estrutura da
indústria. Convém notar que a preocupação com o comportamento das grandes empresas na dinâmica industrial e de que a
estrutura do mercado não pode ser suposta como um parâmetro, já estavam presentes em obras de autores como, por exemplo,
Sylos-Labini (1956).
A teoria dos mercados contestáveis relaciona as características das técnicas de produção, a dimensão
do mercado e a concorrência potencial, para a partir daí determinar endógena e simultaneamente a estrutura da
indústria e os vetores de preço e produção. É de se notar que a estrutura industrial eficiente que possa resultar
dessa interação é independente do número e do tamanho de firmas existentes. Para que uma estrutura industrial
seja eficiente é preciso que sua configuração apresente duas características: seja factível e sustentável.
Uma configuração industrial composta por m firmas produzindo as quantidades Y1,...Ym ao vetor de
preços P é factível se a oferta dos produtos produzidos pelas firmas atender a demanda e, ainda, cada empresa
tenha seus custos cobertos. Esta é uma propriedade que, de um modo geral, se deva esperar de qualquer
indústria teórica em equilíbrio. No entanto, para que uma configuração industrial factível seja consistente com o
equilíbrio em um mercado contestável, ela não deve oferecer qualquer oportunidade de entrada lucrativa. Ou
seja, ela deve ser sustentável.
A sustentabilidade significa, então, que nenhum entrante potencial consegue, mediante reduções de
preços, fornecer um volume de produção que não redunde em prejuízos, sob a hipótese de que os preços
prevalecentes cobrados pelas firmas estabelecidas não se alterarão em decorrência da entrada do novo
concorrente. Esta possibilidade - de não-entrada devido a possíveis perdas - é assegurada dado que, em um
mercado contestável, os entrantes potenciais não se encontram em desvantagens em relação às firmas
estabelecidas, pois eles têm acesso tanto às técnicas produtivas existentes quanto à demanda de mercado.
Existem adicionalmente outras propriedades das configurações sustentáveis. Em primeiro lugar, pode-se
mencionar a questão da minimização de custos. Em uma configuração industrial sustentável, o custo total da
indústria na produção de uma determinada quantidade de bens deve ser minimizado. Isto quer dizer que nenhum
número e distribuição de tamanho de empresas, técnicas produtivas das firmas, pode produzir a mesma
quantidade de bens a um custo total menor do que o incorrido em uma configuração sustentável.
O argumento para essa situação, de acordo com Spence (1983), é o seguinte: se a proposição não
fosse verdadeira, então seria possível encontrar um conjunto de produtos de custo menor entre as firmas
entrantes. Mas isto implicaria que os lucros da indústria com o novo vetor de produtos fossem positivos, dado
que as receitas são as mesmas e os custos menores. Por sua vez, isto significa que existe pelo menos uma firma
que é lucrativa. Por definição, esta situação é inconsistente com a sustentabilidade dos vetores de produtos do
conjunto original.
Em segundo lugar, a sustentabilidade leva à igualdade dos custos marginais. Se cada uma das firmas
produz uma quantidade positiva de um mesmo bem em uma configuração industrial sustentável, então suas
produções devem ser tais que igualem seus custos marginais. Ou seja, se mais do que uma firma está oferecendo
um bem, seu preço é igual ao custo marginal para todas as firmas ofertantes, as quais devem ter o mesmo custo
marginal para aquele bem, sob condições de retornos constantes de escala. Para se demonstrar esta
propriedade, suponha-se que o custo marginal da firma 1 seja maior do que o custo marginal da firma 2; nesse
caso a configuração não seria sustentável, porque o custo total da indústria poderia ser reduzido com a
transferência de uma pequena quantidade da produção da firma 1 para a firma 2.
BPW procuram enfatizar esta propriedade mostrando que este resultado é condição necessária para a
existência de uma situação de ótimo. E isto, então, pode ocorrer desde que haja mais de uma empresa no
mercado, seja um duopólio ou um oligopólio. Mais ainda, dado que em uma configuração sustentável o lucro
extraordinário é nulo, o preço cobrado nesta situação deverá ser igual ao custo médio, o qual, por sua vez, é
igual ao custo marginal. Portanto, e aí está o resultado surpreendente segundo aqueles autores, um oligopólio
pode ser tão eficiente quanto um mercado perfeitamente competitivo. BPW salientam que se chegou a este
resultado sem a necessidade de qualquer hipótese sobre a interdependência, ou funções de reações, das firmas
envolvidas, bem como sobre o tamanho das mesmas. Mas qual é, então, a condição que mantém esse
resultado? A resposta a esta questão está na ameaça representada pelos entrantes potenciais na busca de
qualquer situação que seja lucrativa. Dado que não existem perdas pelo início ou encerramento de um negócio,
o que assegura a realização do lucro é a liberdade de entrada e saída, ou o que se denominou de entrada do
tipo hit-and-run6 . Isto força então as firmas estabelecidas a cobrarem um preço que seja igual ao custo médio,
para que o equilíbrio de mercado seja mantido.
A terceira propriedade adicional das configurações sustentáveis, diz respeito à inexistência de subsídio
cruzado na linha de produtos de uma firma. Para que ocorra o equilíbrio a longo prazo em um mercado
contestável, uma das condições necessárias é de que o preço seja igual ao custo marginal (P=CMg). Caso o
custo marginal seja maior do que o preço de um determinado produto, e mesmo assim a firma tenha lucro no
final proveniente de outras linhas de produtos, então um concorrente pode entrar no mercado produzindo
apenas os bens rentáveis e vendê-los a um preço levemente inferior ao das firmas estabelecidas. Na avaliação
de BPW, isto tem importantes implicações para a legislação anti-truste, pois na medida em que em um mercado
contestável não é possível o subsídio cruzado, então nenhuma firma pode usar o preço como uma arma para
alijar concorrentes do mercado vendendo algum produto abaixo do custo7 .
No tratamento da questão do monopólio, a teoria dos mercados contestáveis tem aí o seu núcleo de
argumentação. Uma situação leva a um monopólio natural na produção de uma mercadoria quando as
características tecnológicas da produção e a dimensão do mercado são tais que a empresa deve operar no
segmento descendente de sua curva de custo médio. Mesmo nesta circunstância, de acordo com BPW, a firma
deve cobrar um preço que seja igual ao custo médio, pois se P>C(Y)/Y, então existe um plano lucrativo de
entrada. E, dado que os entrantes potenciais têm acesso à mesma tecnologia, a ameaça de entrada hit-and-run
força o monopolista a se comportar contestavelmente.
Nos casos em que a empresa produz vários produtos, a teoria dos mercados contestáveis desenvolve
um conceito adicional na abordagem dessas situações: trata-se do conceito de economias de escopo, que
ocorre quando a função de custo da empresa é subaditiva. De acordo com B&W (1981) "... existem
economias de escopo quando é mais barato juntar duas ou mais linhas de produtos em uma única firma do que
produzi-los separadamente." Assim para BPW, um monopólio natural é uma situação onde a tecnologia é
caracterizada por uma função de custo subaditiva.
Portanto, para a teoria, as economias de escala, ou as indivisibilidades, não se constituem em problemas
para a contestabilidade dos mercados, e nem os monopólios são necessariamente ineficientes. É o critério da
subaditividade da função de custos que informa quando uma determinada atividade deve ser realizada por uma
única empresa, e não mais as economias de escala como se acreditava anteriormente.
O que torna, então, os mercados não-contestáveis? Isto ocorreria naquelas situações onde não é
possível a reversibilidade de entrada sem que se incorra em algum ônus. Para tratar com esta questão BPW
elaboram o conceito de sunk costs8 , o qual distingue-se dos custos fixos tradicionais em decorrência das
dificuldades de seu ressarcimento. O custo fixo reflete as indivisibilidades de algum equipamento, cujo
investimento poderia ser recuperado quando se encerrarem as atividades. Já os sunk costs são aqueles custos
que não podem ser revertidos, pelo menos totalmente, depois de se iniciar um empreendimento. Os exemplos
que têm sido dados referem-se aos transportes aéreo e ferroviário norte-americanos. Uma aeronave é um custo
fixo, mas não é sunk, pois pode transitar de uma para outra rota. Já os trilhos de uma ferrovia são tanto fixos
quanto sunk, enquanto a locomotiva é apenas um custo fixo.
A conclusão da teoria da contestabilidade é que são os sunk costs e não as economias de escala que
se constituem nas verdadeiras barreiras à entrada e que, portanto, conferem poder de monopólio ou de

6 Esta seria uma situação em que o entrante ingressaria na indústria, realizaria o lucro e antes que as firmas estabelecidas
reagissem à entrada, ele se retiraria do mercado. Segundo Schwartz (1986): "A ameaça de entrada hit-and-run é a chave da
contestabilidade."
7 BPW admitem que algum tipo de subsídio seja desejável, como aqueles destinados a atender as populações carentes. Mas
esses subsídios deveriam vir de fora da indústria, através do governo ou de entidades filantrópicas.
8 A referência em português que foi possível obter sobre o significado desta palavra é a de Cavalcante (1982): "Custo
empatado; custo já desembolsado e que não se modifica com a decisão de produzir mais uma unidade." No entanto, ela não
explicita a dimensão de irreversibilidade desse tipo de custo fixo.
mercado. As implicações de política pública são, então, evidentes. A maneira de romper com esse poder e
tornar os mercados contestáveis - mesmo que contenham uma única empresa - é eliminar os sunk costs9.

4. Organização Industrial e Política Pública

No enfoque neoclássico a presença do Estado como um elemento ativo na economia é dispensável.


Seguindo a tradição legada por Adam Smith, a alocação de recursos é vista como devendo ser feita
descentralizadamente. Os indivíduos (atuando como consumidores ou como proprietários de fatores de
produção), na busca de seus interesses privados produzirão - mesmo sem o desejar conscientemente - uma
situação de máxima eficiência no sistema, dados os recursos e os conhecimentos disponíveis. Logo, essa
atuação egoística não é incompatível com o interesse coletivo. O que garante, no entanto, que os recursos serão
alocados nas quantidades adequadas e nas atividades necessárias? Quem faz a coordenação dessa alocação?
De acordo com o pensamento neoclássico, o sistema de preços é o regulador, o fator que sinaliza, que informa
aos agentes econômicos em que setores há excesso ou escassez de recursos.
É, assim, o movimento dos chamados preços relativos que indica quais produtos estão sendo mais
valorizados - e por isso oferecendo uma maior remuneração - e quais estão com excesso de oferta ou com
procura em declínio. Qualquer ingerência externa sobre esses preços, ou a criação de obstáculos ao seu livre
estabelecimento, é vista como causando "distorções" e sendo fonte de ineficiências, na medida em que estariam
desviando ou perturbando a "correta" alocação de recursos. Por ingerência externa entende-se a presença do
Estado quando fixa preços (máximos e mínimos), impõe tributos sobre algumas mercadorias, estabelece
subsídios a outras, etc. de modo que os preços finais resultem em "wrong prices" . Os obstáculos ao perfeito
funcionamento do mercado devem-se à existência de imperfeições, externalidades, falta de informações,
dificuldades de apropriação privada (bens públicos), concorrência ruinosa, ou seja, as chamadas "falhas de
mercado".
Para a teoria ortodoxa essas "falhas" poderiam levar as estruturas de mercado a se afastarem da
concorrência perfeita, aproximando-as das estruturas monopolísticas. Todavia uma situação de monopólio
admitida pela teoria é aquela do monopólio natural, decorrente da existência de economias de escala. Nesta
estrutura a produção eficiente de um produto ou de um vetor de produtos, dada a demanda e a tecnologia
disponível, é realizada por uma única firma. Nesse caso, a política preconizada pela teoria é a regulamentação,
seja mediante a fixação de preços ou a própria produção por empresas públicas no caso de determinados tipos
de bens e serviços (fornecimento de água, telefone e outros). Basicamente, esta é uma política de competição,
ao invés de uma política ativa orientada para a promoção do crescimento industrial. Seu intuito é proteger o
consumidor do poder do monopólio, dado que nesta estrutura a empresa tem poder de fixar preços ou
restringir a produção. Com isso, o Estado espera fazer com que esses mercados comportem-se
competitivamente (Grupe, 1990). Se se conseguir essa conduta dos agentes, então o crescimento será
alcançado automaticamente.
Convém enfatizar que a teoria não prescinde da presença do Estado. Apenas nega a necessidade de sua
ação ativa, direta, na atividade econômica. Ela reconhece a existência do Estado somente na sua tarefa de
constituir o aparato institucional que garanta o cumprimento dos contratos livremente estabelecidos pelos
agentes econômicos e na criação do ambiente propício para que floresçam os empreendimentos individuais.
Obviamente, mesmo esse Estado "mínimo" precisa de uma estrutura administrativa para funcionar e, portanto,
deve ser financiado. Nesse caso, admite-se a tributação da sociedade para arrecadar os recursos necessários,
desde que os impostos incidam igualmente sobre todos os agentes, de modo que sua influência sobre os preços
relativos seja neutra.

9 Bailey (1981) propõe que estes custos sejam repassados ao governo central ou à municipalidade.
Para a teoria dos mercados contestáveis, a ação do Estado é ainda mais restrita do que aquela
preconizada pela concorrência perfeita. Na medida em que admite que mesmo um monopólio ou uma estrutura
oligopólica possa ser contestável, então a intervenção do Estado é desnecessária, pois não haverá outros
vetores de preço e produção que sejam preferíveis aos praticados pelas empresas existentes no mercado. De
acordo com Sawyer (1992) este enfoque de política industrial está relacionado às falhas de mercado, posto
que limita o alcance destas ao considerar que mercados imperfeitos podem também ser eficientes. Quando
necessária, a ação do Estado deveria dirigir-se à minimização ou eliminação dos sunk costs.

5. Críticas à Teoria da Contestabilidade

A partir da publicação do livro de BPW (1982), tem-se desenvolvido um intenso debate com críticas e
réplicas acerca do conceito de mercados contestáveis. Uma dessas críticas é feita por Dixit (ver: Brock, 1983)
segundo a qual as hipóteses para a perfeita contestabilidade são bastantes restritivas. Basicamente se requer
que: "i) todos os produtores tenham acesso à mesma tecnologia; ii) esta tecnologia pode apresentar economias
de escala bem como custos fixos, mas não deve envolver sunk costs; iii) as firmas estabelecidas podem alterar
os preços somente em intervalos de tempo positivos; e iv) os consumidores devem responder às diferenças de
preços em um curto intervalo de tempo."
Uma objeção contundente tem-se centrado na hipótese de entrada hit-and-run. Spence (1983)
argumenta que são necessárias duas hipóteses para que ocorra este tipo de entrada. A primeira sustenta que o
tempo de resposta requerido pelas firmas estabelecidas para realizarem alterações de preços deve ser maior do
que aquele necessário para que um entrante potencial ingresse no mercado, obtenha o lucro e reverta seu
investimento. A segunda é que os consumidores reajam de maneira veloz às alterações de preços. No primeiro
caso, se as firmas estabelecidas conseguem ajustar rapidamente seus preços e produção em resposta à entrada,
a contestabilidade não ocorrerá. No que se refere à segunda hipótese, se os consumidores demoram em
responder às diferenças de preços, ou devido à existência de lealdade às marcas, então isto pode evitar a
admissão de novos entrantes no mercado. Além disso, se houver defasagem de tempo na entrada (entry lag),
então as firmas estabelecidas podem cobrar um preço de pré-entrada maior do que o custo médio e reduzi-lo
antes que o ingresso ocorra (Schwartz & Reynolds, 1983).
Weitzman (1983) tenta atingir a lógica do modelo argumentando que se for possível a entrada e a saída
sem custos (hit-and-run) então, ao fim e ao cabo, a minimização dos custos da produção ao longo do tempo
implicará a não-existência de economias de escala, ou seja, a função de custos apresenta apenas retornos
constantes de escala. Concordando com esse autor, Spence (1983) adiciona (como mencionado acima) que a
possibilidade de entrada e saída sem custos implica a necessidade de que haja assimetrias entre dois tempos:
isto é, que o tempo de resposta de preços por parte das empresas já estabelecidas no mercado seja maior do
que o intervalo de tempo em que a função de custo do novo entrante deixe de ser sunk. Assim sendo, os
mercados perfeitamente contestáveis devem ser perfeitamente competitivos e, portanto, a teoria não seria
aplicável às outras formas de mercado.
Shepherd (1984) considera que a teoria dos mercados contestáveis de BPW, não agrega nada de novo
ao corpo teórico tradicional da Organização Industrial. Na sua avaliação, o papel atribuído às condições
externas ao mercado, tais como preditas por BPW, não são convincentes. Assim, continua aceitando que são as
forças internas ao mercado que disciplinam efetivamente o comportamento empresarial na fixação do preço.
A essas críticas ao poder descritivo da teoria, poderia-se adicionar uma outra, feita por Sassower
(1988), para quem é totalmente irrealístico supor que as firmas já estabelecidas no mercado, não tenham
vantagens sobre os entrantes potenciais. Como a teoria neo-schumpeteriana tem salientado, o conhecimento
tecnológico é cumulativo requerendo tempo de aprendizado e investimento em P&D. Isto, por sua vez, produz
assimetrias em termos de capacidade competitiva das empresas. Além disso, segundo Sassower (1988), a
teoria dos mercados contestáveis apresenta um viés ideológico, pois para ela os benefícios da livre atuação das
forças de mercado ocorrem tanto nos mercados competitivos quanto nas estruturas concentradas
(monopólio/oligopólio). Isto significa que, sob essa abordagem, as desvantagens associadas ao tamanho existem
apenas quando referem-se a presença do Estado, mas não à grande empresa.
A nível empírico, tem-se criticado a teoria a partir de estudos econométricos de cross-section
mostrando que, mesmo no setor da aviação civil - o qual é considerado como representativo da
contestabilidade -, existem evidências de correlação positiva entre a concentração e os lucros, inclusive com
reconcentração industrial (Farina & Schembri, 1990).
Uma crítica mais incisiva é feita por autores pós-keynesianos. Por exemplo, de acordo com Davies &
Lee (1988), a maioria das objeções que têm sido feitas à teoria dos mercados contestáveis é de cunho
neoclássico e, portanto, não atinge o núcleo do argumento, ou o âmbito de alcance, dessa proposta analítica.
Defendem o ponto de vista de que a insuficiência da teoria está em seu caráter estático, ou seja, ela não
considera o tempo (ver também: Farina, 1990). Para esses autores, o que de fato as empresas estabelecem é
uma estratégia de sobrevivência e crescimento com um horizonte de tempo de longo prazo. Para isto a estratégia
contemplaria tanto a necessidade de financiar e desenvolver P&D, bem como elevar barreiras à entrada com o
objetivo de preservar sua market-share. A natureza dessa crítica insere-se dentre aquelas dirigidas à
racionalidade maximizadora preconizada pela teoria tradicional, onde as empresas estariam freqüente e
instantaneamente ajustando-se às mudanças no mercado. Nas palavras daqueles autores:

"na análise da contestabilidade, o tempo não tem nenhum significado real e sua passagem não
exerce influência sobre a firma. Tudo se condensa na instantaneidade e o comportamento da
firma em sua totalidade é simplesmente a reação aos mandamentos do imediato. Não há cursos
de ação a serem projetados e em outros objetivos que não sejam aqueles entendidos como uma
reação ótima às exigências do momento."

Ao contrário das teorias de mark-up onde os preços são variáveis, em que o tamanho da margem de
lucro que é adicionada aos custos está em função da necessidade de financiamento do investimento, na teoria
dos mercados contestáveis os preços são parâmetros. A crítica aponta que o importante na estratégia da
empresa é o crescimento, sendo que a determinação do preço subordina-se àquela estratégia.
Os autores da teoria dos mercados contestáveis (BPW, 1983; B&W, 1986) têm procurado responder
a essas críticas, negando algumas e aceitando/minimizando outras. Mas, dada a natureza e a existência não tão
longa desta teoria, provavelmente esse debate se estenderá ainda por algum tempo.

6. Comentários Finais

Mesmo mantendo as objeções levantadas contra a teoria dos mercados contestáveis é de se notar que,
no âmbito do mainstream, a mesma representa um avanço em relação à abordagem da concorrência perfeita.
Esta superioridade decorre da tentativa de se aproximar da realidade ao incorporar à análise as empresas de
grande porte e de multiprodutos, bem como merece destaque o manifesto reconhecimento de que o
monopólio/oligopólio podem ser estruturas industriais eficientes10 . Isso, por sua vez, fornece um guia para as
ações de política pública. É de se concordar, também, que no interior do mainstream a afirmação de que uma

10 Autores não vinculados ao neoclassicismo, como Schumpeter, Galbraith e outros, já chamavam a atenção de que estruturas
de mercados monopólicas eram também capazes de produzir o progresso. Em seu célebre capítulo sobre a destruição criadora,
Schumpeter (1942) critica a visão da concorrência perfeita devido à sua natureza estática. É a não consideração do tempo que
leva a que se considere mercados diferentes da concorrência perfeita como ineficientes.
estrutura de mercado monopólica seja eficiente, desde o ponto de vista teórico, tenha o significado de uma
"rebelião" (uprising), como pretende um dos autores da teoria da contestabilidade.

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